AnálisesDestaquePC

Fellowship | Preview

Quando um estúdio independente decide dar uma mexida na fórmula consagrada dos grandes MMORPGs, muita coisa boa pode surgir. Fellowship, primeiro projeto da Chief Rebel para PC via Steam, talvez seja esse caso, chegando com a ousada promessa de oferecer “masmorras desde o primeiro minuto”, sem a longa maratona de grind que costuma separar os jogadores hardcore dos casuais. O jogo, que será lançado em Acesso Antecipado no Steam em 16 de outubro, aposta tudo em um novo gênero batizado pelos próprios desenvolvedores de “MODA”, Multiplayer Online Dungeon Adventure. A ideia é unir o melhor dos MMOs, MOBAs e ARPGs em uma experiência cooperativa para quatro jogadores, repleta de progressão, loot e chefes desafiadores,

Mas será que essa proposta consegue equilibrar acessibilidade e profundidade? Será que realmente haverá uma grande diferença de todos os outros jogos que já foram criados até então? Essas e várias outras questões serão abordadas nesta preview, já que tive um baita prazer de testar o jogo de maneira antecipada e bater um papo bem interessante com os desenvolvedores. Confira!

Primeiras impressões foram bem positivas

Logo de cara, Fellowship abandona aquele formato tradicional de tutorial arrastado. Aliás, pouco sobre a história por trás do jogo foi apresentado até então, furtando-se somente nas descrições dos personagens. Assim que o jogador escolhe seu herói, entre tanques, suporte e DPS, é lançado diretamente em sua base, o Stronghold, onde pode treinar habilidades, equipar itens e formar grupos com outros aventureiros. O ambiente serve como uma espécie de hub funcional vivo e promete se tornar, no futuro, um espaço social vibrante, com eventos e exibição de conquistas.

A estrutura das missões é muito simples, mas eficiente. Há três modos principais de jogo: Quickplay, Challenge e Eternal. O primeiro é ideal para sessões rápidas de 10 a 15 minutos, enquanto o segundo oferece as masmorras mais longas e complexas, com três chefes e uma curva de dificuldade progressiva. Já o modo Eternal é voltado aos jogadores veteranos, um verdadeiro teste de resistência onde cada nova camada é mais brutal que a anterior. Com isso, a sensação para nós é de mergulhar diretamente no endgame de um MMO, mas sem precisar passar meses lutando para isso. É uma proposta interessante e, ao que tudo indica, bem executada.

fellowship preview
O estilo é nitidamente uma homenagem a World of Warcraft e a outros clássicos. (Imagem: Divulgação)

Segundo os desenvolvedores, a ideia de Fellowship é justamente a de ser acessível para jogadores mais casuais, que não terão aquele tempo absurdo tomado pelos tradicionais MMORPGs. Ou seja, quando eles falam do que temos aqui um MODA, eles não estão mentindo. Eu mesmo gostei bastante de entrar direto na ação, pulando toda aquela conversa comum de entregar uma coisa ali e matar x monstros para concluir a missão.

Cooperação é essencial

A ideia de Fellowship apresenta a clássica trindade dos RPGs online: tanque, curandeiro e DPS. Com isso, cada papel é indispensável para uma equipe, e a harmonia entre as funções claramente dita o sucesso ou o fracasso das aventuras. Durante o preview, foi possível jogar uma dungeon com Elarion, um arqueiro de mobilidade impressionante. No Stronghold, testei brevemente heróis como Helena, uma guerreira de armadura pesada que domina o campo de batalha com ataques de área, como Vigour, um anão rúnico capaz de curar e proteger aliados com poderosas magias de luz e muito mais.

