Stray Souls | Review
Stray Souls, do Jukai Studio é o survival horror que chega disputando a atenção na semana com Alan Wake 2. Com clara inspiração em jogos como Silent Hill e o próprio Alan Wake, fornece uma combinação completa de elementos adorados por jogadores, introduzindo sistemas aleatórios relacionados aos inimigos, munições, mudanças climáticas e muitos mais detalhes que permitem experiências diversificadas e assustadoras.
O lendário compositor da trilha sonora de Silent Hill, Akira Yamaoka, colaborou com composições elaboradas para o jogo, ampliando ainda mais o terror e a narrativa. Stray Souls é o capaz de aterrorizar os desavisados? Ou aterroriza apenas por existir, sendo um clone genérico dos demais jogos existentes no mercado? Confira nossa análise sombria agora, através do Pizza Fria!
Todo survival horror que se preze engloba uma atmosfera para lá de assustadora, além de toda a tensão que jogos no estilo proporcionam. Sustos são frequentes, momentos de risos nervosos do tipo “isso é apenas um jogo” , manipulação psicológica com efeitos sonoros e elementos em tela aumentam o suspense em graus elevados.
Como todo bom survival horror, a sobrevivência de nosso personagem é o foco, frequentemente enfrentando diversas situações de perigo aleatórias (alguns poderiam ser evitados controlando seu nível de curiosidade).
Os recursos, escassos, serão gerenciados da melhor forma possível, obviamente que nem sempre gerenciamos conforme o esperado, com tiros repetidos em uma criatura que surge do nada em nossa frente, esquecendo totalmente do uso limitado da munição. Afinal, trata-se de psicológico e jogos nesse estilo, são mestres em manipulá-lo. Stray Souls possui uma atmosfera envolta em cores sombrias e muita baixa visibilidade, com uma Aspen Falls encantadora para os padrões de filmes de Halloween.
Uma Cidade Sombria
Aspen Falls foi fundada em 1883 por cinco famílias, membros de uma sociedade chamada Silêncio Unificado, uma espécie de grupo religioso que buscava por um “caminho melhor”. Cada membro possuía um propósito para o desenvolvimento da cidade e todos os descendentes idem. A cidade prosperou, tornando-se uma típica comunidade agrícola do Centro-Oeste Americano.
Porém, rumores envolvendo rituais obscuros tornaram Aspen Falls um local que os municípios vizinhos evitavam. Com o passar dos anos, uma leitura recuperada de 1932 chamada “Diário dos Blasfemadores” continha certos ensinamentos relacionados a seita, tratando de um “Salvador” que necessitava de um recipiente específico: um ser humano do sexo masculino, de 18 anos, nascido com extremas dificuldades. Somente essas condições, o “Salvador” poderia renascer e executar seu plano. À medida que continuamos pela cidade de Aspen Falls em Stray Souls, muitas perguntas surgem, com verdades reveladas até então ocultas.
O Início
Daniel é um jovem de 18 anos que acaba de herdar a casa de sua avó distante, algo que acha ótimo, pois precisava de um local para morar e conquistar sua independência. No entanto, o que deveria ser motivo de alegria, torna-se algo assustador, quando ele percebe, através de visões, que não está sozinho na residência.
O jogo introduz uma cena repleta de gore, sem explicações óbvias para o que observamos. Não existem um tutorial inicial, com Daniel percorrendo a casa de acordo com os objetivos expostos em tela. A movimentação do personagem é fluída e estranha ao mesmo tempo. Muitas de suas ações relacionadas as interações com objetos possuem problemas de animações evidentes, alguns bem estranhos. Os momentos de jump scare em Stray Souls não possuem o efeito esperado, alguns forçados demais.
