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Eternal Strands | Review

Você talvez ainda não tenha ouvido falar da Yellow Brick Games, afinal, Eternal Strands, nosso jogo do dia, é o primeiro projeto da desenvolvedora. Sob a liderança de veteranos da indústria como Mike Laidlaw, que foi diretor criativo da franquia de RPG de fantasia Dragon Age, a equipe nos traz um RPG de ação repleto de ambição.

Eternal Strands chega com a promessa de mesclar combate dinâmico, exploração criativa e uma narrativa profunda. Mas será que essas ideias conseguem se conectar harmoniosamente? Vamos desvendar o que Eternal Strands tem a oferecer e até onde ele nos leva agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!

Uma narrativa rica, mas dispersa

Em Eternal Strands, controlamos Brynn, uma jovem Tecelã determinada a restaurar a casa cultural de seu povo, o Enclave. No mundo do jogo, tecelões são as pessoas que possuem habilidades com magias, então não estranhe as nomenclaturas que você vir à encontrar. Dito isso, o universo que exploramos é recheado de mistérios e cheio de segredos sobre o que aconteceu com essas terras abandonadas há 50 anos. Há muitas informações espalhadas em colecionáveis e nas telas de carregamento, que expandem a lore, trazendo informações sobre raças, eventos passados e a própria magia que permeia o universo do game.

No entanto, essa riqueza não se reflete tão bem nas missões principais e secundárias. A narrativa principal é interessante, mas o ciclo repetitivo das quests acaba deixando boa parte do contexto perdido ou relegado a segundo plano. Isso pode frustrar jogadores que procuram uma história que é apresentada durante a experiência, ao invés de ser algo que precisa ser garimpado. Em Eternal Strands, as missões parecem apenas nos guiar para um outro elemento do título…

Eternal Strands
A premissa de Eternal Strands é interessante, e os visuais são charmosos (Imagem: Reprodução/Lucas Soares)

Entre o RPG e a sobrevivência

Embora anunciado e apresentado como um RPG de ação, Eternal Strands tem fortes influências de jogos de sobrevivência e gestão de bases. E esse foi o ponto divisor pra mim: para os fãs de sistemas de coleta e crafting, há muito o que explorar e criar. No entanto, para quem busca um RPG mais direto, a progressão é lenta e desestimulante.

O tempo em Eternal Strands é dividido em ciclos de dia e noite, e os jogadores podem sair em expedições durante esses dois turnos. As missões principais, obviamente, servem para avançar na história, desbloquear melhorias, entre outros elementos que nos auxiliam a fortalecer nossa base. Já as missões secundárias ajudam a coletar recursos, criar itens e melhorar equipamentos. Infelizmente, a coleta de recursos pode ser um processo tedioso para alguns, especialmente devido ao sistema que limita o tipo de itens que Brynn pode carregar. Você pode trazer uma boa quantidade de um recurso específico, mas se encontrar algo de raridade diferente, precisa decidir o que priorizar.

Eternal Strands
Explorar regiões exaustivamente em busca de recursos é a principal tarefa do game (Imagem: Reprodução/Lucas Soares)

Por ser um game com elementos de sobrevivência, a ausência de um mini-mapa era esperada e, para compensar, somos apresentados à um sistema similar ao de Ghost of Tsushima, onde um feitiço indica a direção que devemos seguir para o cumprimento dessa missão. É um detalhe adiciona uma camada de dificuldade e incentiva a exploração, algo essencial em um jogo que não segura sua mão. Após os tutoriais iniciais, Eternal Strands basicamente diz: “Agora é com você.” Esse é um ponto positivo para jogadores que apreciam desafio e autonomia.

Magia e interatividade com o ambiente

Um dos grandes trunfos de Eternal Strands é a sua abordagem criativa à magia. Brynn é equipada com um manto mágico que canaliza poderes elementais como fogo, gelo e telecinese. Essas habilidades não são apenas estéticas; elas são ferramentas essenciais para interagir com o ambiente e superar desafios.

O sistema de termodinâmica de Eternal Strands é um destaque à parte. Elementos como calor e frio influenciam diretamente o combate e a exploração. Por exemplo, uma área congelada pode ser descongelada com magia de fogo, revelando caminhos ocultos. Em batalhas, a combinação de habilidades permite criar soluções criativas: usar gelo para prender os membros de um inimigo gigante ou telecinese para arremessar objetos em inimigos menores, ou mesmo atirar esse inimigo em um penhasco.

Eternal Strands
Praticamente tudo em Eternal Strands é escalável (Imagem: Reprodução/Lucas Soares)

No entanto, essa liberdade também traz frustrações. A capacidade de escalar praticamente qualquer coisa (incluindo os chefes!) é interessante, mas subir uma árvore enorme para não encontrar nada no topo pode ser decepcionante. Essa ausência de recompensas claras pode desestimular a exploração minuciosa. Para não ser injusto, há algumas sinalizações visuais sobre quais elementos destrutíveis contém itens e recursos.

