EDENS ZERO | Review
EDENS ZERO foi lançado em 15 de julho deste ano e representa a nova aposta da Konami no gênero RPG. Baseado no mangá e anime de fantasia espacial homônimos, criados por Hiro Mashima, o mesmo autor de Fairy Tail e Rave Master, o jogo acompanha a jornada de Shiki Granbell e seus amigos em uma aventura intergaláctica pelo cosmo.
Reviva a história original com gráficos em 3D que reproduzem fielmente o visual do anime, explore livremente uma variedade de planetas e aproveite diversas cenas dubladas no idioma original, com um elenco de peso. São oito personagens jogáveis, cada um com múltiplas opções de personalização. Além disso, é possível expandir as instalações da nave Edens Zero, bem como recrutar novos membros para a tripulação por meio de incursões e missões secundárias.
Prepare-se para embarcar em mais de 200 missões em um vasto mundo semiaberto que dá vida ao planeta Blue Garden, lar da Guilda de Aventureiros à qual Shiki e seus companheiros pertencem. Quer saber como EDENS ZERO está se saindo? Então prepare aquele cafezinho coado para aquecer o coração e vem comigo nesta análise espacial no Pizza Fria!
A promessa de Shiki
Granbell, também conhecido como O Reino dos Sonhos, é um planeta-parque temático operado por androides, onde vive Shiki Granbell, um jovem humano órfão criado por robôs. Sua vida pacata muda drasticamente com a chegada de Rebecca Bluegarden e seu gato robótico, Happy, que visitam o planeta para gravar vídeos para seu canal na internet. Eles são recebidos como os primeiros visitantes em cem anos.
Após acordar de uma soneca, Shiki encontra Rebecca amarrada a uma fogueira, prestes a ser sacrificada. O rei dos robôs, Alcaide, planeja matá-la para roubar sua nave, permitindo que os androides escapem do planeta, se vinguem da humanidade e conquistem o universo. Após uma fuga desesperada, Shiki e seus novos amigos conseguem escapar de Granbell a bordo da nave de Rebecca, partindo rumo ao planeta Blue Garden, também conhecido como o Planeta dos Aventureiros.

É aí que tudo começa, uma jornada épica pelo cosmos! Em EDENS ZERO, Shiki e seus amigos embarcam em uma missão empolgante para encontrar a lendária Mãe, uma divindade cósmica considerada a chave para a sobrevivência do universo e a resposta para os mistérios do Ether. Determinado, Shiki também estabelece uma meta pessoal inusitada, fazer 100 amigos ao longo dessa grande aventura.
A jornada em EDENS ZERO
EDENS ZERO é um RPG em 3D com estrutura linear e cenários semiabertos. Durante a campanha, você controla um dos personagens do grupo, que pode ser composto por até quatro dos heróis jogáveis disponíveis. Os mapas são, em sua maioria, amplos, mas delimitados por paredes invisíveis que guiam o progresso do jogador.
A história principal é dividida em capítulos, e ao final de cada um, o grupo retorna à nave Edens Zero, que serve como base de operações. Nela, diversas salas oferecem funcionalidades que vão além da narrativa e ajudam a fortalecer a tripulação. Confira o que você pode acessar:
- Ponte de Controle – É o ponto de partida das missões. A partir da cadeira de comando, você pode optar por continuar a história principal ou iniciar o Modo Exploração.
- Sala de Reuniões – Também permite acessar tanto a campanha quanto o modo exploração.
- Parque – Uma área verde onde é possível interagir livremente com os membros da tripulação, fortalecendo os laços com os aliados.
- Spa da Edens – Aqui você pode jogar um mini-game de relaxamento, receber uma massagem da Witch, tomar um banho nas fontes termais para ganhar bônus temporários e evoluir o Ether Gear usando o item Ether-Fonte, obtido ao avançar na história ou concluir missões.
- Vestiário – Personalize livremente a aparência dos personagens. É possível salvar até cinco visuais diferentes sem interferir no equipamento. Também dá para criar acessórios para Pino e novos equipamentos para o grupo.
- Sala do Rei Demônio – A sala principal para usabilidade da Edens Zero.
- Cozinha da Edens – Utilize ingredientes coletados para preparar pratos que garantem bônus diversos, como recuperação de vida ou aumento temporário de atributos.
- Enfermaria – Use fichas de punição, obtidas ao derrotar inimigos com a Sister no grupo, para jogar seu minigame exclusivo.
- Aposentos Residenciais – Explore a nave, converse com os companheiros de equipe, complete histórias secundárias e aprofunde os relacionamentos com os personagens para desbloquear recompensas.
- Armazém (Hangar) – Aqui há uma loja para comprar e vender itens, além da loja de câmbio, onde você troca pontos conquistados em minigames por itens variados.
- Sala de Imersão – Reviva eventos já concluídos da história principal em níveis de dificuldade mais altos, testando seus limites com a equipe.

