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System Shock Remake (Switch 2) | Review

Lançado originalmente em 1994, System Shock sempre ocupou um espaço peculiar na história dos videogames. Complexo, denso e pouco interessado em facilitar a vida do jogador, o título se tornou referência por sua liberdade sistêmica e pela presença marcante de SHODAN, uma das inteligências artificiais mais icônicas do meio. Em 2023, o remake desenvolvido pela Nightdive Studios surgiu com a missão de modernizar essa experiência sem diluir sua identidade — e agora, no Nintendo Switch 2, essa proposta ganha contornos bastante específicos.

Esta análise considera exclusivamente a versão do novo portátil da Nintendo, sem comparações com outras plataformas. Por isso, não abordarei densamente temas como narrativa ou gameplay – salvo onde seja necessário apontar leves mudanças. A review original do game foi publicada aqui no Pizza Fria em maio de 2023, e você pode conferir aqui!

Desempenho e estabilidade no Switch 2

Em termos de performance, System Shock Remake apresenta uma experiência funcional no Nintendo Switch 2, mas não isenta de ressalvas. O jogo busca operar a 60 quadros por segundo, porém nem sempre consegue manter essa meta de forma consistente.

Em áreas mais carregadas visualmente ou durante confrontos com múltiplos inimigos, quedas de desempenho são perceptíveis, acompanhadas por oscilações no ritmo dos quadros que afetam a fluidez geral. Claro, esses momentos não chegam a tornar o jogo injogável, mas exigem adaptação, especialmente em situações que demandam precisão na mira ou movimentação rápida.

System Shock Remake (Switch 2)
SHODAN está de volta (Imagem: Divulgação)

Qualidade visual e ambientação

Visualmente, System Shock Remake se beneficia do hardware mais robusto do Switch 2. A ambientação sci-fi opressiva, marcada por corredores metálicos, iluminação contrastada e uma paleta fria, se mantém intacta e eficaz. O trabalho de iluminação e o nível de detalhe dos cenários ajudam a sustentar a sensação constante de isolamento e ameaça, elementos centrais da identidade do jogo.

No modo dock, a resolução mais alta garante boa nitidez, enquanto no modo portátil há uma leve redução visual, natural para preservar desempenho e bateria. Ainda assim, na tela menor do console, a imagem permanece limpa e funcional. Notei também que algumas texturas apresentam qualidade inferior em comparação a outras, especialmente em superfícies menos iluminadas, mas isso não compromete a leitura do ambiente nem a imersão.

De modo geral, o remake cumpre bem seu papel estético no Switch 2, entregando uma experiência visual coerente com a proposta do jogo, mesmo com pequenas concessões técnicas.

System Shock Remake (Switch 2) | Review
System Shock Remake está bonito no Switch 2 (Imagem: Divulgação)

Controles, interface e recursos exclusivos

Um dos pontos mais interessantes da versão de Nintendo Switch 2 está na adaptação dos controles. O jogo oferece suporte completo ao giroscópio, permitindo ajustes finos de mira que ajudam bastante em momentos de instabilidade de desempenho. Além disso, há um modo que transforma o Joy-Con 2 direito em um cursor semelhante a um mouse, aproximando a experiência de controle do que se espera tradicionalmente do gênero.

O recurso funciona de forma surpreendentemente precisa, tanto na exploração quanto nos menus, tornando a gestão de inventário e a navegação pela interface mais ágeis. A alternância entre controle tradicional, giroscópio e cursor é fluida, e cada jogador pode escolher o esquema que melhor se adapta ao seu estilo.

A interface, por sua vez, é clara e bem adaptada ao console, com textos legíveis no modo portátil e ícones corretos para os botões do Switch. A localização em português do Brasil também contribui para tornar a experiência mais acessível, especialmente considerando a complexidade dos sistemas e dos registros narrativos espalhados pelo jogo.

System Shock Remake (Switch 2)
Assustador? (Imagem: Divulgação)

Bugs e inconsistências técnicas

Como é comum em lançamentos desse porte, System Shock Remake apresenta alguns problemas técnicos. Além das oscilações de desempenho, o título traz bugs visuais pontuais, como elementos que não renderizam corretamente em momentos específicos, e pequenas falhas na navegação dos menus ao usar o modo cursor.

Nada disso impede a progressão ou compromete seriamente a experiência, mas são pontos que podem causar estranhamento. A boa notícia é que a Nightdive tem histórico de suporte prolongado aos seus jogos, e já deixou claro que segue trabalhando em correções e melhorias para a versão de Switch 2.

Vale a pena jogar System Shock Remake no Nintendo Switch 2?

System Shock Remake no Nintendo Switch 2 é uma experiência que carrega tanto o peso de sua herança quanto os desafios de uma adaptação técnica ambiciosa. O jogo entrega uma ambientação forte, sistemas profundos e uma identidade que não faz concessões ao jogador, agora acompanhados por recursos de controle que se aproveitam bem das particularidades do console.

Apesar das oscilações de desempenho e de alguns problemas técnicos que ainda pedem refinamento, o pacote como um todo se sustenta. Para quem nunca teve contato com System Shock, esta versão oferece uma porta de entrada sólida, desde que se aceite um certo nível de aspereza técnica.

No fim, trata-se de um jogo que exige paciência, curiosidade e disposição para aprender seus sistemas — e, no Switch 2, recompensa quem embarca nessa proposta com uma experiência singular, intensa e cheia de personalidade, exatamente como System Shock sempre foi.

System Shock Remake chega nesta quinta-feira, 18, para Nintendo Switch e Nintendo Switch 2.

*Review elaborada em um Nintendo Switch 2, com código fornecido pela Nightdive Studios.

System Shock Remake

BRL 210
7.9

História

9.0/10

Gameplay

7.0/10

Gráficos e Sons

7.5/10

Extras

8.0/10

Prós

  • Boa adaptação da interface para o Nintendo Switch 2, com menus legíveis no modo portátil
  • Suporte ao giroscópio ajuda na mira fina e melhora a precisão em momentos mais tensos
  • Modo cursor com o Joy-Con oferece uma alternativa interessante ao controle tradicional
  • Tempos de carregamento rápidos e retomada quase instantânea a partir do modo descanso
  • Experiência portátil preserva boa parte da ambientação, mesmo com resolução reduzida

Contras

  • Oscilações de desempenho impactam a fluidez em momentos mais intensos
  • Jogar apenas no controle tradicional pode ser pouco intuitivo, especialmente no combate
  • Quedas de frame impactam a precisão da mira em determinados trechos

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.