Alan Wake 2 | Review

Alan Wake 2 foi anunciado há quase dois anos, no The Game Awards de 2021. E só ressurgiu em maio deste ano, quando apareceu no PlayStation Showcase, anunciando sua data de lançamento para outubro deste ano. Com um calendário repleto de outros AAA, como Super Mario Bros. Wonder, Sonic Superstars e Marvel’s Spider-Man 2, que chegariam na mesma semana que o game da Remedy Entertainment, a desenvolvedora optou por adiar a obra em dez dias. Com isso, o título chega na próxima sexta-feira, 27, para PlayStation 5, PC, via Epic Games Store, e Xbox Series X|S.

Trazendo dois personagens jogáveis, e continuando a saga de terror psicológico iniciada em 2010, quando foi lançado o primeiro game, Alan Wake 2 também traz conexões com Control, jogo da própria Remedy lançado em 2019, em especial com a DLC AWE, onde o nosso escritor favorito dos games apareceu por último. E se você quer saber o que esperar dessa nova aventura, veio ao lugar certo. Eu te conto tudo sobre Alan Wake 2 agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!

Uma sequência, mas até “independente”

Alan Wake 2 se passa exatamente 13 anos após os eventos do primeiro jogo. Alan Wake continua desaparecido no Lugar Obscuro, o nome oficial que o Dark Place ganhou em sua tradução para o português do Brasil. O Lugar Obscuro, para quem não está familiarizado com a lore da franquia, é uma dimensão paralela onde, resumidamente, as sombras dominam e histórias ganham vida.

No novo jogo, começamos controlando Saga Anderson, uma agente do FBI que vai para Bright Falls investigar uma série de assassinatos, possivelmente ligado à uma seita. Ela está acompanhada do agente do FBI Alex Casey (qualquer semelhança com o nome, não é mera coincidência), interpretado pelo popular diretor do jogo, Sam Lake. Ao chegar na pequena cidade, a dupla descobre que a última vítima deste crime é Robert Nightingale, um agente do FBI que desapareceu durante eventos do primeiro jogo.

Alan Wake 2
Saga Anderson é a primeira personagem que controlamos em Alan Wake 2 (Imagem: Divulgação)

Se você jogou o primeiro Alan Wake, provavelmente se lembra de alguns dos nomes que citei acima. Se não se lembra, tudo bem. Mesmo sem o jogo oferecer uma recapitulação de uma obra lançada em 2010, alguns elementos inseridos dentro da própria narrativa vão nos lembrando do que aconteceu, o que também ajuda o jogo a funcionar de uma forma independente. A questão é que Alan Wake 2 apresenta uma história que, de certa forma, explora o mesmo caminho de outras da Remedy Entertainment. Há referências para Control e Quantum Break, por exemplo, além de, claro, do primeiro jogo.

E eu digo isso para o bem ou para o mal. Ao mesmo tempo em que muitos vão considerar a história genial, outros podem achá-la um tanto confusa, principalmente por envolver mais de um game em seu panorama geral. Assim como disse em minha review de Control, apesar de achar os elementos narrativos sensacionais, boa parte deles acabam ficando “escondidos” aos jogadores mais exploradores, o que é uma pena.

Alan Wake 2
Alan começa o game preso no Lugar Obscuro, o Dark Place (Imagem: Divulgação)

Um gameplay que é familiar, mas inovador

Alan Wake 2 é um jogo de ação em terceira pessoa, misturado com terror psicológico. No game, temos dois itens principais, que devem ser combinados sempre que atacamos: a lanterna e sua arma. Isso porque o combate, que é uma das partes mais impactantes do game, segue sendo baseado em um sistema de luz e sombra, onde os inimigos são vulneráveis à luz e se escondem na escuridão.

Assim, o jogador deve usar sua lanterna para iluminar os inimigos e enfraquecê-los, antes de disparar sua arma para eliminá-los. O jogo também conta com elementos de furtividade, disponíveis após algumas horas de jogo. Isso porque, para quem não está familiarizado com a franquia, nos escondemos dos inimigos nas luzes, afinal, eles que estão nos locais mais escuros.

