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Brigandine: The Legend of Runersia | Review

Brigandine: The Legend of Runersia é um jogo de estratégia, e combates, em turno desenvolvido pela Happinet em conjunto com a Matrix Software e publicado pela Happinet. O jogo é uma continuação da saga Brigandine, que teve sua estreia nos agora velhos, aparentemente, tempos do glorioso PlayStation 1. O título traz muito da premissa original, mas com novidades o suficiente para se destacar de seu predecessor.

Será que valerá o investimento de nosso finito tempo e espaço? É o que veremos agora, em mais uma review do Pizza Fria!

Dominação global total, no estilo Runersia

Me coloque um canudo na cabeça e me chame de Xicrinho, leitor, se não tivermos mais um clássico do passado re-imaginado em nossas mãos. Nesta semana fui visitado pelas maravilhosas fadas dos videojogos, que deixaram em minha porta um código de Brigandine: The Legend of Runersia. Isso me fez pensar duas coisas. Primeiro, que eu me recordo desse nome dos meus dias de PS1. Segundo, que me disseram que esses seres mágicos existiam apenas em minha imaginação. Que absurdo.

Mas deixemos de lado minhas divagações sobre alucinações do mundo mágico dos jogos e foquemos na pauta da semana. Brigandine: The Legend of Runersia é a continuação/sucessor de um título extremamente agradável, e menos reconhecido e famoso do que deveria, chamado Brigandine. Lançado na época do PS1, ele nos colocava no comando de uma dentre várias nações que lutavam pelo controle do continente de Runersia.

Lembro-me, inclusive, de ter jogado quando ainda era um jovem e inocente rapazote. Tinha acabado de conhecer o mundo má-gi-co dos RPGs de turnos com o clássico Final Fantasy Tactics e Tactics Ogre, e recordo ter ficado super interessado pela estética e estilo de jogo de Brigandine. E, devo dizer, minha experiência e impressão desta versão foi mais ou menos igual a daquela época. Um misto de alegria de encontrar uma joia rara, com o azedo sabor de levar uma surra do jogo em vários momentos. Excepcional.

Brigandine: The Legend of Runersia
O pau quebrando, entre duas nações. (Imagem: Divulgação)

Vamos começar falando, por alto, da trama que impulsiona todas as tretas nas quais nos envolvemos. O jogo se passa no continente de Runersia, abençoado com o dom da Mana (enviado pelo chamado, previsivelmente, Mana God) e cinco armaduras mágicas, chamadas Brigandines. A mana permite a invocação de monstros, que são usados para compor a maior parte das fileiras militares, e as armaduras concedem grandes poderes aqueles que as possuem.

O continente é dividido entre seis reinos, que se julgam dignos de comandarem todo o território. Cinco dele possuem sua própria Brigandine, e um deles não possui nenhuma. Logo no começo do jogo escolhemos qual dos reinos controlar, e cada um conta com personagens e uma história diferentes. Ela se desenrola conforme dominamos territórios, e é apresentada através de diálogos e imagens, como em um Visual Novel padrão.

Gostei bastante da forma que a história de Brigandine: The Legend of Runersia foi abordada, principalmente ao jogar com mais de uma nação em sessões diferentes. Por exemplo, minha escolha inicial foi o império de Gustava, que não possui uma Brigandine. Ver como eles são de verdade enquanto protagonistas, e como são representados como vilões, deu uma sensação de que a trama foi bem pensada, além de aumentar o valor de rejogabilidade. Fino, señores.

Brigandine: The Legend of Runersia
O reino sem uma Brigandine. (Imagem: Divulgação)

Brigandine: The Legend of Runersia nos dá a missão, como falei um pouco antes, de dominar o continente inteiro. Para fins de jogo, ele foi dividido entre várias bases interconectadas que precisam ser dominadas, e controlar todas nos leva até o final. Além disso, um número maior de bases significa mais mana, que pode ser gasta para convocar mais monstros para engrossar nossas fileiras. O ciclo de jogo se divide em três fases, majoritariamente. São elas:

  • Fase de planejamento: fazemos o gerenciamento de nosso exército, basicamente. Podemos invocar novos monstros, montar esquadrões (compostos por um cavaleiro, cada qual com sua personalidade e individualidade) e alocar nossos heróis em cada uma das bases que pretendemos defender ou usar de trampolim para uma invasão nas fases de ataque. Também precisamos tomar cuidado com nossa quantidade de mana gasta para manter nossos monstros e a quantidade que possuímos. Um gasto maior que o possível dá uma penalização para a eficiência de nossas tropas.
  • Fase de ataque: nela selecionamos quais esquadrões irão atacar quais bases. Toda base que tenha um de nossos cavaleiros pode atacar uma base inimiga adjacente, ou ser atacada por ela, independente da nação que a controle. Isso é interessante, porque bases que são conectadas a mais de uma nação podem atacar e serem atacadas em um mesmo turno. Isso faz com que o planejamento seja importante, já que não podemos mover nossas tropas fora da fase de planejamento.
  • Fase da treta: nesta parte, Brigandine: The Legend of Runersia se comporta mais como um RPG tático tradicional. As equipes que selecionamos na fase de ataque se engajam em combate com as da base que mandamos atacar. Temos nosso turno, onde movemos todos nossos personagens e realizamos ações como atacar ou usar habilidades, e depois os inimigos os fazem. Não é nada de extremamente inovador, mas é bem feito o suficiente para não ser um peso para a experiência como um todo. A não ser por um pequeno ponto, que veremos logo a seguir.
Brigandine: The Legend of Runersia
Um exemplo do menu de configuração de tropas. (Imagem: Divulgação)