Após visitar essas áreas, o jogador pode decidir entre continuar a campanha principal ou explorar livremente no Modo Exploração. Nesse modo, você retorna ao planeta Blue Garden, onde pode reencontrar NPCs enfrentados ou aliados ao longo da jornada, aceitar missões secundárias e até os recrutar como novos amigos. Cada novo amigo contribui com melhorias nas instalações da Edens Zero.
Além disso, a exploração se torna praticamente obrigatória para evoluir seus personagens, coletar recursos e conteúdos extras, aprimorar os equipamentos, tudo isso mantendo a jogabilidade dinâmica de EDENS ZERO.
Os combates em EDENS ZERO
As batalhas em EDENS ZERO não são aleatórias, os inimigos aparecem diretamente nos cenários. Ao encostar neles, a luta é iniciada automaticamente. Os combates são dinâmicos e em tempo real, permitindo que o jogador se movimente livremente pelas arenas, esquive-se de ataques, execute combos de golpes fracos e fortes, além de usar habilidades especiais com tempo de recarga, o cooldown.
A jogabilidade é fluida e responsiva, mas a câmera pode atrapalhar em certos momentos. Mesmo com a opção de travar a mira em um inimigo, se você estiver longe, o foco da câmera pode se perder, obrigando o jogador a reajustar manualmente o enquadramento com o analógico, o que quebra o ritmo das batalhas em situações mais caóticas.
O jogador pode montar um grupo com até quatro personagens, alternando entre eles com as setas direcionais. Isso contribui para uma abordagem de combate mais focada e acessível, evitando a necessidade de emitir comandos para os NPCs. Se quiser usar uma habilidade específica, basta trocar rapidamente para o herói correspondente.
No entanto, nem tudo são flores em EDENS ZERO. Alguns aspectos do combate deixam a desejar. O jogo não possui um seletor de dificuldade, o que significa que você está limitado à configuração padrão. Como solução, os desenvolvedores parecem ter optado por simplesmente aumentar a quantidade de inimigos na tela para impor desafio. Isso resulta em batalhas onde um único personagem enfrenta até quarenta e quatro inimigos ao mesmo tempo, tornando os combates excessivamente longos e repetitivos.

Outro ponto frustrante é o tempo de respawn dos inimigos, é comum derrotar um grupo, andar alguns metros para explorar e, ao voltar, encontrá-los novamente no mesmo lugar, prontos para mais uma batalha demorada. Essa frequência exagerada de reaparecimento prejudica o ritmo da exploração e transmite a sensação de descuido no balanceamento do jogo.
Missões secundárias em EDENS ZERO: o verdadeiro charme da jornada
Como mencionei no início da análise, EDENS ZERO entrega uma campanha principal fiel ao enredo do anime, seguindo de perto os principais acontecimentos da obra original. No entanto, é nas missões secundárias que o jogo realmente brilha. Essas side quests expandem o universo de EDENS ZERO para além do que é mostrado no mangá e no anime, trazendo conteúdos inéditos e personagens novos em missões bem construídas. Há até uma deliciosa colaboração com Fairy Tail, outra obra de Hiro Mashima, que adiciona ainda mais valor à experiência para os fãs de longa data do autor.
Logo no início da aventura, o jogador recebe uma carteirinha de aventureiro, começando na classe E, podendo progredir até o nível MASTER conforme conclui missões. Essa progressão está diretamente ligada à exploração do planeta Blue Garden, um mundo vasto, cheio de cidades, vida selvagem e biomas variados que convidam à exploração constante.

