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Isonzo | Review

BlackMill Games lançou em 2022, um ousado jogo, baseado na Primeira Guerra Mundial. Isonzo, disponível no PC, via Steam e Epic Games StorePlayStation 4, PlayStation 5Xbox One e Xbox Series X|S, busca simular de maneira precisa o conflito, trazendo diversas atualizações. Atualmente, testamos a expansão gratuita White War. Nela, somos colocados em batalhas épicas na Marmolada, a majestosa Rainha das Dolomitas. Envoltos em gelo, poderemos jogar com italianos, que se defendem dos austro-húngaros.

Confesso que na altura de seu lançamento, eu não havia sequer conhecimento sobre o título. Contudo, com a expansão, logo me interessei em conhecer mais, e esta review falará justamente do que achei do game base e, consequentemente, da expansão White War. Portanto, se você é fã de jogos de tiro em primeira pessoa com uma pegada realista, confira esta análise!

A narrativa por trás de Isonzo

Antes de mais nada, por qual motivo Isonzo? O nome do jogo vem do rio Isonzo (em italiano) ou Soča (em esloveno), que corre através do oeste da Eslovênia e na região Friul-Veneza Júlia, no nordeste da Itália. Essa região foi atingida diretamente por vários eventos da Primeira Guerra Mundial, que chegou até as montanhas da Itália. Com isso, somos colocados em meio a ofensivas baseadas em batalhas reais da Primeira Guerra, e temos como objetivo levar nossas equipes a cumprir todos os seus objetivos, e ambos devem tentar dominar as montanhas da Itália. A expansão, por exemplo, nos leva a batalhas na neve, dentro e fora das montanhas. E isso é um baita diferencial dos outros mapas.

Assim, Isonzo traz consigo uma pegada mais realista, trazendo localizações e armamentos utilizados na Grande Guerra. De fato, percebemos que a ideia do jogo em ser uma espécie de “simulador” dá muito certo, sobretudo ao termos dificuldades de lidar com os obstáculos do conflito, bem como armas químicas, que obrigam nossos soldados a utilizarem máscaras para seguir no campo de batalha. Há também um detalhe que me chamou muita atenção: em quase todas as situações, um tiro é o suficiente para dar fim em nós e nos inimigos, indo bem na contramão de títulos como Battlefield e Call of Duty.

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As montanhas geladas da Itália. (Imagem: Divulgação)

Portanto, com essa proposta mais fidedigna, Isonzo é um jogo que requer muita atenção e trabalho em equipe. As partidas contam com até 48 jogadores, que renascem constantemente, testando assim nossas habilidades em meio ao caos da guerra. E, nossa… como Isonzo consegue trazer essa sensação caótica aos jogadores, sobretudo por contar com bombardeios e outras ferramentas, que nos dão a sensação de que podemos ser abatidos a qualquer momento. Mesmo nos defendendo em diferentes estruturas, os riscos sempre existirão.

Jogabilidade tem alguns detalhes diferentes

Como eu havia dito anteriormente, Isonzo tem uma pegada muito voltada para o realismo. Assim, para além das questões de física, o jogo nos proporciona escolher entre seis classes diferentes, como Atirador, Oficial, Assalto, dentre outros. Cada um deles conta com características únicas, algo que já estamos habituados a ver em outros FPS. Além disso, podemos montar nosso arsenal com mais de 50 armas utilizadas durante a Grande Guerra. Há também uma boa variedade de equipamentos historicamente precisos e vantagens específicas para cada classe. Portanto, saber escolher como queremos jogar faz toda a diferença. Ah, e existe uma limitação para os snipers, o que muda a dinâmica do jogo.

Outra coisa que Isonzo nos permite, é personalizar nossos soldados, com diferentes uniformes, acessórios e equipamentos para cabeça adequados para a função. Inclusive, é possível escolher o bigode do soldado, seguindo os vários estilos da época. Isso não muda nada, é verdade, mas é engraçado. Um detalhe bobo em meio a tantas coisas.

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Prepare-se para o caos! (Imagem: Divulgação)

Agora, falando do manuseio das armas, não há lá grandes diferenças para outros títulos, a não ser a ideia de trazer um maior realismo, com carregamentos mais lentos, poucas balas e escolha limitada de armas. Para atirar, a precisão é tranquila, e as balas parecem não ter muita influência da distância ou do vento. Isso não atrapalha o jogo, é claro. Afinal de contas, mirar à distância sem ter uma luneta é uma tarefa muito, mas muito difícil. Sobretudo se os inimigos estiverem correndo. Assim, a jogabilidade de Isonzo mescla o básico com algumas coisas mais complexas.

