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Elsie | Review

Elsie é um jogo de ação e plataforma em 2D, construído em cima de mecânicas roguelite, desenvolvido pela Knight Shift Games e publicado pela Playtonic Friends. Nele, somos colocados no controle de uma adorável androide que foi construída para uma simples missão: encontrar suas irmãs perdidas e salvar o mundo de um desastre. Nada fora do normal, não é mesmo?

E aí, será que vale a pena acompanhar esse rolo todo? É o que veremos agora, em mais uma adorável review do Pizza Fria!

Uma família da pesada

Será, leitores e leitoras, que androides sonham com ovelhas elétricas? Será que eles possuem sentimentos, aspirações, dores e amores? Ou será que são apenas máquinas um pouco mais sofisticadas que, apesar de soarem como nós, nunca passarão de um emaranhado de circuitos, bits e bytes ? Ah, nada melhor do que começar o dia (ou noite?), com uma boa e velha questão relativamente filosófica. Pizza cult, de fato.

Levanto esse ponto por dois motivos maiores, na verdade. Primeiro porque nosso jogo de hoje, Elsie, envolve uma androide da pesada indo atrás de suas irmãs rebeldes para trazê-las de volta para casa. Segundo, porque gosto de criar a (frágil) ilusão de que sou um cara culto e conhecedor das questões mais complicadas da vida. O primeiro ponto é verdadeiro. Já o segundo, provavelmente não.

De toda forma, devo dizer que me senti atraído pelas cores e explosões da aventura, além da boa e velha promessa das provações dos rogues. Afinal, nada melhor para nos manter humildes do que morrer cem vezes para um mesmo chefe até, de pouco em pouco, ficar fortes o suficiente para derrotá-lo, não é mesmo? Ou, se tudo falhar, aprender uma centena de novos xingamentos criativos. Dito isto, em frente!

Elsie
Hadouken! (Imagem: Divulgação)

História

Elsie conta a história de um mundo feliz, arborizado e cheio de diversão. Afinal, a presença das guardiãs -androides que possuem o poder de controlar os elementos- garante com que nenhuma catástrofe ou preocupação esquente a cabeça da gente bonita que vive no planeta Ekis. Bom, ao menos é o que deveria estar acontecendo, de todo modo.

Contudo, alguma loucura acometeu os circuitos das guardiãs e fez com que elas se virassem contra sua criadora, a Dra. Grey, e saíssem para tocar o terror na vida de geral. A boa cientista, com o peso da culpa nas costas e o medo no coração, decidiu criar uma última androide capaz de dar um jeito no problema, curando suas irmãs de construção e trazendo paz para as terras.

Elsie apresenta sua trama com rapidez, sem muita enrolação ou caracterização antes de começar a aventura para valer. Isso não é de tudo ruim, e a evolução natural das coisas permite com que os eventos transcorram de uma maneira adequada e nos mantenham, mais ou menos, investidos no que está acontecendo na telinha. Contudo, acho que os personagens poderiam ser mais bem explorados, com enfoque especial em alguns temas abordados como aqueles de vontade própria e laços familiares, por exemplo.

Elsie
Cadê a amizade? (Imagem: Divulgação)

Jogabilidade

Elsie é construído, primeiramente, em cima da mentalidade roguelike. Portanto, espere morrer bastante, voltando para a base e ficando cada vez mais forte para cada tentativa subsequente de completar uma run. A ideia aqui é coletar recursos para comprar melhorias que podemos adquirir ou encontrar em cada tentativa, sendo que nossa protagonista sempre começa, mais ou menos, da mesma forma.

Temos uma boa quantidade de upgrades para liberar e escolher, com alguns mudando significativamente a forma com que a protagonista funciona. Por exemplo, conseguimos alguns que mudam nossa arma, a trajetória dos tiros, se eles atravessam paredes, se podem ser carregados, e por aí vai. É uma boa diversidade, e comprar todos nos diversos npcs de nossa base é uma boa forma de gastar nossas horas.

Além disso, nem sempre seguimos o mesmo caminho do começo até o final da tentativa. Cada chefe derrotado abre dois portais, que dão passagem para biomas diferentes com temáticas que vão desde vulcões até florestas. Isso, também, faz variar tanto inimigos quanto chefes que encontramos, sejam as androides fujonas ou outras barbaridades.

Contudo, ainda acho que Elsie joga um pouco seguro demais. O título aplica todas as mecânicas esperadas, de fato, de maneira bem satisfatória. Ainda assim, acho que o título poderia ter ousado um pouco mais, até para aproveitar as ideias sólidas que fundamentam os outros aspectos da jogabilidade que iremos ver agora.

