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Wonder Boy: Asha in Monster World (PS5) | Review

Já falei isso em outras vezes, mas não custa repetir. Eu sou um fã confesso da franquia Wonder Boy. Talvez por ter sido um dos primeiros jogos que joguei na vida – ainda sob a roupagem da Turma da Mônica no Brasil – me diverti bastante com esses jogos na infância. O tempo passou, meu gosto e paixão por games mudaram muito, mas algo permanece intacto: minha admiração pela obra de Ryuichi Nishizawa e companhia.

Em 2021, quando Wonder Boy: Asha in Monster World foi lançado para PS4 e Nintendo Switch, corri para jogar e até conquistei o troféu de platina. Agora, em 2025, a jovem Asha retorna otimizada para a nova geração, com lançamento no PlayStation 5 e Xbox Series X|S, oferecendo melhorias visuais e de desempenho. Mas será que essas novidades justificam encarar a aventura novamente? É o que vamos descobrir na análise de hoje. Bora para mais uma review do Pizza Fria!

Um ótimo jogo de plataformas, agora na nova geração

Wonder Boy: Asha in Monster World é um remake completo do clássico Monster World IV de 1994, trazendo de volta Asha – a carismática guerreira de cabelos verdes – em uma jornada para salvar o mundo dos monstros. Diferente dos primeiros jogos da franquia, aqui não transformamos a protagonista em animais ou algo do tipo; Asha permanece humana o tempo todo, acompanhada de seu fiel amigo azul Pepelogoo. O jogo se apresenta como um ação lateral 2.5D com plataformas, não chegando a ser exatamente um metroidvania, mas também indo além de um simples jogo de plataforma linear. Essa identidade própria funciona bem e entrega uma experiência divertida por si só.

No gameplay, Asha embarca em uma aventura para resgatar quatro espíritos elementais aprisionados por poderosos magos. Após deixar sua vila e chegar à capital Rapadagna, nossa heroína precisa encarar quatro regiões temáticas – planaltos, vulcões, pirâmides de gelo e até um reino nos céus – cada uma guardando um espírito que devemos libertar. Pepelogoo, o mascote voador, é fundamental: com ele Asha pode planar pelo ar, realizar um duplo pulo, ativar alavancas à distância e até bloquear perigos ambientais.

Wonder Boy: Asha in Monster World
Boss battles não tão tão criativas, e também não muito difíceis (Imagem: Divulgação)

A progressão é bem tradicional para o gênero: vencemos os chefes de cada área, retornamos à cidade para comprar equipamentos (espadas, escudos e braceletes que aumentam os corações de vida) e então seguimos para a próxima fase. Nada que revolucione as bases dos action platformers, mas tudo funciona direitinho e entretém do começo ao fim.

Aliás, vale dizer que Wonder Boy: Asha in Monster World não é um jogo muito longo – dura cerca de 4 a 6 horas numa primeira jogada – nem muito difícil. Os combates são simples e os chefes, embora variados visualmente, não apresentam desafios grandes; muitos inimigos comuns dão mais trabalho que os bosses! As lutas contra chefes acabam sendo divertidas mais pelo espetáculo e nostalgia do que pela dificuldade em si.

Para os caçadores de segredos, o jogo oferece colecionáveis (Life Drops) escondidos pelas fases que aumentam sua vida máxima a cada 10 coletados – e encontrar todos em uma só jogada rende inclusive um troféu de ouro bem satisfatório. Esse nível de acessibilidade faz parte do charme do remake: ele foi pensado para ser mais amigável que o original de 1994, com direito a recurso de Magic Hit (um golpe especial carregável) e um modo fácil que já inicia com mais corações de vida, tornando a jornada tranquila para novos jogadores.

O que há de Wonder Boy neste game?

Como alguém que jogou a trilogia original, o remake Wonder Boy III: The Dragon’s Trap e até o excelente Monster Boy and the Cursed Kingdom, preciso avisar: há muito pouco dos jogos clássicos aqui em termos de mecânicas. Tirando algumas referências e a ambientação de Monster World, o gameplay de Asha in Monster World é bem diferente do estilo transformações/metroidvania que marcou alguns títulos anteriores. Mas isso não é algo ruim – pelo contrário. Este remake tem sua própria identidade e brilha por isso.

