Agatha Christie: Murder on the Orient Express | Review
Agatha Christie: Murder on the Orient Express é uma versão modernizada do clássico de Agatha Christie, saindo do passado e assumindo a história no presente, envolta na comemoração dos 140 anos do Expresso do Oriente. Nessa nova abordagem, o jogo ganhou novos elementos, com Hercule Poirot rodeado de personagens singulares, tentando descobrir suas motivações e segredos após um assassinato.
O jogo apresenta uma proposta repleta de diálogos, point n’ click e puzzles, ampliando ainda mais o clássico da escritora e proporcionando aos fãs do famoso detetive uma interação imersiva e envolvente. Meus caros futuros assistentes de detetive, será que Agatha Christie: Murder on the Orient Express vale a pena? Ou o resultado final de sua “investigação” será a descoberta de um jogo desastroso? Confira o resultado em nossa análise replete de pistas e reviravoltas através do Pizza Fria.
Tratar de Agatha Christie é retornar ao passado. O primeiro contato que tive com um livro da autora foi através de minha mãe. Descobri, anos depois, que se tratava da então conhecida “rainha do crime”, autora que presenteou o mundo com obras literárias que se tornaram clássicos. O romance policial “Assassinato no Expresso do Oriente” se passava em um luxuoso trem que viaja pela Europa, chamado “Expresso do Oriente”, onde um assassinato brutal ocorre, deixando passageiros assustados e desconfiados. O famoso detetive belga Hercule Poirot, é chamado para solucionar o mistério, desvendando quem teria cometido o crime.
Muitos diálogos e pistas pelo caminho
Em Agatha Christie: Murder on the Orient Express, o gameplay é conhecido pelos jogadores, contendo itens no cenário que devem ser investigados, uma série de diálogos e puzzles. Cada etapa é dividida em capítulos, sempre abordando suspeitos, utilizando um sistema de mapa mental que cria uma linha de pensamento para o personagem, o qual o jogador deve ficar atento e utilizar seu raciocínio lógico para tal.
A sequencia de investigação inicial dentro do hotel serve como tutorial para as abordagens futuras, inserindo uma simples trama sobre um bilhete do Expresso do Oriente desaparecido. Os diálogos e elementos no cenário não estão ali como peças soltas. A atenção irá te direcionar para uma solução mais rápida no mapa mental de Poirot, caso contrário, se encontrará perdido em meio as pistas. Todo o jogo está em português, exceto pela dublagem e isso ajuda e muito na acessibilidade e compreensão das informações. Os quebra-cabeças não são constantes e como sempre, representam um momento de pausa para os jogadores, porém, alguns não são tão intuitivos em sua resolução, levando tempo para solucioná-los.
Para aqueles sem a menor paciência, dicas estão disponíveis e até a solução do mesmo. A visão da câmera ajuda na imersão, seguindo o personagem em terceira pessoa, ao mesmo tempo em que observamos objetos ao redor. Em alguns momentos a câmera proporcionava alguns ângulos duvidosos, desprovido de coerência, mas nada que tenha atrapalhado o resultado investigativo.
Personagens intrigantes em uma ambientação luxuosa
Cada personagem possui uma complexidade e são intrigantes na medida em que avançamos em Agatha Christie: Murder on the Orient Express. Suas histórias são únicas e as pistas que levariam a um potencial assassinato. É uma verdadeira teia de suspeitos sendo desenvolvida, mantendo a nós, jogadores, sempre desconfiados. A ambientação também auxilia na jornada, com ambientes luxuosos e repleto de detalhes, dentro da proposta de level design do jogo, notando-se claramente que o foco não eram os aspectos visuais extremamente pesados ou exagerados. O que importa e a essência do jogo é a investigação em si.
O título toma para si a proposta de ser um catalizador que explora elementos como justiça, moralidade e até mesmo vingança, sempre demonstrando dilemas éticos, questionando a natureza humana, instigando o que é certo ou errado. A personalidade peculiar de Hercule Poirot é detalhada com primor, refletindo sua inteligência afiada e dedicação aos detalhes na resolução de crimes.
Como resultado, a história de Agatha Christie: Murder on the Orient Express é linear, com alguns momentos de narrativa artificiais. Não é possível cometer erros e durante nossas deduções, o jogo apontará a alternativa certa até que todas as combinações estejam corretas no mapa mental. Existe apenas uma opção pré-estabelecida, alguns com elementos difíceis de compreender. Um pouco mais de liberdade criativa para o jogador que aprecia desafios maiores cairia bem, evitando a previsibilidade ou a facilidade exagerada na resolução de seguimentos importantes da investigação.
O uso de flashbacks dão vida a investigação, inseridos em um contexto adicional, como um truque fascinante, associado a inventividade da equipe de desenvolvimento, mesclando a estrutura do game com detalhes adicionais no desenvolvimento de pistas e estudo de detalhes. São justamente essas conexões que garantem a abordagem necessária para o auxílio de jogadores atentos.
Um ritmo diferente
Devido a natureza abordada na história principal, nosso destino é permanecer em lugares estreitos dentro do icônico vagão. São movimentos que seguem de uma ponta a outra dentro do vagão, apenas para conversar com durante alguns poucos segundos com personagens, cruzando novamente o mesmo vagão, em busca de outro personagem. A adição de uma segunda protagonista quebra o ritmo, com a chegada de Joanna Locke, uma policial americana. Ela não existe na história original, porém, sua presença fornece “novos ares”, mesclando bem Joanna com a história original.
Visualmente, o jogo limita-se ao desenvolvimento de um titulo de baixo orçamento, com personagens e cenários bem renderizados, desenvolvidos em um estilo cartoon, amenizando eventuais defeitos que outro tipo de abordagem apresentaria. As animações faciais nem sempre funcionam, mas a dublagem, mesmo em inglês, é ótima. De forma geral, a aventura flui em Agatha Christie: Murder on the Orient Express, sem ousar em seguir um caminho diferente de um jogo nesse estilo. E ai que fica o ponto principal: a falta de ousadia, não se destacando entre uma das melhores adaptações para jogos realizadas. Uma abordagem visual melhor, atrairia um público mais exigente? Talvez sim.
Vale a pena comprar Agatha Christie: Murder on the Orient Express?
Agatha Christie: Murder on the Orient Express cumpre sua proposta, mas sua linearidade e falta de inovação não o tornam um título essencial em sua coleção. As adições à história são eficazes e a mecânica de investigação é impressionante; contudo, um clássico desse calibre merecia um desfecho mais surpreendente, o que infelizmente não acontece. Se você é um admirador de Agatha Christie e aprecia jogos baseados em suas obras, este jogo é indicado para você. Do contrário, sugiro aguardar uma promoção para adquiri-lo.
Agatha Christie – Murder on the Orient Express foi lançado no dia 2 de novembro de 2023 para PC, via Steam, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series X|S e Nintendo Switch.
*Review elaborada no PlayStation 5, com código fornecido pela Microids.