Scars Above | Review
Scars Above é um jogo de ação e aventura em terceira pessoa, que chega nesta terça-feira, 28, para Xbox, PlayStation e PC. O título está no meu radar desde que foi oficialmente revelado, em junho de 2021, durante o evento que apresentou a Prime Matter como uma nova publisher, já que apresentava uma premissa interessante: sobreviver em um planeta alienígena que tenta te matar à todo custo.
O lançamento do jogo enfim se aproxima e pude testar o jogo completo nos últimos dias, terminando a história e, honestamente, quase conquistando a platina. Mas isso pouca importa, porque o que isso nos diz, de imediato, é que eu gostei de Scars Above, e trarei todos os detalhes a partir de agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!
Um mundo que quer te matar
Ao começar Scars Above, somos apresentados aos personagens centrais do jogo. Além da nossa protagonista Kate, conhecemos também outros personagens da tripulação da Hermes, uma nave cuja tripulação foi designada a fazer contato com um estranho objeto, chamado de Metaedro, que se aproximou da Terra, e ficou por meses aguardando o contato humano. O nome Scar, inclusive, é o dado à tripulação.
Os primeiros momentos do jogo funcionam como um tutorial, embora alguns só fazemos ali mesmo – como montar uma arma. Aprendemos a mirar, a controlar Kate, conhecemos Tamara, Mike e Richard, os outros tripulantes da nossa nave, até que, no momento do contato, algo acontece e a próxima coisa que vemos é nossa protagonista acordando em outro planeta.
O misterioso lugar é hostil e Kate rapidamente percebe que será preciso sobreviver. Felizmente, para ela, alguns pedaços da nave estão perto de onde nossa heroína está, e encontramos a arma que montamos, o que é mais do que necessário para tentar sobreviver por ali. A partir daí, começa nossa jornada por uma sobrevivência em um mundo bem hostil, onde o mais simples dos inimigos pode ser fatal – se você errar a estratégia.
A história de Scars Above se desenvolve em pouco mais de oito horas, tempo que levei para concluir. Talvez, se você for mais habilidoso que eu, termine mais rápido. Mas a história é um dos pontos chaves do jogo e, embora não seja algo memorável, casa bem com a proposta do game, traz soluções interessantes para o que o jogo nos apresenta, e até uma reviravolta bem interessante na reta final. Sem spoilers, mas cuidado com inteligências artificiais!
Um gameplay desafiador
Apesar do começo de Scars Above, quando ainda estamos na nave, nos oferecer alguns tutoriais, é quando chegamos ao planeta desconhecido que as coisas começam a esquentar. Kate vai enfrentar criaturas hostis, que não vão medir esforço para derrotar nossa protagonista. Fora isso, muitas dessas criaturas contam com ataques que impõe condições que afetam a barra de vida da personagem, como Toxicidade, ou mesmo o ambiente, que pode congelar a personagem e levá-la a morte.
Por falar em morte, a comparação de Scars Above com Returnal é inevitável. Apesar de terem propostas bem diferentes, já que o título da Housemarque é um roguelike, ambos os jogos compartilham similaridades, como uma protagonista mulher tentando sobreviver em um mundo alienígena hostil que tenta te matar à todo instante, e o fato de que algo no planeta não as deixam morrer.
Sim, você vai falhar e “morrer” várias vezes em Scars Above, mas a morte não significa o fim da história, ou a mudança geral do cenário, como em Returnal. Kate retorna ao pilar mais próximo que ela ativou – que por vezes pode ser distante, é verdade, recuperando energia e munição, mas revivendo todos os inimigos derrotados naquela região. É legal que isso foi bem introduzido no jogo, inclusive como um elemento narrativo, e é possível usar os pilares mesmo sem morrer, arcando com as consequências que citei. Não vou dar mais explicações para preservar a experiência de vocês, mas é um fator interessante para o game.
Além disso, é importante citar que os inimigos de Scars Above, apesar de serem “reciclados” em boa parte do jogo, concentram fraquezas e virtudes, e os jogadores podem usar o ambiente para melhor explorar isso. Ao enfrentar inimigos na chuva, por exemplo, usar uma arma de choque é efetivo, mas congelá-los é bem mais fácil. Em ambientes de nevasca e água, por exemplo, atrair um inimigo para uma região molhada e, depois congelá-lo é um hit kill, e pode te poupar muito tempo contra aqueles mais fortes.
