Atari 50: The Anniversary Celebration | Review
Desenvolvido pela Digital Eclipse e publicado pela veterana Atari, a coletânea Atari 50: The Anniversary Celebration foi lançado dia 11 de novembro de 2022 para os consoles Nintendo Switch, PlayStation, Xbox e PC.
Para início de conversa, já preciso afirmar a vocês, Atari 50: The Anniversary Celebration é sem dúvidas a definição perfeita do que deveria ser uma coletânea de jogos. O game está mais para uma enciclopédia interativa do que um jogo propriamente dito e resgata cada momento do que o período conturbado que compreende o surgimento, a queda e a ascensão do que conhecemos hoje em como indústria do vídeo game.
Ficou curioso e quer explorar esse poço digital de conhecimentos comigo? Já sabe né, dá aquele pulinho na geladeira, tira a poeira daquela pizza que ficou na geladeira desde sexta e bora comigo nesse review do Pizza Fria!
Senta que lá vem história
Atari 50: The Anniversary Celebration nos leva a uma jornada por 50 anos da história dos videogames. No game, contamos com linhas temporais interativas que nos mostram histórias, curiosidades, artefatos digitais como fotos, páginas de revistas, manuais, flyers e muito, mas muito conteúdo em vídeo como entrevistas e documentários em uma experiência coesa onde além de assistir, você pode jogar e interagir.
A primeira parte da história nos introduz à origem dos arcades, lá em 1971, em um mundo dominado pelas máquinas de pinball, até que dois engenheiros, Ted Dabney e Nolan Bushnel, criaram uma empresa chamada Syzygy co., criadora do primeiro Arcade que foi chamado de Computer Space, gane que consistia basicamente em uma nave espacial que deveria atirar e escapar de projéteis inimigos em um cenário de fundo preto com pixel branco, e que posteriormente seria nomeada como é hoje mundialmente conhecida, Atari.
O nascimento do console
A segunda parte da coletânea conta a história a partir de 1977, quando a Atari lançou no mês de setembro o Vídeo Computer System, posteriormente conhecido como Atari 2600, levando toda essa experiência interativa dos Arcades para as telas das televisões. Diferente dos Arcades onde cada máquina era construída para um jogo específico, o console familiar contava com entrada para cartuchos, que eram vendidos separadamente mas continham diferentes jogos.
Isso aumentou ainda mais a popularidade dos videogames, era uma coisa até então jamais imaginada, como ter um arcade em casa, mas um com uma grande variedade de jogos e que não iria te pedir fichas a cada nova tentativa. Combat, Air Sea Battle, Surround, Adventure, Missile Command, Outlaw e muitos outros, nesse capítulo da coletânea podemos jogar, adentrar e conhecer a história de cada game, observar algumas representações em 3D das capas, manuais e artes promocionais de diversos clássicos da época.
Problemas no paraíso
O terceiro capítulo de nossa jornada nos conta os altos e baixos da indústria. A ascensão que conta com lançamento do programa Atari Club em 1982, que daria descontos e vantagens para assinantes, lançamentos de grandes games com extrema qualidade como foram os Sword Quest, que contavam até mesmo com história em quadrinho para aprofundamento da lore, ao lançamento do Atari 5200, cinco anos após o console original, que apesar de ter uma aparência mais robusta foi um fiasco, devido ao controle desastroso e ao crash do mercado no ano de 1983 que estava prestes a explodir.
Naquela época, não havia regulamentação sobre o que poderia ser lançados para a plataforma, por isso, uma imensidão de jogos mal acabados iam sendo lançados às pressas. O caso mais famoso sem dúvidas é do jogo inspirado no filme E.T. que acabou se tornando o maior fracasso da época, acusado inclusive de ser o responsável pelo crash dos vídeo games.
Em setembro de 1983, a Atari descartou várias toneladas de games que não foram vendidos em um aterro sanitário em Alamogordo, Novo México. Esse dia considerado o marco para o crash dos videogames em 1983.
A geração dos computadores
Enquanto o mercado de videogames entrou em colapso em meados da década de 1980, o negócio de computadores domésticos prosperou. E a Atari desempenhou um papel importante em trazer os computadores para as residências. O quarto capítulo da enciclopédia aborda essa parte da história, quando a partir da década de 1970, o computador pessoal começou a conquistar cada vez mais seu lugar nos lares familiares. E para milhões desses novos proprietários de computadores, o nome escrito na caixa era familiar: Atari.
