Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge | Review
Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge é um jogo publicado pela Dotemu e desenvolvido pela Tribute Games, que será lançado nesta quinta, 16, para Nintendo Switch, PC, via Steam, PlayStation 4 e Xbox One. Trata-se de um beat ‘em up, marcante estilo de jogo que teve seu ápice nos arcades das décadas de 80 e 90 e foi consagrado nos consoles da geração 16-bits. Para os íntimos, o popular andar e bater.
É fato que, de uns anos pra cá, estamos revivendo estilos e franquias clássicas dos videogames como uma espécie de “volta ao passado”, talvez mirando a geração que cresceu em tempos em que a SEGA e seu Mega Drive e a Nintendo com seu Super Nintendo dominavam o mercado e dividiam os espaços nas casas e nos corações da “criançada” daquela época. Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge ou somente TMNT: Shredder´s Revenge resgata esses tempos com muita propriedade.
Mas, além de resgatar o já citado estilo beat ‘em up, o game também resgata o consagrado estilo gráfico de pixel art e, sobretudo, uma das maiores franquias de animação do fim da década de 80, e sobretudo da década de 90: As Tartarugas Ninja. As famosas tartarugas que geravam empolgação nas manhãs das TVs dessa geração, tiveram diversos títulos para o videogame, desde do NES 8-bits , chegando as plataformas mais atuais… Mas e notório dizer que o grande sucesso do game viria mesmo com títulos, por exemplo , o icônico TMTN IV: Turtles In Time (1991 Arcade e 1992 SNES).
E este novo jogo, “qual é a dele”?
Caro leitor, é indispensável dizer que, apesar de ser um jogo acessível e divertido a todo e qualquer público, sem dúvidas este novo título da Dotemu mira os corações dessa geração da década de 80/90 que cresceu com os desenhos e jogos das tartarugas e jogando muito jogo de “briga de rua”. A publisher inclusive tomou notoriedade recentemente com o lançamento sólido de Streets of Rage 4, retomando uma franquia da SEGA super famosa do estilo, que o Pizza Fria também fez review, vale conferir!
O sucesso de Streets of Rage 4 trouxe aos fãs dos jogos das TMNT uma esperança de finalmente reviver um ótimo jogo dos personagens… e esse “hype” só foi aumentando quando os trailers de gameplay foram surgindo… As referências aos seus antecessores, a opção pela escolha do pixel art, as referências em geral, mas sem perder em inovação, trouxeram essa expectativa sobretudo com a previsão da data de lançamento do jogo, que foi revelada recentemente e, para delírio dos fãs, a hora está chegando!
Santa tartaruga, fala logo desse novo jogo!
Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge já chega logo de início “chutando o pé da porta” com a abertura icônica do anime embalada pela trilha original cantada pelo rockeiro Mike Patton, da banda Faith No More. Já ali nós já sentimos que o jogo estava pronto para entregar toda a hype gerada.
Assim, passamos para tela inicial em que temos, basicamente opções gerais, modo treinamento e principalmente o modo história e arcade. Ambos são bem parecidos, com a diferença que o modo história permite o jogador a morrer durante a fase, mas deixar o save sempre linkado a esta última fase e, o modo arcade, tem continues finitos, relembrando os velhos tempos dos fliperamas com ficha.
Vale ressaltar que, para fazer esta review, eu foquei no modo história e trilhei o caminho do nível normal…. Que já aí podemos sentir uma boa sacada da excelente localização da equipe de localização para português, que usou as expressões “Suave na Nave” para o modo Easy, e “Casca Grossa” para o Hard, fazendo alguns trocadilhos pertinentes com o “espírito de humor” das tartarugas, deixando com sentido em nosso idioma, muito bacana!
Quão logo entramos nas opções de personagens, nos deparamos obviamente com o quarteto Leonardo, Raphael, Donatello e Michelângelo, contudo, também temos a opção de jogarmos com a icônica April O´Neil e com o lendário Mestre Splinter. Essas duas novas opções já geram um gás novo ao game!