Por exemplo, para avançarmos no território inimigo, precisamos cortar cercas de arame farpado, em meio a rajadas de metralhadoras fixas e bombas inimigas. É realmente caótico, mas soa muito bem. Isso tudo fica ainda mais rico com os gráficos e sons do jogo, que estouram junto com cada bomba e tiro que passa por perto. Inclusive, o personagem fica com aquela sensação de zumbido no ouvido, algo que nos atordoa totalmente. Adorei essa adição do game, que traz um efeito muito forte nos jogadores, tirando temporariamente nossa audição das movimentações ao nosso redor.

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O realismo do game também está nas armas. O nível de detalhes surpreende. (Imagem: Divulgação)

Vale ressaltar também que Isonzo não conta com tanques ou aviões, a não ser quando jogamos como Oficial e ordenamos ataques aéreos. Há também o uso de metralhadoras pesadas, que podem ser movimentadas pelo mapa, e lança-morteiros, que fazem um baita estrago. Mas, vale lembrar novamente que, com a ideia do realismo, as munições são bem limitadas. Portanto, temos de usar de maneira consciente. E eu adoro essa sensação de realismo.

Por fim, vale ressaltar que podemos construir algumas coisas durante a partida, como coberturas feitas de saco de areia, cercas de arame, etc. Tudo isso é muito útil. Inclusive, não sugiro a você passar perto de uma cerca…

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Também podemos construir algumas coisas em Isonzo. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena jogar Isonzo?

Sinceramente, se eu fosse resumir Isonzo, eu o chamaria de um jogo moedor de carne. Morremos facilmente, às vezes sem entender de onde o tiro ou a bomba vieram. E eu simplesmente amo essa sensação. Agimos com receio. A cada espreitada pelo mapa, a cada tiro dado, temos sempre a sensação de que um tiro virá do nada. E acredite, ele virá. Portanto, se você for jogar Isonzo, acostume-se a ter taxas de eliminações/mortes totalmente desigual. Confesso que não é o meu caso, mas percebi isso ao analisar as estatísticas de todas as partidas. Desta forma, deixo claro aqui que Isonzo não é um FPS como Battlefield ou Call of Duty, embora pareça.

Sua proposta é extremamente interessante e me surpreendeu. Uma coisa que me incomodou um pouco foi a movimentação dos personagens, que é um pouquinho engessada. Não sei se é implicância da minha parte, mas esse é, talvez, o único ponto que me incomodou um pouco. Nada demais, mas acho que precisava ser dito. Fora isso, adorei a ideia e a execução de Isonzo. O jogo traz exatamente a sensação caótica que um jogo de guerra deve ter. Sem aquela correria de um Deathmatch bem arcade, mas, ao mesmo tempo, com aquele medo constante de ser abatido. E você não terá uma killcam para saber de onde o tiro foi dado.

Sobre os servidores, já que o jogo é multiplayer, não tive problemas com lag, e encontrei vários brasileiros ao longo da jogatina. Portanto, não se preocupe com isso. Enfim, entendo totalmente quem não tem paciência com jogos assim. Afinal de contas, é frustrante morrer sem nem saber como. Mas, isso é a guerra. E Isonzo é uma ótima representação. Entre bombas explodindo, tiros dados e soldados gritando em diferentes línguas, o caos nos toma de uma maneira bem divertida. Sem contar que o jogo é bem bonito, outra coisa que me surpreendeu.

*Preview elaborada em um PC, equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela BlackMill Games.

Isonzo

R$ 56,99+
8.3

Jogabilidade

8.4/10

Gráficos e sons

8.8/10

Imersão, armas e mapas

8.5/10

Extras

7.5/10

Prós

  • Jogo é totalmente imersivo, sendo bem diferente do casual
  • Gráficos e sons surpreendem
  • Para fãs de realismo, é um grande título

Contras

  • A movimentação dos personagens é meio estranha em alguns momentos
  • Para alguns jogadores, morrer toda hora pode ser frustrante

Álvaro Saluan

Historiador e cientista social de formação, é completamente apaixonado por videogames e escreve sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte.