Ed-0: Zombie Uprising | Review

Ed-0: Zombie Uprising é um roguelike de ação, ambientado no Japão do período Edo, desenvolvido pela LANCARSE e publicado pela D3PUBLISHER. Misturando samurais com zumbis e ryus de sangue, o título nos convida a atirar-nos de cabeça contra diversas aberrações para tentar salvar a população de uma praga que pode, facilmente, dar cabo no país inteiro.

E aí, será que vale o investimento de nosso tempo escasso e dinheiro cada vez mais curto? É o que veremos agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!

De boas intenções…

Já pararam para pensar, leitores e leitoras, como certas alegrias de nossa vida nascem através da combinação de certas coisas? Sorvete gelado com chocolate quente, Like a Dragon com JRPG, dinheiro infinito com nossas contas bancárias. Enfim, é inegável que a adição de dois ingredientes excelentes produz um resultado tal que nenhum poderia obter sozinho. Não é mesmo?

Digo isso porquê nosso título da semana, Ed-0: Zombie Uprising, levantou o seguinte questionamento? E se nós combinássemos o período Edo da história japonesa, muito utilizado em todo tipo de entretenimento, com zumbis? Ao que respondo – me coloque uma peruca com uma franja lambida e me chame de Leon, leitor, se essa não é uma ideia das boas!

De fato, zumbis são uns dos inimigos mais super utilizados desses últimos anos. Temos séries de zumbis, jogos de zumbis, podcasts de zumbis. Até me recordo de ter lido uma versão zombie de Orgulho e Preconceito, acreditem se quiser. Há algo na libertação de moer centenas de humanoides que estão apodrecendo que ressoa com qualquer um de nós, não é mesmo? Portanto, posso dizer que comecei Ed-0: Zombie Uprising com uma boa expectativa, o que acabou se provando não ser tão bom assim.

Ed-0: Zombie Uprising
E lá vamos nós de novo. (Imagem: Reprodução)

A trama de Ed-0: Zombie Uprising é mais ou menos essa: estamos em 1854, no fim do período histórico conhecido como Edo. Nessa realidade, o Japão ainda era uma nação isolada, mas os outros poderes no oeste estavam se fortalecendo através da chamada “revolução industrial zumbi”. Eu até poderia tentar viajar traçando uma linha comparando a zumbificação da mão de obra com a desumanização do trabalhador, mas acredito que o objetivo do jogo era só explicar de onde a zumbizada veio de maneira cômica e inusitada. E devo dizer, isso conseguiram fazer.

Após certa resitência, o Japão abre seus portos para os chamados black ships, navios vindos do oeste recheados de devoradores de carne enlouquecidos e famintos. Acho que todos sabemos o que dá disso tudo, não é mesmo? Para remediar a situação entram os zom-beings, três pessoas imunes à zombificação que possuem o poder e o treinamento para dar cabo do problema e restaurar a paz da nação.

Ed-0: Zombie Uprising conta o resto de sua trama através de imagens estáticas e muito texto, e alguns diários que encontramos, de uma forma menos que satisfatória. O que achei uma pena, visto que a premissa inicial é tão bizarra que poderia gerar situações cômicas o suficiente para torná-lo memorável, ao menos pela proposta narrativa. Um dos vários pontos que poderiam ser positivos na experiência, mas que foram desperdiçados.

Ed-0: Zombie Uprising
Geral batendo as mãos, faz favor. (Imagem: Divulgação)

A proposta de gameplay de Ed-0: Zombie Uprising é a de ser um roguelike (para quem não se lembra, é só dar um confere aqui), misturando a matança de zumbis com a exploração masmorras geradas de maneira aleatória, dentro de uma temática específica como cavernas, florestas e afins. Em suma, estaremos enfrentando andar após andar de inimigos até chegar a um chefe ou morrer. Independente de como a aventura termina, voltamos para uma vila na qual podemos melhorar certos atributos de nossos heróis. E depois, começamos tudo novamente.

E temos um tanto para liberar. Matar inimigos nos dá dinheiro, que pode ser utilizado para melhorar os atributos base (que não se perdem) de nossos heróis, e uma essência azul, que pode ser utilizada para liberar espaços para encantamentos que também oferecem seus próprios efeitos como reviver uma vez por masmorra, levar mais itens de cura, e esse tipo de coisa. Isso é feito através do que chamamos de spirit tree.

Ed-0: Zombie Uprising nos convida a completar certos objetivos, geralmente ligados a ações como usar x habilidades, matar y inimigos e afins, para fortalecer as vantagens já desbloqueadas. Eu cá achei isso uma boa jogada, pois nos recompensa por experimentar com os personagens e ajuda com que cada nova tentativa seja menos penosa que a anterior.

Em suma, o pilar roguelike do jogo até é bem legal, com uma boa quantidade de habilidades para liberar e melhorias para comprar. Além disso, a variedade de dificuldades para cada missão nos convida a tentar novamente, e a diferença entre cenários ajuda a não enjoar muito. Além disso, cada um dos três personagens podem explorar os andares de maneiras diferentes, o que também é positivo. O problema, infelizmente, se encontra na jogabilidade que engloba tudo isso.

