FRONT MISSION 1st: Remake | Review
FRONT MISSION 1st: Remake é um RPG tático desenvolvido pela Forever Entertainment S. A. em conjunto com a Square Enix e publicado pela Forever Entertainment S. A. O título é um remake de um remake, por se dizer, do primeiro Front Mission, lançado para o saudoso Super Nintendo na sombria e obscura década de 90. 1995, sendo mais exato. Que saudade.
Será que vale a pena revisitar, novamente, esse clássico do passado? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria.
Todos curtindo no robô gigante
Ah, leitora. Não a vi aí. Aproveitando que está na porta, poderia me trazer essa chave? Por gentileza, claro. Como pode ver, estou fazendo consertos em meu novo robô gigante. Ando tendo problemas com infestações na casa e acho que adicionar alguns lança-foguetes e um canhão pode ajudar. Sabe como é, melhor pecar pelo excesso do que pela falta, coisa e tal. Interessante filosofia, não é mesmo?
Como foi, leitor? Onde arrumei essa máquina extremamente específica? Curiosamente, ele veio acoplado ao código para o jogo que vamos falar nessa prosa: FRONT MISSION 1st: Remake. Que, curiosamente, também tem forte ligação com robôs de tamanho avantajado e as lutas nas quais os mesmos estão envolvidos. Tudo em turnos, como manda o bom livro.
Se bem me recordo, esse jogo é um re²lançamento de um título, como falei acima, de 1995. Sendo o primeiro de uma franquia relativamente longa mas que, ao menos até onde vai minha esfera de influência, pouco conhecida. Essa versão, mais especificamente, constrói em cima da que foi lançada para o Nintendo DS, alguns anos atrás. Além da campanha extra desta, ela também traz algumas melhorias para a experiência de jogo. Vejamos a frente, e me passe o maçarico, por favor.
FRONT MISSION 1st: Remake conta a história de uma guerra ocorrendo na ilha de Huffman, entre a Oceania Cooperative Union (O.C.U.) e os Unified Continental States (U.C.S.). O local possui uma linha que corta o território das duas, sendo prato cheio para embates e enfrentamentos constantes. Começamos tomando controle de um camarada chamado Royd, um capitão da OCU enviado em uma missão de reconhecimento em um armazém de armas da UCS.
Como nada dá certo na vida do pobre rapaz, um acontecimento durante a missão acaba desencadeando o conflito entre as nações e sua expulsão do exército. Após entrar em um grupo mercenário, nosso deprimido ex-capitão se junta a uma quantidade interessante de outros personagens, infelizmente pouco explorados, para virar a mesa para cima da UCS e descobrir o que aconteceu naquela fatídica missão.
A trama de FRONT MISSION 1st: Remake é boa, principalmente porque temos uma segunda campanha que apresenta os acontecimentos pelo ponto de vista de um carinha da UCS chamado Kevin. Inclusive, ver os dois lados é essencial para compreender todos os eventos, visto que as tretas de ambos se interconectam em um ponto crucial. Uma pena que os personagens secundários sejam mal explorados, rasos e, em maior parte, unidimensionais. A falta de dublagem nessa versão também contribui para isso.
Falemos da jogabilidade. FRONT MISSION 1st: Remake se divide, mais ou menos, em duas partes: tretas e gerenciamento de robôs (chamados wanzers). As batalhas são feitas em turnos, em mapas até que grandes para o estilo, com times variando de oito até onze integrantes. Movemos nossos personagens através de quadradinhos até entrarmos na área que podemos atacar, de acordo com a arma que utilizamos, e botamos para quebrar.
Selecionada a forma de descer a lenha, perto, longe ou na mão, somos levados para uma animação que mostra os wanzers se digladiando. Os ataques são feitos em partes do corpo (tronco , braço direito ou esquerdo e pernas). Destruir um braço o torna inutilizável para atacar, as pernas diminuem o movimento e destruir o tronco tira a unidade de combate.
Os ataques são feitos de maneira aleatória, dependendo da armas que usamos e da distância. Certas habilidades de piloto, adquiridas ao subir de nível, nos permitem mirar em áreas específicas. Mas, ao menos que estejam devidamente evoluídas, não costumam dar muita chance de acerto. Toda essa mecânica de ataques aleatórios acaba sendo uma faca de dois gumes. Por um lado, FRONT MISSION 1st: Remake dá aquela alegria de ver o wanzer inimigo tombar de cara. Mas, por outro, um azar atrás do outro mata de tristeza.
FRONT MISSION 1st: Remake também permite que treinemos nossos bonecos em categorias como ataque com armas de contato, média e longa distância ou esquiva. Níveis mais altos fazem com que os ataques sejam mais efetivos e acertem mais. Contudo, ainda assim me via errando constantemente, mesmo com meu Royd calibrado em um wanzer top de linha. A frustração do erro mata a diversão, e torna o jogo bem mais difícil do que deveria ser. De fato, em alguns momentos precisei descer mais a dificuldade para evitar arrancar os cabelos. É a vida, temo.
