Cyberpunk 2077: Phantom Liberty | Review

Acho que sou um dos poucos que acabou tendo diversão ao jogar Cyberpunk 2077 na época de lançamento do jogo base. Na altura, ainda com uma modesta GeForce GTX 1060 Ti, consegui rodar o game com bons gráficos, mas isso era o de menos. A grande questão envolvida na altura era que o jogo simplesmente não entregou praticamente nada do que tanto prometeu durante os vários Night City Wire ocorridos até a chegada do jogo. Além disso, todo mundo lembra bem do grande flop que foi o lançamento, que chegou com uma série de bugs e problemas de desempenho. Ou seja, tudo isso foi um prato cheio para a imprensa especializada cair matando.

E, de certa forma, tudo isso fazia sentido. Inclusive, naquela altura, o jogo foi removido temporariamente da PlayStation Store, por conta de tantos problemas. Fechando o saldo tenebroso do lançamento de Cyberpunk 2077, ainda tivemos aquela chuva de cancelamentos das compras feitas na pré-venda, que despencaram as ações da CD Projekt RED.

Pois bem, felizmente as coisas podem mudar e, depois de quase 3 anos desde o seu lançamento, Cyberpunk 2077 seguiu tendo uma série de atualizações e, finalmente, trouxe seu primeiro e único DLC: Phantom Liberty, que estará disponível para SteamGOG.com e Epic StoreXbox Series X|S e PlayStation 5 no dia 26 de setembro. E bem, nossa análise aqui trará não só detalhes deste novo conteúdo, mas também falará de como Cyberpunk 2077 está funcionando atualmente e se, de fato, todas as atualizações, incluindo a 2.0, lançada recentemente, surtiram efeito. Desta forma, prepare-se para uma review bem especial do Pizza Fria!

Uma narrativa de espionagem

Uma das coisas mais bacanas em Cyberpunk 2077: Phantom Liberty, é a nova narrativa, que traz muita ação e elementos de espionagem interessantes. Além disso, ela também foca mais no mundo cyberpunk, falando mais sobre ciberpsicose, tramas políticas e todo o caos vivido em Night City. Aliás, não só nela. Agora, temos acesso também ao distrito de Dogtown, que é gerido de forma autônoma por Kurt Hansen e os capangas fortemente armados de sua milícia, a Barghest. E em meio a tanto caos, V está de volta para lidar com novos personagens e muitos outros problemas, que evidenciam a miséria do mundo em um futuro distante.

Um destaque interessante de Cyberpunk 2077: Phantom Liberty é a presença do grande ator Idris Elba como Solomon Reed, fazendo companhia a V e a outra estrela já conhecida dos jogadores, Keanu Reeves, que dá vida a Johnny Silverhand. No entanto, convenhamos: bons atores não fazem o jogo ser necessariamente bom. Porém, no quesito história, Cyberpunk 2077: Phantom Liberty deu uma melhorada. A trama coloca a presidente dos Novos Estados Unidos da América (NEUA), Solomon Reed, Alex e o próprio V em meio a uma trama caótica e bem interessante, onde cada escolha pode fazer toda a diferença.

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A atuação de Idris Elba é bem bacana. (Imagem: Divulgação)

Desta maneira, complementando a história do jogo base, Cyberpunk 2077: Phantom Liberty consegue trazer ainda mais missões e detalhes de extrema relevância para tornarem o título em parte daquilo que foi prometido lá no início. É claro, nem tudo foi entregue, mas posso dizer com tranquilidade que Cyberpunk 2077 é um outro jogo, e a Atualização 2.0 trouxe um bom trabalho da equipe da CDPR. Por fim, ainda sobre a narrativa, ela apresenta ótimas reviravoltas, muito caos, ação, espionagem e diálogos interessantes. Neste aspecto, Cyberpunk 2077: Phantom Liberty me agradou bastante, fazendo do jogo uma experiência mais além do que mais um mero FPS.

