Immortals Fenyx Rising | Review
Quem não acompanha o mercado de jogos mais de perto, pode ser pego desprevenido com o lançamento de Immortals Fenyx Rising, novo RPG de ação da Ubisoft, que chega nesta quinta, 3 de dezembro, ao mercado. Anunciado durante a E3 2019, sob o codinome de Gods & Monsters, o título foi rebatizado por uma disputa judicial envolvendo outra marca, mas a verdade é que isso pouco afetou o seu desenvolvimento, afinal, sua história central já estava decidida.
Agora, depois de jogar muitas horas da nova IP da Ubisoft, tenho muito a falar para vocês sobre o que achei do game. Vale sua atenção? A similaridade com The Legend of Zelda: Breath of the Wild é apenas visual, ou o jogo se inspirou na popular franquia da Nintendo? Essa e outras respostas eu trago agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!
Uma mescla de RPGs premiados
Immortals Fenyx Rising foi desenvolvido pela mesma equipe de Assassin’s Creed Odyssey, e por isso, nota-se que há um claro aproveitamento de todo o trabalho e pesquisa feita para criação de um dos melhores jogos de 2018. A nova IP da Ubisoft leva os jogadores para a mitologia grega, colocando-nos no papel de Fenix, um personagem que pode ser masculino ou feminino. Ao acordar de um naufrágio, em uma ilha até então desconhecida, somos surpreendidos ao encontrar a tripulação do barco petrificados, incluindo nosso irmão. Com ele, o principal candidato à herói grego, fora de batalha, cabe à nós sermos a salvação para o panteão.
A história de Immortals Fenyx Rising é narrada em um encontro entre Prometeu e Zeus, em que o Deus dos Trovões conhece como Fenix poderia ser a solução para uma crise enfrentada. Ares, Hefesto, Atena e Afrodite perderam sua essência, sendo transformados em algo que não são, como animais e árvores, por Tifão, uma poderosa criatura da mitologia grega – que já deu a cara em outros jogos.
Sua missão é resgatá-los à suas formas originais – ou quase isso, enquanto se fortalece para enfrentar o poderoso vilão do jogo. No meio do caminho, deve encontrar e obter novos poderes, explorar o mapa, recolher colecionáveis e itens para melhorar seu equipamento. Exatamente como um bom RPG dita.
Cópia de Breath of the Wild?
Questão levantada por fãs e críticos desde o anúncio, Immortals Fenyx Rising traz elementos inspirados em muitos jogos e certamente The Legend of Zelda: Breath of the Wild foi um deles. Mas o jogo não é uma cópia do jogo do ano de 2017, mesclando elementos de outros títulos – alguns bem característicos de franquias da própria Ubisoft, para criar sua identidade.
Um bom exemplo é que o combate em Immortals Fenix Rising é bem semelhante ao de dois jogos famosos. Aproveitando o material criado em Assassin’s Creed Odyssey, os desenvolvedores se aproveitaram disso e pegaram emprestados muitos dos recursos do seu último jogo. Golpes com espadas e machados, ataques furtivos (que rendem uma conquista com referências à franquia) e até o uso do arco e flecha, com a Flecha de Apolo, em que podemos controlar a direção do disparo, estão presentes. Há ainda o uso de Habilidades Divinas, que servem para dar um ganho maior ao personagem, e às Bênçãos, habilidades passivas obtidas ao realizar as missões dos deuses.
Mas o game também busca inspiração em outra franquia de sucesso que tem a Grécia antiga como inspiração: a trilogia original de God of War. Ao usar o botão de pulo e combinar com golpes, me senti comandando o Kratos em sua forma mais jovem. E os desenvolvedores ainda deixaram uma surpresinha para os fãs do jogo da Sony no modo de criação de personagens, acredite se quiser! No entanto, o jogo não é um hack & slash, como os primeiros GoWs eram.
Além do combate, a inspiração em Assassin’s Creed Odyssey também vem na verticalidade. Você consegue escalar praticamente tudo no mundo aberto do jogo, mas é preciso ficar atento a um novo recurso, a barra de Vigor. É ela que determina quanto você pode correr, voar, escalar e nadar. É possível usar itens para recarregar o Vigor no meio de uma atividade que requer mais atenção.
Uma das primeiras coisas que você adquire em Immortals Fenyx Rising são um par de asas. Com ele, é possível voar pequenas distâncias, mas como não dá pra bater asas e se manter no ar, o voo é uma descida bem mais lenta, mas útil para aparar as quedas altas das muitas montanhas gregas que você irá explorar.