Durante a gameplay, experimentei jogar com todos os personagens. São via de regra equilibrados, usando os tradicionais golpes “esmaga botões” dos beat ‘em up, mas, além dos golpes “genéricos”, sempre temos um diferencial, uma “assinatura” dos personagens. No fim do processo, me vi mais apegado ao Leonardo e a April O´Neil. O primeiro, por ser talvez o mais equilibrado personagem nos atributos força, alcance e agilidade… e a April pois ela se revelou ser bem “overpower” pela sua combinação rápida de golpes, o que me ajudou em alguns momentos difíceis da jogatina.
Falando da jogatina, o jogo contém um história “manjada”, como todo título das tartarugas: O Destruidor, Krang e sua turma (o clã do pé) resolvem assolar Nova York e região com seus planos malignos. Há desde o começo muitas referências, easter eggs e cenas familiares como a aparição da estátua da liberdade no canal 6 e coisas mais.
Nessa batida, as tartarugas já começam num ritmo frenético para lugar contra seus diversos inimigos. Falando em “diversos”, a quantidade de soldados do clã do pé, bem como inimigos icônicos sãos aos montes, os fãs realmente se deliciam com a quantidade deles…. tanto quanto as tartarugas se deliciam com pizza (piadinha infame, não?) acho que não esqueceram nenhum inimigo!
A campanha
O jogo é surpreendente extenso para o seu estilo. Confesso que esperava cerca de 9, 10 ou 11 fases, mas passamos aqui de 15. As fases são distribuídas em um “mapinha de Nova York” e reveladas à medida que vamos concluindo cada uma delas, no melhor estilo Super Mário. Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge em si é cheio de referências, sobretudo ao universo das tartarugas e a games anteriores, como TMTN IV: Turtles In Time.
Durante a campanha, revemos Baxtor, Rei Rato e sua trupe, bem como diversos outros que acho melhor ficar com estes exemplos para não ficar gerando “spoiler”. Até o próprio início das fases, começa apresentando um título para aquela “etapa” e com a “sombra” do “chefe” do estágio, como em Turtles in Time.
Outra coisa que dá pra notar é que, apesar de ser um jogo completamente novo, a inspiração de Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge vem de outros títulos é tanta que SEMPRE encontramos referências, seja nos tipos de inimigos, nas fases/cenários, golpes (como jogar inimigo na tela), e etc. Lembro muito bem da fase “Big Apple 3 AM” do referido game de SNES… e , neste novo título, temos uma fase denominada “Big Apple 3 PM”, ou seja, fazendo menção novamente ao apelido novaiorquino, mudando só de ser 3 da manhã para ser 3 da tarde.
A gameplay
A gameplay de Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge é extremamente sólida e divertida. Conseguiram entregar a nostalgia esperada pelo público, com uma maior variedade de golpes , combos e especiais, mais adequados a essa nova geração, recheada de recursos e com joysticks com diversos botões em vez dos antigos joysticks. Como já citado em outro momento, vale também observar como tiveram carinho e afinco na personalização do movimento e golpe de cada um dos inicialmente 6 personagens (que se tornam 7 ao concluir o modo história). A fluidez, cadencia e “pancadaria solta” nos trás aos velhos tempos de arcade dos anos 90!
Diferenciais
Vale dizer que, em termos práticos, além da inclusão de novos personagens como April, Splinter e Cassey Jones após fecharmos o jogo pela primeira vez, o game também traz alguns aspectos interessantes como desafios “in game”, “salvamento” de alguns personagens não jogáveis durantes os estágios e etc. Um ponto que vale muito destacar é que, a medida que vamos jogando com o mesmo personagem, sua habilidade vai subindo. É algo pouco comum nos beat ‘em up antigos, mas que faz todo sentido no contexto de hoje: evolução do personagem.
