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Crow Country | Review

Crow Country é um jogo de terror em terceira pessoa, homenageando os clássicos da era do Play 1, desenvolvido e publicado pela SFB Games. Nele, acompanhamos a jornada de Mara Forest, uma policial com a incrível e alegre missão de investigar um parque de diversões abandonado. Parece simples, não é? Brinquedos, alegria e diversão. O que poderia dar errado?

Mas e aí, será que a jornada vale a pena? É o que veremos agora, em mais uma belíssima análise do Pizza Fria!

Do fundo do baú

Estou positivamente, totalmente e certamente horrorizado, leitores e leitoras. Após anos e mais anos de trabalho nas minas de carvão virtual do Minecraft, decidi tirar um dia de folga e ir curtir a vida. Sair de minha caverna, encostar em grama de verdade, e por aí vai. E qual lugar mais adequado para isso do que um parque de diversões?

Para tanto, decidi ir até um parque de diversões aqui perto. Deve ser divertido, imaginei, visto que era bem avaliado e gerenciado por um magnata cheio da grana, que investia pesado. Até parece! O que encontrei foram filas enormes, pipoca sem sal, brinquedos quebrados e uma quantidade enorme de monstros. O único positivo foi que, enquanto me escondia e chorava em uma sala de segurança, tive a oportunidade de jogar Crow Country para passar o tempo.

Se Tormented Souls me fazia lembrar da época dos jogos de terror do PlayStation 2, Crow Country me traz os clássicos do 32 bits à memória. Ah, doce época de Silent Hill, os primeiros Resident Evil, Galerians, Clock Tower, Alone in the Dark e tantos outros que ajudaram a construir meu apreço pelo gênero já desde novinho. Mas, será que nosso queridão de hoje consegue se sustentar sozinho, ou é só nostalgia barata? Venham comigo, e vamos descobrir.

Crow Country
Que entrada convidativa. (Imagem: Divulgação)

História

Crow Country acompanha a jornada de Mara Forest, uma policial enviada ao parque de mesmo nome em busca do fundador do lugar, chamado Mr. Crow. Sim, ele usou o próprio nome para batizar seu parque de diversões. Que sujeito mais humilde! Contudo, o local está longe de ser uma atração convidativa e aconchegante para famílias. Na verdade, tudo está em ruínas.

E mais que isso, até. Em pouco tempo, Mara percebe que o parque está lotado de abominações nojentas, em carne viva, sangue por todo lado e uma quantidade perigosa de armadilhas colocadas com o único objetivo de tornar nossa vida mais difícil. Afinal, o que seria mais divertido do que estar indo comprar um algodão doce e levar uma borrifada de gás venenoso na face?

Crow Country se desenvolve, daí, com um misto de mistério e estranheza. A trama é bem padrão, pouco diferente do que esperamos de jogos que emulam a era do PSX. No entanto,não vejo isso como algo ruim. Além disso, a atmosfera foi muito bem trabalhada. O parque realmente parece um lugar abandonado e assombrado, e o título consegue unir isso com sua narrativa, e os documentos que encontramos, para alcançar um resultado bem interessante.

Crow Country
Maluco não tá bem não. (Imagem: Divulgação)

Gameplay

Crow Country funciona como um título de horror e sobrevivência, com controles modernos ou clássicos. A ideia geral é de que precisamos correr pelo parque, que é dividido em setores temáticos, resolvendo puzzles, coletando documentos, abrindo portas e derrotando inimigos. Esses últimos, em quase todas as vezes em que os encontramos, podem ser evitados ou driblados com um pouco de jeito e pensamento ligeiro.

Para nos defender, contamos com uma seleção respeitável de armas que variam entre pistolas, uma escopeta e um lança chamas, além de granadas. A mira é livre, bastando segurar um botão para que Mara fique em posição e possamos colocar o alvo onde quisermos. Atirar de perto dá mais dano, e focar em partes críticas de alguns monstros, como a cabeça, aceleram o processo. É importante saber a hora de enfrentar ou correr, visto que a munição não é infinita.

