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Dragon Age: The Veilguard | Review

Pode parecer engraçado, mas começarei esta review confessando algo: eu nunca joguei nenhum título da franquia Dragon Age. Sim, isso pode parecer incomum, pois o estilo de jogo me agrada bastante e, além disso, sempre esteve disponível para mim. Contudo, Dragon Age: The Veilguard, game da Electronic Arts e da BioWare lançado para PlayStation 5Xbox Series X|S e PC, via SteamEpic Games Store e EA App, é a minha entrada na franquia. Ou seja, meu olhar para este jogo é de completa novidade, seja em sua lore ou na própria questão da jogabilidade. Talvez isso traga uma perspectiva diferente das outras análises. Ou não. Enfim… tudo o que senti ao jogar será dito aqui nesta review especial. Confira!

A jornada dos heróis

Uma das primeiras informações lançadas sobre Dragon Age: The Veilguard foi a sua história. E era tudo um bocado confuso para mim. A lembrança mais viva de minha cobertura sobre este jogo, era o apelido Lobo Temido, que logo no início da narrativa nos é apresentado. Fen’harel, Aquele que caça sozinho, Senhor dos trapaceiros, ou simplesmente Solas, é o personagem em questão. Uma espécie de Voldemort elfo que estará presente durante toda a aventura, de um jeito ou de outro. A trama se passa em Thedas, dez anos após Dragon Age: Inquisition, e nos coloca no papel de Rook, protagonista criado por nós, e que pode ter diferentes raças e gêneros.

Aliás, a questão de gênero foi de um impacto surpreendentemente absurdo na comunidade gamer. O simples fato de nós termos a opção de escolher nossos pronomes, causou um rebuliço sem tamanho, com acusações da tal cultura woke estar destruindo os jogos eletrônicos, dentre outros absurdos surreais proferidos por jovens frustrados escondidos pelo anonimato da internet. Honestamente, não me delongarei nesse assunto, mas pergunto: em que a escolha de vida dos outros impacta tanto na sua para que elu/delu seja algo que te tira do sério ao ponto de criar análises negativas em uma página para afundar o jogo? Fica aí minha questão.

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A construção dos personagens é incrível. (Imagem: Divulgação)

Voltando ao que realmente importa em um jogo, mas sem dar spoilers, claro, a narrativa de Dragon Age: The Veilguard é envolvente, leve e divertida, algo que eu sentia falta em um RPG. Nela, levamos Rook em uma grande aventura para tentar deter duas divindades élficas corruptas. E, em busca de parceiros para esta batalha improvável, o enredo se mostra rico em detalhes e reviravoltas, explorando não apenas o passado enigmático de Solas, mas também a complexidade de alianças e algumas escolhas morais que moldam a narrativa. E tudo tem uma consequência, seja com personagens conhecidos ou até mesmo no andamento da história.

A única coisa que me incomodou um pouco em Dragon Age: The Veilguard foram os diálogos. Em alguns momentos, eles conseguem ser coerentes com o tom dos acontecimentos. Mas, em sua grande maioria, soam genéricos, tal como nos filmes mais “pastelões” da Marvel. Neste ponto, acredito que o jogo poderia ter se atentado mais, embora não seja nada que destrua toda a experiência. Não mesmo. Dragon Age: The Veilguard é sólido em diversos pontos, e falarei deles a seguir.

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A ambientação do jogo é outro grande destaque. (Imagem: Divulgação)

Criando Rook

Como falei acima, Rook é o protagonista trazido pelo jogo. E a construção dele é um dos maiores triunfos de Dragon Age: The Veilguard. Detalhes como pronomes, diversidade de aparências, raças e outros detalhes, tudo isso casa muito bem com a ideia de criar um personagem em um RPG. Cada classe oferece um nível impressionante de personalização, nos permitindo ajustes a vários estilos de combate com base em preferências pessoais. Criei um anão com espada e escudo, mesclando boas janelas de ataque com esquivas e uma defesa sólida.

Mas, além disso, a possibilidade de refinar equipamentos e habilidades ao longo do jogo adiciona camadas extras de profundidade, transformando o combate em uma experiência tanto criativa quanto desafiadora. Com isso, podemos customizar ainda mais nosso protagonista e o seu grupo, aprimorando armas e armaduras que trarão muitos benefícios no jogo.

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Rook pode ter diferentes estilos, gêneros, raças… (Imagem: Divulgação)

O Farol e a Encruzilhada

Outro ponto interessante de Dragon Age: The Veilguard é o Farol, uma espécie de quartel general que fica meio que no “mundo espiritual”. Além dele nos oferecer um senso de progresso, ele também reflete a identidade e as conquistas do jogador, podendo ser explorado e customizado por nós. Cada personagem que se soma ao nosso grupo, terá um quartinho nele para chamar de seu, sendo atualizados ao longo da narrativa. Ah, e antes que eu me esqueça, lá teremos também a Entidade Guardiã, que será responsável por aprimorar e encantar nossos itens.

