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Apsulov: End of Gods| Review

Apsulov: End of Gods apresenta uma premissa curiosa e intrigante. A proposta do título é entregar uma narrativa de terror futurista e ao mesmo tempo incluir elementos da mitologia nórdica na história. Logo que vi está ideia, fiquei curioso em como os desenvolvedores abordariam temas até então distintos. Além disso, executar a junção de dois temas tão ricos e interessantes, parece ser a receita do sucesso se for feito da maneira correta. Assim sendo, hora de adentrarmos esta curiosa narrativa e vermos se ela realmente alcança o potencial prometido.

O game foi desenvolvido pela Angry Demon Studio e foi lançado no dia 2 de setembro para Nintendo Switch, no dia 17 do mesmo mês para Xbox One e Xbox Series X|S. Além disso, o título ganhou versões para PlayStation 4, PlayStation 5 neste mês, e já estava disponível para PC, via Steam, desde 2019.

Um começo misterioso

Apsulov: End of Gods começa com a protagonista acordando em uma estranha maca no meio de uma caverna. Ela está sendo analisada por uma estranha presença tecnológica que faz uma série de observações sobre o estado da personagem. Depois de um tempo, somos liberados para nos levantarmos e observar ao redor. Vemos então alguns rostos em estatuas e símbolos misteriosos em cada uma delas. Cada um destes símbolos representa um dos deuses antigos. Portanto, somos comandados pela presença na sala a escolher um destes deuses.

Apsulov: End of Gods
O começo de Apsulov: End of Gods faz um bom trabalho em estabelecer um mistério (Imagem: Divulgação)

Independente da escolha que o jogador fizer, seremos reprovados neste “teste” e a maquina na sala ficará furiosa e deixará o local. Neste momento, uma estranha voz irá entrar em contato e dizer que devemos achar uma forma de escapar daquele lugar imediatamente. Assim sendo, a protagonista descobre que possui uma espécie de visão especial, que permite que ela veja objetos com mais destaque e até mesmo símbolos escondidos. Encontramos uma forma de escapar pela tubulação e avançamos para uma próxima sala.

O laboratório de pesquisa

Após escaparmos do local inicial, descobrimos que estamos em um grande laboratório de pesquisa. A misteriosa voz se identifica como sendo um dos cientistas da localidade, e informa que irá nos guiar para a saída daquele aterrorizante ambiente. Devemos usar nossa visão para encontrar símbolos escondidos para usar nas portas fechadas, nos esconder de algumas criaturas que estão rondando o local e encontrar uma forma de sair.

Inicialmente, pode parecer confuso a forma de progressão pelos cenários. Pois, eles são muito similares e pouco intuitivos. Entretanto, depois de um tempo fica mais simples entender o caminho que deve ser seguido. Minha dica é sempre fazer o uso da visão da protagonista, pois ela será de grande auxilio.

Um mundo alternativo?

Depois de muita exploração, a protagonista finalmente irá alcançar uma saída daquela instalação de pesquisa. Mas as coisas não saem como o esperado e ela acaba sendo atacada por uma grande criatura. Neste embate, ela tem um dos seus braços decepados e é deixada a deriva sangrando na espera da morte. Aí que um misterioso homem, que possui um olho tecnológico, aparece e salva a personagem principal.

Apsulov: End of Gods
O homem misterioso (Imagem: Divulgação)

Ela então acorda em um outro laboratório, com uma estranha voz em sua cabeça e um braço mecânico acoplado ao seu corpo. O homem que a salvou aparece e diz que a voz que ela está ouvindo em sua mente é da falecida esposa dele. Após um momento de choque, a protagonista pergunta o porque disso estar acontecendo. Ele explica que tudo faz parte de um plano para reestabelecer a força dos antigos deuses e que a protagonista precisa juntar alguns artefatos para a realização do feito. Assim, o objetivo principal de Apsulov: End of God é encontrar todas estas peças, descobrir respostas ao longo do caminho e então invocar o retorno dos antigos deuses.

