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Tormented Souls | Review

Tormented Souls é um jogo de survival horror, naqueles moldes clássicos, desenvolvido pela Dual Effect em conjunto com a Abstract Digital e distribuído pela PQube Limited. Entrando nas botinhas apavoradas de Caroline Walker, somos levados até um hospital abandonado totalmente seguro e confortável em busca de um par de gêmeas desaparecidas.

Será que essa carta de amor ao antigo gênero de horror conseguiu derreter meu coração? Pegue sua lanterna e me siga, leitor. É hora de descobrir em mais uma review do Pizza Fria!

1998, janeiro ainda me lembro…

Ah, leitora, como gostava do estilo mais antigo de jogos de terror. Aqueles controles travados, aqueles polígonos enormes e as vozes duvidosas. Frases icônicas como “Jill Sandwich”, do lendário Resident Evil 1. Outros tempos, de fato. Não leve isso como resmungos de um velho ranzinza, por gentileza. Mas note que eu realmente tenho apreço pelo estilo antigo de se fazer survival horror.

E como havia jogos de horror, de todos os gêneros e jeitos! Inclusive, ouso dizer que um dos melhores títulos já criados na história dessa realidade paralela foi nesse estilo. Silent Hill 2 era seu nome, e que coisa maravilhosa! Ou bizarra, ou assustadora. Ou um misto dos três, talvez? Provavelmente! Aliás, recomendo com força para todos que curtam uns bons sustinhos e atmosferas carregadas de tensão.

E onde entra Tormented Souls nessa brincadeira? Bem, diria que com os dois pés no oceano do saudosismo e da velha guarda. Ele foi criado, e isso fica claro no primeiro minuto de jogo, como uma carta de amor ao gênero e aos seus apreciadores. Lembro vivamente de corações saindo do meu PC quando o coloquei para baixar na Steam. Ou pode ter sido fumaça de um curto-circuito em alguma peça. Quem pode dizer?

Tormented Souls
Meus olhos se encheram de lágrimas de alegria. Que dia! (Imagem: Divulgação.)

Falemos da história. Tormented Souls conta a história radiante de Caroline Walker, uma moça que é conhecida por tomar boas decisões em sua vida. Veja bem, em certa feita, nossa heroína recebeu uma carta nada suspeita de uma pessoa idônea com uma foto de duas gêmeas. Uma mensagem confiável depois e ela estava em rota para um hospital abandonado no Canadá. Fascinante!

Sério agora, a trama não é digna de nenhum Oscar de criatividade, mas agrada. Ela tem aquela vibe de filmes antigos de terror com prédios decrépitos, monstros repulsivos e atmosferas medonhas. Caroline não interage com praticamente ninguém no hospital, além de um padre estranho e das aberrações que rondam pelo local.

Os cenários são maravilhosos e passam uma tensão e ambientação que não se vê em qualquer lugar. Fico realmente contente de ver jogos que conseguem realçar sua experiência com bom uso de sombras e de músicas bem colocadas, e isso é bem evidente aqui. Cada passo é tenso, cada local arriscado. Amei.

Tormented Souls
Caroline, nossa heroína em Tormented Souls. (Imagem: Divulgação)

E, veja bem, jovem leitor do verão, é importante ter em mente que Tormented Souls, de fato, foi criado com os velhos esquemas como referência. Antigamente, jogos utilizavam uma série de artifícios criativos para driblar as limitações da tecnologia da época. Câmeras com ângulos fixos, cenários pré-renderizados, controles pesados e obtusos. São pequenas jogadas que faziam toda diferença na época.

Ainda assim, como eram bons! Muito se argumenta de que as limitações e seus macetes foram grandes responsáveis pelo charme dessas séries. Outros, que os controles lentos passavam bem a ideia de que nossos personagens eram, muitas vezes, fracos e indefesos. Ou inexperientes e assustados demais para reagir de maneira adequada.

Por isso, se você gostar de jogos mais atuais nos moldes de Resident Evil Village, por exemplo, estranhará bastante. Mas não deixe isso te afastar de Tormented Souls. Os controles são no estilo de tanque, mas responsivos o suficiente para não trabalharem contra você, nem fazerem com que a experiência perca o encanto.

