Fobia – St. Dinfna Hotel | Review
“Artista 3D que um dia sonhou em ser Dev de um grande jogo (sic),” é como o perfil de Thiago Matheus, um dos diretores de Fobia – St. Dinfna Hotel, se descreve nas redes sociais. Por muito tempo, jogadores do Brasil que se encantavam pelos AAA desenvolvidos em países estrangeiros sonhavam com um jogo de grande porte criado em nossas terras. Será que Fobia é o sonho se tornando finalmente realidade? Confira em mais uma review aqui no Pizza Fria!
História
Fobia – St. Dinfna Hotel é dividido em capítulos, que contam as aventuras de Roberto Leite Lopes no hotel Santa Dinfna, que está de alguma forma ligado a acontecimentos estranhos em uma trilha próxima. Inspirado em clássicos como Resident Evil, Silent Hill e Fatal Frame, o jogo usa e abusa de files para contar sua história; bilhetes, e-mails e cartas espalhadas pelo cenário, que além de aprofundarem a relação de uma seita misteriosa com os acontecimentos na trilha e o hotel, também ajudam a aumentar as horas de jogo com explorações. Em alguns capítulos a história muda a era onde se passa, ensinando sobre novas mecânicas e criando ligações com os capítulos onde o jogo se ambienta em épocas mais recentes.
Talvez a parte menos convincente na forma de contar essa história esteja, justamente, nas cutscenes; a dublagem em português de Roberto destoa de forma significativa da atuação dos demais personagens, que soam mais como se estivessem sendo interpretados por atores mais experientes. Curiosamente, a dublagem em inglês não sofre tanto desse problema e Roberto demonstra um pouco mais de emoções, como surpresa e desconfiança, com sua voz. Se a ideia era trazer de jogos como o primeiro Resident Evil, que é famoso pela dublagem peculiar, conseguiram! E, para quem prefere esse tom de atuação, também é um prato cheio.
Gameplay
A proposta que mais me empolgou sobre Fobia foi ser um survival horror daqueles que não trazem só o “horror”, e de fato, permitem que o jogador se defenda; só não imaginei que levaria uma hora de jogo para encontrar a primeira arma. É bem verdade que até esse ponto as ameaças eram poucas, mas a tensão aumentava a cada momento sem encontrar um item de defesa. A tensão, aliás, foi bem construída durante todo o jogo, onde você sempre fica com aquela sensação de que alguma coisa, em algum momento, vai te atacar; mesmo que não aconteça nada.
A câmera em primeira pessoa e o pouco do personagem que se vê em Fobia – St. Dinfna Hotel lembram muito as iterações mais recentes de Resident Evil, especificamente Resident Evil 7: Biohazard e Village, e as semelhanças não param por aí, com o clássico baú da trilogia original marcando presença como inventário e puzzles. Os combates também lembram muito os RE em primeira pessoa, permitindo inclusive que o jogador ande e atire ao mesmo tempo.
Em geral, os puzzles de Fobia são interessantes e desafiadores… exceto quando tentam desafiar a inteligência do jogador, como no caso dos (spoilers!) elevadores, onde o jogador é obrigado a encontrar diferentes botões de um elevador quebrado para acessar os andares. Seria mais simples e menos frustrante usar um único botão para acessar um andar de cada vez, mas é uma inconveniência que pode ser logo superada.
Percebe-se também que houve a tentativa de tornar o Hotel St. Dinfna o personagem central da história, tornando o prédio um imenso puzzle onde a trama se desenvolve pelas paredes dos quartos, mas não foi exatamente esse o resultado alcançado com diversos (ênfase no diversos, eram realmente muitos) quartos trancados e muita similaridade entre os espaços, causando confusão em qual era o andar atual e qual deveriam ser os próximos a explorar; e a exploração é constante, em momentos onde o jogador se vê indo de um ponto a outro da mesma sala para encontrar um item e usá-lo no mesmo local, o que pode aumentar a sensação de frustração.
Somando isso com o problema mais grave do jogo no PC que, na minha opinião, foi o de impedir a navegação no menu e inventário in game usando o mouse e sim as teclas WASD, podem ser a receita para causar o abandono do jogo pelo cansaço.
Sobre acessibilidade, Fobia manda muito bem com um menu nas configurações inteiramente dedicado à ela, fazendo um ótimo trabalho de refinamento de ajustes para quem necessita de suporte na sua experiência com o jogo.
Performance e gráficos
A intenção era criar um jogo grandioso e a missão foi cumprida! Os gráficos criados com a Unreal Engine 5 são lindos e, apesar de alguns pequenos bugs aqui e ali (como os objetivos não aparecerem na tela mesmo com a opção ativada), o jogo funciona bem e é muito bem otimizado, tornando esse um dos maiores pontos positivos de Fobia, que mesmo com gráficos no modo Cinemático (o novo Ultra) e Ray Tracing no máximo se mantem estável; situação que nem mesmo alguns grandes títulos conseguem.
Ainda assim, mesmo sendo um lindo jogo, plugins externos de aumento de brilho e cor podem aprimorar a sua experiência visual, que pode ser comprometida se você houver dificuldade em enxergar cenários muito escuros.
Vale a pena jogar Fobia – St. Dinfna Hotel?
Respondendo à pergunta do começo da nossa review, Fobia é sim um sonho se tornando realidade em muitos aspectos: um jogo brasileiro de grande porte, apostando em gráficos realistas e trazendo de volta alguns elementos dos clássicos do survivor horror que se perderam pelo caminho é um grande passo na direção correta. É um ótimo cartão de visitas para a Pulsatrix Studio, desenvolvedora do game que, apesar de necessitar de alguns refinamentos, oferece uma experiência agradável.
Fobia – St. Dinfna Hotel está disponível para PC, via Nuuvem, Xbox One, Xbox Series X|S, PlayStation 4 e PlayStation 5. O preço varia de acordo com a plataforma. No Metacritic, o game alcançou uma média de 70 pontos na versão avaliada.
*Review elaborada em um PC equipado com GeForce RTX, com código fornecido pela Nuuvem.