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Days Gone (PC) | Review

Days Gone é o mais novo (ex) exclusivo da Sony a chegar aos computadores. Após Horizon Zero Dawn abrir caminho em 2020, agora é a vez do título desenvolvido pelo Bend Studio ganhar uma versão otimizada para a plataforma. Anunciado durante a E3 2016 e lançado para PlayStation 4 em 2019, o game teve uma recepção mista, ficando com “apenas” 71 de Metacritic.

A média bem abaixo de outras grandes produções do console tinha uma causa: Days Gone teve muitos problemas técnicos em seu lançamento. Seja de assets não carregando, ou mudanças bruscas de resolução e quedas na taxa de quadros por segundo, o título sofreu, principalmente no PS4 base. Há algumas críticas, pontuais, sobre desenvolvimento de personagens e narrativa, mas estas acabam refletindo questões pessoais dos avaliadores.

Agora, pouco mais de dois anos do seu lançamento, Days Gone teve os problemas técnicos corrigidos. O jogo ganha uma “versão definitiva” para computadores, permitindo aos jogadores que o adquirirem configurarem tudo da forma como gostam, ou como suas máquinas exigem. E será que esse port se saiu bem? A resposta eu trago agora, em mais uma crítica antecipada do Pizza Fria!

O forte é a história!

Days Gone nos apresenta Deacon St. John, o Deek, um motoqueiro e ex-soldado que luta diariamente para sobreviver ao fim do mundo. Uma pandemia fez com que um vírus, de origem desconhecida, se espalhasse pelo planeta, dando a muitos humanos um comportamento animalesco. Eles são chamados de Frenéticos no jogo e possuem um comportamento semelhante aos dos zumbis de Guerra Mundial Z, mas não estão mortos, no sentido literal da palavra.

O jogo começa nos mostrando uma cena fundamental para o que jogamos dali pra frente: Deek é casado com Sarah, mas quando o caos tem início, ela é ferida e se vê obrigada a embarcar em um helicóptero sozinha como uma única alternativa para sobreviver. Nosso protagonista fica pra trás, ao lado do seu melhor amigo Boozer. Dois anos se passam, e aí começamos a jogar.

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Boozer e Deek em Days Gone (Imagem: Divulgação)

Deek e Boozer, que faziam parte do mesmo motoclube antes do caos, se tornaram caçadores de recompensa. Nesse mundo pós-apocalítico, é preciso pessoas que tenham coragem para fazer o que precisa ser feito. Você já imagina do que estamos falando aqui. Por vezes, é preciso enfrentar os frenéticos, ou humanos de acampamentos rivais. Não há mais lei, governo, nada. Vale tudo pela sobrevivência.

Acontece que, em meio à tudo isso, Deacon está em busca de respostas. O que houve com Sarah? Por meio de flashbacks, somos apresentados à história do casal e também da relação entre o protagonista e seu amigo. Dito isso, você já imagina que Days Gone é um jogo com certa carga emocional logo na primeira hora, quando vários acontecimentos em sequência deixam nosso motoqueiro precisando resolver vários problemas.

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A história de Sarah e Deacon é contada por meio de flashbacks (Imagem: Divulgação)

Um gameplay muito familiar

Se você jogou alguns dos principais jogos da geração passada, certamente vai encontrar várias referências desses games ali presentes. Seja na construção do mundo, que mistura Ghost Recon: Wildlands e Horizon Zero Dawn, o combate de Uncharted 4: A Thief’s End e da franquia Assassin’s Creed, ou mesmo o final secreto à la God of War (2018), tudo funcionava bem em Days Gone… em 2019.

Não me entendam mal. Days Gone insere bons elementos no grande recorte que seu gameplay se tornou. Como um shooter em terceira pessoa, temos elementos de cobertura, mira e movimentação bem semelhantes aos que já vimos em outros jogos. A movimentação do personagem no mundo aberto é interessante, eliminar inimigos em modo stealth é divertido e bem familiar, mas há um pequeno problema ao cruzarmos uma região montanhosa, repleta de curvas fechadas e pedregulhos, com a nossa moto.