V está mais forte do que nunca

Uma das grandes mudanças em Cyberpunk 2077: Phantom Liberty diz respeito ao protagonista, V. A partir da Atualização 2.0, o sistema de melhorias cibernéticas sofreu uma série de mudanças, que caíram como uma luva. Ao colocarmos novos apetrechos em V, poderemos sofrer os riscos da ciberpsicose, algo que foi mais citado na série animada da Netflix, Cyberpunk: Edgerunners, do que no jogo base. Portanto, devemos ter cautela ao colocar várias modificações no personagem. Isso ficará evidente no menu, que mostra todas as peças instaladas em V, através de uma barra situada na esquerda. Esse novo sistema agora é o responsável pela defesa do protagonista, que antes era atribuída as roupas.

Outro ponto que ficou bem interessante em Cyberpunk 2077: Phantom Liberty foi a reformulada ocorrida na árvore de habilidades, que foi totalmente modificada, sendo mais dinâmica para os jogadores, simplificando o processo. Dentro desta árvore de habilidade, também temos mais detalhes relacionados ao Relic, a tecnologia da Arasaka que traz consigo Jhonny Silverhand e que está matando V ao longo de toda narrativa. Com as novas habilidades do Relic, temos a possibilidade de executar novos movimentos e maneiras de jogar.

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Agora, V está mais forte do que nunca! (Imagem: Divulgação)

Todas essas mudanças mudam bastante a jogabilidade de Cyberpunk 2077, sendo elas fundamentais para a transformação do controverso título da CD Projekt RED. Através delas, parece que estamos jogando um título totalmente reformulado, algo possível pelo sucesso da Atualização 2.0 e pelo DLC Phantom Liberty, que será o único feito para o jogo, já que a desenvolvedora está migrando de motor gráfico, de olho na Unreal Engine 5.

Outras novidades interessantes

Além da adição de Dogtown e melhorias no sistema de V, Cyberpunk 2077: Phantom Liberty também apresentou outros detalhes bem interessantes. O primeiro deles é a melhoria no sistema policial do game. Agora, se você meter o louco e se tornar um ciberpsicopata, os policiais de Night City ou os capangas de Kurt Hansen vão atrás de você com força total, em perseguições intensas. No nível máximo, a coisa fica bem feia, e a MAX TAC chegará chutando a porta, pronta para te eliminar. Portanto, cuidado com seus crimes ou você deverá lidar com as consequências.

Outra novidade boa para a jogabilidade de Cyberpunk 2077: Phantom Liberty diz respeito as batalhas automotivas, que eram extremamente limitadas no jogo base. Agora, V poderá utilizar veículos contendo metralhadoras e canhões, além de seu próprio armamento, para lidar com perseguições e inimigos. Outra novidade, é que agora os veículos terão pontos fracos, como o tanque de combustível e os pneus. Haverá também maneiras de V conseguir hackear em tempo real os sistemas dos motoristas inimigos, mudando radicalmente a dinâmica de combate.

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A MAX TAC dá um bom trabalho… (Imagem: Divulgação)

Por último, mas não menos importante, Cyberpunk 2077: Phantom Liberty traz uma série de novas armas, vestimentas e itens, que acrescentam ainda mais na variedade de coisas que o jogo base proporciona. Portanto, prepare seu personagem para carregar peso, pois encontraremos muitas coisas ao longo dos rolês em Night City e Dogtown.

Todas essas mudanças acrescentadas em Cyberpunk 2077: Phantom Liberty reformularam totalmente o título. Isso não significa que o game não tenha limitações, algo que todo jogo tem, mas elas conseguem dar novas dinâmicas na jogabilidade, deixando a experiência ainda mais divertida. Aliás, Cyberpunk 2077: Phantom Liberty é um título divertido, gostoso de se jogar. E isso fica ainda melhor com todas as novidades advindas da Atualização 2.0 e de seu único DLC. Muito bom!

