Elden Ring Nightreign | Review

10 de junho de 2025 Matheus Feldmann Bandai Namco, Elden Ring Nightreign, FromSoftware, PC, PlayStation 5, Steam, Xbox Series X|S

Elden Ring já se consolidou como uma das grandes franquias dos games, especialmente após o sucesso estrondoso que rompeu as barreiras dos jogos de RPG de todas as formas possíveis. Por isso, é natural que qualquer novidade envolvendo a série desperte o interesse do público. É nesse cenário que Elden Ring Nightreign foi anunciado. Um jogo que carrega o peso de uma franquia consagrada inevitavelmente atrai atenção, críticas e, sobretudo, comparações com o material original.

A convite da Bandai Namco, tivemos a oportunidade de testar o jogo durante o Teste de Conectividade antes do lançamento. Agora, fomos convidados novamente para experimentar a versão final do novo título da FromSoftware. Chegou a hora de descobrir, em mais uma review do Pizza Fria, se a desenvolvedora conseguiu entregar mais uma obra-prima!

O que é Elden Ring Nightreign?

Elden Ring Nightreign é um spin-off da aclamada franquia Elden Ring, desenvolvido pela FromSoftware. Neste novo título, os jogadores retornam às Terras Intermédias, agora apresentadas em um universo paralelo, com uma proposta distinta da original.

Em vez da tradicional fórmula de mundo aberto com exploração não linear, Nightreign aposta em uma experiência mais contida, centrada em sessões intensas e desafiadoras, com foco no combate e na ação momento a momento.

A narrativa mantém o estilo enigmático já característico dos jogos da FromSoftware, com ênfase na atmosfera, no simbolismo e em fragmentos de lore espalhados pelo cenário. O jogador assume o papel de um Cavaleiro da Noite, um guerreiro amaldiçoado que deve atravessar domínios interdimensionais corrompidos, enfrentando horrores cada vez mais poderosos enquanto mergulha em um ciclo de escuridão e renascimento.

Da estrutura roguelike e do combate

Um dos aspectos mais marcantes de Elden Ring Nightreign é sua estrutura roguelike. Diferentemente do jogo base, a progressão aqui é procedural: mapas, inimigos e recompensas mudam a cada nova tentativa. A morte é punitiva, mas faz parte do ciclo do jogo. Cada falha oferece aprendizado e desbloqueios que persistem entre as runs, como melhorias permanentes de atributos, equipamentos únicos e novos ramos de habilidades.

Essa abordagem aumenta significativamente o fator replay e eleva a tensão durante as jogatinas. Cada decisão importa, e a imprevisibilidade das salas e dos chefes torna a jornada viciante. Ainda assim, a essência Souls permanece presente: o combate é metódico, técnico e implacável. O peso das armas, a gestão de stamina e o estudo dos padrões inimigos continuam sendo elementos cruciais para a sobrevivência.

Elden Ring Nightreign também introduz mecânicas inéditas, como as maldições que alteram a jogabilidade durante as runs — por exemplo, aumentar o poder ofensivo ao custo de perder vida a cada ataque. Eventos aleatórios também aparecem ao longo da partida, podendo beneficiar ou prejudicar o jogador. O game design reforça constantemente a sensação de urgência e pressão, com sistemas como as “safezones”, que direcionam o jogador até o próximo chefe, e a necessidade de buscar itens e montar a build ideal para evitar mortes prematuras.

O desbloqueio de novos personagens ocorre gradualmente, conforme o jogador avança nas runs e cumpre certos objetivos secretos, como derrotar chefes específicos, explorar áreas ocultas ou alcançar pontuações elevadas em sessões consecutivas. Cada personagem jogável possui um estilo de combate único, com habilidades exclusivas, atributos distintos e vantagens passivas que transformam completamente a forma como cada partida é enfrentada.

