Hood: Outlaws & Legends | Review
Em um desses vários eventos da vida, lembro-me muito bem da primeira vez que vi o trailer de Hood: Outlaws and Legends. Confesso que achei a temática maravilhosa e fiquei muito curioso para ver mais sobre o jogo. E eis que estamos aqui para falar exatamente disso. O que esperar do game da Sumo Digital e da Focus Home Interactive lançado para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC, via Steam e Epic Games Store? Pois bem, sem mais delongas, vamos ao que interessa em mais uma análise do Pizza Fria!
O que se passa em Hood: Outlaws and Legends?
A narrativa de Hood: Outlaws and Legends nos coloca numa espécie de mundo medieval, onde temos que efetuar roubos de grandes tesouros de um Estado cruel e ilegítimo. Essa premissa pra mim já era sensacional por si só: ser um Robin Hood da vida, roubando dos grandões para virar uma lenda… isso é demais. Você poderá escolher personagens predefinidos, e assim, ganhar influência com o povo oprimido ao competir em assaltos “audaciosos” (em muitas aspas, eu ressaltaria). Herói folclórico ou fora-da-lei voraz, apenas os melhores escapam com as riquezas conquistadas.
Sendo assim, você irá formar sua equipe com jogadores reais, em modo multiplayer e roubar os tesouros de um governo medieval obscuro e extremamente violento. Basicamente, é isso. Porém, vale deixar claro aqui que o jogo traz logo em seu início um tutorial explicando passo-a-passo do que se trata o jogo, bem como mecânicas de cada um dos personagens e suas habilidades. Tal tutorial é bem interessante para tentar nos deixar preparados para o que virá no multiplayer. Porém, a coisa é muito pior na “realidade”.
Vale ressaltar que toda essa narrativa que expliquei aqui não fica tão explícita no jogo, mas em seus releases. Na realidade, em Hood: Outlaws and Legends, a história é contada aos poucos no esconderijo, uma espécie de acampamento onde você desbloqueia coisas, valendo mais mesmo descer a ripa na turma adversária. E para isso, as duas equipes de jogadores devem competir insanamente para executar o assalto perfeito, em variados mapas patrulhados por guardas controlados pela IA, que são bem lesados, diga-se de passagem. Há também um modo entre uma equipe contra as fortificações dos níveis controladas pelo computador. E é isso, não há mais nada a fazer no jogo.
As lendas do jogo
Hood: Outlaws and Legends conta com quatro personagens, onde cada um tem um papel distinto, contando com habilidades específicas (algo mostrado no tutorial). São eles:
- Robin “The Ranger”, é uma arqueira focada em ataques à distância. Os tiros de seu arco são fortes e, se certeiros, matam facilmente os rivais. Sua habilidade permite abrir novos caminhos no mapa ao usar suas flechas de corda.
- John “The Brawler” é um brutamontes focado em ataques corpo-a-corpo pesados. Além disso, o personagem abre portas e portões com facilidade, além de levar o tesouro com muita facilidade.
- Marianne “The Hunter”, é uma assassina, que não deve ser detectada, focada em ataques furtivos. Ela usa uma besta, mas de ataques fracos e pouco efetivos à distância. Sua granada de fumaça é útil para uma fuga rápida ou para tirar sua equipe de uma situação difícil.
- Tooke “The Mystic”, é o personagem de suporte, agindo como um escudo para os aliados, balançando seu poderoso mangual para criar espaço e atordoar os inimigos. Suas habilidades curam companheiros de equipe, regeneram a resistência e destacam inimigos no mapa.
Neste aspecto, tal como em outros jogos, devemos tentar montar um time balanceado para obter maior vantagem. No entanto, o que vi no modo online foi mais um “cada um por si” do que propriamente um grupo organizado. O ideal é jogar com amigos, mas como isso nem sempre é possível, jogamos do jeito que dá. No meu caso, foi um grande fiasco devido a grande desorganização e o lag, o maior rival do jogo.