O sistema de combate é totalmente baseado em habilidades com tempos de recarga curtos e combinações rápidas, que se tornam verdadeiros combos. A leitura dos padrões dos inimigos e o posicionamento correto da equipe são cruciais, especialmente durante as batalhas contra chefes, algo que pude testar, me lembrando muito as raids de World of Warcraft, em que o trabalho em equipe se mostra essencial. Com isso, cada inimigo possui mecânicas únicas que exigem coordenação constante, e punem duramente qualquer deslize. Mas fique tranquilo… você voltará após um tempo. Bem, se alguém da equipe se manter vivo. Com isso, nada de apertar botões aleatoriamente: Fellowship cobra estratégia e timing.

fellowship preview
Um jogo que requer cooperçaão. (Imagem: Divulgação)

Cada herói, um estilo

Em Fellowship, cada herói possui o Hero Talents, uma árvore de habilidades específicas que expandem os poderes dos heróis conforme progredimos. Além disso, há um sistema de recompensas chamado Star Map, que traz diversos desafios. Ao cumprir determinados objetivos, que lembram muito os MMORPGS clássicos, como derrotar um número específico de chefes ou concluir dungeons em menos tempo, conseguimos liberar novas habilidades, skins e até montarias.

Os desenvolvedores acertam muito ao misturar personalidade e carisma em praticamente tudo dentro de Fellowship. Ardeos, por exemplo, é um mago arrogante que manipula brasas e labaredas com vaidade quase teatral. Mara, por outro lado, é uma assassina furtiva, letal e silenciosa, perfeita para jogadores que preferem agir nas sombras. Cada um tem um estilo próprio e parecem ser uma grande homenagem aos clássicos MMORPGS dos últimos 25 anos.

fellowship preview
Cada personagem tem características únicas dentro da tríade dos MMORPGs: tanque, suporte e DPS. (Imagem: Divulgação)

Apesar de o foco estar no gameplay cooperativo, há um cuidado com a construção de lore, embora a história mesmo ainda seja apresentada de forma bem rápida em um vídeo. Portanto, cada personagem tem uma biografia e um pano de fundo mítico, que serão aprofundados com atualizações futuras e narrativa ambiental. Isso parece muito com o que vem sendo em jogos como Overwatch 2 ou Valorant, que a cada temporada lançam novos personagens e aprofundam a narrativa por trás da ação.

Dungeons insanas para quem gosta de ir direto para a ação

O design das masmorras de Fellowship me deixaram bem animado. Durante a prévia, foi possível explorar uma delas, repleta de inimigos por toda a extensão do mapa, em um verdadeiro desafio. Em cada trecho da dungeon, temos variações que quebram padrões básicos, apresentando armadilhas, inimigos com buffs e debuffs que obrigam o grupo a se reposicionar e mecânicas que exigem leitura tática. A progressão aqui é intensa e recompensadora, e nós sentimos bem o impacto de cada vitória, especialmente quando o loot aparece no baú de recompensas localizado no Stronghold.

Esse sistema, aliás, é uma decisão inteligente. Ao eliminar o loot drop tradicional durante as lutas, o jogo foca na pancadaria e, assim, evita qualquer dispersão da equipe, incentivando a ação direta e a cooperação. Com isso, a recompensa só vem quando todos sobrevivem. Ou seja: se você for fominha e o time falhar, todos sairão de mãos vazias!

fellowship preview
Prepare-se para chefes variados. (Imagem: Divulgação)

Visual homenageia MMORPGs clássicos

Apesar de ser um projeto mais alternativo, Fellowship impressiona pelo estilo artístico. A Chief Rebel adotou neste jogo um visual que mistura realismo suave com traços cartunescos, resultando em uma estética que me lembrou demais World of Warcraft, mas com texturas mais limpas e tecnologias mais modernas. Os efeitos de partículas durante as magias, as armaduras reluzentes e os ambientes temáticos deixam todo o caos das batalhas ainda mais bonito. Além disso, ao que tudo indica, cada dungeon terá sua própria identidade visual e os chefes ocupam boa parte da tela, reforçando o senso de escala e perigo tão amado por nós, fãs de MMORPGs.