Alan Wake 2
A lanterna é um importante aliado no gameplay (Imagem: Divulgação)

Essas luzes são o que o jogo chama de Refúgio, e serão aliados fortíssimos para o jogador ao longo da campanha, pois ela oferece cura para ferimentos críticos, além de não deixar o inimigo te alcançar, enquanto estiver dentro dela. Há ainda Salas de Descanso, locais usados para salvar o progresso, gerenciar itens e alterar entre as histórias de Saga Anderson e Alan Wake, uma vez desbloqueadas. Até Ahti, de Control, dá às caras, novamente.

De uma forma geral, o combate em Alan Wake 2 melhorou bastante, inclusive as boss battles. Há esquivas que funcionam melhor, quebra dos Escudos para expor Pontos de Origem, além de atalhos rápidos que auxiliam o jogador a usar algum consumível, seja para cura ou troca de baterias da lanterna. Ainda é possível aprimorar as armas obtidas (a maioria escondidas pelo mapa).

Alan Wake 2
Alguns inimigos em Alan Wake 2 só se tornam visíveis após o uso da lanterna sobre eles (Imagem: Divulgação)

No entanto, um dos principais destaques do jogo foi a chegada do Quadro de Casos, para Saga Anderson, e do Quadro de Enredo, para Alan Wake. Através deles, os personagens entram em um ambiente (não seguro, se você estiver em combate), permitindo que o jogador decifre e resolva crimes, no caso da agente do FBI, ou que atue quase como escritor junto à Alan, permitindo sua saída do Lugar Obscuro.

Funciona da seguinte forma: no Quadro de Casos, temos que conversar com pessoas e explorar o ambiente para juntar pistas para, em seguida, inseri-las na pergunta correta, nos deixando mais perto de solucionar o caso em questão. Uma vez resolvido, ainda podemos juntar perfis de personagens para “pensar” como eles e, assim, e chegar às conclusões dos crimes. Já com Alan, usamos essas pistas para “reescrever” a realidade, alterando Cenas do jogo e os acontecimentos da história.

Alan Wake 2
Ah, mas eu vou escrever, sim! (Imagem: Divulgação)

Tudo isso só é possível porque, após alcançarmos certa parte do jogo, podemos alternar entre as histórias de Alan Wake e Sara Anderson. Não só é possível fazer essa transição, como podemos jogá-las praticamente na ordem que quisermos. Essa transição pode ser feita somente na Sala de Descanso do Faxineiro (alô, Ahti!), interagindo com um balde e uma sujeira preta próxima à ele.

Soma-se à isso o fato de que temos mais puzzles ambientais, uma câmera sobre o ombro dos personagens e um inventário para ser gerenciado, ao melhor estilo Resident Evil. Com isso, a conclusão que tiramos é que o jogo se aproxima muito mais de um terror de sobrevivência do que um terror psicológico. O que, particularmente, fez muito bem às mecânicas de gameplay. Mas se isso te assustou, não se preocupe. Alan Wake 2 pode ser jogado em três modos de dificuldade, incluindo um sem grandes desafios de combate.

Alan Wake 2
A câmera de Alan Wake 2 lembra os remakes dos Resident Evil clássicos (Imagem: Divulgação)

Um jogo ou um filme?

Alan Wake 2 certamente tem um dos gráficos mais impressionantes da geração atual. Seja no detalhe dos personagens ou na construção do mundo, tudo é incrivelmente bem feito quanto à isso. Fora que o título traz algumas mecânicas bem interessantes de mudança de perspectiva, passando para cenas em live-action. O visual é tão incrível que você precisa de alguns segundos para entender.

Seja em ambientes abertos, como a floresta no entorno do Cauldron Lake, ou locais fechados, tudo é muito bem construído em Alan Wake 2. Na luta do primeiro chefe, por exemplo, quando estamos na Justaposição, o espaço entre o Lugar Obscuro e a realidade, há uma sensação de perseguição enorme por uma floresta, que parece encolher a cada passo na direção contrária que você dá durante essa batalha. É incrível.