Uma narrativa que poderia ser melhor

Todo o aspecto envolvendo o retorno dos deuses parece interessante não é? Mas talvez você se pergunte se este tema é aprofundado e então entenderemos como as antigas forças nórdicas irão retornar e….. bom, isto não acontece. O game se apega demais a sua premissa até então inédita, e acaba não construindo de forma interessante a narrativa, o que faz com o interesse seja perdido rápido demais. Esta situação ocorre porque Apsulov: End of God tenta desenvolvedor toda a sua história por meio de diálogos e alguns documentos espalhados pelo cenário.

Em um jogo que apresenta um mundo tão distinto e com uma proposta inédita, a falta de aprofundamento no funcionamento daquele mundo acaba sendo decepcionante. Além disso, o game não transmite a sensação de que estamos avançando na jornada. Pois, o objetivo é basicamente pegar os objetos, ouvir alguns diálogos e então avançar para o próximo local. Toda está simplicidade acaba levando a história para um desfecho simples e que passa longe de entregar algo interessante.

O terror inexistente

Outro fator que deixa a desejar em Apsulov: End of Gods, é o elemento terror. Pois em nenhum momento do game eu senti algo aterrorizante presente. Embora tenhamos criaturas com visuais macabros, a falta de um desenvolvimento para estes monstros acaba prejudicando a imersão. Não estou dizendo que cada criatura precisa de um super background ou motivações, mas fica evidente que as ameaças presentes no game são apenas jogadas para cima do jogador, com um contexto mínimo ou inexistente.

Além disso, os ambientes visitados pelo jogador não transmitem a atmosfera aterrorizante que é necessária para o sentimento de temor. Falarei mais sobre isso adiante, entretanto, o meu sentimento em Apsulov: End of Gods, é que o game tenta ser algo que não consegue entregar. Dessa forma, fica claro que juntar horror e mitologia nórdica foi uma ideia ambiciosa acima do que poderia ser feito.

Gameplay

Em Apsulov: End of Gods temos uma perspectiva em primeira pessoa, sendo que a protagonista pode andar, pular, correr, se abaixar, usar sua visão especial e resolver enigmas usando o seu braço mecânico. No geral, toda a jornada do game se resume em andarmos por diversos cenários, nos escondermos das criaturas, ouvir alguns diálogos e resolver algum quebra cabeça para avançarmos para o próximo local.

Se esconder das criaturas é algo simples, sendo que se abaixar e passar é a melhor forma de lidar com estas situações. Mesmo que elas nos vejam, escapar não é uma tarefa complicada. Portanto, o game acaba não apresentando uma alta dificuldade em grande parte de Apsulov: End of God.

Além disso, os quebra cabeças que devemos resolver normalmente envolvem usarmos nossa visão especial em busca de símbolos, números e pistas para que possamos inserir na porta que precisamos avançar. Eles não apresentam quase nenhum desafio, sendo que em grande parte do tempo que eu precisa resolvê-los, o sentimento de desinteresse era altamente presente.

Criaturas que poderiam ser mais variadas

Apsulov: End of Gods não apresenta muita variação no design das criaturas. Assim sendo, o sentimento de estarmos sempre nos escondendo dos mesmos monstros acaba sendo um incomodo ao decorrer da jornada. Entretanto, existem alguns momentos que alguns monstros novos irão aparecer, principalmente na reta final. Porém, como dito anteriormente, a falta de contexto da aparição destas criaturas acaba tornando a sua presença pouco interessante.

Apsulov: End of Gods
Apsulov: End of God decepciona em apresentar criaturas com pouca variação e sem contexto narrativo (Imagem: Divulgação)

A forma de lidar com elas também não muda ao decorrer do game. Mesmo com algumas criaturas com um visual diversificado, o título deixa a desejar nas formas de “confronto” e no fator de contexto para a presença daqueles inimigos. Este é um fator que realmente me decepcionou, pois, com uma mitologia tão rica envolvendo a cultura nórdica, a falta de profundidade em grande parte dos elementos presentes em Apsulov: End of Gods é verdadeiramente decepcionante.