É uma aventura mais curta e fácil que os demais jogos da série, com foco na ação descomplicada e na fofura dos personagens. A própria presença do Pepelogoo (introduzido justamente em Monster World IV) dá um tom único ao jogo, adicionando elementos de puzzle leve e exploração vertical que não víamos antes na franquia.

Outra diferença notável é na questão dos conteúdos extras. Ao contrário de The Dragon’s Trap (2017), onde podíamos alternar entre gráficos modernos e retrô instantaneamente, aqui não há como jogar o original de 1994 dentro do remake. Monster World IV chegou a ser relançado digitalmente como bônus na edição física de PS4/Switch, mas nas versões normais isso ficou de fora. Nem mesmo no PS5 adicionaram essa opção – uma pena para os puristas que gostariam de trocar entre o visual clássico 16-bit e o 3D atual com um simples apertar de botão.

Wonder Boy: Asha in Monster World
Wonder Boy: Asha in Monster World se apresenta como um jogo de ação lateral e plataformas (Imagem: Divulgação)

Em compensação, nota-se o cuidado do remake em ser fiel ao original nos mínimos detalhes: dos mapas e designs de fases recriados, à trilha sonora remasterizada pelo próprio compositor original, tudo evoca o jogo dos anos 90. Pequenas melhorias também modernizam a experiência, como interface mais amigável, comando de pulo duplo no botão dedicado (em vez de combinações estranhas) e dublagem em japonês para Asha e outros personagens. No geral, dá para sentir que o time original de desenvolvedores esteve envolvido e tratou a obra com muito respeito – resultando em um produto que equilibra nostalgia e atualização na medida certa.

Como fã, fiquei satisfeito em revisitar o Monster World mais uma vez, e já havia buscado a platina em 2021. Vale notar que a lista de troféus de Asha in Monster World é a mesma, e bem tranquila: basicamente terminar o jogo, achar todos Life Drops e comprar todos equipamentos já garante 100%. Os desenvolvedores foram criativos nas conquistas, incluindo referências que aquecem o coração de quem zerou o original lá atrás.

Versão de PS5: desempenho e novidades

Chegamos então à versão de PS5. O que ela traz de novo? Em termos de conteúdo, absolutamente nada inédito – é o mesmo jogo lançado em 2021, sem fases extras, sem modos novos. A diferença está nos aprimoramentos técnicos. A Bliss Brain cumpriu o prometido de lançar o game otimizado para as plataformas de nova geração, com melhorias visuais e de desempenho. Na prática, isso significa que agora temos resolução maior (4K no PS5, contra os 1080p do PS4 base) e uma performance compatível. Não que o original rodasse mal – longe disso – mas a versão nativa oferece um 60 frames por segundo constantes, mesmo nas áreas mais carregadas de inimigos ou partículas.

Os tempos de carregamento também praticamente sumiram graças ao SSD, deixando a aventura mais contínua. Visualmente, as melhorias são sutis; os modelos 3D cartunizados de Asha e companhia continuam os mesmos, apenas exibidos em maior clareza na tela. É aquele caso de “melhora, mas quem não olhar lado a lado talvez nem perceba”.

Por outro lado, a nova versão aproveita alguns recursos do console que merecem elogio. A implementação do DualSense é muito bem-feita – há feedback háptico nas ações, então você sente vibrações diferentes ao golpear inimigos, pegar moedas ou levar dano, por exemplo. Os gatilhos adaptáveis também entram em cena em momentos específicos, como para simular a pressão ao segurar o Pepelogoo para planar. Não é nada revolucionário, mas é um toque bacana que aumenta a imersão e mostra um capricho a mais nesta edição.

Wonder Boy: Asha in Monster World
Wonder Boy: Asha in Monster World traz quatro biomas diferentes, cada um variando um pouco o gameplay (Imagem: Divulgação)

Além disso, para os caçadores de troféus, fica a tentação: como se trata de um lançamento separado no PS5, Wonder Boy: Asha in Monster World traz uma nova lista de troféus – sim, outro troféu de platina facinho para a conta! São 21 conquistas no total (as mesmas do PS4/Steam), então quem já platinou antes poderá repetir a dose sem muito esforço. É um incentivo válido para rejogar, especialmente porque é bem rápido de completar tudo de novo.