Contudo, a menina dos olhos é a customização de wanzers. Cada cidade que entramos, que se resume a um menu com opções, conta com uma loja para venda e customização de partes. Podemos montar nosso robô do zero, customizando cada pedacinho e cada arma do arsenal. Lança-mísseis, bazucas, braços com metralhadoras, é realmente divertido ir colocando tudo que tem pela frente para criar a máquina mortífera suprema. Eventualmente nos contentamos com comprar o mais caro e tocar o barco, mas ainda assim fica muito divertido.
Além disso, seguir em frente em FRONT MISSION 1st: Remake demanda ter robôs bem construídos, tanto para conseguir se deslocar pelos diferentes terrenos de cada estágio quanto para causar o dano desejado da distância desejada. Realmente me surpreendi com essa mecânica, e admito ter ficado umas boas horas apenas deixando cada wanzer do meu esquadrão o mais perfeito quanto fosse possível.
Fora isso, o título recebeu algumas melhorias extras exclusivas. Por exemplo, podemos mover mais a câmera, com mais perspectiva, e podemos acelerar os movimentos dos wanzers pelo mapa, assim como cortar a animação de combate. Somado ao soundtrack remasterizado e algumas melhorias pontuais, podemos dizer com folga que esta é a melhor versão para se jogar.
Sons e Visuais
FRONT MISSION 1st: Remake conta com visuais em 3D bem definidos e com cores vibrantes, tanto em cenários quanto nos modelos. As fases são bem construídas, ainda que pouco variadas. Já os wanzers são bem legais, com várias partes e armamentos diferentes. O jogo não mostra os personagens fora deles, aparecendo apenas como ilustrações nas caixas de diálogo. O que não é ruim, mas passa a ser um contra devido à pouca variedade.
Digo isto porque, em jogos que possuem um foco em história como esse, o uso de portraits simples acaba por diminuir o impacto devido das cenas e eventos, principalmente com a ausência de diálogos. Ainda, a leitura constante de texto batido pode acabar cansando em determinados momentos. Creio que podemos relevar pensando que FRONT MISSION 1st: Remake é uma repaginada de um título antigo, mas lançamentos recentes como Tactics Ogre Reborn mostram que não é algo fora da realidade.
A trilha sonora é boa, com trilhas que pontuam muito bem os momentos mais tensos. Seja em combate ou nas viradas da trama, as composições no estilo militar caem como uma luva. Contudo, a falta de vozes é algo que incomodou. Como falei acima, a variedade nas artes é baixa, fazendo com que a caracterização dos personagens sofra.
Vale a pena comprar FRONT MISSION 1st: Remake?
Finalmente, leitor. Estou chegando ao final de minha customização. Que satisfação, leitora! Falando em terminar, é hora de juntarmos nossas ideias para chegar numa nota abstrata para FRONT MISSION 1st: Remake. Pelo lado positivo, o jogo conta com uma trama interessante contada através de duas perspectivas. A jogabilidade é boa, em certos momentos, e customizar nossos wanzers é um deleite. Poder melhorar nossas habilidades com uso também é legal, pois podemos deixar nossos pilotos do jeito que quisermos. Além disso, fãs do original verão que podemos escolher entre o modo clássico e o remake. E, por fim, contamos com textos localizados para nossa gloriosa língua portuguesa. Que alegria!
Por outro lado, a aleatoriedade do combate pode causar grande frustração. Principalmente devido a grande quantidade de erros em ataques, mesmo quando posso jurar que deveriam acertar. A dificuldade, por isso, acaba sendo maior que o devido. Além disso, a inteligência artificial é errática, andando de maneiras estranhas as vezes e reagindo mal à algumas coisas. A falta de variedade nos cenários é um negativo, também, assim como a ausência de dublagem.
Ao fim e ao cabo, andróides queridos, FRONT MISSION 1st: Remake é meio difícil de engolir. Dadas as considerações da época que o original foi lançado, ainda podemos criticá-lo por ter uma jogabilidade pesada e punitiva que, muitas vezes, acaba sendo chata e maçante. Ainda que seja maneiro construir os robozões bolados, os negativos pesam. Contudo, não o suficiente para dissuadir-me de conferir o remake do segundo que vem por aí.
FRONT MISSION 1st: Remake está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5, Nintendo Switch, Xbox One, Xbox Series X|S e PC, via Steam.
*Review elaborada no Nintendo Switch, com código fornecido pela Forever Entertainment.
FRONT MISSION 1st: Remake
+ R$ 101,99Prós
- História interessante, com dois pontos de vista diferentes
- Customização de robôs é uma alegria
- Boa flexibilidade no treinamento de nossos pilotos
- Traduzido para o português
Contras
- Combate muito aleatório e com muitos erros de ataques, independente da dificuldade e habilidade dos pilotos
- Dificuldade oscilante, porém excessiva, no começo pode frustrar
- Inteligência artificial errática
- Pouca variedade de cenários
- Poderia ter dublagem para os personagens principais, ao menos