Martha, companheira de Daniel no jogo, cruza o caminho do personagem de forma misteriosa e Daniel sempre desconfiou de algo. Martha foi testemunha de acontecimentos peculiares na casa da avó de Daniel, pois mora perto de sua residência. É uma jovem de vida difícil, porém, possui determinação, algo que Daniel precisará para iluminar a escuridão e o desconhecido que necessita de respostas. No decorrer Stray Souls, exploramos Aspen Falls enfrentando inimigos cada vez mais desafiadores, algo que seremos lembrados constantemente…
Nem tudo brilha na escuridão
Stray Souls inspira-se em jogos conhecidos e isso fica evidente, tanto no posicionamento da câmera, nas abordagens de interação com cenários, nos diversos momentos de sustos e na resolução de puzzles. Puzzles esses que darão dor de cabeça em certas pessoas, principalmente aqueles que não dominam o inglês…
Sim, apesar da legenda em PT-BR, alguns puzzles requerem seu conhecimento em inglês para a solução do mesmo. Outros, sua percepção e atenção aos detalhes.
Aos apressadinhos de plantão, infelizmente, esse jogo não preza pela rapidez, e sim pela riqueza de detalhes e pistas. Não tratei spoilers significativos, porém, um dos puzzles, por exemplo, envolvia um cadeado e um calendário descoberto em uma gaveta.
Stray Souls preza por informações, sejam nos diálogos entre Martha e Daniel, ou através de informações em documentos. Nesse sentido, a equipe da Jukai Studio realizou um excelente trabalho. Daniel conta com lanterna, arma e pouca munição. A pistola banhada a ouro possui um passado sombrio, ganhando o título de “A arma Sagrada”, feita com elementos de fragmentos de antigas relíquias religiosas.
Seu sistema de esquiva é fundamental no confronto com inimigos. Confesso que alguns são desafiadores, enquanto outros, talvez tenha ocorrido um “lapso” na IA e são risíveis. A distância e o tempo para a esquiva são importantes no confronto com inimigos, além do uso limitado de munição.
A ambientação impressiona. Os cenários, feitos em Unreal Engine são lindos, porém, o jogo certamente foi desenvolvido com recursos limitados e isso fica evidente em sombras, personagens, animações e movimentações de inimigos. As animações faciais continuam limitadas mesmo com o uso da tecnologia Metahuman, entregando algo básico. No entanto, as nuances na personalidade de Daniel, moldada no seguir do jogo, são captadas em expressões perceptíveis e humanas.
Stray Souls, infelizmente, apresenta uma série de problemas visuais que podem irritar alguns jogadores mais exigentes. Em diversos momentos tive problemas com a câmera, ao passar perto de partes do cenário ou até mesmo com legendas, que, repentinamente, surgiam em inglês, sem explicação alguma.
No entanto, apesar das limitações visuais, no aspecto sonoro, Stray Souls brilha como ninguém, os sons são assustadores, causando arrepios enquanto andamos, tentando descobrir o que virá a seguir. Os ruídos, sussurros aleatórios que escutamos através de Daniel, os sons de objetos, a dublagem, tudo é perfeito e segue o padrão de um bom survival horror, manipulando jogadores através do som, instigando o medo e a ansiedade.
Vale a pena comprar Stray Souls?
Stray Souls é um jogo com potencial e falhas. No entanto, sua história é envolvente, a aposta no uso de Unreal Engine 5 para objetos e ambientação brilha em vários momentos. Deve ser adquirido, contando com gameplay já conhecida dos amantes de survival horror que potencializam a experiência. A ideia de desenvolvimento é acertada, mesmo limitada.
Jogos de survival horror mantém uma fórmula instigante, algo essencial para manter o interesse do jogador. Nesse quesito, Stray Souls não nega sua essência. Colocar o jogo entre os grandes lançamentos do ano seria um exagero da minha parte, mas não nego que a tentativa de se posicionar no mercado, é louvável e atraiu minha atenção e dos demais jogadores ao redor do globo.
Stray Souls estará disponível ainda hoje para PC, PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One.
*Review elaborada no PlayStation 5, com código fornecido pela Versus Evil.