Infelizmente, nem tudo são flores. A decisão de negócio aqui deixou a desejar: não há qualquer upgrade gratuito ou desconto para quem já possuía a versão de PS4, ou seja, os fãs são obrigados a pagar o preço cheio novamente por melhorias relativamente mínimas. Em plena era de upgrades cross-gen grátis ou pagos a valores simbólicos, isso soa como um retrocesso. Quem investiu no jogo em 2021 provavelmente vai pensar duas vezes antes de comprar de novo apenas por resolução e frame rate melhorados.

Outro ponto negativo que permanece é a ausência de localização em português do Brasil – nada de menus ou legendas PT-BR, assim como já era no lançamento original (o jogo suporta apenas inglês, japonês e algumas línguas europeias). Considerando que a franquia é querida por muita gente por aqui desde os tempos do Master System (Mônica no Castelo do Dragão, alguém?), fica uma quase inexistente esperança de um patch futuro com tradução. Por fim, reforçando o que já mencionei: continua valendo o desapontamento de não ter Monster World IV clássico incluso de forma acessível. Se você tem muita curiosidade, terá que adquiri-lo separadamente em outra plataforma ou recorrer à versão física antiga que vinha com esse bônus.

Vale a pena jogar Wonder Boy: Asha in Monster World?

No fim das contas, Wonder Boy: Asha in Monster World permanece um ótimo jogo de ação e plataforma, em qualquer plataforma. A aventura de Asha é leve, divertida e carregada de charme nostálgico, cumprindo bem seu papel de entretenimento descompromissado. Se você não jogou o remake em 2021, a versão da nova geração é sem dúvida a melhor forma de experimentar o game – você terá gráficos um pouquinho mais bonitos, desempenho impecável e ainda vai aproveitar os recursos modernos do console.

Agora, se você já jogou e zerou na geração passada, aí a história muda. As novidades da edição next-gen, embora bem-vindas, são bastante modestas para justificar outra compra imediatamente. A não ser que você seja muito fã da série (como este que vos fala!) ou um colecionador de troféus ávido por mais uma platina fácil, talvez seja melhor pensar duas vezes antes de investir novamente.

De qualquer forma, Wonder Boy: Asha in Monster World continua sendo uma celebração adorável da era 16-bit, trazendo de volta um clássico esquecido com carinho e respeito. Quase três décadas depois, a jogabilidade ainda se sustenta – e, talvez mais importante, Asha nos lembra que existe algo atemporal em heróis e heroínas que não hesitam diante do perigo. Se você decidir embarcar (ou reembarcar) nessa jornada, saiba que diversão e nostalgia esperam por você… apenas não espere por grandes surpresas além de um desempenho melhorado. O Monster World segue salvo, mas seu bolso talvez possa ser poupado desta vez.

Wonder Boy: Asha in Monster World chegou no dia 7 de julho para PlayStation 5Xbox Series X|S e PC, via Microsoft Store. O título já estava disponível anteriormente para PlayStation 4Nintendo Switch e Steam.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Bliss Brain Corporation.

Wonder Boy: Asha in Monster World

BRL 114,90
7.8

História

7.0/10

Gameplay

8.5/10

Gráficos e Sons

9.0/10

Extras

6.5/10

Prós

  • Desempenho aprimorado em 4K/60fps.
  • Tempos de carregamento praticamente instantâneos.
  • Feedback háptico e gatilhos adaptáveis do DualSense bem implementados.
  • Nova lista de troféus para quem gosta de platinar novamente.
  • Fidelidade ao clássico Monster World IV com melhorias modernas.

Contras

  • Ausência de conteúdo extra em relação ao PS4.
  • Falta de upgrade gratuito ou desconto para quem já possuía a versão anterior.
  • Continuação da ausência de legendas em português do Brasil.
  • Nenhuma opção para alternar entre visual clássico e remake.

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.