Em 1979, a Atari lançou o Atari 400, computador pessoal que custava $499 dólares, sua principal característica era seu teclado de membrana monopainel, que era mais barato e poderia resistir melhor caso algum líquido caísse sobre ele, mas que porém, tornava a tarefa de digitação bastante trabalhosa.
O preço baixo do Atari 400 rendeu-lhe o dobro das vendas do também lançado em 1979, o poderoso Atari 800, que vinha com um teclado bastante superior ao do 400, segunda entrada para cartuchos, saída para TV e a capacidade expandir a memória RAM através de memórias vendidas separadamente.
Enquanto a equipe de marketing dos computadores Atari tirava ênfase dos jogos em favor das aplicações mais sérias, era fato que os Atari 400 e 800 eram máquinas poderosas para jogos. Um grande exemplo foi o jogo exclusivo e considerado aplicativo matador, ou seja, game que faria as pessoas comprarem os computadores da Atari, assim como God Of War faz comprarem Playstation hoje em dia, Star Raiders, com um estrondoso sucesso de vendas.
A jornada da Atari com os computadores pessoais teve início, como já dito, em 1979 com Atari 400 e 800 e seu último computador pessoal foi o Atari Falcon em 1992, com processador de 32-bit, produzido por apenas 1 ano e hoje, considerado item de luxo na estante de colecionadores.
A década de 90 e além
No fim das contas, o domínio do PC compatível da IBM significou a saída da Atari no mercado de computadores bem no início dos anos 90. Porém, quando a indústria de jogos voltou, a Atari também volta com tudo, trazendo com ela novos jogos para estender a vida útil do Atari 2600, assim como uma poderosa dupla de felinos, os novos consoles, Atari Lynx e Jaguar.
O Atari Lynx, referido em propagandas como matador do Game Boy, foi lançado em 1989 com preço sugerido de $179.99, o primeiro portátil da Atari possuía uma tela em LCD colorida e foi projetado para que jogadores possam optar por virá-lo e jogar com botões à esquerda e o direcional à direita.
Em 1991, quando as vendas do Lynx não iam tão bem quanto o esperado, uma versão redesenhada do portátil foi lançada. Além de ser menor, o game que vinha incluso foi removido do pacote e o cabo de força também, esse novo Lynx teve como valor base $99.99.
E foi no dia 23 de novembro de 1993, que o poderoso console de 64-bit da Atari foi lançado. Atari Jaguar com sua propaganda de marketing tão afiada quanto as garras do felino, era uma tentativa de ultrapassar as máquinhas de 32-bits recém lançadas e seu preço sugerido foi $249.99.
O console de mesa original utilizava como mídia os cartuchos, ao invés de CD-ROMs e somente em Setembro de 1995, após inúmeros atrasos o Jaguar CD foi lançado no valor de $149.99. No início do ano de 1996, apenas um ano após o lançamento de Jaguar CD, a Atari que estava com mais de 100.000 unidades não vendidas em seus depósitos, resolveu cancelar a fabricação do Jaguar, dando fim ao ciclo do console e saindo do mercado de games.
A empresa se fundiu com um fabricante de discos rígidos chamado JTS no final daquele ano e vendeu seu estoque para um liquidante, encerrando os negócio games da Atari.
Atentos em cada detalhe
A Digital Eclipse não poupou esforços para nos trazer a melhor coletânea já feita e os desenvolvedores foram atentos a cada detalhe dessa enciclopédia digital de respeito, e isso tanto na linha do tempo com suas citações, vídeos e fotos, quanto nos jogos, as novas funcionalidades, fazendo com que os clássicos sejam mais convidativos a novos jogadores.
Para início de conversa, você pode salvar qualquer jogo na hora que quiser pressionando o botão menos e indo em Save Game, e para carregar o jogo em que parou, basta ir no Load Game. Sim, cada jogo da coletânea possui Save State e isso faz com que novos jogadores não tão acostumado com as dificuldades de jogos antigos, desista de terminar a aventura.