Tudo isso, somado, representa a passagem das temporadas no mundo de Runersia. Cada dificuldade coloca uma limitação de tempo para que possamos subjugar as outras nações e nos tornarmos donos da coisa toda. Fácil tem duração ilimitada, normal de 5 anos e difícil 2,5. Isso é interessante, principalmente para aqueles que gostem de se desafiar. Não é impossível terminar o jogo em pouco tempo, mas exige mais de nossas habilidades estratégicas.

Não negarei, cara leitora. Meu momento favorito em Brigandine: The Legend of Runersia eram as fases de treta. Sou um amante confesso de jogos em turnos, e movimentar os bonecos e montar uma estratégia era maravilhoso. Contudo, a forma que o combate foi construído, somado ao tamanho de alguns mapas, pode fazer com que os embates durem muito tempo. E isso nem sempre é bom.

Além disso, o jogo conta com um pequeno problema de ser relativamente repetitivo às vezes. Como a história é apresentada conforme dominamos certo número de bases e nações, alguns momentos do jogo não serão nada além de passar por cada uma das fases que citei acima. Não me desanimou de continuar jogando, mas admito que algumas de minhas sessões de jogo terminaram porquê fiquei um pouco entediado. Que horror.

Um outro ponto, também, é relativo à interface do jogo. Boa parte de nosso tempo com Brigandine: The Legend of Runersia se passa configurando nossos exércitos, invocando monstros e mudando as classes deles e de nossos cavaleiros. E isso é muito bom, não me entenda errado. É um sistema bem abrangente, com uma boa variedade de classes e escolhas. Mas, por conta disso, os visuais acabam se tornando um pouco confusos. Ao menos até nos acostumarmos.

Brigandine: The Legend of Runersia
Geralmente sempre veremos muitas informações na tela. (Imagem: Divulgação)

Sons e Visuais

Brigandine: The Legend of Runersia conta com um visual competente, com uma boa variedade de modelos durante e combate para representar as diferentes unidades e heróis que contamos. Alguns deles são um pouco estranhos, com algumas proporções e texturas duvidosas, mas não é algo que venha a atrapalhar. As artes desenhadas são bonitas e bem feitas, ainda que contem com excessos e sexualizações gratuitas comuns à esse tipo de mídia.

A trilha sonora é boa, com músicas que pontuam bem os combates e momentos tensos. Contudo, o tema de combate das nações sempre se repete, e a natureza constante das tretas pode fazer com que ela se torne um tanto quanto repetitiva. As vozes são bem feitas, e conferem uma boa dose de personalidade aos personagens, casando muito bem com seus visuais.

Brigandine: The Legend of Runersia
As cinco brigandines. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena jogar Brigandine: The Legend of Runersia?

Ah, chegou o derradeiro momento. O resumo de minhas impressões de Brigandine: The Legend of Runersia, especialmente para aqueles que pularam diretamente para o final. Que horror! Bom, eu gostei da experiência, e achei que a possibilidade de jogar com as cinco nações (cada uma com seus heróis) abre uma boa gama de oportunidades para o jogo brilhar e render. Além disso, a inclusão de novos modos para jogarmos além da história principal aumenta mais ainda esse valor agregado.

O esquema de fases e combates é muito bom, e faz uma boa união entre o lado de estratégia e de combate em turnos. Ainda que isso traga uma complexidade adicional que se traduz em uma interface um pouco confusa e amedrontadora , com o tempo tudo acaba se tornando mais simples. E quanto as tretas, são bem divertidas e intensas, ainda que possam se tornar um pouco enfadonhas se jogarmos por muitas horas seguidas.

Ai fim e ao cabo, Brigandine: The Legend of Runersia foi uma boa continuação para essa saga que, oremos, não irá precisar mais de décadas da minha vida para dar as caras novamente. Jogadores novos ao estilo de turnos e táticas podem se sentir um pouco intimidados, mas não se enganem: a experiência vale a pena. Brigandine: The Legend of Runersia pode ser um pouco engessado por vezes, mas continua brilhando intensamente. Recomendo.

Brigandine: The Legend of Runersia está disponível para PlayStation 4, Nintendo Switch e chegou em maio deste ano para PC, via Steam.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce GTX, com código fornecido pela Happinet.

Brigandine: The Legend of Runersia

+ R$ 75,49
8.8

História

9.0/10

Jogabilidade

8.0/10

Sons e Visuais

8.0/10

Extras

10.0/10

Prós

  • História intrigante
  • Muitas opções de classes e monstros
  • Muito valor agregado
  • Mais Brigandine em minha vida

Contras

  • Interface um pouco confusa
  • Pode se tornar repetitivo se jogado por muito tempo
  • Sem localização em PT-BR

Matheus Jenevain

Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.