Fairy Fencer F: Refrain Chord | Review
Fairy Fencer F: Refrain Chord é um JRPG tático, no estilo de batalha de turnos, desenvolvido pela IDEA FACTORY junto da COMPILE HEART e STING, e publicado pela Idea Factory International. Continuando a história de Fairy Fencer F Advent Dark Force, o título traz a velha gangue de volta ao corre de sempre, mas com uma jogabilidade consideravelmente diferente.
E aí, será que vale a pena acompanhar as novas desventuras de Fang e companhia? É o que veremos agora, em mais uma análise do Pizza Fria.
Fadas e músicas
Se tem uma coisa que devemos apreciar nesse mundo, caros leitores e leitoras, é a coragem. De ir além das barreiras preconcebidas, obviamente mantendo-nos dentro da moral, de tentar o novo, de inovar e, eventualmente, fracassar. Ou, mais perto de nossa realidade no momento, o de lançar uma continuação para um jogo da década passada e, de quebra, mudando completamente sua jogabilidade.
É o caso, inclusive, de nosso jogo da vez: Fairy Fencer F: Refrain Chord. Seu antecessor, Fairy Fencer F Advent Dark Force, foi lançado em meados de 2015 e possuía aquela cara de JRPG padrão. Corríamos pelas masmorras, explorávamos cidades e tínhamos o combate por turno, mas sem o esquema de andar através de posições fixas no mapa. Enfim, o velho jeito de sempre.
Contudo, o esquema sofreu um (quase) 180º nesse título mais nova. Agora temos o glorioso e maravilhoso estilo de RPG tático , abençoado seja. Aquele que, diga-se de passagem, pode ser considerado com um dos titãs do gênero e, ouso dizer, talvez o melhor deles. A fonte, leitora? Oras pois, nem foi preciso. Agora parem de me questionar e sigamos com o programa.
Fairy Fencer F: Refrain Chord segue a história de Fang e sua trupe de desajustados, que continuam suas buscas pelas furies enquanto enfrentam a corporação Dorfa e seus capangas. Além disso, a entrada de duas muses, chamadas Glace e Fleure, mudam a dinâmica da situação e a deixa ainda mais complexa. As duas possuem o poder da música, e Glace utiliza sua habilidade de controlar as vontades daqueles que a escutam para favorecer os vilões. Como sempre, não é mesmo?
Como é, leitor? Quem é essa gente toda? O que são fairies, fencers, furies e tudo mais? Boa pergunta, meu caro. O jogo não tem um cuidado especial em situar novatos, como eu por exemplo, dentro de seu universo. Temos pequenas bios dos personagens de interesse, alguns diálogos para contextualizar e é isso. Nada no nível de The Legend of Heroes: Trails to Azure, infelizmente.
Quando compreendemos que fairies são seres que podem fazer um pacto com seus fencers, para que estes possam utilizar seus poderes através de suas furies, e que a dita corporação maléfica deseja obter todas para avançar seu plano totalmente legal e humanitário, as coisas começam a andar. E é aí que a graça da trama e o charme dos personagens começa a aparecer.
Fairy Fencer F: Refrain Chord tem personagens muito divertidos, e a maioria das cenas sempre envolve alguma piada ou graça, geralmente às custas do protagonista e líder do grupo, Fang. Ele é uma subversão interessante do herói visto que ,apesar de ser de fato um dos mais fortes ele é sempre ridicularizado e raramente levado a sério. O que é um deleite pois ele, de fato, é um porre. Se o Fang estiver chorando, todos estaremos rindo. Sendo assim, apesar da estranheza inicial, as batidas da história são legais de acompanhar e poderemos dar umas boas risadas, como se o título fosse quase um anime de comédia.
Falemos da jogabilidade que, sem dúvida, é uma das maiores mudanças trazidas por Fairy Fencer F: Refrain Chord. Como falei acima, o título dá uma mudança legal levando seu estilo para o combate em turnos de forma tática, na qual movemos nossos personagens pelo mapa através de quadradinhos. Pense em algo como Disgaea 6, por exemplo. Contudo, também implementaram algumas mecânicas para dar uma cara própria ao que é oferecido aqui.
O título segue o esquema básico, inicialmente, permitindo que montemos nosso time e movimentemos nossos heróis pelo mapa, um por vez, utilizando golpes comuns e especiais dentro de alcances específicos para cada tipo de arma e habilidade. Algumas acertam em apenas um quadrinho por vez, outras miram em vários. Certas habilidades tem alcances maiores, aplicam buffs e debuffs, tem elementos específicos, essas coisas. Como disse, o arroz com feijão.
O diferencial de Fairy Fencer F: Refrain Chord, que torna a experiência refrescante até, é seu sistema de fairies e muses. Comecemos pelas primeiras. Cada personagem possui sua fairy principal, que concede habilidades específicas que podem ser aprendidas e definem qual arma cada um usa. Fang, por exemplo, pode transformar a sua em uma espada ou um par de luvas. Além disso, cada fencer possui uma barra que, ao se encher, permite o uso do comando fairize. Ele permite que um fencer e sua fairy se unam, concedendo um gás significativo no poder destrutivo do boneco e liberando algumas skills especiais.
