Game Over – A Musical RPG?? | Review
Você sente falta de calejar os dedos enquanto jogava os nostálgicos Rock Band e Guitar Hero na era dourada dos consoles da sexta e sétima geração? Caro leitor, hoje te apresento um jogo que promete te levar de volta àquela época em que completar músicas na dificuldade expert era a maior conquista da sua vida.
Desenvolvido ao longo de 8 anos pelo compositor, artista e programador Jacob Houston — de forma completamente independente — Game Over – A Musical RPG?? é um platformer musical recheado de paródias, humor ácido e até pitadas de horror. Tive o privilégio de jogar essa alucinante aventura de forma antecipada e venho compartilhar minhas impressões em mais uma análise antecipada do Pizza Fria!
Narrativa e tom
Acompanhamos a jornada do protagonista — nomeado pelo jogador — que parte em uma missão para resgatar a princesa Pins, sequestrada por um dragão implacável. De forma totalmente inusitada, o vilão é derrotado logo no primeiro embate, e retornamos à cidade de Stringfield, que, em pouco tempo, começa a ser afetada por anomalias e distorções estranhas por todos os cantos. Sabe aquela frase “quanto menos souber, melhor”? Game Over – A Musical RPG?? representa perfeitamente esse conceito.
Durante a maior parte do tempo, o humor e a paródia ditam o tom da jornada. São incontáveis as referências espalhadas pelo título — de Pokémon a musicais da Disney. E não se tratam apenas de comentários breves ou homenagens visuais: essas referências estão intrinsecamente ligadas ao desenvolvimento dos personagens, à resolução de puzzles e aos payoffs dos conteúdos opcionais.
Em minhas 9 horas de gameplay na primeira zerada, o ritmo fluiu lindamente. São tantas boas ideias e “piscadinhas” criativas em sucessão — no visual, na jogabilidade e, principalmente, no áudio — que é difícil acreditar que tudo isso foi desenvolvido por apenas uma pessoa. É realmente espantoso.

Jogabilidade e desafios alucinantes
Como na saudosa saga Guitar Hero, o principal elemento de gameplay em Game Over – A Musical RPG?? gira em torno de acertar as notas no momento certo para que a música continue. A dificuldade é elevada: a velocidade dos confrontos — aqui chamados de “duetos” — é frenética, e além do ritmo e da duração considerável das canções, diversos elementos visuais surgem para atrapalhar o jogador.
Parte da tela pode ficar escurecida, pop-ups de mensagens devem ser eliminados com o uso de outros botões, e novos comandos são adicionados no meio da música. Esses são apenas alguns exemplos das inúmeras quebras de expectativa que o game proporciona, testando constantemente sua atenção e reflexos.
Como o nome sugere, Game Over – A Musical RPG?? também incorpora elementos típicos de RPG: há dezenas de diálogos com NPCs, áreas secretas, escolhas e múltiplos finais. Embora não haja sistemas tradicionais de equipamento, como armamentos e armaduras com atributos variados, isso em nada prejudica a experiência. Os segmentos de plataforma são igualmente criativos e desafiadores, mantendo viva a essência de um verdadeiro jogo de ritmo.

A única forma de progressão presente em Game Over – A Musical RPG?? é o aumento da sua barra de vida, representada por símbolos musicais. Isso permite errar mais vezes antes que a música falhe completamente (e acredite: você vai falhar muito). Esses símbolos podem ser obtidos ao derrotar inimigos, completar missões secundárias ou explorar locais secretos.
Mas não se assuste demais com a dificuldade! O game oferece um modo menos desafiador — literalmente chamado de “Less Hard” — no qual surgem menos notas e o tempo de resposta é mais generoso. Há ainda uma opção que toca todas as notas automaticamente, perfeita para quem quer apenas curtir a história e o espetáculo audiovisual sem socar o teclado ou arremessar o controle contra a parede por frustração.
A customização dos botões também está disponível tanto para teclado quanto para controles. Testei com o Pro Controller da Nintendo e o DualSense da Sony — ambos responderam bem. No entanto, o Pro Controller apresentou um problema recorrente de comandos embaralhados e com atraso, resolvido ao reconectá-lo uma segunda vez após o jogo já estar aberto. Fora essa pequena lombada no caminho, não enfrentei nenhum outro problema técnico durante a experiência.

Trilha sonora e visuais em perfeita harmonia
Absolutamente fantástica — essa é a melhor forma de definir a trilha sonora de Game Over – A Musical RPG??. Synthwave, rock alternativo, disco, música clássica, eletrônica e muitos outros estilos estão presentes ao longo da jornada. O título inteiro é concebido para realmente parecer um musical: o design de muitos personagens e objetos do cenário é inspirado em instrumentos musicais, que constantemente emitem sons condizentes com sua aparência.
Mesmo ambientado em um mundo de fantasia medieval mais tradicional, o game surpreende ao incluir elementos modernos e inusitados, como televisões, máquinas de café e até uma boate. Essa mistura fortalece a natureza abstrata e única da experiência proposta, tornando o universo de Game Over – A Musical RPG?? ainda mais cativante.
Quando o suspense entra em cena, os visuais e o áudio se destacam ainda mais, criando momentos intensos e memoráveis que reforçam o impacto da narrativa.

Vale a pena comprar Game Over – A Musical RPG???
A resposta é sim — e vale muito! Se você faz parte do nicho que aprecia jogos como Undertale, aqui encontrará elementos narrativos e de jogabilidade igualmente marcantes. A ausência de tradução para o português certamente é um obstáculo para alguns, mas considerando que Game Over – A Musical RPG?? foi inteiramente desenvolvido por uma única pessoa, isso está longe de ser um ponto negativo. É apenas uma observação.
No fim das contas, trata-se de uma experiência obrigatória para todo fã de jogos independentes e, especialmente, para quem ama música em todas as suas formas.
Game Over – A Musical RPG?? será lançado para PC, via Steam, no dia 11 de abril.
*Review elaborado em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido por Jake Houston.