Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai | Review

Fly, o Pequeno Guerreiro, conhecido originalmente como “Dragon Quest: Dai no Daibōken”, foi um anime exibido no Brasil na década de 1990, nas tardes do SBT. Talvez nem todos saibam, mas ele foi baseado na franquia de jogos e anime Dragon Quest, muito famosa no Japão, mas que ainda busca seu lugar ao sol junto ao público ocidental. Não que seja desconhecida por muitos, mas se colocarmos ao lado de outras marcas que vieram do país do sol nascente, como Pokémon, Dragon Ball, Final Fantasy, Like a Dragon e Persona, que já conquistaram o coração do ocidente, ainda há um caminho a ser percorrido por aqui.

A mais recente dessas tentativas é Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai, jogo que será lançado pela Square Enix nesta quinta, 28, para PC e consoles. O game chega com a proposta de reviver os momentos do anime, em forma de jogo, e trazer os jogadores para próximo da franquia. No entanto, se você espera encontrar algo semelhante ao visto em Dragon Ball Z: Kakarot, lamento te informar que a história e o gameplay aqui são bem diferentes. E eu te explico exatamente porque agora, em mais uma review antecipada do Pizza Fria!

Uma história lendária

A história de Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai começa com nosso protagonista, Dai, em uma luta contra Baran, um Dragon Knight que deveria ser o único no mundo, já que somente um é permitido por linhagem. No entanto, Dai também tem a marca. Com isso, Baran ordena que Dai se junte à ele na missão de destruir a humanidade, o que é prontamente recusado pelo protagonista. Ambos entram em uma luta, e Baran utiliza um golpe que faz com que Dai perca suas memórias. Assim, o jogo começa.

Nossa missão em Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai é reviver os momentos chaves do anime, ao mesmo tempo em que reconstruímos a memória de Dai e, assim, superar o golpe da luta inicial. Há até uma originalidade na história do jogo. E a história do anime/mangá, em si, é boa. Após ver seu mestre Avan morrer em uma tentativa falha de proteger seus discípulos, o protagonista jura vingar seu mestre e derrotar o Rei Demônio Hadlar de uma vez por todas, partindo assim em sua aventura.

Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai
Dai é o protagonista do jogo (Imagem: Divulgação)

Uma questionável escolha de gameplay

Quando disse acima que Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai não deveria ser comparado com Dragon Ball Z: Kakarot foi porque o novo jogo da Square Enix é uma jornada guiada por missões que, à primeira vista, parece trazer uma sensação nostálgica da franquia Dragon Quest e do próprio anime Fly, O Pequeno Guerreiro. No entanto, a simplicidade na seleção de missões lembra em muito o design dos jogos para dispositivos móveis, especificamente Final Fantasy VII Ever Crisis, recém lançado pela mesma Square Enix. A falta de uma estrutura de mundo aberto, ou de opções de exploração extensas, pode parecer limitante para jogadores acostumados com RPGs mais expansivos.

Isso se dá porque a narrativa do jogo se apresenta em pequenas doses através de cenas que lembram o anime. No entanto, a animação simplificada – quase estática em momentos e que lembram um slideshow – pode ser um ponto de descontentamento. A escolha de não incluir o Português nas opções de idioma, apesar de oito outras opções disponíveis, é motivo de lamentação para nós.

Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai
As quests de narrativa de Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai são contadas assim, com um filtro amarelado e quase como um slideshow (Imagem: Divulgação)

Ao todo, temos três tipos de quests: quests de narrativas, quests livres e quests de batalha. Na prática, isso funciona exatamente como soa: as primeiras apresentam as cenas citadas no parágrafo acima, enquanto a escolha de batalhas no jogo oscila entre as duas outras opções. Enquanto as quests de batalha, obrigatórias, oferecem objetivos mais genéricos, como derrotar um boss, um conjunto de inimigos ou todos os monstros do mapa, as quests livres adicionam um nível de complexidade e liberdade, permitindo que os jogadores configurem suas próprias parties e explorem mais o jogo.

