SOULVARS | Review
SOULVARS é um JRPG de turnos, misturado com o estilo deckbuilding no qual usamos cartinhas para representar habilidades, desenvolvido pela ginolabo em conjunto com a SUCCESS Corp e publicado pela SHUEISHA GAMES. O jogo nos coloca no controle de um soulbearer, chamado Yakumo, que se encontra enfiado no meio de um conflito contra os dominadores, monstros digitais que se manifestaram em nosso mundo com o desejo de acabar com tudo. Clássico.
E aí, será que a aventura vale nosso dinheiro suado? É o que veremos agora, em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!
Das telinhas para as… telinhas? Ou quase isso.
Mais um metafórico dia, mais um videojogo. Cá estamos novamente, leitores e leitoras queridos, para avaliarmos e papearmos sobre o título da vez: SOULVARS. E lembrem-se de cobrir a boca e cochichar na hora das críticas, ele está sentado na sala esperando nossa deliberação e não quero magoar seus sentimentos. Afinal, ele é uma representação imaginária alucinatória de minha cabeça muito sensível. Tenham coração!
SOULVARS, me lembro de já ter visto algo assim antes. De fato, o jogo teve seu primeiro respiro (em bits) nos dispositivos móveis. Sendo, inclusive, um dos pagos mais vendidos no Google Play e no iTunes, ficando em primeiro e segundo lugar respectivamente, no ano de 2022. Digo isso por dois motivos: primeiro, para termos em mente que foi um jogo pensado para mobile e portado, e não o contrário. E, segundo, que se ele alcançou tanto sucesso é porque deve ter feito por merecer, não é mesmo?
Ao que compreendi, as duas versões são praticamente equiparadas, salvo alguns ajustes feitos para que ele rodasse de maneira mais agradável em telas maiores como as de computador e consoles, como o Switch em nosso caso. Esse ponto ficou bem amarradinho, e admito que nem ia conseguir identificar que o jogo era um port se não tivesse conhecimento prévio. Ponto para ele.
A história de SOULVARS é até que bem interessante, contando as confusões de nossos protagonistas em um mundo no qual as representações do mundo digital que precisamos lidar estão mais para o lado de System Shock do que Digimon, infelizmente. Chamados de Dominadores, esses seres são resultado do avanço tecnológico desenfreado da humanidade e possuem um único objetivo de corromper e destruir o maior número de pessoas que conseguirem. Que coisa maravilhosa, não é mesmo?
Entra Yakumo, herói profissional. Ele é o que se chama de soulbearer, um humano possuidor de mais de uma alma que possui a força para arrebentar com essas aberrações. Ele se une a uma organização que reúne outros com a mesma habilidade a fim de fechar portas que se abriram por toda a cidade e impedir que mais dominadores pulem para o nosso lado.
SOULVARS é bem leve no departamento história, contando seu conto através de caixinhas de diálogos bem simples e com textos curtos. Isso é um estilo comum em jogos móveis, dado o meio e suas limitações, que causa alguma estranheza quando visto nos consoles. No mais, achei ela um pouco confusa de entender, embora sirva como um motivador para seguir em frente.
A jogabilidade de SOULVARS, por outro lado, é bem mais encorpada. Basicamente, andamos por mapas divididos em telas em busca de portões para fechar, itens, pessoas e algumas missões secundárias para resolver. Tudo isso enquanto coletamos experiência, dinheiro e itens para deixar nossos personagens cada vez mais poderosos e preparados para o que vem pela frente.
O combate se dá em turnos, como um JRPG clássico, com cada personagem agindo conforme for sua vez. O diferencial aqui se dá pelo fato de que o que define quais habilidades poderemos utilizar são as cartas que recebemos, que podem ser combinadas para utilizar ataques, magias ou golpes especiais. O título conta com mais de 100, o que dá uma profundidade considerável
Tomemos, por exemplo, nosso camarada Yakumo. No começo de um turno, ganhamos duas cartas de espada, duas de fogo e uma de guarda. No começo podemos utilizar apenas uma por vez, mas explorar as fraquezas dos inimigos faz com que podemos utilizar mais ao mesmo tempo. Combinamos duas de fogo e BAM! Temos um ataque super quente e forte que arrebenta com a maioria dos inimigos simples.
