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Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes | Preview

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes foi o projeto mais financiado no Kickstarter em 2020. O título foi apresentado pela Rabbit & Bear Studios, estúdio liderado por Yoshitaka Murayama, um dos principais nomes por trás da excelente franquia de JRPG Suikoden, que caiu no esquecimento e não vê um lançamento original desde 2000. Murayama, lamentavelmente, faleceu no começo de 2024 aos 55 anos.

Acontece que o projeto de Hundred Heroes era, de fato, grandioso e chamou atenção da 505 Games, que se interessou pelos direitos do game e auxiliou no projeto, assumindo o papel de editora no começo de 2021. No mesmo ano, na conferência Xbox & Bethesda Showcase, na E3, foi anunciado que seriam lançados dois jogos inspirados no universo Eiyuden Chronicle: além de Hundred Heroes, o título principal, seria lançado Rising, trazendo a narrativa de um período anterior ao da aguardada obra.

Em 2022, pude revisar antecipadamente Eiyuden Chronicle: Rising, dando uma nota de 78 para o jogo. Agora, quase dois anos depois, fui convidado pela 505 Games para jogar uma versão beta de Hundred Heroes, que oferece cerca de 5 horas de gameplay e traz o começo de uma história que promete ser grandiosa. Quer saber o que achei? Vem comigo em mais uma preview do Pizza Fria!

O começo de uma grande história

O começo de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes é como dita o manual de um bom JRPG. Conhecemos Nowa, um garoto de uma aldeia remota que tem o sonho de servir à Patrulha, que se formou após os eventos de Rising. Embora os dois jogos não sejam interligados – até o momento, afinal, são cem anos de diferença entre suas narrativas – há algumas familiaridades entre os jogos, como classes de personagens e parte dos visuais. Mas falaremos sobre isso, com mais detalhes, quando for a hora da nossa review completa.

Aqui o foco é no começo de Hundred Heroes, e em como isso impacta o jogo de uma forma geral. Nowa chega a uma nova cidade, para se juntar à Patrulha e conhece Garr e Lian, seus dois primeiros companheiros na aventura, em busca de ir explorar uma floresta onde, supostamente, uma poderosa lente-rúnica havia sido reportada. A caminho do local, o trio encontra Seign, um jovem oficial do império, que se une à busca, mas por conta de uma agenda particular.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes
Nowa (e) divide um momento com Seign (d) no começo do jogo (Imagem: Divulgação)

Após os acontecimentos iniciais do jogo, seis meses se passam e a paz aparentemente consolidada da região segue firme. Mas algumas imagens de gameplay nos mostram que, na verdade, ela corre sérios riscos. Sem entrar em muitos detalhes, Nowa é nomeado (a contragosto) o líder da Patrulha e deve reunir membros. Após encontrar outras pessoas, o jogo nos apresenta as missões iniciais, que funcionam tanto como um tutorial, como uma obrigação para explorarmos os mapas iniciais.

De uma forma geral, e sem spoilers, o começo da narrativa de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes é bastante interessante e promissor. A beta, inclusive, termina deixando um gostinho de quero mais, já que é justamente em um trecho onde um acontecimento aparentemente bem importante para a narrativa acontece, apresentando, inclusive, o que podem ser os principais vilões do jogo.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes
Na versão beta de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes, nossa party pode ter seis personagens por vez (Imagem: Divulgação)

Um gameplay repleto de originalidade no combate

Uma das principais características de Suikoden era o número de personagens jogáveis que os jogadores podiam recrutar. E Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes chega com uma promessa similar. Na tradução literal do nome do jogo, diz que serão cem heróis no jogo. Será que chegaremos a tantos assim, na versão final? Será que vamos encontrar todos? Perguntas que terão uma resposta em breve. Por enquanto, terminei a beta com sete jogáveis fixos na minha party, e alguns que fizeram participação temporária. Outros apareceram no jogo, mas na arte do trailer acima, mostram que eventualmente serão recrutados também.

O grande ponto de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes é que cada um dos personagens traz habilidades e estilos diferentes ao game, aumentando ainda mais a profundidade tática das batalhas, bem como as formas de se formar equipes. Isso se dá, basicamente, porque podemos jogar com até seis heróis por vez, divididos em duas linhas, cujas posições influenciam no combate. Aqueles na linha de frente, por exemplo, devem ser mais os “tanks”, para segurarem mais dano, bem como para atacarem de perto. Colocar um personagem especialista em golpes de perto na linha de trás pode inutilizá-lo quase que por completo.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes
Os seis personagens da party entram na batalha ao mesmo tempo, cada um com um turno por vez (Imagem: Divulgação)

Além disso, o jogo traz habilidades de combinar os golpes dos personagens em batalhas, recurso chamado de Combo de Herói. Estas combinações oferecem diferentes níveis – embora no trecho oferecido só havia algumas disponíveis. Outra atração legal de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes é a possibilidade de se configurar para uma luta automática, ideal para enfrentar inimigos comuns, poupando tempo do jogador em batalhas que, possivelmente, serão ganhas com facilidade e você só precisa derrotar os inimigos.