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O mundo de Days Gone não é tão calmo quanto parece (Imagem: Divulgação)

Se em 2019 isso não me incomodou muito, talvez pela limitação dos 30 FPS que o PlayStation 4 oferecia, a movimentação com veículos é bem diferente ao jogar com uma taxa de quadros desbloqueada nos computadores. Fiquei com uma nítida sensação de uma direção travada e lenta, não condizendo com o que me lembrava do título. E olha que a taxa de quadros por aqui, rodando em uma GTX 1080, se manteve estável em 60 FPS quase todo o tempo, com todas as configurações no máximo.

Fora isso, Days Gone cumpre bem seu papel de oferecer diversão, entretenimento e originalidade. Ao sair em sua moto, você deve se preocupar com elementos básicos de sobrevivência, como gasolina e o estado geral do veículo. Há a necessidade de sempre obter créditos ao cumprir missões para os vários acampamentos do jogo, atitude fundamental para obter melhores itens, como um bom RPG. E, em determinado momento, você ganha a liberdade de escolher qual missão vai fazer, optando por um caminho específico até determinada parte. Isso não afeta o final, mas é válido ter essa opção.

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Saqueie acampamentos rivais para obter itens e sobreviver (Imagem: Divulgação)

O perigoso mundo de Days Gone

Days Gone é um jogo pós-apocalíptico e nos lembra quase que o tempo todo de como recursos são escassos. É preciso estar atento o tempo todo, pois você será surpreendido por tocaias de ladrões, ataques de acampamentos rivais, frenéticos e até ataques de animais infectados pelo vírus. E para enfrentar esses inimigos, às vezes correr é uma boa opção. Você vai entender o que eu falo quando jogar. Ou fazer ataques na surdina, o famoso stealth.

Isso porque os frenéticos são uma atração à parte em Days Gone. A infecção os tornou animais e, por que não dizer, até mesmo canibais. Você pode eliminar um frenético sem chamar atenção, e esperar até que outro frenético se alimente dele. É um jogo com um bom dinamismo.

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Os frenéticos são os principais inimigos do jogo, mas eles não são todos iguais (Imagem: Divulgação)

E eles não são inimigos muito genéricos. Assim como na franquia The Last of Us, enfrentamos diferentes “espécies”, como as lagartixas, ou mesmo alguns mais bombados. E podemos usá-los para atacar acampamentos hostis, causando barulho, o que vai fazer com que o local rapidamente esteja tomado por frenéticos, que vão atacar os humanos e você pode esperar a confusão acabar para, depois, eliminar só os poucos sobreviventes. Inteligente, não?

No mais, nada caracteriza mais Days Gone do que as hordas. Quando os frenéticos se juntam, sejam em ninhos ou em algumas áreas abertas, eles andam em bando. Eliminar algumas são parte da narrativa principal e são obrigatórias para a conclusão da história, mas os verdadeiros desafios estão em missões secundárias, em que você deve eliminar hordas com até 500 infectados.

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As hordas são os principais desafios de Days Gone (Imagem: Divulgação)

Outros elementos ainda nos ajudam a entender um pouco mais sobre a dificuldade que é sobreviver em Days Gone. Os recursos no jogo são bem escassos, mesmo jogando com a dificuldade normal. Os inimigos humanos até possuem munição, mas em pouca quantidade. Você vai precisar explorar bastante as regiões em busca de recursos necessários para a fabricação de itens fundamentais para o jogo, como coquetéis molotovs. A minha dica é checar postos avançados, corpos de humanos e de frenéticos, casas abandonadas, já que muitos recursos não são vendidos nas lojas dos equipamentos.

Isso tudo vai ajudar você a melhorar até mesmo elementos básicos de gameplay. A viagem rápida só é habilitada após as regiões do mapa serem consideradas seguras. Ou seja, você precisa limpar os pontos de infestação que cruzam as estradas do jogo. Por isso, muitas das vezes, viajar fora do asfalto era a opção mais segura.

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Conhecer os atalhos de Farewell é fundamental para sobreviver (Imagem: Divulgação)

Também é importante ressaltar que o jogo utiliza um ciclo de dia e noite, e em cada hora do dia, os inimigos podem ser diferentes. Se durante o dia os humanos podem te emboscar, à noite os frenéticos ficam muito mais perigosos. E há o título também conta com regiões onde o clima afeta o destino de Deacon, como áreas nevadas, que são um pouco mais seguras do que as gramadas. Minha dica é sempre desbloquear um abrigo para passar a noite e o tempo de forma segura, evitando maiores problemas.

