Boti: Byteland Overclocked | Review

O universo dos games é um território fértil para a reinvenção. Ao longo dos anos, temos visto jogos evoluir, trazendo novos desafios e mecânicas, mas raramente encontramos um título que realmente dá um salto inovador no gênero clássico de plataforma. Boti: Byteland Overclocked é uma dessas raras joias, uma divertida fusão do clássico com o contemporâneo, oferecendo aos jogadores uma experiência vibrante e repleta de surpresas.

Com muitas referências à Super Mario 64, o maior e mais conhecido jogo de plataforma 3D, contarei os detalhes sobre essa nova aventura agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!

Bem vindo a Byteland!

No início de 2023, tive a oportunidade de revisar Backfirewall_, um jogo que trazia uma aventura tecnológica dentro de um smartphone. Agora, em Boti: Byteland Overclocked, nossa aventura se passa na Byteland, um ambiente cheio de referências para os fãs de computação. Na história, conhecemos Boti, um mensageiro de dados que se vê na missão de salvar o mundo de bugs, glitches e vírus. E ele não está sozinho nessa aventura: os robôs binários flutuantes, Zero e Um, o acompanham, adicionando não apenas uma camada extra de assistência, mas também diálogos engraçados que enriquecem a narrativa.

No entanto, se você é um adulto lendo esta review, tenha em mente que Boti: Byteland Overclocked é um jogo simples, claramente pensado para o público infantil, mas com referências divertidas para quem entende o básico de linguagem computacional. A narrativa não terá nenhuma grande reviravolta e nem vai te surpreender. É básica, e funciona basicamente para fazer os elementos de gameplay, que são o ápice do título, funcionarem.

Boti: Byteland Overclocked
Boti: Byteland Overclocked tem um visual interessante para a sua proposta (Imagem: Divulgação)

Um gameplay cheio de referências

Mas o que realmente destaca Boti: Byteland Overclocked de outros títulos do gênero é sua jogabilidade. Apesar da forte inspiração em Super Mario 64 e em Astro’s Playroom, as poucas fases do jogo foram projetadas com criatividade, combinando elementos clássicos de plataforma com toques inovadores que refletem a essência da tecnologia e da informática, como uma pista de corrida ou o uso do magnetismo para resolver puzzles. Seja planando pelos céus, pulando, correndo, flutuando, deslizando ou descobrindo combos, cada etapa desafia os jogadores de formas inesperadas. E, claro, há o bônus adicional do modo cooperativo para dois jogadores, que pode ser local ou online. No entanto, confesso que não tive a oportunidade de testá-la.

Além disso, há muito conteúdo adicional a ser encontrado no game, como skins, “botcoins” e faixas musicais. Logo, aqueles que buscam 100% terão que explorar cada pedaço do mapa para isso. Outro recurso interessante é a possibilidade de aprimorar nosso Hub central comprando expansões, porém, elas são meramente estéticas e auxiliam na composição da narrativa de restauração dos processos computacionais que fazemos no jogo.

Boti: Byteland Overclocked
As corridas são interessantes recursos de gameplay que adicionam variedade ao game (Imagem: Divulgação)

Gráficos e Sons

A Bytelândia é bem bonita. Os cenários buscam trazer referências da tecnologia, tanto atual quanto do passado, e contam com muitas referências comuns para os jogadores. Baús aqui são cache, os arquivos Zip estão cheios de dados que necessitamos coletar para avançar no jogo, por exemplo. E também não há cenários metálicos, sendo a maioria dos ambientes com cores bem vívidas. O ponto positivo é que os desenvolvedores realmente conseguiram capturar ideia da magia do mundo digital, transformando-o em um playground para os jogadores explorarem, assim como Astro’s Playroom havia feito.

No entanto, apesar de oferecer uma parte sonora competente, a tradução do jogo para o Português do Brasil contém erros bobos e merecia um olhar mais atento, e até partes simples que ficaram sem tradução, como segurar um botão para pular as cutscenes. Outro destaque negativo é que muitos dos textos passam rapidamente e alguns comandos parecem não ter sido traduzidos apropriadamente, em especial ao usar um controle para jogar.

