Evil Dead: The Game | Review

Evil Dead: The Game é um jogo de multiplayer assimétrico ambientando no mundo da franquia Evil Dead. Está é uma das franquias mais icônicas do terror, sendo que seu grande sucesso é graças a maestria do criador e diretor Sam Raimi, em saber misturar genialmente elementos de comédia e terror. O filme original foi lançado em 1981 e, desde então, a franquia teve várias obras derivadas e continuações, incluindo um remake do título original em 2013.

Embora Evil Dead seja uma saga marcante, ela nunca foi um grande destaque no mundo dos games. Tivemos alguns jogos menores lançados no passado, como Evil Dead: Hail to the King em 2000, um título de ação, aventura e puzzles que servia como uma continuação do filme Army of Darkness. Entretanto, mesmo com alguns outros jogos menores chegando nos anos seguintes, os fãs sempre pediram um game que realmente colocasse o jogador na pele daqueles personagens e imerso nas aventuras de terror contra as forças das trevas.

Portanto, a Saber Interactive e a Boss Team Games desenvolveram uma nova visão deste mundo assombroso por meio de um game multiplayer assimétrico. Logo, será que Evil Dead: The Game consegue entregar uma experiência divertida e aterrorizante que os fãs da franquia esperam há tanto tempo? Confira agora em mais uma review do Pizza Fria!

Lutando contra as forças das trevas

Em Evil Dead: The Game, o maior foco do título é a experiência multiplayer. O game começa introduzindo os jogadores aos principais aspectos da jogabilidade por meio de tutorial bem intuitivo. Após o tutorial acabar, podemos escolher entre alguns modos de jogo.

O título entrega modos que incluem sobreviventes vs monstro, em que um grupo de quatro jogadores deve lutar contra uma criatura maligna em um vasto mapa. Além disso, temos um modo horda e até mesmo a chance de jogar com um grupo totalmente formado por companheiros IA. Mas jogar desta forma faz o jogo perder boa parte da graça, logo, recomendo que joguem com outros players, mesmo que seja com desconhecidos.

Além disso, o game recebeu nas últimas atualizações um modo battle royale, que na minha opinião não funcionou muito bem com a proposta do título. Acredito que tenha sido uma tentativa de trazer novos jogadores para o game, entretanto, está modalidade poderia ter sido melhor trabalhada para funcionar melhor com a proposta de Evil Dead: The Game. Logo, após escolhermos o modo de game e acharmos uma partida, é preciso escolhermos quem será o nosso sobrevivente.

Evil Dead: The Game
O game apresenta uma boa variação de personagens. (Imagem: Divulgação)

Neste aspecto, temos algumas classes caracterizadas por diferentes versões de personagens clássicos da franquia Evil Dead. Cada personagem apresenta uma série de habilidades únicas, que incluem vantagens de dano em combate, acesso a itens mais facilmente e até a possibilidade de curarmos os nossos aliados. No elenco de personagens, temos várias versões do Ash e cada um deles está em uma classe diferente e representa o seu estado de personagem no filme em questão.

Este foi um aspecto que achei bem criativo. Outras figuras importantes dos filmes e da série Ash vs Evil Dead também dão as caras e até me fizeram lembrar o quão triste foi quando a série foi cancelada… mas voltando ao game, após selecionarmos nosso sobrevivente chega a hora de finalmente irmos para o combate.

Um grande mapa e uma grande ameaça

Quando a partida começa, somos jogados em um grande mapa em que temos total liberdade para explorarmos. Podemos encontrar armas, talismãs que oferecem algum status extra e refrigerantes usados como itens de cura. O título consegue impressionar com o tamanho dos mapas, sendo que existem até veículos espalhados que podemos usar para alcançar lugares mais distantes. O objetivo principal dos sobreviventes é colocar três objetos que serão usados para exorcizar as criaturas malignas que estão presentes no mapa.

Evil Dead: The Game
O objetivo principal em uma partida de Evil Dead: The Game é exorcizar um grande demônio presente no mapa. (Imagem: Divulgação)

Portanto, em determinado momento da partida, os itens darão respawn em uma região e os jogadores precisam ir até lá procurar e encontrar o objeto. Quando o encontrarmos, demorará um tempo até coletarmos e devemos lutar contra uma horda de inimigos durante um tempo determinado. Após sobrevivermos, o próximo item aparecerá e devemos nos locomover até o próximo local.

