Horizon Zero Dawn Complete Edition (PC) | Review
Horizon Zero Dawn é o mais novo dos ex-exclusivos do PlayStation 4 que chega aos computadores. O RPG de ação segue os passos de outros jogos, como Death Stranding, NiOh e Detroit: Become Human, que estrearam primeiro no console da Sony, e ganharam versões posteriores para PC. Lançado em 2017, o game era considerado um dos melhores exclusivos do console, com um Metascore de 89 pontos, e concorreu ao prêmio de melhor jogo do The Game Awards naquele ano.
Agora, mais de três anos após sua estreia, o game chega aos computadores, através da Steam e da Epic Games Store, com melhorias compatíveis à plataforma. Nessa análise, falaremos um pouco sobre tudo do game: desde à narrativa, até a adaptação de gráficos e gameplay para a nova plataforma. Embarque agora em mais uma crítica do Pizza Fria!
O mundo de Aloy
Horizon Zero Dawn se passa em uma distopia futurística, onde as máquinas se sobressaíram sobre os humanos e deram fim à civilização. Assim, os poucos humanos que restaram formaram tribos – e aqui você vai conhecer duas delas, principalmente os Nora e os Carja. Você assume o controle de Aloy, uma garota “sem-mãe”, que é criada por Rost, um exilado por opção.
Logo nos primeiros minutos de jogo, você vai encontrar um objeto que muda tudo: o Foco. Esse estranho acessório expande informações digitalizadas sobre tudo o que você vê no mapa, quase como se fosse um HUD secreto. Ele é parte fundamental em toda a narrativa, e sua inserção no começo frisa sua importância.
Acontece que a nossa protagonista carrega um grande fardo. Ela não sabe absolutamente nada sobre a sua origem e acredita que as respostas que procura estão com os Nora. Para isso, ela treinou sua vida inteira para a Provação, uma competição que, em caso de vitória, ela seria aceita pela tribo e poderia encontrar as respostas que procura.
O fantástico horizonte de máquinas
Para acompanhar a jornada, com duração superior a 60 horas, somadas à campanha e a expansão The Frozen Wilds, que faz parte da Complete Edition, podemos nos aprofundar em uma narrativa muito bem elaborada em torno da protagonista. A história e os mistérios que giram em torno da origem das máquinas e do passado de Aloy são fortes o suficiente para fazerem o game evoluir muito. Tanto que a expansão é uma história complementar.
E assim Horizon Zero Dawn conseguiu ter seu próprio brilho, inserindo um universo novo, e uma campanha inovadora. Ao contrário de apocalipses em que se vê terras devastadas, aqui a proposta é diferente: a natureza clamou para si tudo aquilo que lhe foi tomado, e assim o título traz ambientes espetacularmente bonitos e naturais. Pegando, por exemplo, jogos em que a civilização caiu há pouco tempo, como The Last of Us Part II, que ainda mostram carros no mundo, aqui é como se voltássemos para a idade das pedras.
A exceção é que o mundo está tomado por feras de aço. Máquinas, que aparecem por todo o território, e com aparências de animais reais, como os Galopes, que lembram os cavalos, e os Dentes de Serra, que se assemelham a grandes felinos, mas muito maiores. Há, claro, uma variedade enorme de máquinas para ser descoberta, cada uma com uma característica diferente.
Um RPG de ação tradicional
Embora Horizon Zero Dawn tenha inovado em sua história, o jogo traz elementos bem tradicionais de RPGs de ação. Não que isso seja ruim, mas você vai ver poucas coisas que inovam aqui. Além do Foco, que traz informações sobre máquinas e humanos, você possuí uma árvore com diversas habilidades desbloqueáveis, que podem permitir, por exemplo, a conversão de máquinas.
Embora nem todas possam ser convertidas e usadas por você, trata-se de uma ferramenta útil para explorar o enorme mapa do jogo. Ainda sobre o grande mapa, você vai precisar andar muito, principalmente no começo, porque a viagem rápida só está disponível por meio de um item que, a princípio, é um consumível. Após algum tempo, é possível fazer deste item “permanente”, mas requer algum tempo de jogo. Antes disso, prepare-se para fazer bastante crafting pelas belas paisagens do game.
E esse enorme mundo aberto, além de extremamente bem detalhado, é muito bem preenchido e vivo. Há máquinas espalhadas por toda parte; da mesma forma que há tribos e aliados por vários cantos. Se você ver uma fogueira, não deixe de se aproximar para salvar seu progresso, apesar do salvamento automático ser razoavelmente eficiente.
Por fim, além das missões de campanha, é possível realizar algumas tarefas e missões secundárias. Ajudar aldeões, encontrar e limpar acampamentos de bandidos, eliminar máquinas “corrompidas”, descobrir o que há em áreas proibidas chamadas de “caldeirões” ou mesmo participar de desafios em campos de caça, que rendem conquistas na Steam e níveis para evoluir a personagem.
