ANTONBLAST | Review
Antonblast ganhou minha atenção assim que apareceu na transmissão Indie World Showcase da Nintendo num trailer que mostrava um jogo de plataforma rápido e explosivo com visuais que pareciam ter saído de um Gameboy Advance.
Bastava esperar para saber como seria o jogo pronto, desenvolvido e publicado pela Summitsphere, após quase dois anos do início da campanha de financiamento! Pois é hora de descobrir, já que Antonblast chega neste 3 de dezembro de 2024 para Nintendo Switch e PC, via Steam. Eu tive a oportunidade de jogar no computador antecipadamente para esta análise no Pizza Fria e… o game não era bem o que eu imaginava…
História e estilo
À primeira vista, pelo menos a minha, achei que ANTONBLAST seria similar ao espetacular Pizza Tower – um título de plataforma pouco convencional, herança dos esquecidos Wario Land da vida: Dynamite Anton, o corpulento e avermelhado personagem principal, corre feito louco pelo cenário para recolher dinheiro e, se conseguir, encontrar quatro itens muito secretos.
Estes itens nada mais são do que bebidas especiais que passarinho não bebe. Aliás, vale contextualizar que a história mais parece um episódio de A Vaca e o Frango e é mais ou menos assim:
No melhor estilo “Branca de Neve”, o Satanás indaga ao espelho mágico se “há alguém no mundo mais vermelho” que ele. Uma pergunta cuja resposta é sim, Anton com sua pele pimentão maduro é a pessoa mais corada.
O surto de inveja fez o capiroto fazer o que qualquer um faria, ou seja, roubar o estoque alcoólico do protagonista e o espalhá-lo por 12 fases alucinantemente malucas. Rapidinho descobrimos que as bebidas e licores já haviam sido roubados pelo próprio Anton e sua colega de trabalho Annie – quem fala isso é o dono do bar (e lojinha de power-ups) assim que terminamos a primeira fase.
Jogabilidade
Talvez fosse minha expectativa gerada, mas, no começo, não senti ANTONBLAST remotamente similar a qualquer Wario Land. Esse desconforto veio principalmente da dificuldade imposta pelos controles e pela velocidade dos personagens – os jogadores escolhem entre Anton e Annie, cujas diferenças são meramente estéticas.
E foi mesmo minha expectativa a causadora de uma barreira inicial, já que depois de fechar ANTONBLAST por uma horinha tamanha a frustração, voltei um pouco mais determinado a entender suas mecânicas como algo próprio.
Não se engane: o desafio é muito alto. Anton e Annie correm para a direita demolindo tudo e todos pelo caminho, e suas habilidades devem ser usadas conservando a aceleração e energia já acumulados para assim conseguir saltar longas distâncias, obliterar inimigos e alcançar os espaços com itens secretos.
Visitamos e revisitamos cada nível com a premissa de colocar explosivos, encontrar as bebidas e, assim que a contagem regressiva começar, devemos voltar tooooodo o caminho até a saída antes que o tempo acabe, uma sequência sugestivamente chamada de “Happy Hour”.
Apesar de termos dois protagonistas, ANTONBLAST é feito para apenas um jogador. Por falar neles, Anton e Annie correm quando mantemos um botão pressionado, com outro ele dá uma martelada e também mergulha destemidamente contra o chão. A ideia de conservar energia requer precisão do jogador, que terá seus reflexos testados contra inimigos, caixas explosivas e longos trechos de plataformas.
Os inimigos são tão diversos quanto seus truques: basta atropelar as toupeiras enquanto ataca, mas é obrigatório desacelerar e esperar a eletricidade das enguias invencíveis se dissipar pela água. No hub entre fases, Anton e Annie enfrentam batalhas pontuais contra chefes, os comandantes das criaturas do Satanás.