O jogo também apresenta um sistema de medo, em que uma barra roxa vai se enchendo a medida que ficamos em lugares escuros e longe de outros jogadores. Quanto maior esta barra estiver, mais vulnerável o personagem fica a ataques das criaturas. Assim sendo, é importante encontrar fósforos pelo cenário e acender uma luz em locais específicos para manter a sanidade do sobrevivente sob controle.

Portanto, ao jogarmos como um sobrevivente, podemos andar, correr, atacar usando armas de fogo e armas brancas e até mesmo realizar finalizações nos monstros. O jogo oferece uma vasta quantidade de armas, que incluem machados, espadas, martelos, facas e impressiona ao transmitir uma sensação única para cada uma delas. Entretanto, o armamento de fogo já acaba deixando a desejar, parece que as armas são muito semelhantes e faltou aquela sensação de peso. Além disso, o título também fornece um sistema de perks, que a medida que a partida avança podemos melhorar vários aspectos do personagem, como HP, stamina e até mesmo adicionar mais resistência na barra de medo.

Um combate viciante

O principal fator que torna a jogabilidade como sobrevivente divertida é a forma criativa que os personagens podem realizar combos confrontando os inimigos. Sempre que atacamos uma criatura, após alguns golpes o monstro fica atordoado e podemos realizar uma finalização.

Evil Dead: The Game
O combate em Evil Dead: The Game é viciante e bem variado. (Imagem: Divulgação)

O game apresenta várias formas de finalização, que variam dependendo da arma que o personagem tem em mãos, e cada uma delas é extremamente satisfatória. Entretanto, alguns inimigos mais fortes precisarão de mais de uma finalização para serem derrotados.

Uma boa variação de criaturas

Outro destaque de Evil Dead: The Game é a variação de criaturas que o game apresenta. Além do monstro principal controlado por outro jogador, durante a partida teremos que enfrentar várias pessoas possuídas e que irão nos atacar de várias formas possíveis, seja com armas brancas ou simplesmente no corpo a corpo.

Evil Dead: The Game
Acender fogueiras é uma forma de reduzir a barra de medo do personagem. (Imagem: Divulgação)

Além disso, na medida que o medidor de medo do jogador vai subindo, o cenário pode começar a ser usado contra nós, como árvores nos atacando e até mesmo objetos sendo possuídos. Se o nível de medo do player chega ao máximo, até mesmo ele pode ser possuído e começar a atacar outros jogadores.

Assumindo o papel de uma criatura

Na partida, outro jogador assume o papel de uma criatura que deve matar os sobreviventes. A gameplay deste player é totalmente diferente, sendo em primeira pessoa com uma câmera livre pelo cenário. Portanto, é preciso espalhar armadilhas pelo mapa, seja respawn de criaturas comuns ou de cenário. Além disso, é preciso atenção ao nível de medo dos sobreviventes, pois, é possível possuí-los e assumir o controle daquele personagem para atacar os outros heróis. De forma geral, a jogabilidade como monstro no game acaba sendo simples demais e passa longe de oferecer o mesmo nível de diversão de jogar como sobrevivente. Acredito que uma maior variação neste aspecto teria tornado a experiência mais interessante.

Progressão de personagens

Evil Dead: The Game apresenta um sistema de progressão de personagens bem simples e prático. A medida que jogamos as partidas, ganhamos pontos convertíveis em habilidades e melhorias para o personagem. Logo, podemos torná-los mais resistentes, adicionar alguns bônus que oferecem mais dano com determinados tipos de armas e até mesmo fortalecer a sorte do herói na exploração durante as partidas. Este fator no game é bem elaborado, sendo que todos os personagens apresentam um variado número de skills.

O mesmo pode ser dito em relação à árvore de progressão das criaturas, entretanto, suas habilidades são mais focadas no gerenciamento de armadilhas que é possível criar contra os sobreviventes.

