Demon’s Souls Remake | Review
Anunciado em junho de 2020, no evento de revelação do PlayStation 5, Demon’s Souls Remake chegou às prateleiras em novembro do mesmo ano, apenas cinco meses depois do seu primeiro trailer. O jogo foi lançado como um dos exclusivos de peso para o lançamento do mais novo console da Sony, revivendo um clássico do PlayStation 3.
A nova versão foi desenvolvida pela Bluepoint Games, empresa já consagrada em ports, remasters e repaginações de jogos clássicos, tendo em seu portfólio recente o elogiado remake de Shadow of Colossus e Uncharted: The Nathan Drake Collection, ambos para PlayStation 4. Prontos para conferir o que achamos de Demon’s Souls Remake? Vem comigo em mais uma análise do Pizza Fria!
Prepare-se para morrer – em 4K
Para qualquer remake, a característica mais buscada em relação ao original é sempre a melhoria visual. E nisso pode ter certeza que, assim como em seus trabalhos anteriores, a Bluepoint não decepciona. Com o original rodando em 720p e 30fps, a nova versão busca a resolução 4K, com opções de melhor visual (limitado a 30fps) ou performance (travados em 60fps), e atingem ambos com excelente estabilidade. Mas claro, apenas isso não faria disso um remake, e nem estaria no patamar das produções da empresa.
Assim, o jogo teve seu visual refeito, praticamente do zero, com novas texturas, cenários muito mais realistas, iluminações impecáveis, animações muito mais fluidas e naturais, entre muitas outras melhorias. Com o HDR da nova geração, é impressionante como as cores dos cenários, das magias e fogo trazem vida ao jogo. O apelo visual é de cair o queixo, e pode colocar o jogo facilmente como uma vitrine do diferencial gráfico que é possível ser alcançado na nova geração.
Além do apelo visual, o poder do novo SSD do PlayStation 5 traz um grande diferencial ao game. Carregar novas áreas, e principalmente morrer, é incrivelmente rápido, ao ponto do jogo praticamente não ter telas de loading. Carregamentos que antes demoravam quase um minuto, agora não passam de alguns poucos segundos. Num jogo como esse, onde morrer é praticamente um hábito, tal recurso é muito bem vindo, e reduz (em muito) a frustração do jogador.
Outro recurso muito interessante da nova interface do PS5 foi o uso dos cards, que aparecem ao apertar o botão PS do controle. Nele aparecem troféus do jogo e seu % de progresso, além de diferentes áreas, e ao selecionar uma delas, o jogador é rapidamente transportado à mesma, facilitando muito o deslocamento no jogo. Uma pena foi Demon’s Souls Remake não ter aproveitado muito os recursos do DualSense, o novo controle da Sony. Não há qualquer uso dos gatilhos adaptáveis, e os usos do feedback háptico são raros e mais limitados a algumas cutscenes.
Algo velho, algo novo
Por mais que os gráficos novos impressionem, não é só de visuais que vivem os remakes. A versão atual repagina a gameplay também, prometendo agradar igualmente tanto os fãs do original, quanto novos entrantes na franquia da série Souls. Nesse ponto, entrei no jogo numa posição interessante, pois não me encaixo em nenhum dos dois públicos. Explico: sou fã da série souls e da maioria dos jogos da FromSoftware, porém nunca havia jogado o Demon’s Souls, já que descobri o estilo apenas durante a geração do PS4. Dessa forma, creio que consigo enxergar um pouco do apelo de ambos os lados: veteranos e novatos.
Como já é bem conhecido no mundo dos games, os jogos da FromSoftware ganharam fama pelo seu alto nível de dificuldade, sem nenhuma opção de “easy mode”. Para o bem ou para o mal, essa característica tanto atrai aqueles que buscam mais desafio, quanto afasta aqueles que não querem se frustrar a cada passo nos jogos. Isto se mantém bem verdade em Demon’s Souls Remake, porém com algumas ressalvas. Certas barreiras foram diminuídas para facilitar a entrada de novos jogadores.