Por fim, Immortals Fenyx Rising nos oferece um hub central, o Salão dos Deuses, onde a partir dele podemos aprimorar Fenix. Lá é possível aumentar nossa vida máxima com Ambrósia, melhorar equipamentos com a Forja de Hefesto, criar poções no Caldeirão de Circe, realizar tarefas criadas por Hermes, mudar a aparência e o gênero do personagem criado, obter novas habilidades com as Moedas de Caronte obtidas nas explorações e aumentar o Vigor com os Raios de Zeus, obtidos ao se completar as Câmaras do Tártaro.
Me dê quebra-cabeças!
Mesmo diante de todas as características acima, e de pertencer ao gênero de RPG, Immortals Fenyx Rising é um jogo muito mais focado na resolução de quebra-cabeças do que em combate ou grinding. Eu diria que mais de 60% do meu tempo no game foram para resolver os puzzles. E não é porque eu me considero um jogador ruim, longe disso. São puzzles demais, em excesso. Para quase tudo, há um pequeno quebra-cabeça para ser resolvido.
Seja para posicionar esferas brilhantes em locais certos, acertar alvos com o arco e flecha, mover objetos para determinados lugares… A lista cresce à medida que você avança, e parece nunca ter fim. Se às vezes você só quer dar umas porradas em algum inimigo, ou fugir avançar um pouco mais rápido na narrativa, é bom se preparar para resolver muitos quebra-cabeças.
A maior parte deles está nas Câmaras do Tártaro, que são divididas em três níveis de dificuldade. Algumas contém inimigos, incluindo chefes, e outras são apenas focadas na resolução dos puzzles. Após você entender e conhecer as mecânicas do jogo, não fica difícil superar os desafios, nem mesmo os mais difíceis. O que interfere, mesmo, é que elas vão demorar ainda mais tempo para serem concluídas e isso pode representar uma queda brusca no ritmo do jogo.
Além dos puzzles
Além de resolver muitos quebra-cabeças, Immortals Fenyx Rising também oferece algumas atividades extras para os jogadores, muitas delas inspiradas em Assassin’s Creed Odyssey. É possível caçar animais lendários, localizar e derrotar chefes secretos, e encontrar itens espalhados pelo mapa, que estão em baús protegidos por inimigos ou, claro, puzzles!
Esses baús podem oferecer armas, cada um com habilidades passivas diferentes, ou recursos que podem ser usados para aprimorar Fenix. E isso nos leva ao último elemento do jogo, que é a personalização. As armas centrais, como espadas, machados e armaduras, podem ser evoluídas na Forja, mas as habilidades passivas mudam de acordo com o conjunto encontrado. Isso dá um dinamismo maior, criando um maior interesse pela exploração.
A beleza e o desempenho da nova geração
Immortals Fenyx Rising está sendo um dos primeiros jogos que estou jogando no meu recém adquirido PlayStation 5 e, até então, só tenho elogios ao jogo nessa parte. O visual em cel shading, combinados com os reflexos de ray tracing e a bela ambientação, oferecem um jogo muito bonito graficamente. A mudança de ciclo dia-noite é bem sutil e casa perfeitamente com a ideia do jogo, que aparenta ser voltado para um público mais jovem, até por não trazer elementos sócio-políticos das principais franquias da Ubi.
Fora isso, no PS5, o game mantém uma taxa de quadros extremamente constante. Se houve queda no FPS, foram quase imperceptíveis e em nada atrapalharam minha experiência. Soma-se a isso um belo trabalho de localização sonora, tornando a experiência ainda mais imersiva. Experimente jogar com um fone com Áudio 7.1 ou 3D e você vai entender o que estou dizendo!
Vale a pena comprar Immortals Fenyx Rising?
Immortals Fenyx Rising foi um jogo que não teve um marketing muito pesado, e que, por isso, pode estar passando desapercebido por muitos jogadores. Mas a aventura de Fenix no panteão Grego é uma das gratas surpresas neste fim de ano. Oferecendo um gameplay diversificado, muitas horas de jogo e uma narrativa leve, eu recomendaria o game para quem não quer jogar sem muita preocupação com temas mais complexos, e de quebra exercitar a mente com quebra-cabeças bem elaborados e variados. O game será lançado nesta quinta, 3 de dezembro, para PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox Series, X|S, Xbox One, Nintendo Switch, Google Stadia e PC, via Uplay e Epic Games Store.
*Review elaborada em um PlayStation 5, com código fornecido pela Ubisoft.