Além disso, podemos equipar sub-fairies, que podem ser encontradas em missões paralelas ou através de um minigame de escavação, no qual selecionamos partes do mapa para serem escavadas em busca de itens. Cada sub-fairy possui uma série de habilidades especiais, que podem ser aprendidas como ocorre com as principais. Algumas delas só podem ser utilizadas enquanto a dita cuja estiver equipada, e outras podem ser adicionadas aos equipamentos de um herói para que possam usar, contanto que possuam a arma do tipo adequado. Isso é bem legal, pois permite uma boa customização do kit de cada herói, e adiciona uma uma boa camada de estratégia ao título.
Fairy Fencer F: Refrain Chord também tem uma ênfase em música. Como disse, as muses podem cantar para adicionar uma série de efeitos ao campo de batalha, sejam eles benéficos ou não. Fleur, uma de nossas chegadas, pode selecionar uma ação em seu turno que a permite cantar uma canção, aprendida através do uso de sub-fairies específicas para ela, que possui efeitos que vão de aumentar dano até curar, por exemplo. Ao fim de ação ela pode escolher intensificar o efeito da música ou aumentar seu alcance, mantendo a melodia enquanto a barra de energia permitir.
O inimigo também possui sua muse, que funciona da mesma forma que a nossa. O interessante aqui, também, é que as áreas de duas músicas podem ser interpolar, fazendo com que os efeitos se combinem e coisas bizarras aconteçam. Por exemplo, o jogo conta com uma mecânica chamada avalanche, uma barra que enche conforme damos e levamos bordoadas. Quando se completa, podemos utilizar um ataque com uma área enorme, que aplica diferentes efeitos de acordo com a música sendo tocada e se estamos em sob o efeito de uma aliada e adversária ao mesmo tempo.
Foi nessa pegada que Fairy Fencer F: Refrain Chord me conquistou. Embora o jogo tenha uma cara bem anime padrão, e seus básicos sejam mais do mesmo, as mecânicas adicionais implementadas, como quests secundárias, mineração, e todo esse sistema que citei acima, fazem com que ele se erga acima do mar de JRPGs táticos do mercado. Bem divertido, de fato.
Sons e Visuais
Fairy Fencer F: Refrain Chord possui uma cara bem anime padrão, com cores fortes, personagens de olhos gigantes e looks pouco práticos e muito fora da realidade. Como sempre, não é mesmo? Os gráficos não são nada demais, principalmente ao se contar que vemos os modelos 3D apenas na hora dos combates, praticamente. Contudo, não é nada que doa os olhos e, vendo de perto, são até bem fofinhos. Além disso, as transformações fairize são legais e os poderes tem efeitos maneiros.
A trilha sonora é OK, embora pouco memorável ou impactante, e a música de abertura é realmente bem divertida e vale ser ouvida mais de uma vez. O brilho da coisa, aqui, vem da dublagem, que achei muito acertada e divertida. Os dubladores realmente injetaram vida nos personagens, fazendo com que todos os diálogos e presepadas se tornem ainda mais divertidos simplesmente pela forma que foram atuados. Em um jogo que se vende como cômico, isso é um ponto essencial.
Vale a pena comprar Fairy Fencer F: Refrain Chord?
Ah, é chegada a hora maravilhosa de sempre, leitores e leitoras do reino das fadas internéticas. O momento de tentar definir, de forma numérica e exata, um conceito abstrato e elusivo como o gosto e aproveitamento. Meh, vamos lá. Comecemos lembrando alguns prós e contras de Fairy Fencer F: Refrain Chord. Para começar, já lanço que achei a transposição de estilos desse jogo em relação ao anterior muito bem feita. O gênero tático lhe cai bem, e todas as mecânicas adicionais foram implementadas de tal forma que, além de divertido, o título ganhou uma cara até que única.
O combate é divertido e possui uma profundidade considerável, visto que podemos ter diferentes tipos de fairies equipadas, além de equipar habilidades específicas para alterar o kit de cada herói, permitindo cobrir falhas em determinados campos ou fortalecer outros. Além disso, o sistema de muses e canções ficou muito legal, adicionando uma camada tática que, de outra forma, não teria.
Ainda que os personagens sejam bem divertidos, e o humor do título acerte quase sempre, ainda tive um certo ranço de alguns seres que possuem protagonismo da história. Fang, por exemplo, é um personagem extremamente irritante e chato. Eu entendo que seja necessário para dar aquela alegria ao ver que todos os outros heróis o tratam como o idiota que é, mas acredito que sua caracterização ainda seja meio forçada. Fora isso, apenas os gráficos e trilha sonora, em sua maioria, sem sal me incomodaram mais.
Contudo, ao fim e ao cabo, Fairy Fencer F: Refrain Chord foi uma experiência muito agradável. Um sistema de combate maneiro, boa profundidade, muito conteúdo entre quests e fairies, personagens legais (menos o Fang, claro) e um tom engraçado e despretensioso fazem o título ser muito gostoso de jogar. Além disso, sua acessibilidade o torna uma boa recomendação para aqueles que estiverem começando no gênero. Recomendo.
Fairy Fencer F: Refrain Chord, já está disponível para PlayStation 4, PlayStation 5 e Nintendo Switch, e receberá uma versão para PC, via Steam, nesta terça, 23 de maio.
*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce GTX, com código fornecido pela Idea Factory.