MULLET MADJACK | Review
MULLET MADJACK é um FPS, com elementos de roguelite, de alta octanagem desenvolvido pela HAMMER95 e distribuído pela mesma em parceria com a Epopeia Games. Nele, assumimos o controle de um cabra da peste com dois objetivos em mente: salvar uma influenciadora das garras do grande chefão e estourar os processadores do maior número de robôs que conseguir.
Ah, e o jogo é um produto nacional! E aí, será que ele vai trazer orgulho para nossa linda nação? É o que veremos agora, em mais uma análise super cool do Pizza Fria!
Foguete não tem ré
O L Á L E I T O R E S E L E I T O R A S. É melhor se preparem, pois hoje nossa conversa será em um ritmo muito mais frenético, acelerado e bombasticamente espetacular do que o normal. Após jogar MULLET MADJACK, decidi voltar ao tão famoso corte de cabelo tornado famoso por McGyver e companhia e acabei marcando um horário no salão para daqui a pouco. Super conceituado e avant garde, daquele tipo que corta o cabelo na motosserra e finaliza com um maçarico. Super recomendado.
O que seria MULLET MADJACK, vocês perguntam? Bom, em essência é um joguinho nacional que almeja homenagear a estética oitentista/noventista dos animes, bem como todo aquele estilo vapor/retrowave, enquanto nos fornece uma experiência mágica, contando a história de um homem, seu belo cabelo e uma busca incessante por um par de sapatos. Sério.
Devo dizer que realmente é uma satisfação pessoal fazer análises de jogos nacionais, se não pela alegria de falar mal de algo feito por nossos conterrâneos, então por perceber e reafirmar em meu coração frio e cansado que a indústria tupiniquim, apesar de todas as dificuldades e pesares, ainda consegue lançar uns títulos brabos. Curiosos para saber o motivo de eu falar isso? Então, venham comigo.
História
MULLET MADJACK nos coloca no controle do badass homônimo, um cara que vive em um mundo dominado por robôs (chamados robolionários), consumo desenfreado, desvalorização da vida e uma superexposição de propaganda terrível. Nosso camarada faz parte de um grupo de moderadores, nome dado à todos aqueles que possuem a nobre missão de deitar esses robôzinhos no braço e tentar ganhar uma vitória para a humanidade.
O jogo começa quando nosso chegado recebe a missão de salvar uma influencer das garras do poderoso chefão robolionário, chamado de… chefão. Contudo, as pessoas dessa sociedade dependem de um fluxo constante de likes e aprovação, a ponto de não conseguirem viver mais de dez segundos sem um joinha na stream. Por isso, resta ao louco jacó apenas sair estourando a oposição com estilo enquanto busca por sua princesa dos dias modernos.
Ainda que MULLET MADJACK apresente sua trama de maneira mais simples, em muito dado pelo formato frenético da ação, os pontos que levanta acerca do preço do consumismo desenfreado e dá busca por clicks serve como um bom ponto para debate. Seja pelos dez segundos de vida do protagonista, seja pelo visual das fases ou de nossa secretária, o jogo realmente tenta mostrar de forma caricata um dos possíveis desdobramentos de um futuro no qual a necessidade de validação, consumo e excesso tomou a frente.
O protagonista, então, é uma estrela que brilha intensamente em uma noite de neon. Ainda que ele não fale nas cutscenes, suas frases de efeito conseguem fazer com que ele caia em nossa graça facilmente. Em toda missão, MULLET MADJACK começa com lições de vida do tipo “não se endivide”, “faça um novo amigo todo dia”, “não se preocupe com as pequenas coisas”, e por aí vai. Justamente o que comentei na minha análise de Phantom Fury ,quando apontei que um bom uso de one liners deixa qualquer coisa mais divertida. Simplesmente sensacional.
Jogabilidade
Em sua essência, MULLET MADJACK é um boomer shooter no qual precisamos ir do ponto A até o ponto B enquanto matamos inimigos, de diferentes formas, para impedir que nosso contador de tempo zere. Caso aconteça, morremos na hora e recebemos uma zoação da moça da empresa que nos contratou. Diferentes tipos de kills nos robôs dão diferentes quantidades de tempo ao nosso contador, recompensando o jogador que varia suas táticas.
As fases são geradas randomicamente, com novas mecânicas, inimigos e armadilhas sendo adicionadas de dez em dez andares. Cada andar vencido nos dá direito a uma melhoria aleatória, seja em armamentos ou benefícios (um deles permite ao jogador ouvir mais frases de efeito, e deveria ser padrão). Morrer nos manda de volta para o primeiro andar daquele “bloco” de dez, sem nada. Mais ou menos no estilo do último Shiren the Wanderer.
