Ninja Gaiden 4 | Review
Após mais de uma década de espera, Ninja Gaiden 4 chega carregando o peso de uma lenda. Desde Ninja Gaiden 3: Razor’s Edge, lançado em 2012, os fãs aguardavam por uma sequência que fizesse jus à brutalidade, fluidez e maestria técnica da série. Agora, com o retorno da Team Ninja ao comando e a colaboração dos estúdios PlatinumGames e Koei Tecmo, o novo capítulo honra o passado enquanto incorpora a visão característica da PlatinumGames sobre jogos de ação.
Mas há algo que torna este lançamento ainda mais especial. Ninja Gaiden 4 é o primeiro título da franquia lançado após o falecimento de Tomonobu Itagaki, mente criativa responsável pela reinvenção da saga nas versões em 3D durante os anos 2000.
Se você também é fã de jogos estilosos que remetem à era de ouro da ação — marcada pela geração do PlayStation 3 e Xbox 360 —, acompanhe nesta review antecipada do Pizza Fria para descobrir se Ninja Gaiden 4 faz jus não apenas à franquia, mas também ao legado de seu criador.
O que é Ninja Gaiden 4?
Ninja Gaiden 4 apresenta um novo protagonista: Yakumo, membro do Clã do Corvo, uma facção rival do lendário Clã Hayabusa, liderado por Ryu Hayabusa, o herói original da série. Diferente de seu predecessor, Yakumo é um ninja inexperiente, ainda em formação, que busca compreender o verdadeiro significado do caminho ninja enquanto desenvolve suas próprias convicções sobre o mundo.
A trama começa em meio a um forte senso de urgência: Yakumo recebe a missão de assassinar a sacerdotisa responsável por manter o poderoso Deus Dragão das Trevas selado. No entanto, após conhecê-la, ele decide desobedecer às ordens e ajudá-la a libertar o dragão, selado anteriormente por Ryu em um dos jogos anteriores da franquia.
Esse conflito moral serve como ponto de partida para a narrativa de Ninja Gaiden 4, que alterna entre a jornada de Yakumo e o retorno de Ryu Hayabusa — agora em um papel secundário, o que pode causar estranhamento entre os fãs mais tradicionais. O enredo se desenrola em uma Tóquio futurista e distópica, dominada por demônios e marcada por um colapso tecnológico que intensifica o clima de caos.
Um dos grandes destaques está na colaboração entre a Team Ninja e a PlatinumGames. A união das duas empresas resultou em uma fusão notável: o estilo clássico e brutal de Ninja Gaiden — técnico, impiedoso e desafiador — agora se mistura à fluidez e ao combate performático característico da Platinum, com combos rápidos, transformações visuais impactantes e ritmo frenético. O resultado é uma nova identidade para a franquia, moderna, mas ainda fiel às raízes criadas por Tomonobu Itagaki.

Combate e sistema de armas em Ninja Gaiden 4
Se você espera um combate simples, esqueça. Estamos falando de um jogo desenvolvido pela Team Ninja em parceria com a PlatinumGames — e aqui a ação é complexa, densa, desafiadora e visualmente impressionante. Ninja Gaiden 4 exige técnica, reflexos apurados, adaptação constante e, acima de tudo, treinamento.
O grande diferencial está no sistema “Bloodraven” de Yakumo. Essa mecânica permite que o protagonista ative uma forma sangrenta, transformando temporariamente suas armas em versões alternativas e ampliando o número de golpes disponíveis. Ao todo, o jogo apresenta quatro armas principais, cada uma com sua respectiva transformação:
- Katanas Duplas: a arma mais balanceada do jogo, que se transforma em uma Katana Longa na forma sangrenta.
- Rapieira: ideal para enfrentar inimigos isolados; quando em sua forma sangrenta, se converte em uma lança com broca na ponta.
- Bastão: perfeito para lidar com grupos numerosos de inimigos, ganhando uma versão de martelo explosivo ao ser transformado.
- Caixa Ninja: a mais versátil das armas, permite que Yakumo arremesse kunais, shurikens, bombas de fumaça e explosivos, facilitando o combate à distância; na forma sangrenta, se converte em braços robóticos.
Cada estilo de arma é bem definido e serve a situações específicas, criando uma dinâmica de combate variada e estratégica. Essa combinação de estilos é um dos pontos altos de Ninja Gaiden 4, trazendo um ar de renovação à franquia sem abandonar suas raízes de dificuldade e precisão.

