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Everybody’s Golf Hot Shots | Review

Após alguns anos afastada dos consoles, a franquia Everybody’s Golf retorna, agora como Everybody’s Golf Hot Shots, sob um novo comando, agora pelas mãos da desenvolvedora Hyde, e distribuída pela Bandai Namco. A promessa do jogo é bem simples: trazer de volta a magia que consagrou a série, mantendo a leveza do gameplay arcade e adicionando temperos modernos para atrair uma nova geração. O jogo chega ao PlayStation 5, Nintendo Switch e PC via Steam, o que, em teoria, ampliaria sua base de fãs.

Mas será que esse retorno consegue equilibrar nostalgia com inovação, ou estamos diante de um título que se acomoda demais no passado? Esse e outros detalhes serão explicados nesta análise do Pizza Fria!

Fórmula conhecida, mas sem ousadia

O maior problema de Everybody’s Golf Hot Shots já se anuncia logo nos primeiros minutos: a sensação de que tudo já foi visto antes, nos outros jogos da franquia. O sistema de tacadas, baseado em três métodos diferentes de execução, é praticamente idêntico ao que a série apresentou desde o fim dos anos 90. Sim, ele ainda até que funciona, mas a falta de qualquer evolução transforma a jogabilidade em algo repetitivo e previsível. Enquanto outros jogos esportivos, até mesmo os de pegada arcade, arriscam mecânicas novas, aqui a impressão é de que Hyde se limitou a copiar a cartilha dos jogos passados. O resultado é um game que parece preso no tempo, o que é uma pena.

Porém, é inegável que o título continua muito acessível. É sentar e jogar. Qualquer iniciante pode pegar o controle e entender rapidamente como alinhar, definir potência e buscar a tacada perfeita. Contudo, essa acessibilidade cobra um preço: a profundidade é mínima. Os elementos de vento, terreno e obstáculos até tentam gerar variedade, mas logo se percebe que o jogo é extremamente permissivo. Pouco importa a estratégia ou o cálculo mais preciso, na maioria das vezes, basta confiar na barra de tempo e torcer. Isso deixa a experiência monótona para quem esperava maior desafio, transformando as partidas em um loop quase automático.

Everybody’s Golf Hot Shots review análise
Tudo parece exatamente igual como os primeiros títulos da franquia. (Imagem: Divulgação)

Putting também é simples demais

No golfe, o verdadeiro teste de habilidade vem no green, na hora do putting. Ou seja, na hora de colocar a bola no buraco. E é aqui que Everybody’s Golf Hot Shots derrapa ainda mais. O sistema de cores e grids deveria facilitar a leitura do terreno, mas acaba sendo meio caótico, tirando um bocado o senso de conquista. Não é difícil, mas é sem sal.

Aliás, em Everybody’s Golf Hot Shots jogador raramente sente que venceu o campo; a sensação é de que o jogo entrega muito caos, uma física confusa, gráficos divertidinhos, mas zero profunidade. Para quem gosta de esportes justamente pelo equilíbrio entre dificuldade e recompensa, o desfecho de cada buraco se torna um bocado sem graça. Ainda mais sendo disputado contra a máquina, que costuma cometer erros grotescos.

Everybody’s Golf Hot Shots review análise
Não há nada de novo por aqui, infelizmente. (Imagem: Divulgação)

Wacky Golf Mode e campanha

A tentativa mais clara de inovação em Everybody’s Golf Hot Shots está no Wacky Golf Mode, que reúne minigames e modos alternativos. A ideia até soa interessante: painéis que modificam o cenário, buracos com tornados que puxam a bola, e partidas cooperativas ou competitivas com reviravoltas. Porém, na prática, esses modos se transformam em um festival de aleatoriedade que tira qualquer mérito do jogador. Ao invés de acrescentar diversão, eles parecem pensados para esconder a falta de novidade no jogo base. Após algumas partidas, o fator surpresa se esgota, e resta apenas a sensação de bagunça gratuita. Se ao menos fosse divertido, valeria a pena.

Porém, para quem prefere jogar sozinho, há torneios e o chamado World Tour, que tenta oferecer uma narrativa leve. Infelizmente, esse recurso é totalmente descartável. As histórias são rasas, os diálogos repetitivos, e nada motiva o jogador a avançar além da vontade de destravar personagens ou itens cosméticos. Sinceramente, essa conversa fiada trazida pela história é chata e extremamente banal. É o tipo de conteúdo que parece estar ali apenas para preencher espaço, sem qualquer impacto real na experiência.