O que diferencia MULLET MADJACK dos seus pares é a forma como a ação se apresenta, bombástica e exagerada tal qual o universo em que ela está inserida. O game é cheio de cores e efeitos, e a narração faz maravilhas para nos deixar empolgados. Além disso, a boa variação de armas ao nosso alcance dá uma boa variedade quando o assunto é formas de detonar os robôs.
A escopeta, por exemplo, é uma dádiva dos céus. Certa vez ouvi dizer que um FPS pode ser julgado pela qualidade de seu boomstick, e meus queridos e queridas, a desse jojinho de hoje é boa de matar (literalmente). Fora ela, temos metralhadoras, armas laser, de plasma, pistolas, espadas e o bom e velho bicão de dois pés no peito.
Além disso, temos melhorias que casam muito bem com os armamentos. MULLET MADJACK nos deixa escolher coisas como, por exemplo, munições que varam inimigos, ricocheteiam, aumento de velocidade, deixar o jogo em câmera lenta quando estamos para morrer, e por aí vai. Saber como cada coisa funciona é uma boa, e tem o potencial de quebrar o gameplay. Munição explosiva + submetralhadora = alegria suprema.
Fora isso, os diferentes tipos de inimigos e armadilhas, bem como atalhos, dos cenários nos deixam com um bom leque de opções e variedades. Por isso, ainda que terminar o título no normal não seja super longo – dura o suficiente para amar sem demorar a ponto de irritar – o fator rejogabilidade está sempre garantido, seja pelas sucessivas tentativas em dificuldades maiores ou pelo modo infinito.
Por fim, temos os chefes. Que maravilha, leitores e leitoras. Eles são bem criativos, alguns quebram o estilo de gameplay oferecendo novas mecânicas exclusivas de cada um e realmente mostram a criatividade de quem construiu essa parada. De fato, é de se tirar o mullet chapéu.
Sons e Visuais
MULLET MADJACK é lindo. É isso aí galerinha, vamos seguindo em frente. Sério agora, o visual realmente consegue passar muito bem a mensagem que a história apresenta, além de reproduzir com finesse o tempo ao qual ele faz homenagem. Quem cresceu vendo os animes mais antigos, principalmente Akira, vai derramar até uma pequena lágrima de alegria. Somando com animações fluídas e efeitos caprichados, temos um pacote que não decepciona.
A trilha sonora vai entrar para minhas playlists de direção noturna, junto dos synthwaves e clássicos do baião. As músicas realmente fazem mágica para aumentar a octanagem da ação, nos deixando agitados e animados enquanto o que se passa na tela fica cada vez mais agitado. As vozes também não decepcionam, com menção especial ao vilão principal e a moça que nos vende os upgrades.
Vale a pena comprar MULLET MADJACK?
E é isso que temos para hoje, leitores e leitoras. MULLET MADJACK vale a pena, será? Bom, vamos lembrar os positivos. O jogo é lindo de ver e ouvir, tem uma trama sofisticada dada sua proposta (ainda mais levando em conta o estilo), uma jogabilidade sensacional, uma boa variedade de armas, é muito divertido e ótimo para sessões curtas para desestressar. Produto nacional e legendado em nossa lindo idioma.
Pontos negativos? Bom, eu poderia dizer que algumas armadilhas, em certas gerações procedurais, são meio injustas. Mas estava me divertindo tanto que nem liguei. Ou que o protagonista poderia falar mais sem precisar de uma melhoria para isso, mas estava tão ocupado vendo a 12 cantar que nem liguei. No fim das contas, que diferença faria?
O que importa, amados e amadas, é que MULLET MADJACK é um jogaço. Bonito, divertido e com aquele jeitão despretensioso que não podemos deixar de aplaudir. Definitivamente um dos melhores do ano até o momento, e que vai ficar instalado em minha máquina por um bom tempo. Portanto, fica super recomendado. E caso algum dia alguém fale que não se fazem bons jogos no Brasil, peça para darem um confere nesse jogo. Há de mudar a opinião de qualquer um.
MULLET MADJACK estará disponível para PC, via Steam, no dia 15 de maio.
*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Epopeia Games.
MULLET MADJACK
Prós
- Trama bem apresentada e ambientada, com questões que valem a pena se pensar
- Jogabilidade divertida e frenética
- Muitas armas e melhorias para escolher, bem casado com a proposta roguelite
- Ótimos visuais e trilha sonora
- Frases de efeito de qualidade, e passou no teste da espingarda
Contras
- O protagonista poderia falar mais naturalmente, sem precisar de melhoria para isso