Por exemplo, como joguei prevalentemente com Leonardo e April, os dois, no meu save, tem mais força, golpe e pontos de vida que os demais. Isso é bem legal que estimula a explorarmos ao limite cada um dos diferentes personagens, aumentando por essas e outras, o fator replay (que via de regra em beat ‘em up são quase nulos). Parabéns por essa escolha!
Som e Imagem
Estes são pontos cruciais quando pensamos no resgate de “velhos estilos”. Afinal, as músicas eletrônicas da década de 80/90 em versões MIDI e a já referenciada pixel art, marcaram uma época e aqui não poderiam ficar de fora. Com relação à parte gráfica, podemos dar uma nota 10 com louvor para equipe de criação, visto que conseguiram remeter aos antigos gráficos, mas sem deixar de imaginar as proporções dos novos monitores e outras coisinhas, mais compatíveis com nossa atualidade.
O som do jogo , ao meu ver, confesso que ficou nos “altos e baixos”, ou seja: tiveram momentos que “ acertaram” a mão na trilha, combinado com o estilo da gameplay e da época, mas em outros momentos temos algumas músicas “genéricas demais”, o que é uma pena em função do legado dos títulos antigos. Vale destacar que, em alguns estágios, temos músicas originais que utilizam vocal e tudo… O que, para mim, foram as melhores canções do jogo. Ainda no quesito som, vale destacar que o barulho da “Porradaria”, as falas das tartarugas e etc, ficaram extremamente boas.
O multiplayer
O Multiplayer é outro fator que merece destaque nesse jogo: o simples fato de podermos reunir até seis amigos (quatro no PlayStation) para escolherem um dos sete personagens jogáveis no mesmo console, no mesmo momento, é legal demais! Me recordo que já tínhamos essa função para 4 players nos arcades/fliperamas na época, mas nos ports para videogames sempre ficávamos limitados a dois…. Então, isso foi bem legal. E, pasmem: Se não bastasse podermos jogar offline em quatro players, vale destacar que também deixaram a possibilidade de jogar online, ao mesmo tempo! Fantástico!
Valor ao que tem valor
O trabalho nesse jogo se preocupou com cada detalhe. O “recheio transbordante” de referências as fases, inimigos…deixou este jogo um “must buy”/”must play”. A sacadas foram tão boas que conseguiram ter mais um acerto bem legal: inserir vários inimigos icônicos, mas deixando os mais tradicionais como a dupla Rocksteady e BeeBop serem enfrentados por diversas vezes antes de serem derrotados…. Isso é legal que preserva a relevância dessas lendas no jogo.
Vale a pena comprar Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge?
Ao final, podemos dizer que a experiência proporcionada pela Dotemu em Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge é esplêndida: Temos nostalgia, temos novidade… Temos variedade de inimigos e temos qualidade na sua aplicação/elaboração… e temos referências… muitas referências! Eu, que nasci na década de 80, reconheci cada pedacinho das fases em outros games, episódios da série… é uma imersão também às próprias décadas de 80/90, de modo que podemos espancar, além dos vilões, TVs de tudo, fliperamas…
Ainda podemos andar de skate “à lá De Volta para o Futuro”, recolher fitas VHS como desafios…. sem contar de como é bom recarregar aquela barra de energia que estava por um fio comendo uma boa pizza (fria?), não é mesmo? Enfim, muita nostalgia envolvida. Contudo, o brilhante do game é que ele consegue ser um brinde aos antigos fãs, mas sem perder a essência de um jogo sólido para quem , da nova geração de jogadores/e consoles, procura apenas um jogo relativamente simples, divertido, imersivo e desafiador. Gowabanga!
Teenage Mutant Ninja Turtles: Shredder’s Revenge chega nesta quinta-feira, 16, para Nintendo Switch, PC, via Steam, PlayStation 4 e Xbox One, sendo retrocompatível com o PS5 e o Xbox Series X|S. Assinantes Xbox Game Pass poderão jogar no dia 1, sem nenhum custo adicional.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Dotemu.