Cenários pouco diversificados, mas visuais interessantes

Outro elemento que deixa a desejar no jogo é a diversidade dos cenários. Pois, em grande parte do game, visitaremos apenas grandes instalações de pesquisa e algumas poucas cavernas localizadas em mundos nórdicos. Assim sendo, sempre que avançarmos para estes locais iremos passar por um portal. Portanto, durante nossa jornada neste misterioso mundo, a protagonista irá adentrar laboratórios, o interior de algumas montanhas e até mesmo algumas ambientações ao ar livre, sendo que estes ambientes sempre apresentam uma constante neve.

Apsulov: End of Gods
Apsulov: End of Gods apresenta alguns cenários bonitos fora dos ambientes fechados (Imagem: Divulgação)

Particularmente, eu sou fã de cenários com elementos de gelo, assim sendo, a ambientação fora dos locais fechados me agradou. Entretanto, nos locais fechados, a variação dos cenários deixa a desejar. Como dito anteriormente, grande parte será apenas em instalações de pesquisa, que são caracterizadas apenas por salas de estudo e corredores. Estes são os ambientes que encontraremos as criaturas que teremos que nos esconder e buscar informações sobre como avançar.

Trilha Sonora

Apsulov: End of Gods tem sua trilha focada nos sons ambientes. Portanto, ouviremos o som das criaturas e dos locais ao nosso redor para termos uma maior imersão na narrativa. Entretanto, este fator acaba não sendo eficaz, pois, ao visitarmos sempre os mesmos tipos de ambientes, os sons acabam sendo repetitivos e pouco instigantes. Além disso, o barulho das criaturas não consegue ser interessante o suficiente para causar uma sensação amedrontadora no jogador, situação está que em conjunto com a pouca variação visual dos monstros, torna os encontros com os inimigos pouco interessantes.

Desempenho

Minha experiência foi no Xbox Series S. Toda a minha jornada pelo mundo de Apsulov: End of Gods foi extremamente fluida e sem nenhum problema a ser relatado. Os tempos de carregamento foram rápidos como o esperado e não tive nenhuma situação envolvendo bugs ou problemas técnicos.

Vale a pena comprar Apsulov: End of Gods?

Apsulov: End of Gods apresenta uma premissa interessante e ambiciosa, entretanto não consegue entregar o conteúdo prometido. O game apresenta uma narrativa simples demais e tem o seu elemento terror praticamente inexistente. Além disso, a jogabilidade pouco desafiadora e os cenários com pouca variação, tornam a jornada desinteressante.

Entretanto, o game consegue entregar alguns poucos momentos de apreciação e imersão, principalmente nos cenários fora das áreas de pesquisa.

Por fim, Apsulov: End of Gods é um jogo que prometeu demais em sua ambientação e narrativa, entretanto, acabou entregando um resultado pouco satisfatório e que poderia ter sido melhor.

*Review elaborada em um Xbox Series S, com código fornecido pela Digerati.

Apsulov: End of Gods

R$112,45
5.5

História

4.0/10

Gameplay

6.0/10

Gráficos e Sons

6.0/10

Extras

6.0/10

Prós

  • A premissa é interessante
  • Alguns cenários são visualmente bonitos

Contras

  • A narrativa poderia ser melhor
  • Os inimigos possuem muita variação e nem contexto narrativo
  • Os cenários são desinteressantes
  • A trilha sonora é repetitiva
  • Os quebra cabeças não são desafiadores

Leandro Paiva

Um estudante de jornalismo e o primeiro estagiário do site. Degustador nato de coxinha e pizza fria com ketchup. Amante de RPG, principalmente aqueles em que é possível pescar em vez de fazer a missão principal. Piadista em tempo integral e um grande degustador de café. Defensor de Birds of Prey e da DC em geral nas horas vagas.