A batalha automática, por outro lado, não é muito recomendada para bosses, visto que eles são realmente mais desafiadores do que os enfrentados em Rising. Isso, inclusive, é uma ponto positivo! O jogo apresenta um nível de dificuldade maior, muito por conta da profundidade tática adotada. É preciso dominar recursos e conhecer bem os personagens que você utiliza para sofrer menos. Inclusive, como acaba sendo comum no gênero tático, prepare-se para batalhas longas, ok?

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes
O primeiro boss de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes (Imagem: Divulgação)

Fora isso, cada personagem em Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes conta com as tradicionais barras de HP e MP, mas também há uma extra, de SP, que é justamente para utilizar os golpes especiais vindos das lentes-rúnicas, onde cada personagem possui uma. As magias são equipadas através de runas obtidas em baús, mas apenas após alcançar determinados níveis em cada personagem. Runas essas que também podem aumentar atributos básicos, como defesa, ataque, até mais % de HP ou MP. Como disse, é uma profundidade tática enorme.

Outro detalhe interessante de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes é a capacidade de carga de itens. Não é possível pegar tudo que você encontra, já que há um limite de quantidade. Note que não é relacionado a peso, como em jogos de sobrevivência, mas sim, a quantidade mesmo. Por vezes, me vi obrigado a desistir de itens de cura que havia abastecido para abrir um baú e encontrar algo de pouca utilidade.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes
Limite de itens? Waaaugh! (Imagem: Divulgação)

Audiovisual promissor

Ponto que vem chamando atenção da comunidade no material promocional de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes, os visuais de jogo são dignos de elogio na versão beta. Utilizando gráficos HD-2D, que se popularizou na franquia Octopath Traveler, e ganhou ainda mais notoriedade com outros jogos da Square Enix, como Star Ocean: The Second Story R, Live A Live e Triangle Strategy, o visual consiste em apresentar cenários em alta definição, mas personagens em pixel art. Fica uma combinação charmosa e bem agradável aos olhos.

Os testes da beta foram efetuados em um computador conectado à uma TV 4K 120hz, e o jogo entregou uma alta taxa de quadros por segundo com todas as configurações no máximo, isso usando uma RTX 2080. É claro que o estilo não “cobra” muito da máquina, mas já vimos coisas bizarras acontecendo e é digno de nota que a minha experiência foi suave.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes
O contraste entre cenários em alta definição e personagens em pixel art fica bem interessante (Imagem: Divulgação)

Além disso, Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes chega com uma excelente localização em português e ótimos efeitos sonoros, bem como uma trilha sonora empolgante. Se eu disse em Rising que o áudio não me impressionava, até o momento, só tenho elogios para tudo o que a Rabbit & Bear Studios fez até aqui.

O que esperar de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes?

Se 2024 já nos presentou com RPGs incríveis, Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes promete ser mais um jogo a entrar no rol de jogos que vão chamar atenção no gênero ao longo do ano. De tudo o que joguei até aqui, não tenho nenhum ponto negativo a destacar – pelo contrário, minha expectativa só aumentou. Mal vejo a hora de continuar minhas aventuras em Allraan para saber onde essa história vai nos levar.

Após as primeiras horas de Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes, e considerando todo o investimento que foi feito no projeto, é difícil não se empolgar. A obra final de Yoshitaka Murayama promete ser uma carta de amor aos fãs de Suikoden, mas também buscam reacender a chama do gênero com uma mistura de nostalgia e inovação.

As mecânicas de gameplay, a profundidade tática e a possibilidade de se ter um elenco diversificado de cem ou mais heróis, promete ser uma experiência incrível. O fato de que cada personagem trará sua própria essência e individualidade para a party, não apenas em termos de habilidades, mas também de personalidade e história, é uma premissa bem interessante.

Como disse acima, era um dos jogos mais aguardados por mim e minha expectativa só cresceu depois das primeiras cinco horas. Além da narrativa, que parece ser bem interessante, o audiovisual adiciona muito à imersão, capturando perfeitamente o espírito de aventura e descoberta que defineu os grandes JRPGs da história.

Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes será lançado para PlayStation 5, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e PC, via Steam e Epic Games Store, no dia 23 de abril. 

*Preview elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela 505 Games.

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.