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A Plague Tale: Requiem | Review

A Plague Tale foi é franquia desenvolvida pela Asobo Studio e publicada pela Focus Home Interactive. O primeiro jogo, A Plague Tale: Innocence, foi lançado em 2019, e recebeu muitos elogios pela sua narrativa, inclusive concorrendo ao prêmio de Melhor Narrativa no The Game Awards daquele ano. E, mesmo com um marketing não tão ativo quanto dos principais títulos do mercado, já ultrapassou a marca de 2 milhões de cópias vendidas globalmente.

Tamanho sucesso não poderia ser refletido de outra forma, senão em uma sequência. Anunciado em 2021, A Plague Tale: Requiem chega para dar continuidade a história de sobrevivência dos irmãos Amícia e Hugo em um mundo cruel e sobrenatural, em uma releitura de uma das maiores pandemias da humanidade, a Peste Negra. E eu te conto tudo o que você precisa saber sobre o game agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!

Uma história emocionante

Ante de mais nada, quero ressaltar algo importane. Falar de A Plague Tale: Requiem sem tocar em elementos básicos da narrativa, incluindo sobre o título de estreia da franquia, é impossível. Mas farei o melhor para citar tudo de forma mais genérica, sem entrar em detalhes. Eu digo isso porque toda a construção do game foi baseada em torno da história que somos apresentados, e isso inclui elementos gráficos e muitas ações de gameplay.

Em Requiem, estamos em 1349, bem no meio do período em que ocorreu a Peste Negra. Após os eventos de Innocence, em que os dois irmãos fugiram da Inquisição por uma questão que é explicada ao fim do primeiro game, em Requiem a história é outra. Hugo, Amícia, Lucas e Beatrice viviam em uma relativa paz após os eventos do primeiro game, mas algo inesperado ocorreu e o que era uma brincadeira de criança coloca em xeque todo o progresso que eles haviam obtido em relação à Mácula, doença de Hugo e muito explorada no primeiro game.

A Plague Tale: Requiem
A Plague Tale: Requiem começa com Amícia e Hugo vivendo dias de paz (Imagem: Divulgação)

Assim, o quarteto se divide em buscas de respostas sobre a origem da doença e uma possível cura. A Ordem, legião de alquimistas que se dedicou por muitos anos a estudar a doença, chama Hugo de Portador, enquanto Amícia, nossa protagonista, é a Protetora. Cito isso pois, assim como no primeiro game, os dois formam a principal dupla de personagens que irá explorar o game, mas também formamos duplas em alguns capítulos com Lucas e até trios, com personagens que serão apresentados mais à frente em nossa história.

O grande ponto é que A Plague Tale: Requiem conta com uma história realmente emocionante. Ao longo de 16 capítulos e um prólogo, o Asobo Studio nos estrega uma intensa experiência narrativa, focada em amor, amizade, companheirismo e até mesmo sobre os limites humanos de moralidade. Eu seria um tremendo estraga prazer se desse qualquer outro spoiler sobre a história do game, então é melhor falarmos sobre onde Requiem mais brilha: em seu gameplay!

Um gameplay muito variado!

A Plague Tale: Innocence, lançado em 2019, entregou elementos de gameplay pouco variados, conforme apontei na minha review. Apesar de misturar elementos de exploração, stealth e puzzles com ação, em um ritmo bem interessante, não havia mais nada daquilo e, após algumas horas de jogo, tornou-se um pouco massante. Requiem, então, tinha a missão de evoluir o que o jogo anterior nos entregava, e expande de uma forma ainda melhor. O game continua sendo, em sua maior parte, um jogo linear, e eu considero isso bom.

Agora, falando sobre as principais melhorias: a principal delas é que a Atiradeira de Amícia agora conta com pedras infinitas. Isso, de certa forma, altera bastante o gameplay, pois torna a exploração menos cansativa, e bem mais opcional. Lógico, você ainda precisa explorar o mapa para encontrar outros itens necessários para evoluir, mas essa mudança fez muito bem ao título, porque agora Amícia ganhou uma bancada em que pode melhorar seus equipamentos, como atirar duas pedras em sequência, por exemplo.

