Cat Quest II | Review
Muito se fala sobre brigar como cães 🐶 e gatos 😼, mas em Cat Quest II (2019) para Nintendo Switch é preciso que um gato e um cão, herdeiros de tronos de reinos vizinhos, ajam em cooperação 🐾 para restaurar a paz no mundo. Dois jogadores podem curtir a aventura desenvolvida pelo estúdio The Gentlebros e publicada pela PQube. O jogo também está disponível para dispositivos iOS, para PC, via GOG.com e Steam, e para os consoles PlayStation 4 e Xbox One. Será que vale a pena jogar? É muito infantil ou apela a todas as idades?
Para tirar todas as dúvidas, confira a análise de Cat Quest II feita para o Pizza Fria. Antes de mais nada, o jogo é um RPG de ação e de aventura feito por desenvolvedores independentes e traz visuais fofos. Apesar de ter essa capa bonita e de ser acessível para jogadores mais casuais, a continuação de Cat Quest (2017) oferece pitadas de alta dificuldade com bastante conteúdo para explorar e revisitar. Descubra mais com o review completo de Cat Quest II.
Índice de Cat Quest II | Review
História – Quando o gato 😼 sai, os ratos fazem a festa
Apesar da expressão popular, pode ficar tranquilo, porque em Cat Quest II você controla não só um gato, como também um cachorro. A história é simples e mantém tudo conectado: ao começar, o conselheiro real Kirry – um espírito em forma de gato – reúne os heróis em busca da reconquista de seus tronos, já que os impérios vizinhos de Felingard e de Lupus, respectivamente habitados por gatos e cachorros, tiveram seus governantes destituídos por regimes autoritários. Embora o objetivo seja reaver o poder, muitas coisas acontecerão na jornada – até mesmo distrações com inúmeras missões secundárias.
O elenco 🐾 é bem restrito e, além de nossos heróis e de Kirry, traz os vilões e ditadores Lioner e Wolrfen, e finalmente os ferreiros Kit Cat e Hotto Doggo, respectivamente gato e cão e também respectivamente especialistas em roupas e armamentos. Alguns outros, como Amuttdeus Woofgang ou Doge Knight, compõem o quadro de coadjuvantes e servem para quebrar positivamente o ritmo da campanha, com missões estranhas e inusitadas.
Aliás, percebeu algo em comum nos nomes? Cat Quest II é cheio de trocadilhos e referências, desde trocadilhos com nomes de personagens históricos e fictícios, até tentar emular como cães e gatos falariam (inserindo, assim, seus barulhos naturais no meio das palavras). O descendente dos grandes tigres (😸), tanto quanto o descendente dos grandes lobos (🐶), é do tipo de personagem mudo, soltando o miado (ou latido) esporádico. Pode não ser humor para todos, mas amantes e donos de qualquer uma dessas espécies certamente se divertirão. Em contraste com a maior parte do catálogo do Switch, Cat Quest II está completamente traduzido para o português do Brasil.
Jogabilidade
Cat Quest II pode ser considerado um jogo de ação e RPG, com níveis de personagem de acordo com a experiência acumulada, equipamento raro e combate em tempo real. Seja como for, a melhor comparação seria dizer que se trata de um Diablo com gatos e cães e, por mais que ofereça uma excelente busca e diversão, é uma experiência acessível também para jogadores casuais.
Nossos heróis exploram os dois continentes e, ao contrário de muitos jogos, toda a ação se desenvolve neste “sobremapa”. Ou seja: confrontar criaturas e encontrar outros personagens acontecerá aqui e não se visita versões mais detalhada das cidades, apenas se passar sobre elas. Contudo, Felingard e Lupus dão acesso às entradas de diversas cavernas, ruínas e labirintos.
Esses cenários podem ser acessados a qualquer momento, porém a dificuldade varia, uma vez que Cat Quest II usa a premissa de níveis. Por isso, um distintivo traz o nível sugerido para cada labirinto antes do jogador se arriscar em uma incursão de sucesso. O nível também fica visível para monstros espalhados por aí, portanto igualmente cabe ao jogador arriscar combate ou evitá-los.
Os controles são bem simples: A confirma ações, enquanto B cancela; cada um dos quatro botões superiores pode atribuir magias. Enquanto andando, B também é o botão para rolar, evitando ataques durante lutas, e Y serve de ataque padrão. Em resumo, o jogo alterna entre combates de esquiva e ataques, exploração de curtos labirintos, voltar ao mundo e fazer tudo de novo.
Um pouco de repetição
É natural em jogos do estilo, ainda que sejam mais casuais, repetir batalhas e revisitar lugares para poder acumular experiência e riquezas – neste caso, ouro – e ter a chance de turbinar personagem e os itens escolhidos.