Fora isso, Crow Country é um parque lotado de armadilhas, que incluem até luminárias caindo do céu e itens falsos que encontramos e explodem. No começo essa ideia até que é legal, mas é usada em excesso conforme nos aventuramos pelo lugar. Ainda, elas são colocadas em alguns lugares que nem sempre fazem sentido. Uma luminária com velas no teto de um banheiro velho e sujo, sério?

Mas, tudo em tudo considerado, explorar o parque é bem legal. O jogo captura com sucesso aquela vibe de encontrar novas chaves e itens para liberar outros caminhos, e a presença de uma boa quantidade de segredos recompensa o jogador curioso que explora cada cantinho. Pegar uma alavanca em um ponto do mapa e usar para encontrar uma melhoria para escopeta do lado oposto do parque é realmente recompensador.

Crow Country
O que será que tem embaixo desse caixão? (Imagem: Divulgação)

Outro ponto alto de Crow Country são seus puzzles. Eles são bem engenhosos, e conseguem atingir aquele ponto suave entre desafiadores o suficiente para pensarmos, sem ser obscuros demais para nos deixar completamente perdidos. Ficar correndo entre um lado e outro do parque pode ser levemente problemático, mas isso é aliviado pelo fato de que vamos abrindo novos caminhos e atalhos com o tempo.

Tudo considerado, o jogo consegue casar bem o formato dos survival horrors das antigas com algumas facilidades do mundo moderno. Os dois maiores problemas, ao menos para mim, são o uso excessivo de armadilhas após um determinado momento e a duração relativamente curta da experiência. Ainda que tenhamos um sistema de rating para cada tentativa, seria legal poder passar mais tempo no parque.

Crow Country
Temos até um inventário clássico. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Crow Country possui visuais bem legais, reproduzindo bem o que poderíamos ter em um título de época com algumas melhorias e efeitos mais modernos. Além disso, a atmosfera do parque ficou perfeitinha, passando muito bem a ideia de que se trata de um lugar destruído e abandonado. Ponto extra para o design dos monstros, que também ficou interessante.

A parte sonora também não decepciona, com efeitos bem caprichados que vendem a tensão com facilidade. Principalmente, devo adicionar, nos barulhos de passos e aqueles feitos pelos inimigos. Jogar com um fone de ouvido, aqui, dá uma melhorada considerável na imersão e na tensão.

Crow Country
Que bicho feio. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Crow Country?

É isso aí que leram no título, leitores e leitoras. Será que Crow Country vale a pena? Ou é apenas mais um daqueles títulos que tentam capturar o brilho do passado, apenas para falhar miseravelmente? Bom, vamos revisar tudo que falamos até aqui para tentar chegar em uma resposta minimamente aceitável. Certo? Então vamos nessa.

Do ponto de vista positivo, Crow Country captura bem a essência dos títulos que honra, com uma jogabilidade divertida, puzzles interessantes, muita exploração e uma atmosfera invejável. Contudo, o uso excessivo de armadilhas a partir de um certo momento incomoda, e até deixa o visual meio abarrotado. Além disso, dada a qualidade do título, acho que poderia ser um pouco maior.

Mas, de todo modo, adorei meu tempo com Crow Country. É complexo atingir esse meio termo entre homenagem e cópia, falha e sucesso, e o jogo foi bem sucedido. Fãs do gênero, mais ainda os que forem nostálgicos, irão amar. E, dado o baixo preço de admissão, acho que esse vai ser um passeio agradável para todos os públicos.

 Crow Country já está disponível para Xbox Series X|SPlayStation 5 e PC, via Steam.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela SFB Games.

Crow Country

+ R$ 59,99
8.5

História

9.0/10

Jogabilidade

9.0/10

Sons e Visuais

9.0/10

Extras

7.0/10

Prós

  • Captura bem a essência dos jogos de terror que se inspira
  • Exploração divertida, com segredos recompensando o jogador curioso
  • Puzzles legais de resolver
  • Atmosfera muito bem construída
  • Legendado em português

Contras

  • Poderia ser mais longo
  • Armadilhas podem deixar o jogo frustrante em alguns momentos

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.