A dificuldade em Ninja Gaiden 4 se mantém elevada, com modos clássicos e modos extras voltados para jogadores que buscam dominar desafios ainda maiores. A exigência de precisão e paciência reforça o legado de Tomonobu Itagaki — difícil, mas sempre justo.
Quando tudo se encaixa, a sensação é de pura euforia. E é exatamente sobre isso que Ninja Gaiden 4 se propõe a ser: um jogo de momentos intensos, em que cada golpe, esquiva e finalização traz aquela satisfação única de ver a ação fluindo na tela com estilo e brutalidade.
Desempenho técnico e direção de arte em Ninja Gaiden 4
Tecnicamente, Ninja Gaiden 4 pode não impressionar tanto quando comparado a outros grandes lançamentos recentes, mas entrega um desempenho sólido e consistente. O jogo apresenta modelos de personagens detalhados, 60 FPS estáveis nos consoles, além de efeitos de sangue e explosões realistas, que reforçam a brutalidade característica da série.
A ambientação combina elementos cyberpunk com a estética feudal/ninja, resultando em um visual marcante e distinto. Mesmo sem apostar em gráficos ultra-realistas, a direção de arte brilha, provando que estilo e criatividade podem superar limitações técnicas. Os cenários, ainda que simples em detalhes, são belos e imersivos, criando uma atmosfera única que mistura o clássico e o futurista de forma equilibrada.

O legado de Tomonobu Itagaki está presente!
Não é possível falar de Ninja Gaiden 4 sem reconhecer a importância de Tomonobu Itagaki para a série. Foi ele quem redefiniu a franquia e a trouxe para o universo 3D, estabelecendo a filosofia do “difícil, mas justo”, baseada em precisão, risco e recompensa.
Mesmo sem ter participado ativamente do desenvolvimento de Ninja Gaiden 4, a influência de Itagaki continua evidente. Ela se manifesta no nível de desafio, na punição rigorosa dos erros e na satisfação visceral de derrotar um inimigo após uma execução perfeita.
Este novo capítulo funciona como um verdadeiro tributo à visão de Itagaki, representando tudo o que ele acreditava que um jogo de ação deveria ser: intenso, técnico e recompensador.

Vale a pena jogar Ninja Gaiden 4?
Não há necessidade de rodeios: sim, vale muito a pena jogar Ninja Gaiden 4. Seja você um fã de ação intensa, de reflexos rápidos, batalhas contra chefes marcantes ou de cenas estilizadas, o jogo oferece exatamente isso em sua forma mais pura.
Por outro lado, se o que você busca é um enredo profundo, um mundo aberto ou uma progressão mais suave, talvez Ninja Gaiden 4 não seja o título ideal. O foco aqui está na pancadaria, nos combos complexos, nos desafios constantes e, principalmente, na dominação do sistema de combate dos dois personagens jogáveis.
Ninja Gaiden 4 é uma verdadeira ode aos jogos de ação da geração PlayStation 3 e Xbox 360. Ele traz de volta o exagero, o estilo e a intensidade que marcaram época, mas talvez não conquiste totalmente uma nova geração de jogadores que não compartilha a nostalgia desse período.
Ainda assim, para os fãs da saga — e para quem admira um bom desafio —, Ninja Gaiden 4 cumpre o que promete: reverencia o passado, olha para o futuro e faz isso com muito estilo.
Ninja Gaiden 4 estreia nesta segunda-feira, 20, para PC, via Steam, Xbox Series X|S e PlayStation 5.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Xbox Brasil.
Ninja Gaiden 4
BRL 299,00Prós
- Um dos melhores combates dos jogos.
- Yakumo é uma boa adição para a franquia
- Variedade de armas e golpes é absurdamente boa.
- Tradução PT-BR
Contras
- O terço final do jogo se torna um pouco repetitivo
- Upgrades são bastante caros
- Pouco acessível para jogadores que não estão acostumados com o estilo do jogo.
- Ryu Hayabusa praticamente não aparece durante a campanha principal.