Primeiramente, a fluidez e rapidez de resposta dos comandos facilita (e muito) a movimentação e mecânica da gameplay, tornando muito mais natural desviar de ataques e partir pra cima. Além disso, itens de cura tiveram sua disponibilidade aumentada significativamente, facilitando a recuperação de combates mais intensos. Posso ter uma certa parcialidade por já ter jogado outros jogos do estilo, mas acredito que este seja o título mais acessível de todos da FromSoftware.
Isto pode fazer os mais veteranos torcerem o nariz, porém nada temam. A essência do original, assim como da série Souls, ainda está muito presente. Cenários repletos de inimigos que podem tirar sua vida em um erro, chefões desafiadores e mapas que quase são verdadeiros labirintos.
A Origem de Souls
Depois de passar por toda a jornada da série Souls, além de Bloodborne e Sekiro, finalmente conhecer o jogo que originou todo o estilo “souslike” causa algumas estranhezas. Por um lado, é interessante ver como a “alma” do gênero pode ser facilmente identificada, apesar de em estágio embrionário. Por outro, alguns pontos diferem bastante dos títulos mais recentes da FromSoftware.
Um grande exemplo são os bonfires, as fogueiras que servem como checkpoint do jogo, onde você recupera sua vida, e em contrapartida renascem todos os inimigos. Nos Dark Souls, eles tem uma maior distribuição pelo mapa, servindo como um alívio entre jornadas para progredir pelo mapa, e facilitar seu retorno ao boss da área.
Já em Demon’s Souls Remake, apenas matar um chefe garante um surgimento de uma bonfire. Isso faz com que, em diversos momentos, o jogador precise percorrer longas distâncias toda vez que enfrenta um chefe e morre, aumentando bastante a frustração pra derrotar os benditos. Isto tem um certo alívio pela dificuldade bem reduzida dos boss em relação aos títulos mais recentes, o que diminui bastante a quantidade de tentativas necessárias para derrotar a maioria deles.
Outro grande diferencial de Demon’s Souls Remake é sua progressão não linear e independência dos mapas. O objetivo final do jogo é conseguir as 6 arquipedras, e cada uma delas se encontra em um mapa diferente, sendo cada um deles totalmente independentes e sem ligações intermediárias, podendo todos serem acessados pelo Nexus, o hub central do jogo. Isso permite que o jogador tenha uma maior liberdade na ordem em que vai entrar em cada mapa e encarar cada boss.
Por um lado é uma escolha bem vinda, pois quando a região está muito difícil de progredir ou o boss já te matou mais do que gostaria, basta passar pra outra arquipedra e tentar progredir por lá. Por outro, isso acaba quebrando muito a progressão de dificuldade do jogo, já que depois que você já subiu bastante de nível e conseguiu bons itens em uma área, todas as outras se tornam incrivelmente fáceis.
Vale a pena comprar Demon’s Souls Remake?
Demon’s Souls Remake chega como o primeiro grande exclusivo do PlayStation 5 e uma vitrine do que é possível na nova geração, e não decepciona. O visual tem melhora massiva em relação ao título original de PlayStation 3, assim como sua mecânica e fluidez. O jogo ainda tem a cereja do bolo utilizando alguns dos novos recursos da nova geração, como o carregamento ultra rápido do SSD e os cards do PS5 que trazem algumas facilidades.
Buscando se manter fiel ao clássico cult dos fãs da FromSoftware, mas ao mesmo tempo quebrando algumas barreiras para novos entrantes, Demon’s Souls Remake consegue agradar à veteranos e novatos com maestria. A única decepção fica no uso simplório do DualSense, que poderia ser mais exploratório para um jogo exclusivo ao console.
Demon’s Souls Remake está disponível na PlayStation Store por R$ 349,90, sendo também um dos primeiros jogos a “inaugurar” o preço sugerido da nova geração de consoles. No Metacritic, o título ficou com média de 92 pontos, sendo até a publicação desta análise, o jogo mais bem avaliado do PS5.
*Review elaborada com código fornecido pela Sony.