Além disso, é possível modificar o tamanho da tela que varia entre original, cheia ou wide, é possível habilitar um filtro para simular uma tela de TV CRT, as famosas TVs de tubo, para caso você seja mais jovem e nos games do Atari 400 e 800 podemos ligar ou desligar o overclock.
Os controles de cada um dos jogos podem ser personalizados no menu também, e por fim, a cereja do bolo, é que todos os games possuem seus manuais de instrução originais. Confesso que passei umas boas horas parando para ver os detalhes de cada um deles e cheguei à conclusão de que uma empresa que mistura Ninjas e Golfe no mesmo jogo, merece total respeito.
Nem só de clássicos a coletânea vive
Além dessa vasta seleção com mais de 100 games que abrangem jogos de sete diferentes plataformas, a coletânea conta com sete jogos totalmente novos e inspirados nos clássicos, incluindo uma quarta edição da clássico franquia Swordquest.
- Haunted Houses é um horror de sobrevivência onde até dois jogadores podem explorar Haunted Houses é um horror de sobrevivência onde até dois jogadores podem explorar múltiplos ambientes, munidos de dispositivos para ajudar a encontrar os pedaços de uma urna funerária.
- Neo Breakout, essa nova versão do clássico BreakOut inclui a versão já conhecida do game e um diferente modo de jogo, uma espécie de cabo de guerra competitivo extremamente divertido que pode ser jogado entre dois jogadores ou contra a CPU.
- Quadratank a Digital Eclipse voltou às origens do combat com esta releitura de Tank para quatro jogadores. O game pode ser jogado de modo indivíduo ou em equipe e pode escolher entre armas, arenas, terreno e modos de jogo, incluindo o famoso capturar a bandeira.
- Swordquest: AirWorld, O lendário quarto jogo de ação e aventura da série Swordquest não é mais um mito. Baseado nos conceitos de design do criador da série Tod Frye, os jogadores exploram um mundo intrigante baseado no I Ching em sua busca pela iluminação. Monte seu corcel alado e voe rumo ao desconhecido, aventureiro, os mistérios do AirWorld o aguardam…
- Touch Me, A versão do Atari Touch Me original apareceu em 1974 e foi uma espécie de siga o líder mas apenas por áudio. Ralph Baer pegou essa ideia, adicionando botões coloridos e mais sons musicais, para seu jogo portátil, Simon de 1978. A Atari incorporou as melhorias de Baer em sua própria versão portátil do Touch Me, que foi reproduzida digitalmente nessa coletânea.
- VCTR-SCTR, game inspirado pelos famosos Asteroids, Lunar Lander e Tempest. Um jogo de tiro muito divertido no estilo twin-stick shooter, ou seja, com um direcional movimentamos a nave e o outro atira, que homenageia o legado dos fliperamas da Atari.
- Yar’s Revenge Enhanced, é o clássico Yar’s Revenge com a mesma qualidade de gameplay, porém, com gráficos e sons lindos e totalmente atualizados para os consoles atuais.
Vale a pena jogar Atari 50: The Anniversary Celebration?
Sem dúvidas Atari 50: The Anniversary Celebration é um prato cheio na mão de cada jogador e entusiasta no mundo dos vídeo games. É também uma divertidíssima forma de relembrar os clássicos e trazer aos mais jovens conhecimento sobre a origem dos consoles de mesa.
É uma coletânea feita com tanto carinho que deixa no chinelo qualquer outra que eu já tenha visto e espero que essa seja o novo lastro para jogos deste tipo. Minha única ressalva e extrema tristeza é que infelizmente o game não está localizado em Português do Brasil. Sim meus amigos, infelizmente se você não tiver uma boa noção do inglês, francês, italiano, alemão, espanhol ou japonês, você não vai conseguir aproveitar 80% do que o jogo tem a oferecer.
Atari 50: The Anniversary Celebration foi lançado dia 11 de novembro de 2022 e está sendo vendido na Nintendo eShop por R$207,02 para o Nintendo Switch, na PlayStation Store por R$199,50 para os consoles Playstation 4 e 5, na Xbox Store por R$159,95 para o Xbox e no PC, via Steam, por R$75,49.
*Review elaborada no Nintendo Switch, com código fornecido pela Atari.