Alan Wake 2
Acredite se quiser: in-game, é tudo muito bonito e bem construído. (Imagem: Divulgação)

Na parte sonora, a ambientação também é de alto nível. Potencializado pelo Audio 3D, em headsets compatíveis, as batalhas e a imersão no mundo de Alan Wake 2 ficam ainda melhores, pois conseguimos através da audição nos antecipar à alguns movimentos de inimigos e agir de acordo com o que a situação exige. É óbvio que leva-se um tempo para se acostumar, mas é um recurso muito útil que foi implementado. Destaco aqui também os recursos do DualSense, como o feedback háptico e o touchpad, que foram utilizados para aumentar a imersão do jogador, ao menos na versão de PlayStation 5.

Há também a clássica opção de gráficos em modo qualidade e desempenho, onde podemos escolher em manter uma fidelidade visual maior, ou atingir uma taxa de quadros mais fluída. Particularmente, eu prefiro sempre jogar em modo desempenho, mas os testes no modo qualidade não me passaram uma sensação de jogo “travado”, como é comum em títulos com 30 FPS. Também é importante ressaltar que o jogo traz loadings muito rápidos.

Alan Wake 2
A região do Cauldron Lake é extremamente detalhada e bonita (Imagem: Divulgação)

No entanto, nem tudo são flores. Alan Wake 2 chega com diversas opções de idiomas de textos, e quis o destino que justamente o português do Brasil apresentasse problemas. No começo, não houve sincronia e eu cheguei a acreditar que seria um problema específico do começo do jogo. Mas, ao avançar, a situação por vezes retornava, até que em uma das cenas em live-action, um trecho da legenda apareceu inteiro na página.

É importante ressaltar que isso não aconteceu quando mudei o idioma do jogo para o inglês. Logo, se esse erro não for corrigido até o lançamento, minha sugestão é que, aqueles que dominam a língua da terra do tio Sam, joguem com a localização por lá. Para registro: não há dublagem em português.

Alan Wake 2
O ápice do bug das legendas foi quando o texto completo apareceu assim (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Alan Wake 2?

Alan Wake 2 apresenta uma combinação interessante entre um visual de alta qualidade, narrativa envolvente, embora complexa e ramificada, com mecânicas de gameplay inovadoras. Seu combate melhorado e os Quadros de Casos e Enredo são características que trazem profundidade ao gameplay. O jogo também aproveita o poder da geração atual, proporcionando uma experiência audiovisual imersiva, especialmente com o Audio 3D e as características do DualSense no PlayStation 5. No entanto, há um problema a ser notado como questões de sincronização das legendas em português do Brasil, que podem impactar jogadores do nosso país que não dominam outro idioma.

Se esse não for o seu caso, e considerando a qualidade evidente do título, para quem é fã de jogos de terror, narrativas complexas e experiências imersivas, Alan Wake 2 torna-se um título obrigatório. Caso contrário, vale esperar alguns dias para que saia um patch de correção e traga uma correção para o português antes de se comprometer com a compra.

Alan Wake 2 é uma experiência para um jogador e será lançado no dia 27 de outubro para PlayStation 5, Xbox Series X|SPC, via Epic Games Store

*Review elaborada no PlayStation 5, com código fornecido pela Epic Games.

Alan Wake 2

R$ 225
8.8

HIstória

8.5/10

Gráficos e Sons

9.5/10

Gameplay

9.0/10

Extras

8.0/10

Prós

  • Narrativa envolvente que conecta com outros títulos da desenvolvedora
  • Gráficos de ponta e ambientação sonora imersiva.
  • Introdução de novos elementos de gameplay, como Quadro de Casos e Quadro de Enredo
  • Otimização para aproveitar os recursos do PS5

Contras

  • A história pode ser confusa para alguns, especialmente com a integração de elementos de outros jogos
  • Problemas com a sincronização das legendas em português do Brasil

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.