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Kena: Bridge of Spirits | Review

Kena: Bridge of Spirits foi anunciado em junho de 2020, com um dos primeiros jogos que chegaria para o PlayStation 5. O plano inicial não deu certo, o game precisou de mais tempo de produção, e acabou sendo lançado somente em setembro de 2021, também para PlayStation 4 e PC, via Epic Games Store. O título nos coloca no controle de Kena, uma guia espiritual, em uma aventura de amadurecimento enquanto busca restaurar equilíbrio e beleza a uma vila antiga.

E como será que o título de estreia da Ember Lab em jogos eletrônicos se saiu? A resposta eu trago para vocês agora, em mais uma review do Pizza Fria!

Uma apresentação de tirar o fôlego!

Geralmente começo minhas reviews citando elementos narrativos que motivam a história. Em Kena: Bridge of Spirits, farei diferente. Falei sobre a apresentação visual do jogo, que sem nenhuma dúvida, é um dos pontos que mais chama atenção no game – não que os outros elementos também não chamem. Isso porque a Ember Lab, desenvolvedora e publisher do título, começou sua trajetória na indústria de entretenimento como um estúdio de animação. E que animação!

Só de bater o olho no trailer acima é possível pegar algumas referências. Como não lembrar de icônicas animações da Pixar, por exemplo? E essa é a sensação que nos acompanha por toda a jornada. A cada encontro, cada novo personagem que vemos, cada Rot (esses pequenos seres pretinhos) que resgatamos, o jogo nos dá uma enorme sensação de familiaridade, e a animação é tão bem feita, tão bem construída, que é possível sentir a emoção que os desenvolvedores quiseram passar enquanto desenvolviam o game.

Kena: Bridge of Spirits
Kena acompanhada de um simpático Rot (Imagem: Divulgação)

Fora as feições dos personagens, Kena: Bridge of Spirits também brilha quando o assunto é ambientação. A narrativa se passa em torno de um vilarejo, que fica dentro de uma floresta. O problema é que não há beleza nesse vilarejo – por uma escolha narrativa -, e a maior parte do que vemos são ambientes desolados. Cabe à Kena, e ao jogador, fazer o possível restaurar o local.

Uma história sobre vida e perda

Apesar de sua apresentação que remete à grandes sucessos de animações, mais voltadas para o público infantil, Kena traz uma história um pouco mais profunda do que isso. É um jogo sobre o ciclo da vida, e seu inevitável fim. Há perda, há momentos emocionantes e o jogador precisa se preparar para enfrentar o que vier à seguir.

Kena: Bridge of Spirits
Não se engane. Kena: Bridge of Spirits divide momentos de fofura com emoção (Imagem: Divulgação)

A missão da nossa protagonista, como guia espiritual, é ajudar espíritos a seguir para a próxima vida, por qualquer motivo que eles ainda estejam presos no plano terreno. Enquanto caminhamos por esse local, em busca de um santuário sagrado na montanha, exploramos uma rota com uma certa linearidade, mas com algumas surpresas, narrativas, pelo caminho.

Ao encontrar esses espíritos, Kena muitas vezes têm acesso a informações de suas vidas, e através de flashbacks, enxerga o que lhes deixou preso à sua vida. A missão da protagonista, então, é encontrar as soluções para isso e liberar o espírito, seja através de uma batalha, seja resolvendo quebra-cabeças.

Kena: Bridge of Spirits
Kena chegando no vilarejo pela primeira vez (Imagem: Divulgação)

Um gameplay acessível, e brilhante

Acho que de pouco adiantaria se Kena: Bridge of Spirits tivesse uma apresentação visual incrível, com uma ótima história, se o gameplay não funcionasse. E, felizmente, o jogo funciona muito bem também. Com uma apresentação de jogo de ação em terceira pessoa, o game traz batalhas rápidas e simples, que podem a ser até bem desafiadoras, de acordo com a dificuldade selecionada. Os jogadores podem usar ataques leves ou pesados, além utilizar o cajado como um arco, ou utilizar bombas de energia. Além disso, também podemos nos esquivar, defender e até contra-atacar em determinados momentos das lutas.

Mas uma das coisas que mais chama atenção em Kena: Bridge of Spirits é em como os Rots foram introduzidos na jogabilidade, ficando bem além de meros coadjuvantes ou bichos fofinhos. Eles podem ser utilizados tanto como um auxílio no combate, como para resolver quebra-cabeças. A medida que o número de Rots resgatados pela protagonista aumentam, as opções também crescem, tornando a exploração ainda mais desafiadora.

Kena: Bridge of Spirits
Os Rots podem itens pesados, essenciais para resolução de quebra-cabeças (Imagem: Divulgação)

E quando eu digo desafiadora, é porque a progressão de dificuldade de Kena é alta, porém, justa. Do meio para o final do jogo, inimigos mais fortes começam a aparecer, bem como bosses ainda mais desafiadores do que os iniciais. Por conta disso, é preciso gerenciar a barra de energia que a protagonista carrega, que pode ser usada tanto para golpes especiais, quanto para se curar. E não há energia infinita no jogo, portanto, é necessário ter um gerenciamento disso.

Porém, Kena: Bridge of Spirits não tem quase nenhum fator replay. Ao terminar a história, o jogador poderá revisitar o jogo em busca de troféus e conquistas, mas não há um final escondido, uma linha narrativa perdida ou uma missão extra ao subir os créditos. Infelizmente, ao terminar o jogo, é isso.

Vale a pena comprar Kena: Bridge of Spirits?

Kena: Bridge of Spirits é um daqueles jogos que é praticamente impossível não recomendar, dado o cuidado que os desenvolvedores tiveram com o game. A começar pela belíssima apresentação gráfica, os elementos de gameplay acessíveis, e uma narrativa envolvente, o game não foi um dos melhores de 2021 por acaso. O prêmio de melhor jogo independente no The Game Awards foi completamente merecido, e eu torço para que chegue em outras plataformas, e atinja um número cada vez maior de pessoas.

Kena: Bridge of Spirits está disponível para PC, via Epic Games StorePlayStation 4 e PlayStation 5. No Metacritic, o game conta com uma média de 81 pontos.

*Review elaborado no PlayStation 5, com código fornecido pela Ember Lab.

Kena: Bridge of Spirits

+ R$ 190,99
8.2

História

8.5/10

Gráficos

10.0/10

Sons

8.0/10

Gameplay

8.5/10

Extras

6.0/10

Prós

  • Gráficos incríveis
  • Gameplay justo e desafiador
  • História madura

Contras

  • Nenhum fator replay

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.