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As habilidades de V podem ser mais exploradas no jogo. (Imagem: Divulgação)

DLSS 3.5 melhora ainda mais o game

Este ponto, focado especificamente para os jogadores de PC, faz uma diferença absurda no quesito gráfico de Cyberpunk 2077: Phantom Liberty. O game, que já contava com excelentes gráficos, agora está mais lindo do que nunca. Além disso, seu desempenho está surpreendentemente incrível. A técnica da NVIDIA deixa o jogo mais bonito e traz mais realismo ao incorporar a técnica de reconstrução de raios (Ray Reconstruction). Baseado em Inteligência Artificial, o DLSS 3.5 melhora ainda mais o traçado de raios do jogo, algo perceptível ao longo da jogatina.

Esta nova técnica substitui os denoisers manuais, melhorando bastante a representação visual das cenas do jogo. O DLSS 3.5 foi treinado para ser 5 vezes mais eficiente que seu antecessor, tornando as imagens muito mais nítidas e detalhadas. Desta forma, no quesito gráfico e de desempenho, Cyberpunk 2077: Phantom Liberty está incrível, mesmo em placas mais modestas. No meu caso, utilizei a GeForce RTX 4070 Ti, que é um modelo intermediário, e o jogo rodou muito bem em altas resoluções, com gráficos no Ultra. Além disso, o Frame Generator fez o título se manter estabilizado acima de 130 FPS ou mais em 1080p, 100 FPS em 2.5K e oscilando entre 70 a 90 FPS em 4K.

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Os gráficos estão incríveis. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Cyberpunk 2077: Phantom Liberty?

Quase três anos depois, a CD Projekt RED finalmente entregou um jogo decente. Enfim, não há outra maneira de dizer isso. Comparando o que temos hoje com o observado no lançamento, parecemos estar em mundos cyberpunk distintos. E isso não significa que o jogo base foi um total fracasso. Ele até tinha coisas boas em seu lançamento, mas pecou mais por prometer mundos e fundos e não entregar nada e, além disso, entregar aos fãs uma espécie de protótipo mal-feito, repleto de bugs e problemas que atingiam diretamente na jogabilidade. O desempenho nos consoles, por exemplo, foi motivo de revolta entre os jogadores. E com toda a razão.

No entanto, falando do que pode ser observado atualmente em Cyberpunk 2077, o jogo está excelente. Infelizmente, isso demorou muito para acontecer e talvez esta seja uma nova tendência do mercado. Vai saber. Mas o que importa é que a CD Projekt RED conseguiu reverter boa parte do quadro e entregou um DLC ótimo, com história consistente, além das atuações memoráveis de Idris Elba e Keanu Reeves. No PC em especial, merece muito, mas muito destaque o êxito do DLSS 3.5, que melhorou drasticamente a experiência do jogo, o tornando mais belo e estabilizado. Ah, e a localização com dublagem e legendas segue muito boa, sendo um ponto extra do game.

Para quem, assim como eu, se decepcionou no lançamento, Cyberpunk 2077: Phantom Liberty causa até um certo estranhamento. Talvez um deja-vú. Desta vez, minha vontade de concluir várias missões e de desbravar Night City finalmente existe, ao contrário de quando fiz a review do jogo base. Enfim, indico para todos os fãs de FPS com história que tentem rejogar o título. A Atualização 2.0, que acrescentou boa parte das novidades citadas aqui, foi disponibilizada gratuitamente e trará essas mudanças independentemente da compra do DLC. Portanto, se você tem o jogo, volte e confira. Vai valer a pena. Por fim, agora posso dizer: parabéns, CD Projekt RED, por entregar minimamente o que os fãs esperavam.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela CD Projekt RED.

Cyberpunk 2077: Phantom Liberty

R$ 202,00 +
9

História

8.5/10

Jogabilidade

9.0/10

Gráficos e sons

9.5/10

Extras

9.0/10

Prós

  • Jogo totalmente localizado para o português brasileiro
  • Qualidade gráfica surpreende, com destaque para o DLSS 3.5
  • Nova história traz ótimas reviravoltas
  • Nova árvore de habilidades ficou muito melhor
  • Melhorias na jogabilidade reformularam o jogo

Contras

  • Algumas missões acabam sendo repetitivas
  • DLC está disponível apenas para a nova geração

Álvaro Saluan

Historiador e cientista social de formação, é completamente apaixonado por videogames e escreve sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte.