Watch Dogs Legion | Review
Watch Dogs Legion é a mais nova entrada da franquia da Ubisoft que aborda o universo hacker. Após dois jogos divertidos, mas que não agradaram muito a crítica, a aposta da desenvolvedora e publisher francesa mudou: a história agora é sem protagonista, abordando em um pano de fundo ainda mais futurista, e trazendo temas atuais para o debate.
Mas será que o novo Watch Dogs marca uma evolução da franquia, consertando os erros do passado? A resposta eu te trago agora, em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!
O hacktivismo em evidência
Quando as primeiras informações saíram sobre Watch Dogs Legion, eu torci um pouco o nariz. As primeiras perguntas foram como que qualquer “NPC seria jogável” e o jogo não teria protagonista? Como essa história seria contada? À medida que mais informações foram surgindo, com divulgações de trailers sobre o jogo, o mistério foi sendo parcialmente solucionado, e com o produto final em mãos, dá para concluir que as escolhas foram acertivas.
Isso porque a falta de um protagonista em específico não interfere em como Watch Dogs Legion evolui. Por mais que, no começo, você tenha uma gama de opções de personagens para escolher, aquilo ali é, literalmente, só o começo. Porque você é o escolhido para reestruturar o DedSec, após o grupo de hackers ser acusado injustamente por atentados terroristas que não cometeu.
Logo, Watch Dogs Legion não possui apenas um protagonista. O “protagonista” da história é o grupo DedSec, e isso casa muitíssimo bem com o subtítulo Legion, afinal, sua missão é encontrar encontrar uma o máximo de pessoas dispostas a se juntar ao grupo, fazendo o possível para diversificar e aprimorar sua equipe cada vez mais. Uma verdadeira legião.
Mas, ao contrário do que foi inicialmente divulgado, não são todos os NPCs que são jogáveis. Ao perfilar os NPCs, você tem acesso as informações básicas sobre eles, bem como a probabilidade de se juntarem ao DedSec. Mas para convencê-los é preciso ajudá-los, cumprindo missões que envolvem ajudar eles à fugir das garras da Albion, uma milícia que assumiu o controle de Londres. Personagens antagonistas, como membros de gangue rivais, não são recrutáveis.
Uma história com muitas ramificações
Por envolver diversos personagens, mesmo secundários, Watch Dogs Legion possui uma história enorme e alguns fundamentos em sua narrativa principal. Isso porque há muitas side-quests para serem cumpridas, muitos colecionáveis espalhados pelo mapa e há muito o que fazer. E tudo vem acompanhado com uma pequena história, que faz jus ao jogo.
Além disso, há personagens centrais na narrativa, que leva cerca de 20h para ser concluída. Conhecemos, por exemplo, Sabine, a única sobrevivente do atentado, e a divertidíssima e útil inteligência artificial do DedSec, chamada de Bagley. Ao longo do jogo, dá para dar algumas risadas com as tiradas cheias de sátiras desse computador, que é está o tempo inteiro em contato com o personagem que você controla.
Há ainda os vilões do jogo, e é aí que Watch Dogs Legion ganha alguns recursos. O game divide sua narrativa em capítulos, e o jogador tem uma boa ideia do andamento da história enquanto avança. Temos capítulos para cada uma das organizações que são as antagonistas do jogo, e em alguns momentos podemos até mesmo decidir o que fazer com o futuro deles. São histórias que envolvem temas maduros e polêmicos, desde tráfico de órgãos até escravismo. Tudo para libertar Londres das mãos opressoras.
Uma verdadeira evolução no gameplay
Uma das principais críticas em relação ao primeiro Watch Dogs diz respeito a direção veicular, que era muito travada. O segundo título aprimorou a ideia, tornando o modo de corrida muito mais leve. E agora, em Watch Dogs Legion , temos o ápice da franquia na modernidade dos carros. Tudo está muito mais real e simples de ser feito. E ainda é possível habilitar o piloto automático, ganhando um tempo para fazer algumas das atividades do jogo.
Tudo aquilo que conhecemos da franquia segue presente: muitos apetrechos high-tech e quase infinitas possibilidades de utilizá-los. Ganhamos ainda mais drones, mais armadilhas, e mais objetos hackeáveis. O spider-bot está de volta. Mas uma das minhas formas preferidas de invasão nas áreas fechadas do jogo foi providenciar um drone de carga, subir nele e ir pelo alto, atingindo rapidamente o telhado dos edifícios, e descendo, quando possível. Hackear objetos continua bem simples, bastando alguns apertar botões para cumprir alguns objetivos.
Além disso, é preciso montar sua equipe com sabedoria. Isso porque alguns personagens tem quase um passe livre em alguns ambientes. Se você recruta um guarda da Albion, por exemplo, ele diminui bastante as chances de ser detectado em um ambiente hostil, pois segue usando seu uniforme. Já se você recruta um pichador, ele pode vir equipado com uma arma de paintball, só para não perder a piada.