Conforme a história de Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai progride, os jogadores conhecem os quatro personagens principais: Dai, Popp, Maam e Hyunckel. Cada personagem, com sua gama única de habilidades e ataques, oferece variedade e estratégia nas batalhas. Esta variedade é ainda mais apreciada nas quests livres, onde os jogadores têm liberdade para formar sua equipe como desejarem.

Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai
Maam é uma discípula de Avan que se junta à Dai e Popp no começo da aventura (Imagem: Divulgação)

O grande ponto aqui, pra mim, é o jogador decide todos os pontos do jogo através de um menu central, o que é uma enorme quebra de expectativa, principalmente depois do ótimo trabalho da Bandai Namco com Dragon Ball Z: Kakarot. A escolha de Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai de optar por uma abordagem direta e clara é questionável. Enquanto isso pode ser agradável para jogadores que buscam uma experiência menos complicada, aqueles que desejam desafios mais estratégicos e dinâmicos podem considerar essa simplicidade um pouco frustrante. No entanto, há uma salvação e ela está na longevidade e nos desafios que o título oferece, através do seu sistema de batalha.

Uma saída interessante para ampliar o jogo

Se considerarmos apenas as quests principais de Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai, não temos um jogo longo. Com menos de oito horas de jogo, em dificuldade padrão, é possível finalizar a história principal. O próprio anime original em si não é grande, são apenas 46 episódios. E é dali que os desenvolvedores trouxeram um recurso interessante: o “Bond Memories”, que serve como um incentivo adicional e é uma verdadeira atração do jogo. Ao equipar essas “memórias” como cartas nos personagens, não só melhoramos suas habilidades e estatísticas, mas também podemos conferir cenas preciosas do mangá original.

Além disso, o game traz o “Temple of Recollection”, uma dungeon dinâmica desbloqueada no Capítulo 2, que traz inimigos e armadilhas em constante mudança, oferecendo desafios diferentes a cada incursão. Talvez não seja diretamente algo ao estilo roguelite, mas a crescente dificuldade e as recompensas variadas tornam-no um desafio atraente para os jogadores, principalmente após o término da campanha, onde há tarefas ainda mais complexas para serem realizadas.

Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai
Algumas quests do Temple of Recollection melhoram os status dos personagens (Imagem: Divulgação)

Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai também apresenta um sistema de combate diversificado, protagonizado pelos quatro personagens controláveis: Dai, Popp, Maam e Hyunckel. Cada um deles possui um estilo de batalha, habilidades (Skills) e ataques especiais (Coups de Grâce) únicos, proporcionando uma variedade de estratégias durante os combates. Dai, por exemplo, é especialista em combate corpo a corpo, empregando lâminas para cortar os inimigos, enquanto seu “Draconic Aura” aumenta consideravelmente todos os seus status, potencializando sua técnica de espada “Wave Slash” e seu devastador Coup de Grâce, “Avan Strash”.

Popp, por outro lado, é um mágico de ataque à distância cuja habilidade “Meditation” diminui o tempo de recuperação entre suas Skills, permitindo que ele cause dano substancial com “Crackle” e “Kafrizz”. Maam combina força e suporte, utilizando sua arma Hammer Spear e a Magic Bullet Gun para atacar e ajudar os aliados, respectivamente, com seu Coup de Grâce “Magic Bullet: Crackle” sendo um ponto alto. Hyunckel, com seu Dark Armour Blade e técnicas de espada, é um combatente formidável, e seu Coup de Grâce “Bloody Scryde” inflige danos massivos aos inimigos. À medida que o jogo avança, Maam e Hyunckel desbloqueiam novos estilos de batalha, adicionando ainda mais profundidade e variedade ao sistema de combate do jogo.

Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai
As batalhas são onde Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai mais brilha (Imagem: Divulgação)

Uma bela apresentação

Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai destaca-se imediatamente por seus gráficos encantadores que, fieis ao estilo anime, são comparáveis a títulos renomados como One Piece Odyssey e Dragon Ball Z: Kakarot. As cores vibrantes e cenários meticulosamente desenhados proporcionam um visual cativante, enquanto personagens bem construídos e animações de ataques fluidas e impactantes transmitem um sentimento de produção de alta qualidade e atenção aos detalhes. O desempenho no PlayStation 5 também é impressionante, com o jogo rodando de maneira suave em estáveis 60 FPS, e resolução aparentemente 4K, oferecendo uma experiência visual rica e sem interrupções notáveis, mesmo que não haja opções de configuração gráfica disponíveis no console.

Complementando a experiência visual, a trilha sonora de Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai é notavelmente competente, oferecendo uma mistura de faixas que variam desde tonalidades animadas até momentos mais melancólicos, todas inspiradas no anime original. Esta variedade na música ajuda a criar uma atmosfera envolvente que se alinha harmoniosamente com a proposta e o ritmo do jogo. Embora a dublagem e a localização em inglês sejam muito bem feitas, proporcionando uma entrega convincente e imersiva, a ausência de opções em português, seja na dublagem ou nos textos, representa um ponto negativo, limitando a acessibilidade para os jogadores que compreendem outro idioma.

Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai
Popp é um importante personagem do game (Imagem: Divulgação)

Vale a pena comprar Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai?

Se você é um fã do anime original ou da franquia Dragon Quest, Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai é provavelmente uma adição valiosa à sua coleção de jogos. O título exibe gráficos encantadores, com um estilo visual anime vibrante e detalhado, proporcionando uma experiência visual imersiva e nostálgica. Com um desempenho sólido no PlayStation 5, os jogadores podem esperar um gameplay suave e responsivo, aprimorado pela trilha sonora competente que evoca as várias emoções e atmosferas do anime.

No entanto, para jogadores que buscam uma experiência de jogo mais profunda e estrategicamente complexa, Infinity Strash pode parecer um pouco simplista e linear, devido à sua estrutura de missão direta e focada. Isso, somado à ausência de opções de idioma em português, pode limitar o apelo do jogo para alguns jogadores, especialmente aqueles que não têm familiaridade prévia com a série Dragon Quest ou o anime.

Resumindo, Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai é um jogo que vale a pena para fãs da série e jogadores que apreciam RPGs com uma estética anime vibrante e jogabilidade acessível. Para outros, pode valer a pena considerar as limitações do jogo em termos de estrutura de missões e opções de idioma antes de decidir sobre a compra. O título brilha em sua apresentação e nostalgia, mas pode não atender às expectativas de todos em termos de profundidade e complexidade de gameplay.

Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai será lançado nesta quinta-feira, 28 de setembro, para PlayStation 5, PlayStation 4Nintendo SwitchXbox Series X|S e PC, via Steam e Microsoft Store.

*Review elaborada no PlayStation 5, com código fornecido pela Square Enix.

Infinity Strash: DRAGON QUEST The Adventure of Dai

+ R$ 249,90
7.3

História

7.5/10

Gameplay

6.0/10

Gráficos e Sons

8.5/10

Extras

7.0/10

Prós

  • Gráficos vibrantes e detalhados, fieis ao estilo anime
  • Trilha sonora competente e variada
  • Sistema de batalha acessível e expandido
  • "Temple of Recollection" prolonga a vida útil do jogo

Contras

  • Estrutura de missão que pode parecer limitante e linear para alguns jogadores
  • A narrativa, embora fiel ao anime, pode não ser cativante para jogadores não familiarizados com a série
  • Gameplaysimplista
  • Falta de exploração e opções de missões expansivas comparadas a outros títulos de RPG
  • Ausência de PT-BR

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.