Tales of the Shire: A The Lord of the Rings Game | Review
Tales of the Shire: A The Lord of the Rings Game, desenvolvido pela Wētā Workshop, é o mais novo jogo baseado no universo de O Senhor dos Anéis, que ganhou vida pela pena magistral de J.R.R. Tolkien, é focado nos habitantes do condado e, diferente dos aventureiros Bilbo e Frodo, nos leva para a experiência de viver a vida simples de um Hobbit. Um Cozy Game com essa temática parece destinado a ser ao sucesso, mas problemas reais acabam por segurar a fantasia de ser realmente fantástica.
Veja as razões disso agora, em mais uma resenha antecipada do Pizza Fria!
Um segundo desjejum para a todos governar
Em Tales of the Shire, além de estarmos longe de qualquer combate com Orcs ou aventuras pelos confins da Terra Média, também nos localizamos em um povoado diferente. O objetivo de nosso Hobbit recém-chegado à comunidade de Beirágua é fazer de lá uma autêntica vila, iniciando clubes, estreitando laços entre os habitantes e diversas outras tarefas que precisam ser executadas dentro de um ciclo de dia e noite.
Junto às atividades que guiam a história principal, somam-se decorar sua casa, cuidar do jardim e animais, pesca, coleta de materiais e culinária. Cada uma dessas habilidades se conecta de maneira natural com a vida social, pois colher ou negociar ingredientes é necessário para cozinhar bons pratos. Comida de qualidade gera mais afeto de quem você convida para desfrutar refeições, desbloqueando recompensas únicas para cada amizade, que vão desde ganhar mais espaço na sua casa até lugares inéditos para explorar e itens extras nas lojas.

Pode ser bastante informação para entender de uma vez, mas uma enciclopédia bem robusta está disponível a todo tempo para guiar o jogador, embora alguns tutoriais sejam mais claros do que outros.
Customizar o seu lar Hobbit é, ao mesmo tempo, divertido e irritante. Por um lado, temos diversas opções decorativas e ferramentas inteligentes de otimização para realçar ambientes separadamente ou ao mesmo tempo. Por outro, os controles, que ainda envolvem mover seu personagem junto aos itens a serem encaixados, atrapalham a fluidez da tarefa.
A culinária, de longe, é a parte que mais me interessou no dia-a-dia do jogo. Há uma variedade imensa de itens subdivididos em categorias de sabor: azedo, salgado, adocicado, apimentado e amargo. As mais de 100 receitas combinam ingredientes com temperos específicos e minigames que ditam a textura do prato e o gosto que ele tem.
Tudo isso pode resultar em uma mesma iguaria ter diversas versões feitas para agradar o pedido de cada hóspede. Macia ou crocante? Apimentada ou azeda? Depende do dia e da visita. É bem divertido aprender e dominar o sistema.
Uma lâmina azul Hobbit de dois gumes, mas sem combate
A primeira questão que chama a atenção em Tales of the Shire é a apresentação. Os gráficos que compõem modelos de personagem e cenários estão longe do que eu consideraria à altura da geração atual. Cada Hobbit que povoa o jogo parecem ter as mesmas expressões e animações.
Note que eu escrevo “questão” e não “problema” porque essa simplicidade acaba trabalhando a favor do clima do jogo. O cenário de fantasia não precisa de texturas híper realistas. E a falta de individualidade nas animações de cada personagem acaba sendo totalmente esquecida por conta das personalidades únicas que são reveladas em meio aos muitos diálogos e cartas enviadas na comunidade de Beirágua.
Desde o humor não-intencional da anã Nefi até a rabugice do velho Noques e as intrigas entre as famílias Villa e Ruivão, os personagens são interessantes e possuem um desenvolvimento decente, embora não exista opção de romance, comum em jogos desse tipo.

Como é comum no gênero, cada dia pode ser monótono ou corrido, dependendo de sua organização e tempo para cumprir as tarefas do momento. Fazer janta para três Hobbits triplica sua capacidade de aumentar amizades naquele ciclo, mas arranjar ingredientes que satisfaçam todos eles de maneira adequada e ainda avançar a história pode ser demais. Gerenciamento é chave.
Embora haja sempre algo a se fazer, rápida e fatalmente, a repetição começa a se tornar um fator. Não há variedade o suficiente nas missões, que em sua imensa maioria envolvem levar algo do ponto A ao ponto B ou montar uma refeição para o Hobbit fulano ou ciclano – atividades que, inclusive, já fazem parte do ciclo “normal” de cada dia de jogo.
O mapa, apesar de não ser pequeno, também não possui tanta variedade de áreas e grande parte dele são apenas estradas entre locais de interesse. Atravessar os cenários, depois de um tempo, acaba sendo menos sobre mapear onde encontrar materiais específicos e mais sobre desligar a mente até chegar no destino.
As estações mudam e trazem mudanças no cenário e nos itens que encontramos, o que poderia aliviar um pouco da repetição, mas infelizmente é bastante demorada essa transição.

Vale a pena comprar Tales of the Shire: A The Lord of the Rings Game?
Tales of the Shire acerta em cheio no clima que foi proposto. Fica bem claro que os desenvolvedores entendem e gostam da série. É verdadeiramente encantador viver o dia-a-dia de um Hobbit, forjar laços com personagens cativantes e preparar boa comida. Sem dúvida o sistema de cozinha e sua integração natural com o resto das atividades é o maior trunfo do jogo.
Os gráficos não são nada surpreendentes, mas acabam contribuindo para a estética de história fantástica. A trilha sonora é adequada por conta da suavidade que combina bem com o espírito do Condado. Mas, infelizmente, não existem músicas marcantes o suficiente para ficar na cabeça – e essa é uma franquia famosa por ter isso.
Fãs de Tolkien que buscam um Cozy Game tranquilo vão ter uma boa e longa experiência. E, acredito eu, até quem não gosta de Senhor dos Aneis possa ver uma boa opção se tiver tolerância à repetição o suficiente para admirar o charme inegável do jogo.
Tales of the Shire: A The Lord of the Rings Game chega nesta terça-feira, 28 de julho, para PC, via Steam, PlayStation 5, Xbox Séries X|S e Nintendo Switch.
*Review elaborada em uma PC equipado com uma Geforce RTX, com código fornecido pela Private Division.