Missões single player

Embora Evil Dead: The Game não tenha uma campanha focada em história, o título apresenta algumas missões solos que apresentam pequenas narrativas baseadas em acontecimentos dos filmes. Nada muito elaborado, apenas cenários curtos em que um personagem deve realizar determinadas tarefas que normalmente incluem matarmos uma criatura, sobrevivermos a alguma horda ou levar algum item até um certo local no mapa. Completar estes cenários libera alguns arquivos de texto e áudio que revelam um pouco da história dos personagens e dos monstros.

A trilha sonora impressiona

Outro aspecto que impressiona em Evil Dead: The Game é a trilha sonora do game. O título consegue transmitir muito bem o sentimento de mistério durante a exploração do cenário, com uma música mais calma e focada na ambientação. Entretanto, quando nos deparamos com as criaturas, as faixas entram em um tom mais épico para potencializar a emoção destes confrontos. Além disso, o game conta com a dublagem dos atores originais, o que torna a experiência de jogar com os personagens ainda melhor, principalmente quando temos alguma frase clássica dita durante as partidas.

Gráficos e desempenho

Os visuais de Evil Dead: The Game são bem impressionantes e conseguem estabelecer muito bem uma atmosfera de mistério e horror. O game consegue recriar de uma forma bem original os cenários dos filmes clássicos e o jogo consegue trazer um sentimento bem nostálgico, principalmente ao visitarmos a cabana do primeiro Evil Dead ou o cenário do castelo de Army of Darkness. O título também faz um bom trabalho no design dos personagens, mas as expressões faciais deixam a desejar.

Evil Dead: The Game
O game apresenta gráficos bonitos e o título mantêm a atmosfera de mistério e horror presente nos filmes clássicos. (Imagem: Divulgação)

Minha experiência foi no PC, com uma RTX 3060. O game rodou nas seguintes configurações: 1440P, Ultra, DLSS Qualidade. Com o título configurado desta maneira tive uma taxa de quadros na faixa dos 100 FPS e uma alta fidelidade visual. Os tempos de carregamentos são bem rápidos se o jogo estiver instalado em um SSD e não tive problemas de travamentos ou bugs.

Vale a pena comprar Evil Dead: The Game?

Evil Dead: The Game apresenta a experiência definitiva para os fãs da franquia Evil Dead. O game apresenta uma jogabilidade divertida e viciante, com um combate que é variado e desafiador em alguns momentos. Isto claro, se os jogadores assumiram o papel de um sobrevivente. Pois, infelizmente, assumir o controle das criaturas acaba apresentando uma gameplay mais limitada e que pode se tornar repetitiva muito rápido.

De forma geral, Evil Dead: The Game é um jogo que recomendo para todos os fãs da franquia e de games multiplayer assimétrico, pois a obra consegue entregar uma jogabilidade sólida e com elementos únicos.

Evil Dead: The Game foi desenvolvido pela Saber Interactive e a Boss Team Games e lançado no dia 13 de maio de 2022 para PC, via Epic Games Store e SteamPlayStation 5, PlayStation 4Xbox Series X|S, Xbox One e Nintendo Switch. O game também recebeu uma versão Game of The Year em abril deste ano, contendo todo o conteúdo lançado anteriormente.

*Review elaborado em um PC equipado com uma Geforce RTX, com código fornecido pela Saber Interactive.

Evil Dead: The Game

+R$ 89,99
8.3

Diversão

10.0/10

Gameplay

8.0/10

Gráficos e Sons

8.0/10

Inovação

7.0/10

Prós

  • O combate é excelente e viciante
  • Os mapas são bonitos e conseguem transmitir a essência de mistério e horror da franquia
  • Boa variação de personagens
  • A progressão de habilidades é excelente
  • Legendas em PT-BR

Contras

  • A jogabilidade como criatura deixa a desejar
  • O combate com armas de longo alcance poderia ter mais variação
  • O game poderia ter mais conteúdo

Leandro Paiva

Um estudante de jornalismo e o primeiro estagiário do site. Degustador nato de coxinha e pizza fria com ketchup. Amante de RPG, principalmente aqueles em que é possível pescar em vez de fazer a missão principal. Piadista em tempo integral e um grande degustador de café. Defensor de Birds of Prey e da DC em geral nas horas vagas.