Já a Encruzilhada, que está diretamente ligada ao Farol, nos permitirá encontrar inúmeros eluvians, espelhos que nos levam para diferentes localizações de Thedas. Além disso, também teremos acessoa a conteúdos secundários como itens escondidos e desafios contra a legião da podridão. Portanto, sempre que tiver um tempo, explore mais essa região.

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Os inimigos estarão por toda a parte! (Imagem: Divulgação)

Variedade de companheiros e histórias paralelas

Cada companheiro conhecido ao longo da trama de Dragon Age: The Veilguard traz uma história pessoal que se desenrola por meio de missões, diálogos e eventos únicos. Por exemplo, Emmrich, o Necromante, é um destaque absoluto, com uma presença carismática que lembra figuras icônicas do cinema, enquanto Lucanis, um membro dos Corvos, vive possuído por um demônio, Rancor, que sempre assusta todos ao seu redor. Aliás, nesta parte, o diálogo de nosso personagem hispânico com sua entidade é um ponto bem interessante, nos trazendo uma perspectiva bem diferente da observada nos outros companheiros e companheiras de aventura.

Mesmo que alguns considerem os companheiros mais tranquilos de lidar em termos de polêmicas ou confrontos de opinião com nosso protagonista, isso não diminui o impacto emocional e a profundidade de suas histórias. A interação com os personagens é constantemente gratificante, seja pela lealdade que inspiram ou pelas nuances de suas relações com o protagonista. Contudo, como também já mencionei, as escolhas de diálogos em alguns momentos não ficaram muito bem acertadas, trazendo um pouco daquele humor de quinta série para o jogo.

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Um grande grupo te aguarda. (Imagem: Divulgação)

Cada escolha, uma renúncia, isso é a vida…

Citando aqui, nada mais, nada menos, que Chorão, preciso mencionar com mais detalhamento a questão das escolhas tomadas no jogo. Somos colocados em meio a situações difíceis de se decidir, como quem ajudar no momento dos ataques dos dragões, não existindo um meio-termo para agradar a todos, algo que abre brechas para mágoas e outros problemas no grupo.

E, pelo que pude perceber ao estudar os outros títulos, em Dragon Age: The Veilguard, as decisões têm muito mais impactos, reverberando diretamente na narrativa e nos destinos de cada um dos personagens. Isso é particularmente evidente nas missões principais e de facções, onde até mesmo pequenas ações podem alterar o curso dos eventos. Por exemplo, salvar ou abandonar uma cidade atacada pela Praga pode transformar completamente a geografia política e afetar a dinâmica com seus companheiros. Esse foco em consequências mais íntimas e sistemáticas é uma abordagem refrescante que dá mais peso às ações do jogador. E aqui, a questão moral é forte!

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A árvore de habilidades de nosso protagonista é enorme. (Imagem: Divulgação)

Particularmente, acho esses tipos de escolhas em RPGs simplesmente necessárias. Afinal de contas, um jogo não é feito apenas de combates, embora esta seja uma parte essencial. E Dragon Age: The Veilguard trabalha bem isso, nos colocando em cada sinuca de bico que, francamente, se fosse cronometrada, ia nos deixar mais pressionados ainda, dando toda uma dramaticidade extra às nossas escolhas.

Combates intensos e bem intuitivos

Em termos de jogabilidade, Dragon Age: The Veilguard se destaca por sua evolução no sistema de combate. Dinâmico e fluido, o jogo consegue equilibrar a estratégia tática com a adrenalina de um RPG de ação, tudo isso graças aos seus menus interativos, em que podemos dar ordens aos nossos companheiros, que nos auxiliarão durante toda a narrativa. O sistema de nivelamento fica nitidamente explicado quando enfrentamos adversários mais fortes do que nós, algo que traz uma dose alta de desafio para a aventura. Ousei lutar contra um sub-chefe dez níveis acima do meu grupo, e tive cerca de 35 minutos de combate intenso, algo bem desafiador, mas possível de ser feito.

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Os combates são bem intensos, mas não são difíceis de se dominar. (Imagem: Divulgação)

Além disso, a árvore de habilidades apresentada é muito vasta, nos apresentando diversas melhorias, que vão se ramificando para diferentes abordagens de luta. Assim, entre tantas opções, confesso que acabei ficando perdido em alguns momentos, mas nada que uma boa leitura de cada detalhe apresentado pelo jogo não possa nos ajudar. Com isso, consegui definir um estilo de luta sólido e condizente com a forma que gosto de atuar.

Sobre o controle dos outros personagens, me parece que Dragon Age: The Veilguard manteve o padrão dos jogos anteriores, algo bem interessante, sobretudo para quem já estava acostumado com a franquia. Por fim, este aspecto foi um dos que mais me agradou, sobretudo por sua excelente fluidez e sensação de dificuldade balanceada. Contudo, para os jogadores mais hardcore, é possível aumentar o sarrafo para ter um desafio digno de um soulslike. Mas isso não é minha praia, obrigado. Prefiro curtir a história e os combates sem muito desespero.

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Controle seu grupo da maneira que bem entender! (Imagem: Divulgação)

Vale a pena jogar Dragon Age: The Veilguard?