Outro destaque de Fellowship é sua trilha sonora. Orquestrada com tons épicos e corais discretos, ela eleva a tensão sem cansar o ouvido. O som das habilidades e o feedback dos golpes são nítidos, algo essencial para um jogo de ação cooperativa. Aqui, não temos músicas chatas e extremamente repetitivas, algo bem comum em muitos MMORPGs. Aliás, a ação é tão intensa que nem dá para perceber direito o que está tocando ao fundo.

fellowship preview
Os gráficos são extremamente agradáveis. (Imagem: Divulgação)

Progressão acessível

Durante minha jogatina com os desenvolvedores, precisei questionar sobre um problema bem comum da vida adulta: como os jogadores casuais poderão fazer frente aos mais dedicados? Felizmente, a resposta foi exatamente a que eu gostaria de ouvir. Um dos objetivos principais deles em Fellowship consiste justamente de remover essas barreiras que desanimam qualquer trabalhador brasileiro. Com isso, ao contrário dos MMOs tradicionais, não há longas horas de grind antes de acessar o conteúdo realmente divertido. Desde o início, o jogador pode escolher entre Quick Play Dungeons, perfeitas para quem tem pouco tempo; ou Challenge Dungeons, que duram mais. testam reflexos e todo o trabalho em equipe.

A progressão é feita por meio de um sistema de ligas, semelhante a temporadas competitivas vistas em outros jogos. À medida que aprimoramos nossos equipamentos e desempenho, subimos de liga, enfrentando inimigos gradativamente mais fortes. Isso cria um ciclo viciante, mas justo, de desafio e recompensa, sem tornar o jogo punitivo. Desta forma, essa filosofia é o que realmente diferencia Fellowship de outros jogos online. Felizmente, os desenvolvedores entendem que o público moderno busca experiências cooperativas intensas, mas com acessibilidade e ritmo.

fellowship preview
A cada dungeon, uma nova emoção. (Imagem: Divulgação)

Fellowship será um título premium, sem assinatura ou modelo “pay-to-win”. Os desenvolvedores confirmaram que haverá microtransações, mas elas serão apenas cosméticas, como skins e montarias. Assim, não impactarão o desempenho dos personagens durante as partidas.

O que esperar de Fellowship?

Se tudo o que vi durante o acesso prévio se mantiver após o lançamento de Fellowship, acredito que o jogo pode virar uma grande experiência cooperativa, nos levando direto para a porradaria, sem muita enrolação. Ele entrega ação imediata, comandos fáceis e bem comuns do gênero, além de desafios crescentes e um sistema de recompensas justo, embalado por visuais vibrantes e mecânicas que valorizam a união entre os jogadores. É raro encontrar um título que compreenda tão bem o que torna a experiência dos dungeon crawlers tão legal: o prazer de enfrentar o impossível ao lado de bons companheiros. E se há algo que o próprio nome do jogo sugere, é isso: uma verdadeira irmandade.

Com sua chegada ao Steam Early Access, Fellowship promete não apenas balançar um bocadinho dos padrões dos jogos online, mas redefinir o que significa jogar junto. E se o início é um prenúncio do que vem pela frente, os aventureiros de plantão têm um novo mundo para conquistar. A aposta é ousada e, ao que tudo indica, terá sucesso. A mistura de cooperação intensa, acessibilidade imediata e rejogabilidade infinita poderá colocar o jogo da Chief Rebel entre os grandes nomes do gênero, além de criar um estilo próprio. Se, assim como eu, jogou muito WoW, Diablo e outros MMORPGs, prepare seu grupo, aprimore suas habilidades e vá fundo em Fellowship!

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela ARC Games.

Álvaro Saluan

Completamente apaixonado por videogames, escreve e pesquisa sobre o tema há uns bons anos. Vê os jogos para além do entretenimento, considerando todo o processo como uma grande e diversificada arte. Vai dos jogos de esporte aos RPGs tranquilamente, admirando cada experiência. Seu maior ídolo dos jogos é Hideo Kojima.