Dito isso, Scars Above conta com quatro tipos essenciais de arma: elétrica, fogo, gelo e tóxica. Abastecer essas armas, uma vez desbloqueado, depende de explorar e encontrar recursos naturais que o planeta te oferece. Cada arma é voltada para enfrentar diferentes tipos de inimigos, e com aplicações que cabe ao jogador escolher como fazer. Até mesmo as boss battles são integradas nesse sistema – e eu destaco especialmente dois deles: o Constructo e o Neuroparasita, ambos com batalhas bem intrigantes, em que o uso e troca de armas é fundamental.
Além dos tipos de arma, Kate conta com dispositivos, que desenvolve ao longo da história, e uma árvore de habilidades – cuja progressão é um pouco falha. No começo do jogo, quase não encontramos o que o jogo chama de Conhecimento, um item necessário para melhorarmos a protagonista. Já do capítulo 4 em diante, há uma “infinidade” de opções, fazendo a progressão melhorar consideravelmente, dando mais opções para “tankar” os inimigos. No começo, inclusive, recomendo fortemente apenas tentar sobreviver, pois a jornada é um pouco complicada e derrotar inimigos não garante XP.
Kate também consegue melhorar suas armas, seus dispositivos, além de fabricar consumíveis, que vão desde aumentar uma carga de vida, até recursos interessantes de gameplay, como congelar o tempo, diminuir a gravidade, incendiar uma região ou criar um escudo para se defender. Deu pra ver que o gameplay é bem variado, e oferece diferentes opções para os jogadores.
Por fim, também é importante ressaltar que Scars Above conta com três tipos diferentes de dificuldade, que podem ser ajustados a qualquer momento do jogo, além de assistência de mira, que pode ser desligado, leve ou forte. Só isso já pode ser uma mão na roda para quem se sentir desafiado demais, e quiser deixar o jogo mais leve, ou mesmo para aumentar a dificuldade ao extremo, para quem achar que o jogo não é suficientemente desafiador.
Audiovisual que peca um pouco
Scars Above foi desenvolvido na Unreal Engine 4, e chega tanto para a geração passada, quanto à nova geração de consoles. O meu teste foi realizado no PlayStation 5 e, apesar de eu ter gostado do que vi, senti que faltaram opções para os jogadores em configurar o jogo da melhor forma que quiserem. Isso porque o game não traz nenhuma opção de configuração gráfica.
Ao jogar Scars Above no PS5, o jogo aparenta rodar na maior parte do tempo em 60 FPS, com algumas quedas em momentos de transição – nada que atrapalhe muito, é verdade. Mas as únicas opções gráficas que temos é uma correção de gama. Não há HDR, não há modo gráfico ou desempenho… Nada do que a geração nos acostumou. Não que Scars Above seja um jogo feito, longe disso. As cutscenes são bem feitas, há sincronia labial para a dublagem em inglês e o cenário é muito bem construído. Mas ainda há alguns serrilhados, em especial nas cenas, o que me passa a sensação de que o jogo precisava de um tempo a mais para polimento.
Por outro lado, o trabalho sonoro do jogo é impecável. A dublagem em inglês é de alto nível, a localização das legendas em português também funciona muito bem. Mas o jogo realmente brilha é nos recursos sonoros, como Áudio 3D (jogando com o PULSE), que consegue nos indicar claramente a posição de um inimigo que surge de surpresa. Eu fiquei realmente impressionado em como Scars Above implementou bem o recurso. É importante ressaltar que o DualSense também é responsável por emitir alguns sons no jogo, mas eu optei por migrar todo o áudio para o headset.
Vale a pena comprar Scars Above?
Scars Above é uma das gratas surpresas deste começo de 2023. Apesar de ser um jogo claramente com um orçamento que não permitiu muitas extrapolias dos desenvolvedores, o título cumpre bem a sua proposta e entrega uma obra sólida, com narrativa e gameplays convincentes, além de um ótimo trabalho sonoro. É um game facilmente recomendado para fãs de jogos sci-fi e shooters em terceira pessoa. O game chega hoje para Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4, PlayStation 5 e PC, via Steam.
*Review elaborada no PlayStation 5, com código fornecido pela Prime Matter.