Dragon Age: The Veilguard é um jogo bem-sucedido da BioWare, reafirmando a relevância da franquia em um mercado cada vez mais competitivo de RPGs. Com legendas em português brasileiro, o título facilita bastante a nossa vida para compreender sua ampla história, complementada por textos e outros detalhes encontrados ao longo da aventura.

Contudo, nem tudo é perfeito no mundo de Thedas. Em alguns momentos, Dragon Age: The Veilguard apresenta diálogos muito simplistas, que tiram toda a imersão do momento, algo que é percebido com muita facilidade por nós, jogadores. Além disso, o modo RTX do jogo parece rodar a 30 FPS, deixando a experiência meio travada, embora com detalhamento interessante para os reflexos. Porém, sugiro a opção de desempenho, para que tudo flua perfeitamente e você não se frustre com atrasos na hora de defender ou esquivar. Aliás, mesmo no modo desempenho, o jogo consegue ser simplesmente maravilhoso, com gráficos surpreendentemente bons.

Com uma narrativa envolvente, personagens memoráveis, escolhas impactantes e um mundo rico em detalhes, o jogo oferece uma experiência que é tanto um presente para os fãs de longa data quanto uma porta de entrada para novos jogadores. Dragon Age: The Veilguard não é apenas um jogo; é uma jornada rica e inesquecível pelo coração de Thedas. Particularmente, ouso dizer que o título será um dos concorrentes a Jogo do Ano, mesmo com todo o rancor de uma parte desprezível do público querendo desmerecer os esforços dos desenvolvedores.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Electronic Arts.

Dragon Age: The Veilguard

R$ 249,00+
8.7

História

8.6/10

Gráficos e sons

8.8/10

Gameplay

9.0/10

Extras

8.4/10

Prós

  • Variedade de customização do personagem principal
  • Árvore de habilidades muito variada
  • Narrativa interessante, com diversos desdobramentos
  • Jogabilidade prazerosa e responsiva

Contras

  • Modo RTX deixa a desejar, com muitos travamentos
  • Alguns diálogos são simplistas demais, tirando toda a imersão dramática da cena

Álvaro Saluan

Historiador e cientista social de formação, é completamente apaixonado por videogames e escreve sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte.

4 thoughts on “Dragon Age: The Veilguard | Review

  • É uma análise contra corrente.

    O jogo está com 1,8/5

    Lá está, o analista não faz ideia o que é o mundo de Dragon Age.

    Tal como um jogador de Dragon Age não tem que fazer ideia do que é o mundo do alfabeto. Não devia ter que haver imposição de ideias políticas num jogo que se quer relaxado

    Ainda hoje tive uma conversa com a minha entidade de AI que mostrou mais senso que o analista… Concordou que a narrativa é descabida e demasiado forçada.

    Algo que nós jogos anteriores (lá está, o camarada não conhece) existem levemente mas não roubam protagonismo e estão perfeitamente integradas na narrativa.

    Resumindo, os woke criam jogos que ninguém joga (basta ver as vendas) e criticam as pessoas que não querem sofrer essas imposições nem nelas meter o seu dinheiro em vez de quem as cria…

    • Boa tarde, Valdemar. Primeiramente, agradeço por seu comentário.

      No entanto, discordo totalmente com todas as suas colocações. De fato, como deixei explícito na review, não joguei os títulos anteriores, mas fiz boa parte da cobertura de cada um deles. Além disso, não há, de forma nenhuma, imposição de ideias. E, francamente, acreditar que um jogo, sobretudo um RPG que levanta desde sempre questões morais, pode ser apolítico, é uma grande piada. Estranha-me muito alguém querer opinar e, ao mesmo tempo, ter diálogos com uma IA, que geralmente é moldada diante dos seus próprios gostos e prompts.
      E, novamente, ressalto: NINGUÉM ESTÁ SENDO OBRIGADO A JOGAR. Esse incômodo com a tal da “cultura woke” beira ao ridículo, sobretudo por não apresentarem um mínimo argumento concreto citando qual é o grande problema de falarmos de inclusão. Isso diz mais respeito sobre os preconceitos de alguns do que propriamente da tão citada “cultura woke”.
      Uma análise, seja de qual jogo for, é marcada por critérios e gostos do seu analista. Não me incomodo com questões de gênero, tampouco com a tal da “cultura woke”. Gostei do jogo, gostei dos dilemas, gostei da história, mas nem tanto de alguns diálogos e é isso. Como disse, respeito sua opinião, mas discordo totalmente dela.

    • Se não jogou nenhuma das franquias anteriores, sua análise não vale a pena nem de ser lida, com todo respeito.
      Uma análise leva vários requisitos que não dá pra avaliar apenas em um jogo. Ainda mais que coloca toda a história em segundo plano.

      • Agradeço pelo comentário, mas discordo totalmente.
        Estou fazendo uma análise do jogo, não uma comparação com seus antecessores. E, para além da subjetividade de cada um, existem diversos critérios para isso. Não faz sentido sua fala.

Fechado para comentários.