Além disso, é importante frisar que praticamente tudo em Eternal Strands é destrutível. E esbarra exatamente no problema que cite acima: nem sempre vale a pena derrubar uma árvore, ou rachar uma pedra, para conseguir um recurso em troca. A balança entre desafio e recompensa não ficou bem equilibrada.

Combate e inimigos gigantes

Os chamados Confrontos Épicos são, sem dúvida, o ponto alto de Eternal Strands. Cada inimigo gigante exige uma estratégia única, seja para descobrir pontos fracos ou usar elementos do ambiente a seu favor. A possibilidade de escalar essas criaturas para atacá-las de diferentes ângulos adiciona uma dinâmica interessante ao combate.

Por outro lado, inimigos menores podem se tornar repetitivos, especialmente nas primeiras áreas do game. As habilidades de Brynn são suficientemente diversas para lidar com essas situações, seja no combate corpo-a-corpo, seja no arco e flecha ou usando as magias, mas a falta de variação nas táticas exigidas pode fazer com que alguns encontros percam o brilho rapidamente. Para piorar, a personagem tem uma barra de fôlego, ao melhor estilo souls, que se esvazia com alguma agilidade. Por isso, geralmente o que eu fazia era congelar um inimigo, e atacar até derrotá-lo. Fora isso, a dificuldade de se aprimorar armas faz com que até mesmo os mais comuns dos monstros possam parecer mais desafiadores do que realmente são.

Eternal Strands
Os Confrontos Épicos são o grande destaque de Eternal Strands (Imagem: Reprodução/Lucas Soares)

Progressão e gestão de recursos

O sistema de crafting e aprimoramento de equipamentos em Eternal Strands é robusto, mas demanda paciência. Você precisará coletar materiais de diferentes níveis de raridade e decidir cuidadosamente como utilizá-los, especialmente porque certos recursos só podem ser encontrados em áreas específicas. Essa mecânica incentiva a exploração e a revisitação de regiões já exploradas, mas também pode ser cansativa para quem prefere um ritmo mais rápido.

A gestão do acampamento de Brynn e seu grupo também desempenha um papel crucial, permitindo a protagonista forjar novos equipamentos e interagir com seus aliados. Esses NPCs oferecem missões secundárias e histórias pessoais que expandem a narrativa. Algumas dessas missões resultam em recompensas valiosas, como desbloqueio de novos itens, redução do tempo de espera das habilidades, entre outras coisas.

Eternal Strands
Os Tecelões (Imagem: Reprodução/Lucas Soares)

Aspectos técnicos e apresentação

Visualmente, Eternal Strands é impressionante. Os gráficos são ricos em detalhes, e os ambientes são vibrantes e variados. No PlayStation 5 Pro, o jogo roda a 60 FPS cravados, garantindo uma experiência fluida. Ao menos nessa versão, não há opções de modo de qualidade ou desempenho.

A trilha sonora, por outro lado, decepciona. Apesar de momentos-chave serem acompanhados, como nos Confrontos Épicos, grande parte do gameplay é marcada pelo silêncio. Os sons da natureza ajudam na imersão, mas a ausência de uma música constante deixa a aventura com uma sensação de vazio e menos aventureira.

Eternal Strands
A arte de Eternal Strands é bonita, mas contrasta com a trilha sonora praticamente ausente em boa parte do gameplay (Imagem: Reprodução/Lucas Soares)

Vale a pena jogar Eternal Strands?

Eternal Strands é um jogo que ousa misturar elementos de RPG, sobrevivência e gestão em um mundo rico e desafiador. Ele brilha em suas batalhas contra inimigos gigantes, no uso criativo de magia e em sua apresentação visual. No entanto, a progressão lenta, o excesso de coleta de recursos e a trilha sonora pouco marcante podem afastar alguns jogadores.

Para quem aprecia desafios e exploração, o game oferece uma experiência única e recompensadora. Mas, para aqueles que buscam uma narrativa mais linear ou um ritmo mais acelerado, Eternal Strands pode não ser a escolha ideal. Ainda assim, como estreia da Yellow Brick Games, o título demonstra potencial e deixa a expectativa de que o estúdio tem muito a oferecer no futuro.

Eternal Strands será lançado no dia 28 de janeiro para PC, via Steam, Xbox Series X|SPlayStation 5, disponível no lançamento para assinantes do Xbox Game Pass, tanto no console, quanto no PC.

*Review realizada em um PlayStation 5 Pro, com código fornecido pela Yellow Brick Games.

Eternal Strands

6.4

História

6.0/10

Gráficos

8.0/10

Sons

5.0/10

Gameplay

7.0/10

Extras

6.0/10

Prós

  • Confrontos épicos
  • Sistema de magia e termodinâmica
  • Exploração livre: vertical e horizontal
  • Gráficos detalhados
  • Localizado em PT-BR

Contras

  • Narrativa mal aproveitada
  • Trilha sonora esquecível
  • Progressão lenta
  • Exploração sem recompensas claras
  • Elementos de sobrevivência divisivos

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.

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