E as combinações são variadas, entre personagens e com as que podem ser ensinadas através de itens para cada um dos heróis. Além disso, SOULVARS permite que customizemos, de certa forma, as cartas que recebemos através de equipamentos. Será que vale a pena equipar uma espada mais forte que troca cartas de fogo por gelo, ou manter na que estou e continuar usando meu combo quando a mão vier sortuda? Essa situação adiciona uma camada divertida de estratégia ao título, além de colocar mais profundidade na relação de preparo e combate.
Além disso, podemos transformar dentro de batalha após chegar a uma porcentagem de vida mínima, o que nos cura totalmente e fornece um ataque especial e fortalecimento para os outros. Isso pode ser utilizado apenas uma vez, antes de recarregar após algum tempo do relógio do jogo passar. Também temos equipamentos que se fortalecem com cada batalha, gradualmente liberando habilidades que ensinam novos combos ou aumentam atributos de nossos heróis. Bastante coisa, não é mesmo?
O problema dessa variedade é que SOULVARS pode ser um pouco confuso de aprender e entender. Sejam conceitos ou mecânicas, tudo é passado em volumes tais que ficar perdido é quase uma certeza. Somado ao estilo rápido do jogo e seu combate, o que é um positivo, e temos situações nas quais podemos nos frustrar simplesmente por não entendermos o que está acontecendo na tela.
A poluição visual é um problema, como citarei na seção seguinte. Contudo, reforço que nada disso torna o título injogável, incompreensível ou nada do tipo. Inclusive, pensando em suas origens, nem é o mais maluco que já vi até hoje. Mas, estamos conversando de sua versão em consoles, logo não seria justo deixar de reclamar sobre isso, não é mesmo?
Sons e Visuais
SOULVARS possui visuais muito bonitos, com cores vibrantes e uma estética neon que confere muita personalidade. As habilidades, também, são muito bem animadas e bonitas de se ver, bem como os menus e os sprites de seus vários personagens e inimigos. O único ofensor aqui é a interface, extremamente abarrotada e confusa de entender na maioria do tempo.
A trilha sonora é chique demais, com músicas que prendem na cabeça e não enjoam de ouvir. O que é bom, porque escutamos a de combate constantemente, principalmente pelo fato das lutas durarem pouco tempo.
Vale a pena comprar SOULVARS?
É tempo, leitoras e leitores. Será que SOULVARS vale nosso esforço? Será que a transição móvel – console foi um sucesso, ou mais um dos casos para se lembrar e chorar? Bem, vejamos o que conversamos até o momento. O título entrega um combate muito divertido, com uma boa variação de combos e cartas somado a uma estética agradável e uma trilha sonora porreta. Dá pra se perder no loop de jogo, e a mobilidade do Switch garante que ele vai ser um jogo excelente para matar um tempo com qualidade.
Os negativos estão mais relacionados a alguns pontos remanescentes de suas origens. A história é meio confusa de entender e quebrada, e as interfaces são muito confusas e poluídas. Devido ao fato, imagino, de serem pensadas para telas com dimensões pequenas. Além disso, algumas mecânicas são explicadas de maneira confusa.
Mas, ao fim e ao cabo, curti muito meu tempo com SOULVARS. Nunca fui muito de jogar esses deckbuilders, e ainda assim me diverti bastante e não julguei que meu tempo foi perdido no vazio sem sentido ou aproveitamento. Temos que manter em mente que certas concessões devem ser feitas dada a natureza de port do jogo, mas a verdade se mantém. SOULVARS entrega uma boa experiência e vale a jogatina.
SOULVARS já disponível para Android e iOS e será lançado no dia 27 de junho para Nintendo Switch, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e PC, via Steam e Epic Games Store.
*Review elaborada em um Nintendo Switch, com código fornecido pela SHUEISHA GAMES.