História interessante, execução lamentável
Como eu havia dito acima, a narrativa de Hood: Outlaws and Legends me chamou bastante atenção. Ser finalmente um Robin Hood ia ser um sonho realizado por um jogo. Porém, ao ver a experiência na prática, fiquei extremamente decepcionado, mesmo com os lindos gráficos e personagens bem desenhados. Eu explico. Ao longo do tutorial, a coisa fluía maravilhosamente bem.
O jogo parecia ser bem brutal, mesclando combates intensos com uma mecânica em stealth. Contudo, ao entrar em minha primeira sala com outros jogadores, a coisa mudou absurdamente. Primeiro, o lag das salas era insuportável. A latência entre o click no mouse e a execução da pancada era imensa. Com isso, acertar os rivais era extremamente difícil e a desvantagem era esmagadora.
Outro ponto que me incomodou bastante é que o aspecto do stealth não é valorizado. Se os inimigos decidem atacar violentamente, você terá de sair das sombras pra dar cabo de todos eles (e do lag, que vai dificultar sua vida). A movimentação dos personagens é interessante e os golpes contam com uma barra de stamina, não sendo possível sair batendo loucamente. Isso é ótimo e traz um certo balanceamento para o jogo. Mas, no final das contas, misturam-se os golpes lentos com o lag, e quando você se dá conta, já cansou o personagem. E aí já era. Pior ainda é numa luta 2×1, você morrer com um golpe fatal pelas costas. Complicado…
Enfatizando o que foi dito acima, em Hood: Outlaws and Legends é praticamente impossível jogar de forma muito coordenada. Tudo é muito intenso e aos jogadores que buscam a “ladroagem na maciota”, a decepção é imensa e fica restrita apenas ao modo de treinamento, em que você sai marcando os rivais controlados pela IA e planeja onde, como e quem atacar por meio do chat de voz. Porém, esse modo dá muito menos XP. Tais pontos são úteis para serem usados dentro do esconderijo, em que você pode alterar as skins das armas e da armadura do personagem escolhido.
Mas não é só isso. No esconderijo você poderá desbloquear vantagens dos personagens, sendo esse o aspecto mais “próximo” de um RPG. Elas nivelam os personagens, trazendo alguns leves ajustes como flechas mais mortais para o Robin e uma granada de gás ao Místico. Sinceramente, fazem alguma diferença na jogabilidade, mas nada tão radical.
Um ponto de destaque em Hood: Outlaws and Legends são os cinco mapas disponíveis. Cada um deles é único e muito bem projetado. De um cemitério assustador a um grande pântano, temos que ir mapeando cada um dos detalhes como rotas de fuga, esconderijos e a sala do tesouro, presente em castelos maravilhosos. Neste aspecto, o jogo não fez feio e talvez este seja um dos pontos que mais me surpreenderam.
Vale a pena comprar Hood: Outlaws and Legends?
Sinceramente, o jogo me foi uma grande decepção. Mesmo tendo gráficos muito bonitos, uma premissa interessante, uma jogabilidade boa (que seria outra se não existisse o lag, o grande vilão de Hood: Outlaws and Legends) e sendo legendado para nossa língua, a sensação que tive foi a de jogar um jogo incompleto, sem propósito algum. A ideia de se esgueirar para executar o assalto perfeito vai pro saco na primeira oportunidade, e aí vira um verdadeiro (e injusto) pandemônio. Some isso ao lag e pronto! Temos aí uma frustrante experiência de jogo. Infelizmente roubar o Estado não é uma tarefa legal.
Acredite, falar isso de Hood: Outlaws and Legends é até um pouco dolorido, tamanha minha vontade de jogá-lo desde o seu anúncio. Mas o choque de realidade veio forte e olha… doeu. Não sei se há alguma salvação para o título, mas eu seria muito injusto de indicá-lo neste momento. Se você espera uma competição leal e fluída, Hood: Outlaws and Legends não é o jogo pra você. Se fosse um jogo mais barato até valeria dar uma chance. Mas por cerca de R$ 100,00 no PC e R$ 150,00 nos consoles, existem várias opções melhores.
*Prreview elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela desenvolvedora.