Além de expandir o universo do jogo, as missões secundárias têm um papel fundamental no progresso da campanha principal. Não apenas por seu conteúdo, mas porque o jogo exige um certo nível de personagem para enfrentar os desafios da história. Se o jogador seguir apenas a narrativa principal, sem explorar as side quests, seu nível provavelmente ficará muito abaixo do necessário, tornando as batalhas frustrantes. Ou seja, o grinding nas missões secundárias se torna essencial.
Audiovisual de EDENS ZERO no Playstation 5
A modelagem dos personagens, inimigos e NPCs em EDENS ZERO é, no geral, excelente. As paletas de cores vivas e bem definidas recriam com fidelidade o estilo visual do anime de Hiro Mashima, oferecendo um charme especial para os fãs da obra original. No entanto, o mesmo cuidado não se estende a todos os cenários do jogo.
Diversos ambientes apresentam texturas de baixa qualidade, com serrilhados evidentes, áreas vastas e vazias e a temida presença de paredes invisíveis. É curioso notar que muitos desses cenários são inexplicavelmente gigantescos, mas parecem desertos: poucas pessoas transitando, ausência de veículos nas ruas e escassez de prédios interativos ou pontos de interesse. Tudo isso contribui para uma sensação de mundo pouco vivo.
Além disso, EDENS ZERO sofreU com quedas bruscas de framerate em vários momentos no PlayStation 5, o que sugere uma má otimização, especialmente porque essas quedas ocorrem com menos frequência em Blue Garden, o cenário mais populoso e recheado de NPCs, justamente onde você passará a maior parte do tempo.

Em contrapartida, os elementos sonoros de EDENS ZERO são impecáveis. A trilha sonora das batalhas é intensa e empolgante, enquanto as músicas ambientes casam perfeitamente com o clima de cada planeta. A dublagem em japonês é outro destaque, transformando as cutscenes em uma espécie de anime interativo, elevando a imersão.
Outro ponto positivo vai para a localização em português do Brasil, que cobre todos os menus e legendas. Apesar de apresentar alguns erros de localização, como o botão “Carregar” erroneamente localizado como “Repetir” na tela inicial, dentre outros, mas nada que atrapalhe a experiência do jogador. É sempre bem-vindo ver o esforço da Konami em valorizar o público brasileiro.
Vale a pena jogar EDENS ZERO?
EDENS ZERO é uma grata surpresa para os fãs de anime e RPGs de ação. Mesmo com limitações técnicas e escolhas de design questionáveis, o jogo acerta ao entregar uma campanha fiel à obra original e expandi-la com missões secundárias inéditas, que aprofundam o universo e proporcionam encontros interessantes, inclusive com direito a um crossover saboroso com Fairy Tail.
A jogabilidade é sólida e responsiva, e mesmo que o sistema de combate possa se tornar repetitivo em certos momentos, ele é divertido e oferece liberdade estratégica ao jogador. A possibilidade de personalizar personagens e explorar diversas áreas da nave Edens Zero garante boas horas de conteúdo para quem gosta de se perder em um mundo vasto, por mais que esse mundo às vezes pareça um pouco vazio demais.
Os visuais seguem o estilo vibrante do anime, mas enfrentam problemas de otimização e cenários pouco inspirados. Em contrapartida, a trilha sonora envolvente, a dublagem original de alta qualidade e a localização em português do Brasil são méritos que não podem ser ignorados.
Por fim, EDENS ZERO é um título que brilha mais pela paixão que carrega pela obra original e pelas possibilidades de imersão em seu universo, do que por uma execução técnica impecável. Para quem é fã do anime, do mangá ou busca um RPG descontraído com toque de aventura espacial, vale sim embarcar nessa jornada pelo cosmos com Shiki e seus amigos.
EDENS ZERO está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC, via Steam e Windows Store.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Konami.