A Plague Tale: Requiem
Amícia em A Plague Tale: Requiem (Imagem: Divulgação)

Mas as mudanças não param por aí. O jogo ganhou mais interatividade com elementos stealth, e até uma espécie de árvore de habilidades. Se em Innocence Amícia não podia enfrentar corpo-a-corpo os soldados da Inquisição, aqui é totalmente diferente. Nossa protagonista está mais feroz, e violenta, obviamente. Ao atacar inimigos diretamente, podemos esfaqueá-los, desde que tenhamos adquirido uma faca ao explorar o mapa. Cada faca só pode matar um inimigo, logo, se você utilizar, será necessário encontrar outra.

E o ritmo do jogador é que vai definir como será a progressão das habilidades de Amícia, divididas em três abas: Prudência, Agressividade e Oportunismo. A primeira melhoras elementos stealh, a segunda de combate e a terceira de alquimia. É curioso porque essa evolução completa só é possível de ser atingida no Novo Jogo+, o que incentiva aos colecionistas experimentarem diferentes estilos de jogo.

A Plague Tale: Requiem
A besta de Amícia é um importante aliado em A Plague Tale: Requiem (Imagem: Divulgação)

Além disso, ainda por conta da “árvore de habilidades”, os próprios elementos de combate e stealth foram aprofundados. Em Requiem, os jogadores têm diferentes formas de enfrentar inimigos. Além do combate direto, podemos utilizar os próprios ratos – característica marcante da franquia – para derrotar inimigos. Podemos utilizar alquimia para atraí-los para perto dos inimigos, podemos apagar o fogo para eles atacarem, ou mesmo controlar hordas utilizando o poder de Hugo! Essa foi uma adição incrível que o game trouxe, que é muito divertida, mas que, ao meu ver, foi pouco explorada e poderia ser utilizada em mais seções.

A Plague Tale: Requiem também trouxe um considerável aumento na inteligência artificial dos inimigos. Eles enxergam melhor, de mais longe e estão mais atentos para técnicas de distração, como jogar pedras em latas para criar barulho. Se você insistir nessa tática com o mesmo inimigo, por exemplo, ele eventualmente vai notar que há algo errado e alertar todos os outros soldados do grupo.

A Plague Tale: Requiem
Amícia e Hugo em um misterioso palácio da Ordem. O que eles encontram ali é assustador! (Imagem: Divulgação)

A Plague Tale: Requiem também conta com mais interatividade entre os parceiros de cena de Amícia. Seja Hugo, Lucas ou os outros personagens que decidem acompanhar a jornada da nossa protagonista, boa parte deles se envolve em atividades que auxiliam na progressão do jogo. E isso vai desde progressões simples, como abrir portas, até resolução de quebra-cabeças.

Para terminar o assunto gameplay, uma das coisas que eu mais gostei no jogo foi uma seção de gameplay que exige velocidade e precisão do jogador. Nela, somos atacados por um Falcão e seu Falconeiro, e precisamos nos mover rapidamente e no momento certo para não sermos atacados pelo pássaro. É algo muito interessante, criativo, e que poderia ter sido mais explorado ao longo do jogo. Essa mecânica é até replicada de uma forma semelhante no capítulo final, mas com ratos e de uma forma diferente, pois não exige tanta precisão. Mas não deixa de ser algo bem interessante!

A verdadeira nova geração?

A Plague Tale: Requiem é um dos primeiros jogos a serem lançados de forma exclusiva para a nova geração de consoles. Não há versões para a geração PS4 e Xbox One, então os desenvolvedores tentaram usar o máximo do poder dos consoles para entregar uma experiência visualmente muito agradável. E conseguiram, pois o jogo é incrivelmente bonito. Desde detalhes simples do cenário à paisagens exuberantes, com cidades vivas e cheias de habitantes, o game entrega um nível de detalhe surpreendente. Dentro do que se propõe, é algo extremamente bem feito, com um nível de realismo absurdo, onde até o cabelo dos personagens ganhou atenção. O ponto negativo fica por conta da sincronia labial com o inglês.