Os desafios crescentes
Um outro fator importante ao consideramos Horizon Zero Dawn é como sua dificuldade progride de uma maneira justa. O jogo te explica, desde o começo, que “ir pro pau” contra máquinas é uma má-escolha. Elas são de aço, e você é de carne e osso. Então, utilize bem elementos stealth e trabalhe com inteligência.
Mais do que isso: você não vai se surpreender com aquele inimigo com níveis muito mais altos que o seu no começo do jogo. Aliás, os inimigos nem nível tem. Desde o começo, você pode ser capaz de enfrentar qualquer máquina que apareça, apesar de que a tarefa fica mais fácil a medida que você aprende a fazer novas flechas e adquire novos acessórios.
The Frozen Wilds: a expansão de Horizon Zero Dawn
Como já dissemos acima, a versão agora oferecida para computadores é a Complete Edition, que chega já com a expansão The Frozen Wilds, lançada no final de 2017 para PlayStation 4. Embora a nova região, ao norte do mapa, esteja acessível desde o começo, é preciso cumprir alguns requisitos para não fazer feio. Isso porque a própria Guerrilla Games recomenda só entrar no local após alcançar o nível 30, o que te garantiria os equipamentos e nível de vida necessários para não passar raiva.
Por isso, será preciso cumprir uma missão específica do jogo, que guiará o caminho até o local. Mas chegar lá não requer somente um nível. Como em um metroidvania, é preciso ter equipamentos, armas e habilidades necessárias para sobreviver nessa região congelante. Novas máquinas, como os Garraquente, oferecem um desafio maior do que as máquinas originais, e você pode preparar algumas horas para cumprir concluir essa parte.
No entanto, mesmo que você possa acessar a região antes de terminar a história principal, eu recomendo fortemente não fazer isso. A história de The Frozen Wilds, como eu disse acima, não é nada espetacular, mas ela traz elementos importantes para surgem no endgame, além de, provavelmente, servir como um ponto de partida para o vindouro Horizon: Forbidden West, anunciado há pouco mais de um mês para PlayStation 5.
Desempenho de Horizon Zero Dawn
Depois dos ótimos ports dos antigos ex-exclusivos, a Guerrilla Games tinha uma missão e tanta ao trazer Horizon Zero Dawn para os computadores. A Decima, engine usada no jogo, já parecia otimizada para a plataforma, visto que é a mesma utilizada em Death Stranding. E isso facilitou que o jogo chegasse com recursos modernos que a plataforma exige.
Entre as novidades gráficas estão o suporte para monitores ultrawide e muitas páginas para personalizar suas configurações. Além disso, o game chegou com uma série de melhorias, incluindo folhagem dinâmica, reflexos aprimorados e taxas de quadros desbloqueadas. A qualidade gráfica do port é excelente, mas o jogo crashou comigo em algumas ocasiões. Em contato com a Sony, “a atualização de lançamento irá melhorar a otimização e resolver instabilidades”. Assim esperamos!
No entanto, o que ainda peca — e eu não esperava que melhorasse muito, visto que é apenas um port — são os modelos faciais dos personagens. Tirando os principais, há rostos muito genéricos e pouco trabalhados em diversas partes do jogo. Isso fica ainda mais evidente nas cenas de conversa, quando a tela aproxima. A qualidade, principalmente se comparada com Death Stranding, fica a desejar.
Vale a pena comprar Horizon Zero Dawn Complete Edition para PC?
A resposta é: depende. É evidente que trata-se de um grande jogo, um dos melhores exclusivos de um dos consoles mais vendidos de todos os tempos. Mas não pelo preço que é cobrado. É um jogo com três anos de vida e deveria ter um preço compatível com isso, mesmo que um relançamento em uma nova plataforma. O game, que foi inicialmente disponibilizado por R$ 93,90 no Brasil, teve seu preço alterado para absurdos R$ 200 após um dia
A justificativa oficial foi por conta do abuso do uso de VPNs de moradores de fora, que aproveitaram-se da moeda desvalorizada para pagar menos no game. Ao invés de criar ferramentas para coibir o uso, a escolha foi por punir quem provavelmente não tinha nada a ver com a história e só queria se divertir.
Eu recomendo Horizon Zero Dawn Complete Edition para todos. Sua versão para PlayStation 4 já sai, oficialmente, por R$ 79,90, mas é encontrada por bem menos em promoções quase diárias. Se no PC o jogo custasse o preço anunciado originalmente, seria um valor justo. Mas, por R$ 200, é melhor esperar uma promoção. Não que não valha a experiência, mas sim, pelo abuso cometido ao mais que dobrar o preço original.
*Review elaborada em um PC equipado com GeForce GTX, com código fornecido pela Sony.