Além disso, o sistema de relíquias adiciona uma camada extra de personalização. Essas relíquias são itens mágicos encontrados aleatoriamente durante as runs ou adquiridos com uma moeda especial obtida nas incursões. Elas concedem bônus variados — como aumento de dano, cura ao derrotar inimigos ou resistência a maldições — e sua combinação estratégica com determinados personagens pode ser decisiva para a sobrevivência. A ampla variedade de builds possíveis incentiva a experimentação e recompensa os jogadores mais criativos. No entanto, desbloquear boas relíquias exige tempo e dedicação, sendo necessário investir várias horas para dominar esse sistema em Elden Ring Nightreign.

Um soulslike cooperativo

O componente multiplayer de Elden Ring Nightreign adiciona uma camada estratégica essencial à experiência, especialmente nas runs mais avançadas. As partidas cooperativas permitem que até três jogadores formem uma equipe para enfrentar juntos os desafios de um mundo procedural e imprevisível.

No entanto, o jogo apresenta uma limitação significativa na comunicação entre os jogadores. Elden Ring Nightreign não oferece sistemas de chat de voz ou texto, obrigando os usuários a depender exclusivamente de um sistema de pings rudimentar no mapa. Essa limitação compromete a cooperação em partidas públicas com desconhecidos, nas quais cada jogador frequentemente escolhe um caminho diferente para buscar itens e montar sua própria build, em vez de jogar em sinergia com o grupo.

Essa falta de coordenação afeta diretamente o desempenho em combates mais exigentes, como os contra chefes, que adaptam seus padrões de ataque ao longo da luta e exigem trabalho em equipe eficiente. Além disso, o sistema de matchmaking ainda apresenta falhas. Encontrar partidas pode levar vários minutos, especialmente em horários com menor tráfego de jogadores.

Outro ponto que impacta negativamente a experiência multiplayer de Elden Ring Nightreign é a ausência de crossplay no lançamento. A impossibilidade de reunir amigos que jogam em plataformas diferentes limita consideravelmente o alcance da base de jogadores. Essa restrição afeta diretamente a acessibilidade e a longevidade do modo cooperativo, um aspecto crucial em um título com tanto potencial de engajamento contínuo.

Vale a pena jogar Elden Ring Nightreign?

Responder se vale a pena jogar Elden Ring Nightreign depende do perfil de cada jogador. No entanto, a resposta tende a ser positiva, especialmente para os fãs do combate meticuloso da FromSoftware e para aqueles que gostam de rejogar um mesmo game diversas vezes, buscando aprimorar suas habilidades e derrotar chefes desafiadores.

Elden Ring Nightreign oferece uma experiência distinta dentro do universo criado por Hidetaka Miyazaki, ao mesmo tempo em que se distancia do legado do jogo original. A aposta em mecânicas novas é ousada, mas bem-sucedida, e a estrutura roguelike se encaixa de forma surpreendente no estilo da franquia. O foco em sobrevivência, adaptação e aprendizado constante reforça a intensidade de cada run.

Por outro lado, jogadores que preferem mundos abertos expansivos, exploração livre e uma progressão mais tradicional podem estranhar o ritmo acelerado e mais direto deste spin-off. Elden Ring Nightreign entrega uma experiência mais concentrada em combates intensos e variedade de desafios, com menor ênfase em exploração, personalização de builds e desenvolvimento narrativo.

Trata-se de uma adição ousada ao universo de Elden Ring, mas é importante destacar que não agradará a todos. Muitos dos elementos que tornaram o jogo original um marco — como seu mundo vasto e interconectado, a liberdade de abordagem e a construção de lore — estão ausentes ou reduzidos aqui. Para alguns, esses elementos são mais valiosos do que o próprio combate.

Portanto, Elden Ring Nightreign é altamente recomendado para quem busca inovação dentro do estilo da FromSoftware e deseja uma abordagem mais compacta e centrada na ação. Mas talvez não seja a escolha ideal para todos os que se apaixonaram pelo título original.

Elden Ring Nightreign já está disponível para PlayStation 5, PlayStation 4, Xbox Series X|S, Xbox One e PC, via Steam.

*Review elaborada na versão de Playstation 5, com código fornecido pela Bandai Namco.