No quesito desempenho, Boti: Byteland Overclocked mostrou-se equilibrado e eficiente na resolução 2K com minha configuração que inclui uma RTX 2080, 16GB de RAM e um processador i5 7600. A experiência foi suave e livre de quaisquer obstáculos técnicos. Contudo, ao arriscar um salto para a resolução 4K, o jogo não se mostrou tão indulgente. Mesmo com o RTX desligado, enfrentei oscilações notáveis na taxa de quadros, evidenciando que, para uma experiência plena em 4K, seriam necessárias ou configurações de hardware mais robustas ou ajustes nas opções gráficas do título.

Boti: Byteland Overclocked
Os vírus e vermes são representados em Boti: Byteland Overclocked (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Boti: Byteland Overclocked?

Ao mergulhar no vibrante mundo dos games, uma das coisas mais valiosas para os jogadores é encontrar jogos que inovem e tragam frescor à experiência, enquanto mantêm o charme e a nostalgia dos clássicos. Boti: Byteland Overclocked emerge como uma dessas pérolas raras que consegue balancear tradição e inovação.

Para começar, o ambiente que o jogo cria em Byteland é um prazer visual e conceitual, repleto de referências cativantes à linguagem computacional e tecnologia, seja pela representação de caches como baús ou dados em arquivos Zip. Isso, combinado com a companhia de personagens cativantes, como os robôs binários flutuantes, Zero e Um, torna a narrativa envolvente, mesmo que seja simples e mais voltada ao público infantil. O jogo não pretende ser uma epopeia narrativa, mas sim uma ponte divertida entre gameplay e enredo.

Falando de gameplay, a combinação de elementos clássicos de jogos de plataforma com mecânicas inovadoras, inspiradas na essência da tecnologia, é onde Boti: Byteland Overclocked verdadeiramente brilha. A capacidade de planar pelos céus, correr, flutuar e até deslizar, somada ao uso criativo do magnetismo em puzzles, oferece uma experiência rica e variada que mantém os jogadores engajados e desafiados. O bônus do modo cooperativo é uma adição bem-vinda, embora não tenha sido avaliado nesta review.

Contudo, nem tudo são flores na Byteland. O jogo traz consigo alguns deslizes, como a tradução incompleta e às vezes desleixada para o Português do Brasil. Textos que passam rapidamente ou comandos mal traduzidos podem afetar a experiência de quem não é fluente em outras línguas.

Mas, ao pesar os prós e contras, a resposta à pergunta inicial é sim, vale a pena comprar Boti: Byteland Overclocked. O jogo é um feito notável que consegue reimaginar o gênero de plataforma, incorporando elementos contemporâneos sem perder sua essência clássica. Enquanto pode não ser perfeito em todos os aspectos, a experiência geral oferecida é envolvente, divertida e definitivamente vale a pena explorar. Seja você um novato no mundo dos games ou um veterano saudoso, Boti: Byteland Overclocked é um título que merece um espaço em sua coleção.

Boti: Byteland Overclocked será lançado no dia 15 de setembro, somente para PC, via Steam. Uma demo, contendo o prólogo da aventura, está disponível gratuitamente na plataforma e pode ser testada por todos os jogadores.

*Review elaborada em um PC equipado com uma Geforce RTX, com código fornecido pela Untold Tales.

Boti: Byteland Overclocked

8

História

7.0/10

Gráficos e Sons

8.5/10

Gameplay

9.0/10

Extras

7.5/10

Prós

  • Combinação bem-sucedida de elementos clássicos de plataforma com inovações temáticas de tecnologia
  • Personagens carismáticos, especialmente Zero e Um, que enriquecem a experiência
  • Mecânicas de gameplay variadas e desafiadoras
  • Modo cooperativo, permitindo uma experiência compartilhada

Contras

  • Narrativa simples, sem reviravoltas surpreendentes
  • Tradução para o Português do Brasil contém erros e omissões
  • Falta de profundidade nas expansões do Hub central, com foco majoritariamente estético

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.