Essas lutas também são diversificadas e colocam à prova o domínio dos controles pelo jogador. Por exemplo, a primeira luta acontece contra Brawlbuster literalmente num ringue de boxe – é nela que trocamos a correria de uma fase pelo entendimento de saltos precisos para desviar constantemente do ser gigantesco, buscando aproveitar brevíssimas janelas de oportunidade para atacá-lo. Se você for da época, me lembrou muito de Bugs Bunny Rabbit Rampage do Super Nintendo.
Aliás, a sensação é essa mesmo: jogar aqueles games brutalmente impossíveis do Nintendinho, Super Nintendo ou Mega Drive. Superar as 12 fases e ainda por cima encontrar todas as bebidas vai demorar um pouquinho – sim, reconheço que sou ruim demais pro gênero – assim, para dominar e superar tudo, serão pelo menos 10 horas com um enorme fator replay.
O melhor de tudo é que ANTONBLAST traz surpresas para aproveitar suas mecânicas, como os animais parceiros que encontramos por aí, ao estilo dos animais de Donkey Kong Country. Se você achou Anton e Annie rápidos… Pequenos trechos com os companheiros animais imprimem ainda mais velocidade.
Outras habilidades aparecem em contextos específicos, como o tornado de três segundos: ao passar pelo tornado, apertamos repetidamente o botão de correr para girar e acelerar o máximo possível e assim cruzar precipícios ainda maiores do que aqueles que conhecíamos. Isso não acontece, porém, sem contrapartida, já que os personagens rebatem como piões das paredes enquanto os perigos continuam ao redor.
Para dar uma colher de chá, no hub está a loja depredada por Anton antes de ter suas bebidas roubadas. Lá, o barman vende cosméticos e, entre outras coisas, itens para facilitar sua travessia, como o acompanhante pet que recolhe moedas e fichas.
Visuais e sons
Certamente, o estilo artístico de ANTONBLAST é um trunfo dos criadores, pois toda porta apresenta uma fase visualmente distinta. Uma brinca com cenários urbanos e seus grafites, outra traz o alto de montanhas mesoamericanas. O estilão pixelizado com cores brilhantes é algo que só consigo definir como “internet ugly encontra o Windows 3.11 com a velocidade de 2024”. Assim, a animação trepidante e ilustrada quadro a quadro é o ponto forte.
A trilha sonora acompanha os visuais e o ritmo doido da jogabilidade: agitada e meio retrô, ela não deixa a peteca cair. Apesar da repetição algo desgastante dos efeitos sonoros com o tempo, dá pra dizer que o time da Spheresummit conseguiu unir sons e visuais no game coerente e alucinante que é um ANTONBLAST.
Vale a pena jogar ANTONBLAST?
Eu esperava algo como Wario e encontrei um título com um ritmo diferente, que me exigiu uma coordenação diferente. Como nunca tive um Mega, joguei pouco Sonic, mas acredito que seja esse um dos melhores paralelos.
Me frustrei muito mesmo nas primeiras duas horas, parei e voltei mais determinado para continuar. Foi então, ao aceitar que ANTONBLAST tinha personalidade própria, que consegui progredir e me divertir. No fim do dia, a insanidade inicial do game é algo que precisei destilar e entender, para só assim aquele caos todo fosse se desembolando e tomando forma.
ANTONBLAST é um título de plataforma com alta octanagem (etílica), pronto para desafiar jogadores e que, ao mesmo tempo, conta uma direção artística peculiar e muito acertada. Tive em mãos a mistura perfeita do que seria um jogo perfeito do Cartoon Network nos anos 90.
A duração, óbvio, fica dependente da habilidade de quem estiver no controle. Contudo, ANTONBLAST oferece um pouco mais ao revisitar fases: modos arcade ou contra o cronômetro; tome seu tempo ou acelere mais ainda.
Na dúvida? Aproveite a versão demo disponível tanto na eShop do Nintendo Switch quanto na Steam.
*Review elaborada em um PC equipado com GeForce RTX, com código fornecido pela Summitsphere.