Por fim, como eu disse acima, você precisa se preocupar com gasolina e o estado geral da sua moto. Ela é sua companheira e seu principal meio de locomoção no perigoso mundo de Days Gone. Por isso, é preciso obter gasolina nos postos de combustíveis e nos galões espalhados pelo mundo, além de ter sucata para consertar o motor, caso você bata muito em itens do mapa, inclusive atropelando frenéticos ou humanos. Sempre será preciso fazer um ajuste ou outro, e meu aviso final é para manter ela em dia, pois é através dela que são feitas as viagens rápidas, portanto, nada de perdê-la, ou você vai ter que pagar algum acampamento para recuperá-la.

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Ô bicho feio! (Imagem: Divulgação)

E o desempenho?

Vejam bem. Eu zerei Days Gone pela última vez em abril de 2019, no lançamento. De lá pra cá, o game ganhou vários patchs de melhoria, suporte aos 60 FPS no PlayStation 5, mas confesso que faltou tempo pra conferir o resultado. Agora o trabalho me levou de volta à Farewell, e eu pude conferir que, de fato, muitos dos problemas iniciais do game foram resolvidos.

O primeiro deles diz questão ao desempenho. Eu não jogo com uma placa tão moderna, uso uma GTX 1080, mas ela supriu bem as necessidades do jogo. Days Gone não ganhou suporte à Ray Tracing, ficando limitado apenas ao HDR, que já estava disponível no PS4. Ou seja, não é um título muito exigente, tanto que sua recomendação é uma GeForce GTX 1060 de 6 GB.

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Days Gone é um jogo bonito e cheio de detalhes gráficos (Imagem: Divulgação)

Com isso, o game se manteve quase sempre estável em 60 FPS, com todas as configurações no máximo, e em uma tela ultrawide (o jogo conta com suporte para resoluções 21:9). Mas essa limitação só existiu pra mim porque minha tela é 60 Hz, e se você conta com um hardware compatível, é possível jogar o game com FPS desbloqueados. Esse teste eu vou ficar devendo.

Vale a pena comprar Days Gone?

Days Gone já era um jogo bonito graficamente, com gráficos realistas e com um mundo muito bem construído e um combate bem-feito. A versão de computadores é um ótimo port, pois amplifica o que eu já achava bom, dando melhores opções gráficas e liberando a taxa de quadros, tornando o gameplay mais fluido. Uma pena é que as partes em que pilotamos nossa moto não tenha acompanhado a evolução, mas patches estão aí para que ajustes sejam feitos, se a desenvolvedora concordar comigo.

Embora ainda esteja longe de ocupar um espaço no hall da fama de melhores exclusivos do PlayStation 4, Days Gone é um jogo que conquistou alguma relevância, tanto que está sendo relançado em uma nova plataforma. Recentemente, uma petição reuniu mais de 112 mil pessoas solicitando que a Sony aprovasse a continuação do game. O título conta com uma narrativa de excelente qualidade, que é o seu ponto alto, e um gameplay bastante familiar, que mistura elementos de sucesso em outros jogos, mas ainda assim cria sua própria identidade.

Days Gone está disponível para PC, via Steam e Epic Games Store, por R$ 199,90 – um preço alto para um jogo lançado há dois anos. Já a versão de PlayStation 4 custa R$ 159,90 na PlayStation Store, mas assinantes PS Plus podem comprá-lo “de graça” no PlayStation 5, através do PS Plus Collection.

*Review elaborada em um PC equipado com GeForce GTX, com código fornecido pela Sony.

Days Gone

R$ 199,90
8.9

História

9.5/10

Gameplay

8.0/10

Gráficos e Sons

9.0/10

Extras

9.0/10

Prós

  • Narrativa de alta qualidade
  • Personagens cativantes
  • Ótimo desempenho
  • Missões com liberdade e variadas
  • Gameplay diversificado

Contras

  • Controle da moto
  • Preço cheio para jogo "velho"

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.