Um outro fator interessante sobre o game é que os personagens contam com armas pré-definidas. Você não vai conseguir equipar uma pistola em uma juíza. Esse trabalho “sujo” cabe para outros tipos de recrutas. Um peão de obra, por exemplo, pode usar um lança-pregos, enquanto outro personagem pode vir equipado com uma arma de choque. Por isso é preciso decidir com cautela a formação do seu DedSec.
E Watch Dogs Legion também conta com a opção de morte permanente. Eu não joguei assim, embora exista a possibilidade. Nesse caso, se você morresse em uma missão com algum membro do DedSec, era preciso recrutar outro personagem. Para resolver isso, os personagens são “presos” ou “gravemente feridos” ao serem abatidos. E se você tem algum advogado, membro da polícia ou da área da saúde no seu time, pode diminuir bastante o tempo que eles os personagens ficariam indisponíveis.
Por outro lado, é preciso ressaltar uma das melhores qualidades de Watch Dogs Legion, que é a variedade de missões e a forma como elas podem ser completadas. Com base no personagem que você escolheu, é possível invadir uma base inimiga com um spider-bot, ou usar o jogo de câmeras para baixar a chave de acesso e destrancar a porta. Se preferir, pode pegar aquele NPC com uma arma de fogo e partir pra cima. As escolhas são só suas.
Há também missões de incursão, missões de espionagem, missões de roubar dados, e etc. O game não fica chato e repetitivo em nenhum momento, nem mesmo com os puzzles, que não oferecem um grau de dificuldade alto.
E os gráficos da nova geração?
Embora a nova geração ainda não tenha sido oficialmente lançada, Watch Dogs Legion é considerado o primeiro jogo next-gen que chega ao público. Boa parte do seu desenvolvimento foi pensando nas capacidades gráficas e de processamento do PlayStation 5 e do Xbox Series X, então é muito bonito ver como isso se traduz na prática.
Eu só tenho elogios quanto ao trabalho desenvolvido pela Ubisoft. Mesmo jogando em um PC com uma GTX, sem ray tracing, o título se mostrou incrivelmente bonito. E muito bem otimizado, superando a taxa de 60 FPS naturalmente com as configurações padrões definidas no Alto. Londres é uma cidade detalhada, que parece muito mais viva do que qualquer outra cidade que vi em um jogo de videogame até hoje. Por mais que não tenham muitas atividades extras para fazer como nos jogos anteriores, as coisas estão acontecendo o tempo todo, seja com carros autônomos parando para um pedestre atravessar, ou a Albion prendendo alguém. Você certamente vai se deparar com algumas dessas situações.
É verdade que os famigerados bugs existem. Em duas ocasiões, um NPC inimigo simplesmente sumiu quando eu me aproximei da sua localização. Houve algumas ocasiões em que o spider-bot travou e ficou entre a parede e algum outro objeto. Mas, honestamente, não foi nada que atrapalhasse a minha experiência e tirasse o brilho da obra.
Por fim, é preciso ressaltar o ótimo trabalho de localização que a Ubisoft vem fazendo no Brasil e Watch Dogs Legion não foge a regra. Apesar de alguns NPCs compartilharem da mesma voz, dá para perceber que há um cuidado do dublador em trocar o tom ou mesmo disfarçar, para parecer outra pessoa. Isso é incrível, e quando se soma à trilha e aos efeitos sonoros do jogo, tudo fica ainda mais interessante.
Vale a pena comprar Watch Dogs Legion?
Watch Dogs Legion marca uma excelente porta de entrada para a nova geração de consoles, mostrando todo o potencial que os consoles irão oferecer. O fato de eu ter feito a análise em um PC de nada muda essa ideia, porque a ideia central está lá, e o poderio gráfico também. Além de um jogo bem otimizado, com gráficos polidos e sons de qualidade, o título traz uma história com temas atuais, maduros e que nos fazem questionar nossa exposição em um mundo ultra conectado.
Soma-se a isso uma vasta quantidade de missões extras, que garantem uma longevidade maior para os complecionistas, e o modo online de Watch Dogs Legion, marcado para chegar em dezembro. Por fim, quem adquirir o Season Pass ainda poderá jogar com Aiden Pierce, protagonista do jogo original, em um capítulo exclusivo.
Watch Dogs: Legion chega nesta quinta, 29 de outubro, para PlayStation 4, Xbox One, Google Stadia e PC. Versões para PlayStation 5 e Xbox Series estarão disponíveis no lançamento dos consoles. O preço varia de acordo com a versão e a plataforma escolhida.
*Review elaborada em um PC equipado com GeForce GTX, com código fornecido pela Ubisoft.