Ed-0: Zombie Uprising
Furtividade é o caminho. (Imagem: Divulgação)

Ed-0: Zombie Uprising fornece uma boa variedade em sua gameplay, verdade seja dita. Temos três personagens diferentes, com estilos de jogo e habilidades vastamente diferentes. Além disso, possuímos um sistema de charms que permite equipar uma quantidade específica de itens que garantem bônus como regenerar vida, maior dano e coisas do tipo. O legal disso é que alguns deles também podem gerar indesejados como pegar fogo que, ao serem colocados juntos de outros charms que aumentam o dano enquanto queimamos, aplicam mais uma camada de complexidade ao esquema.

Enquanto estivermos pelos andares, estaremos combatendo uma quantidade legal de inimigos, de diferentes tipos, enquanto coletamos scrolls de habilidades (que podem ser combinados para fortalecê-las) e corremos atrás de itens que aumentam nossos atributos principais para aquela tentativa em especial. E tentamos não morrer de fome, é claro, através do consumo de bolinhos de arroz, carne e sushi. Essa faceta do jogo é bem bolada, e temos o suficiente para ter uma boa variação entre runs sem impossibilitar que tenhamos um estilo de jogo mais preferido e utilizável. Até agora parecem tudo flores, não é mesmo? É, aí vem o problema.

Ed-0: Zombie Uprising possui uma jogabilidade, em se tratando de controlar e lutar, consideravelmente irritante. Até os zumbis mais mequetrefes levam horrores para morrer (novamente), mesmo com melhorias permanentes e temporárias. Além disso, tomamos muito dano, e um simples tapa de um zumbas mais fraco pode por tudo a perder. Isso se torna pior ainda quando encaramos os tipos especiais, com socos que arrancam metade da vida e nos jogam para o alto, ou samurais mortos-vivos que nos obrigam a aparar golpes utilizando um sistema de defesa que não ajuda em nada.

Em suma, eu diria que o potencial perdido aqui é de partir o coração. O título tinha tudo para ser uma diversão refinada e leve de pancadaria contra zumbis, mas acabou sendo amarrado com mecânicas boas, contudo mal implementadas.

Ed-0: Zombie Uprising
Quando o combate acerta o passo, dá pra se divertir bem. (Imagem: Reprodução)

Sons e Visuais

Sendo bem direto ao ponto, em se tratando de texturas e da sensação geral, Ed-0: Zombie Uprising parece um jogo lançado entre o fim da geração retrasada e do começo da passada. Temos uma boa variedade de cenários e alguns efeitos de sangue muito legais – principalmente quando pintam o chão e paredes -, mas nada que impressione. Contudo, tiro o chapéu para o modo de pintura que adicionaram. Ele torna o jogo muito mais vivo e agradável aos olhos.

O campo sonoro é bem neutro, eu diria. Temos poucas músicas, e as que aparecem são (em maioria) lentas e sem emoção alguma. Eu achei isso bizarro, principalmente ao se pensar que esse tipo de gameplay frenética e sanguinolenta quase obriga que se usem trilhas bombásticas.

Ed-0: Zombie Uprising
O modo de texturas com pintura é bem bonito, até. (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Ed-0: Zombie Uprising?

Vamos lá, pequenos e pequenas samurais virtuais. Será que Ed-0: Zombie Uprising vale nosso tempo, ou será apenas algo para fugir como se não houvesse amanhã? Bom, vejamos então. Do lado positivo, temos um jogo com mecânicas roguelike bem implementadas, fornecendo variedade e muito para se liberar. Além disso, os três protagonistas somados ao sistema de charms e habilidades dá muita liberdade para jogarmos da forma que quisermos, melhorando constantemente a cada eventual falha.

Contudo, Ed-0: Zombie Uprising implementa isso de uma forma menos do que desejada. O jogo é agarrado, injusto em boa parte das vezes, e não senti que ficava mais forte pelo fato de que os inimigos sempre levavam milênios para morrer. É maneiro encarar um bonde de zumbis correndo com meu lutador de sumô bolado, mas de que adianta se eu sei que não os machucarei em nada e serei destroçado com um sopro?

Ao fim e ao cabo, acho que fãs de zumbis e roguelikes até poderão se divertir com o que encontrarem aqui, contanto que sejam compreensivos com possíveis frustrações e raivas, e com a cara last-last gen do jogo. Admito ter me decepcionado, principalmente por ter achado a premissa interessante e ver que ele tinha as ferramentas para poder ser bem sucedido. Infelizmente, nesse caso, o potencial acabou sendo um tanto quanto desperdiçado.

Ed-0: Zombie Uprising será lançado hoje, 13 de julho, para PlayStation 5, Xbox Series X|SPC, via Steam.

*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela D3PUBLISHER.

Ed-0: Zombie Uprising

+ R$ 37,99
6.5

História

7.0/10

Jogabilidade

6.0/10

Sons e Visuais

6.0/10

Extras

7.0/10

Prós

  • Modo pintura é bonito, até
  • Boas mecânicas de roguelike
  • Variedade de personagens, itens e habilidades

Contras

  • Inimigos apanham de menos e batem demais
  • Não há tanta sensação de progresso com os personagens, pelos problemas citados anteriormente
  • Jogo tem uma cara de geração retrasada
  • Combate pode ser frustrante e injusto, na maioria do tempo
  • Departamento audiovisual ficou muito sem sal

Matheus Jenevain

Redator de idade não especificada e habilidade excepcional (segundo o próprio, acredite se quiser). Curte Metroidvanias, RPGs e jogos de luta. Reza toda noite, intensamente, para receber um remake de God Hand. Nunca foi atendido.