Escondido em cada labirinto, há pelo menos um baú de tesouro com roupas, espadas e cajados. Às vezes, uma pedra de magia. Labirintos que foram deixados para trás com algum segredo ainda escondido ganham um ícone de um losango preenchido pela metade.
Seja como for, durante a exploração, moedas de ouro virão como recompensa por eliminar inimigos e também em baús. Elas podem ser usadas nas melhorias das quais falamos no tópico do inventário – equipamento não é adquirido por meio do sistema financeiro.
Desta forma, Cat Quest II obriga o que jogadores conhecem como grind (ou farm), ou seja, garimpar experiência e ouro ao revisitar locais, avançar um pouco, voltar, garimpar experiência e ouro novamente.
Inconvenientes do mapa
Por causa de sua expansão, os continentes de Lupus e Felingard têm portais chamados Kingmarkers, obeliscos para viagem rápida entre dois pontos. Só que acessá-los a qualquer instante exige (re)encontrá-los em primeiro lugar para depois se deslocar pelo mapa. Mesmo que a última atualização tenha acrescentado pontos e facilitadores, a melhor forma de viajar pelo mundo de Cat Quest II é andar, ainda que demore um pouco.
Inventário – Mato sem cachorro
Para quem não sabe, “mato sem cachorro” é uma expressão usada para reforçar como uma situação sem equipamentos ou capacidade necessários será um enorme desperdício de tempo e de esforço. O inventário é compartilhado entre os protagonistas, isto é, não há problema se o cão vestir roupas de gato e vice-versa.
Por falar em inventário, ambos heróis possuem estatísticas de ataque, magia e defesa modificadas pelas roupas vestidas ou itens equipados, seja espadas, seja cajados mágicos. Desta maneira, você escolhe se quer ou um guerreiro, ou um mago. Provar temas e fantasias inesperados do guarda-roupa da dupla arrancará risos dos jogadores – pela cara de mau que o gato faz, tanto quanto pela cara de bobo do cachorro.
Embora não tenha a profundidade de dungeon crawlers tradicionais, é possível (e será necessário!) melhorar cada objeto com ajuda de seu respectivo profissional – ora ferreiro, ora alfaiate, ora mestres de magia. A maioria vai até o nível 10, sendo necessário garimpar muitas e muitas moedas de ouro para consegui-lo.
Alguns equipamentos possuem ainda funções secundárias, como “10% a mais de experiência” e “Rolar causa +2 de dano” por exemplo. O único revés na indumentária é que só existe uma única peça de cada coleção, impossibilitando assim que ambos utilizem roupas tão forte quanto e restringindo a liberdade de escolhas.
Dificuldade – O cão chupando manga?
Apesar de oferecer uma capa fofa e ser amigável para pessoas não acostumadas a jogar videogames, Cat Quest II não deve ser considerado fácil. Aliás, pode acontecer de inesperadamente o jogador estar níveis acima e passar aperto em um calabouço ou caverna, reforçando então a obrigatoriedade em melhorar equipamentos.
Os inimigos pelo mundo também possuem fraquezas específicas dependendo do ataque – alguns a golpes físicos, outros a golpes mágicos. Ademais, existe a desvantagem dependendo do elemento no estilo Pedra, Papel e Tesoura – por exemplo, criaturas de gelo são fracas a magias de fogo; entretanto, o sistema geral é pouco intuitivo, já que nem sempre fica claro qual o elemento do inimigo. Desta maneira, os desenvolvedores parecem ter esquecido um pouco o lado casual do jogo e se utilizaram de convenções clássicas dos videogames.
Os números com dano causado ao inimigo mudam de cor de acordo com a eficácia do golpe, de tal forma que roxo indica uma fraqueza do monstro, amarelo é dano comum e branco representa ataques ineficientes. Mesmo que seja um pouco complicado entender a fraqueza, parte da graça é a experimentação e tentar descobrir a melhor estratégia. Se preciso, o seu mago equipará uma magia de recuperação de saúde para evitar apuros depois que invocar um buraco negro para sugar e prender os inimigos por alguns segundos.
Modos de jogo de Cat Quest II e duração – Quem tem cão e gato caça com os dois
O principal mérito de Cat Quest II é oferecer uma aventura para dois jogadores em cooperação. Entretanto, só é possível jogar localmente. Apesar de ser possível jogar sozinho, o ideal é ter companhia, já que se exige coordenação e a comunicação para superar desafios. Quase todos se divertirão com as mecânicas simples e a primeira vez na campanha principal, tentando completar de tudo um pouco, durará cerca de 10 horas ou até um pouco mais.
Ao terminar cada campanha, jogadores podem decidir voltar para completar o mapa ou aproveitar seus personagens fortalecidos em uma nova jornada revisitada com o modo New Game+, aumentando não apenas a dificuldade, mas também as recompensas. Em suma, logo depois de uma jornada pode-se emendar numa segunda busca por um pouco mais de desafio, tanto quanto pelo complecionismo.
No Dia Internacional do Gato (8 de agosto), a atualização gratuita Mew World trouxe novidades e melhorias ao jogo. Entre elas, a desenvolvedora The Gentlebros adicionou o Mew Game, modo que permite aplicar “meowdificadores” (modificadores, para os leigos). Quase todos operam como limitadores – deixando tudo mais difícil – e o meu favorito foi, claro, o modificador que deixa as animações com o dobro da velocidade. Alguns novos itens só podem ser obtidos pelo Mew Game.
Visuais e som
Talvez Cat Quest II não seja nem de longe um jogo exigente, mas seus visuais são ilustrados com competência e transmitem a fofura de um mundo governado por cães e gatos. Como um jogo independente, fica claro que os desenvolvedores estavam limitados a conceber o grande mundo sem entrar em detalhes, como não poder “mergulhar” nas cidades.
Outro aspecto fácil de perceber é a pouca variedade de ambientes – Felingard tem suas florestas e rios, enquanto Lupus é um deserto e conta com alguns oásis. As montanhas, seja com neve, seja de rocha, existem apenas como barreiras entre territórios, obrigando os heróis a se aventurarem por caminhos alternativos.
Os labirintos e cavernas também trazem dois ou três layouts visuais, oferecendo pouca diversidade, mudando mais em estrutura. Apesar disso, a coerência é mantida e a falta de outras localidades ou de cidades detalhadas somente deixa margem à imaginação do potencial da sequência com um pouco mais de recursos.
Pode ser que durante algumas lutas mais desorganizadas tudo fique confuso e perder seu personagem (isso se não o confundir com o outro). Essa bagunça, entretanto, é comum do gênero e ajudará a dupla a tentar melhorar a sinergia nos próximos encontros.
O aspecto mais fraco de Cat Quest II provavelmente é o departamento de sons. O jogo não tem dublagem, o que fortalece os trocadilhos escritos como se fossem memes de gatos. Porém, os efeitos sonoros de miados, latidos, pancadas estão abaixo da média do pacote. A música, mesmo que não seja incômoda, fica repetitiva rapidamente. Desta forma, o contraste entre departamentos em The Gentlebros demonstra como a equipe de som não está a par do talento dos artistas gráficos.
Vale a pena comprar Cat Quest II? 😻
Já que joguei a campanha toda em cooperação com minha mulher, é difícil não recomendar Cat Quest II para quem quiser jogar acompanhado, principalmente se o outro jogador for um pouco mais casual. Caso seja o dono de pets (ou tenha um dono gatuno), então, a aventura é uma ótima pedida para curtir e se distrair. Além disso, Cat Quest II é um jogo para não fundir o cérebro e ainda assim oferece uma boa dificuldade.
As animações são propositalmente simples e garantem um apelo visual agradável, permitindo horas de jogatina sem cansar os olhos. A duração da campanha e as opções de voltar a Felingard e Lupus para completar tudo, além de modos New Game+ e Mew Game, garantem sete longas vidas àqueles dispostos a explorar tudo que Cat Quest II tem a oferecer. E, salvo a violência cartunizada e o uso de espadas, o jogo é seguro para ser jogado em família, com a presença de crianças. O visual colorido não retira nenhum dos méritos e tampouco o infantilizam.
No final das contas, Cat Quest II é um jogo simples, porém desafiador, que oferece bastante conteúdo e tem personalidade suficiente para virar uma franquia maior e ter seus fãs dedicados. Consegue entregar dois dos principais fatores pelos quais jogo videogame: diversão e ainda por cima em companhia. Estou Estamos aguardando Cat Quest III!
Mais sobre Cat Quest II
A continuação de Cat Quest, Cat Quest II, foi lançada em outubro de 2019 para iOS, computadores (via Steam), Xbox One, PlayStation 4 e Nintendo Switch. Ao contrário do primeiro título, o jogo introduziu a possibilidade de jogar em cooperação com mais uma pessoa na mesma tela. Cat Quest II agradou crítica e público.
Por fim, é possível comprar Cat Quest II em formato digital. O jogo pode ser obtido para Nintendo Switch pela eShop norte-americana (por US$ 14,99); computadores, por meio de Steam (R$ 28,99) e de GOG (R$ 28,99); PlayStation 4 (R$ 53,90); Xbox One (R$ 54,95); e, finalmente, para iOS (R$ 18,90).
*Review elaborada no Nintendo Switch, com código fornecido pela PQube.