Tormented Souls
Uma companhia agradável. (Imagem: Divulgação)

Fora isso, Tormented Souls conta com uma boa quantidade de puzzles para se resolver. Grande marco dos jogos de terror clássicos, eles são inteligentes e divertidos de desvendar. Uma coisa que achei interessante notar é que eles são complexos o suficiente para dar uma sensação de alegria ao serem completados, mas fáceis o suficiente para não frustrar o jogador.

Também temos uma mecânica que faz Caroline perder vida, até eventualmente morrer, quando está em lugares escuros. Isso pode ser remediado através de um bom e velho isqueiro, mas ele não pode ser equipado junto com as armas. Então, devemos escolher. Andar no escuro e nos arriscar, ou tentar bater de frente com os monstros pelo caminho?

E isso deve ser bem pensado, porque a munição é escassa. Há o suficiente para se salvar em um momento de pânico, mas não a ponto de sair atirando feito louco em tudo que aparece pela frente. A ideia de conservação é importante e precisa ser mantida em mente em todo o momento que o combate for levado em consideração. Ele é básico, o que inclui botões de mira, de esquiva e de ataque. Mas funciona bem o suficiente para não frustrar.

Tormented Souls
O que será que preciso fazer aqui? (Imagem: Divulgação.)

Sons e Visuais

Tormented Souls possui gráficos maravilhosos, que fazem bom uso de sombras e luzes para gerar uma ambientação envolvente. Isso é digno de nota, pois grande parte do brilho do jogo vem de seus cenários e a forma com que são apresentados. Nada seria tão impactante se o local que exploramos não fosse tão sombrio e opressivo.

Os sons trabalham bem para que isso fique ainda mais evidente. A trilha sonora é magnífica, com músicas melancólicas e sombrias utilizadas com maestria para pontuar os diferentes momentos e estados da personagem, além de facilitarem ainda mais nossa imersão. Logo no título, com o tema principal, já sabia que iria me apaixonar pelo jogo.

A dublagem é um pouco estranha, mas admito que foi ainda mais charmosa para mim. Lembre-se, leitora, que vejo esse título com os olhos do saudosismo. Vozes estranhas com performances duvidosas me fascinam, e sempre verei como um ponto positivo em jogos desse estilo.

Tormented Souls
Magnífico! (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Tormented Souls?

Acho que meu apreço por Tormented Souls ficou bem evidente não é, leitor? Vendo agora, percebo que quase não vi negativos no jogo. Isso é muito estranho, principalmente ao lembrar que não há nada de perfeito nessa vida. Mas, veja bem, provavelmente estava tão entretido com o que estava se passando que nem consegui perceber.

Claro, temos um bug visual aqui e acolá, o jogo fechou sozinho uma ou outra vez e os controles podem ser levemente confusos em algumas transições. E, suponho, nem todos irão gostar do ar mais retro e saudosista que Tormented Souls tenta, e consegue, reproduzir tão bem. Principalmente, levando em conta o fato de que jogos desse estilo não seguem mais essa linha de jogabilidade.

Mas é inegável que Tormented Souls é um espetáculo: a história me interessou, temos vários finais, os gráficos e a ambientação são maravilhosos e a trilha sonora é um mimo. Eu realmente amei o que vi e me matou uma saudade dos meus jogos de terror que há muito não se via. Se você gosta do estilo ou de jogos bons de susto e terror em geral precisa realmente conferir o game. Não há como se arrepender de fato. Recomendo fortemente.

Tormented Souls está disponível para PC, via Steam, PlayStation 5 e Xbox Series X|S. O título será disponibilizado nesta sexta, 25, para PlayStation 4 e Xbox One, com uma versão para Nintendo Switch prevista para o dia 14 de abril.

*Review elaborada em um PC equipado com AMD RX, com código fornecido pela PQube.

Tormented Souls

+ R$ 37,99
9.3

História

9.0/10

Gameplay

9.0/10

Gráficos e Sons

10.0/10

Extras

9.0/10

Prós

  • Excelente homenagem aos jogos de terror antigos
  • Excelente ambientação visual e sonora
  • Ângulos e mudanças de câmera muito bem implementados
  • Legendado em português
  • Cativante e prende a atenção

Contras

  • Um crash ou outro, e alguns bugs visuais em algumas parte do cenário

Matheus Jenevain

    Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.