O trilha sonora de A Plague Tale: Requiem também é algo excepcional. Através dela, o jogador acompanha a história de Amícia e Hugo de uma forma muito mais próxima e emotiva. A dublagem em inglês, que critiquei por ter um sotaque carregado em Innocence, também foi aprimorado, e me parece que os personagens principais utilizam os mesmos dubladores. No PlayStation 5, jogar com o Pulse 3D vai te ajudar a localizar melhor os inimigos, e o DualSense conta com o feedback háptico ao correr, usar armas, passar por momentos de tensão e, como configuração adicional, até vibra conforme a fala dos personagens.

A Plague Tale: Requiem
Os detalhes visuais de A Plague Tale: Requiem são incríveis (Imagem: Divulgação)

Por outro lado, duas coisas me preocuparam em A Plague Tale: Requiem. A primeira delas é que o loading não é tão rápido, e o game leva alguns segundos a mais do que nos acostumamos recentemente para carregar telas e seções. A segunda é que ele jogo não tem uma taxa de quadros estáveis e, arrisco a dizer, mesmo sem equipamentos adequados, que não chega em 60 FPS em nenhum momento. O FPS parece desbloqueado, pois há momentos em que fica muito evidente o drop frame – inclusive nas cinemáticas. Não é algo grave, mas em seções onde muitas coisas acontecem ao mesmo tempo, isso pode atrapalhar a experiência. Ressalto que não é nada injogável, mas que merece ser citada.

Isso aconteceu algumas vezes em cenas de perseguição, quando as ordas de ratos perseguem Amícia, ao estilo Crash Bandicoot (como a pedra da primeira fase) ou outros jogos clássicos de plataforma. Nesses momentos, como a personagem se move rapidamente o o próximo passo da personagem ainda será renderizado, o game parece encontrar alguma dificuldade para carregar os dados com uma taxa de frames adequada.

Extras

A Plague Tale: Requiem é um jogo narrativo, o que significa que não há muito o que fazer nele após o término da história. Não há um modo multiplayer e o jogador pode fazer o Novo Jogo+ com novas skins de armas e para encontrar colecionáveis que ficaram pelo caminho na campanha original, buscando o troféu de platina ou os 1000G. Ou, claro, terminar a história novamente, porque ela é incrivelmente boa.

Vale a pena jogar A Plague Tale: Requiem?

Chegou o momento da verdade, mas se você chegou até aqui no texto, já sabe a resposta. Na minha modesta opinião, a A Plague Tale: Requiem é um baita jogo, que entrega até mais daquilo que propõe. A jornada de Amícia e Hugo é emocionante e envolvente, ao mesmo tempo em que demonstra uma clara evolução em relação ao primeiro jogo. Aborda-se questões morais e traz uma reflexão bem interessante ao final, sobre a importância que damos às pessoas em relação ao que elas desejam. Fora isso, traz gráficos incríveis, uma gameplay espetacular, variada e com muita melhoria em relação ao título anterior.

De quebra, A Plague Tale: Requiem é um jogo gratuito para assinantes Game Pass, tanto no PC, quanto no Xbox Series X|S! Então se você possui alguma dessas plataformas (e um PC capaz de rodar esse monstrinho), e é assinante do serviço, recomendo fortemente que jogue, principalmente se terminou A Plague Tale: Innocence. Se não terminou, jogue o primeiro antes, que também é um ótimo jogo, para ter uma base melhor e acompanhar essa excelente aventura narrativa.

A Plague Tale: Requiem chega nesta terça-feira, 18 de outubro, para PlayStation 5Xbox Series X|S, PC, via SteamEpic Games Store e Microsoft Store, e Nintendo Switch, via Cloud. Meu palpite? Será um dos jogos concorrentes ao título de jogo do ano. A ver….

*Review elaborado em um PlayStation 5 com código fornecido pela Focus Home Interactive.

A Plague Tale: Requiem

+ R$ 169,90
8.9

História

9.0/10

Gráficos e Sons

10.0/10

Gameplay

10.0/10

Desempenho

7.0/10

Extras

8.5/10

Prós

  • História emocionante
  • Gráficos exuberantes
  • Trilha sonora
  • Gameplay muito variado

Contras

  • Quedas de FPS

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.