Everybody’s Golf Hot Shots review análise
O estilo arcade parece o mesmo dos jogos anteriores, sem novidade algum. (Imagem: Divulgação)

Audiovisual travado no tempo

Uma das marcas de Everybody’s Golf sempre foi o visual colorido e carismático, quase cartunesco. Porém, Hot Shots praticamente não atualiza essa identidade para a geração atual, deixando o jogo nitidamente datado. Os modelos de personagens são simplórios, com expressões artificiais e animações travadas. Os cenários até tentam compensar com cores vivas, mas os texturas de baixa qualidade denunciam o atraso gráfico da franquia. Em plataformas como PlayStation 5 ou PC, isso fica ainda mais gritante. O jogo parece mais um remaster de um título de PlayStation 3 do que uma produção feita para 2025.

Se ao menos a performance fosse sólida, seria possível relevar o aspecto visual datado. Porém, o jogo sofre algumas quedas de FPS, inclusive em momentos cruciais como a hora da tacada. Isso quebra completamente a imersão e gera frustração, já que erros podem ocorrer não por falha do jogador, mas por engasgos do sistema. Em partidas online, algo que foi difícil de se conseguir achar, a instabilidade fica ainda mais evidente, com atrasos e desconexões ocasionais que comprometem o andamento.

Everybody’s Golf Hot Shots review análise
As músicas do jogo são extremamente repetitivas. (Imagem: Divulgação)

A música, que deveria embalar as partidas de forma leve e tranquila, se resume a faixas curtas e pouco inspiradas, repetidas à exaustão. Nossa, é sério… a repetição das músicas vai deixando a gente de saco cheio. Em poucas horas, já é difícil não sentir incômodo com A MESMA MÚSICA TOCANDO. O mesmo vale para os efeitos sonoros e diálogos: frases recicladas, piadas sem graça e uma dublagem que rapidamente se torna irritante. O charme descontraído que outrora caracterizou a franquia agora soa forçado e cansativo. Até aqui, parece que a franquia está presa aos anos 2000, infelizmente.

Vale a pena jogar Everybody’s Golf Hot Shots?

Sinceramente, responder a essa pergunta exige pesar tradição contra relevância atual. Para os fãs mais antigos da franquia, existe certo charme em revisitar mecânicas conhecidas e sentir novamente a atmosfera descontraída que marcou a série. No entanto, essa nostalgia dura pouco, já que o jogo demonstra rapidamente suas limitações, com uma estrutura repetitiva e pouco estimulante para sessões prolongadas. Aliás, repetição é o grande problema em Everybody’s Golf Hot Shots, seja na música, na jogabilidade ou nos diálogos sem sentido.

Em comparação com outros títulos de esporte arcade lançados nos últimos anos, Everybody’s Golf Hot Shots parece parado no tempo. Enquanto concorrentes apostam em inovações gráficas, modos criativos e integração online mais sólida, Hot Shots se apoia em recursos ultrapassados que não conseguem prender a atenção por muito tempo. É um jogo que entretém em curtas doses, mas que dificilmente gera vontade de retornar.

No fim das contas, a decisão de jogar depende do que você procura. Se a ideia é somente uma distração leve e passageira, pode até haver algum valor, ainda que limitado. Porém, se o objetivo é encontrar uma experiência esportiva completa, divertida e duradoura, a resposta é clara: não vale a pena investir tempo e dinheiro em Everybody’s Golf Hot Shots. Afinal de contas, temos outros jogos de golfe mais interessantes na atualidade.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Bandai Namco.

Everybody’s Golf Hot Shots

R$ 199,50+
6.1

História

4.5/10

Jogabilidade

7.4/10

Gráficos e sons

7.0/10

Extras

5.5/10

Prós

  • Prático para ser jogado
  • Itens colecionáveis

Contras

  • Não é legendado para o português brasileiro
  • Gráficos ultrapassados
  • Franquia já teve mais personalidade
  • Jogabilidade datada

Álvaro Saluan

Completamente apaixonado por videogames, escreve e pesquisa sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte. Vai dos jogos de esporte aos RPGs tranquilamente, admirando cada experiência. Seu maior ídolo dos jogos é Hideo Kojima.