Elsie
Muitas melhorias. (Imagem: Divulgação)

Do lado direito da rua direita, temos uma jogabilidade fundamentada naqueles clássicos de duas dimensões. Principalmente, acredito eu, no que víamos nos melhores títulos da saga Mega Man. Elsie pode utilizar uma série de armas de projéteis diferentes, com vários efeitos e alcances. Além disso, eventualmente temos acesso à um segundo personagem focado em dano de perto, com um set de habilidades completamente diferentes.

Podemos atirar para esquerda ou direita, pular, abaixar, avançar (dando dano se atravessar o inimigo) e até aparar golpes. Isso, inclusive, abre espaço para contra-ataques e estratégias um pouco mais ousadas. Contanto que tenhamos energia o suficiente, também podemos usar dois poderes especiais que variam conforme o que achamos nas runs. Ah, e podemos usar um modo super quando enchemos uma barrinha, conferindo mais dano e outras vantagens muito desejáveis.

Infelizmente, o que me incomodou mais em Elsie foram os controles. Por exemplo, senti os pulos muito leves, por vezes parecendo que estava flutuando na água. Isso se torna ainda mais enjoado quando precisamos pular e nos lançar em cima de alguma plataforma que nos faz ir mais alto. Fora isso, achei a ação muito confusa quando temos diversos inimigos na tela, quase pior que um bullet hell por conta das cores, e uma série de bugs que ou avacalhavam o visual, ou faziam o jogo fechar.

Elsie
Tô de olho. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Visualmente, Elsie é um jogo muito bonito. Temos cores vibrantes, um mundo que pulsa com estilo e sprites bem animadas e coloridas. Contudo, todo esse excesso faz a ação ser meio confusa em alguns momentos, além das fontes serem pequenas e complicadas de ler. Isso é remediado, felizmente, pelo modo de acessibilidade completinho que o jogo nos oferece.

A trilha sonora é muito legal, com uma pegada mais synth e eletro que me agradou bastante. Além de combinar com a proposta do título, por se tratar de androides e coisas do tipo, ela faz a ação ser bem embalada e não incomoda os ouvidos.

Elsie
Lá vem o dano alto. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Elsie?

É isso aí, androides e androidas do meu coração. Será que Elsie vai entrar na nossa listinha de jogos para aproveitar em nosso tempo vago? Ou será que deve ser um título a se fugir sem nem olhar para trás. Bom, hora de pegarmos tudo que falamos até o momento e fazer aquele resumão maneiro. Afinal, quem tem tempo para ler tudo de novo, não é mesmo ?

De positivo, Elsie é bonito, tem uma boa variedade de upgrades para utilizarmos e encontrarmos, dois personagens jogáveis, tradução em português, um ciclo de jogo agradável e uma boa trilha sonora. De negativo, temos uma trama que poderia ser melhor explorada, controles meio enjoados em alguns momentos, uma execução rogue muito protocolar e certa confusão durante a ação por conta das cores e efeitos do título.

Por fim, ainda acredito que Elsie seja uma boa pedida, principalmente se for alguém que esteja curioso para ver como o gênero funciona ou, talvez, como seria uma pegada Mega Man dentro desse formato. Ainda que ele não vá levar o estilo até novos patamares, o jogo faz tudo com qualidade o suficiente para ser agradável de jogar. E, no final, é isso que vale.

Elsie chega nesta terça-feira, 10 de setembro, para PC, via Steam, PlayStation 5 e Nintendo Switch.

*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela Playtonic Friends.

Elsie

+ R$ 79,99
7.8

História

7.0/10

Jogabilidade

7.0/10

Sons e Visuais

8.0/10

Extras

9.0/10

Prós

  • Visuais legais, com boas opções de acessibilidade
  • Fundamentos sólidos do gênero fazem o jogo ser um bom primeiro roguelike para se conhecer
  • Muitos poderes para liberar e encontrar
  • Dois personagens com estilos e poderes diferentes
  • Legendado em português

Contras

  • Os visuais são legais, mas o excesso de cores confunde
  • Fonte muito pequenina no portátil
  • Controle se comporta mal em alguns momentos, que rude
  • Trama poderia ser mais bem explorada, visto que flerta com questões interessantes
  • Os fundamentos rogue são bem aplicados, mas o jogo não sai do lugar comum na maioria do tempo

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.