KINGDOM of the DEAD | Review
A nostalgia é algo que, não necessariamente está relacionada a coisas do passado, mas sim em suas memórias do passado. Então qualquer um pode sentir nostalgia de coisas que apenas lembram de algo. E um subgênero de videogames que nasceu com essa proposta, de criar experiências novas, mas ao mesmo tempo nostálgicas, é o “Boomer Shooter’s”. KINGDOM of the DEAD é mais um jogo que procura acertar nessas lembranças ao mesmo tempo que cria uma experiência nova.
KiKINGDOM of the DEAD é um jogo de tiro em primeira pessoa com gráficos desenhados à mão e uma trilha sonora que foge do padrão dos jogos desse gênero. Desenvolvido pelo estúdio DIRIGO GAMES e publicado pela HOOK para PC, via Steam, duas empresas novas no mercado de jogos, o jogo traz uma estética única em uma temática que, apesar de simples, funciona muito bem para atirar em demônios. Isso tudo somado à uma jogabilidade extremamente divertida, que cria um jogo extremamente acessível para qualquer pessoa.
O que é KINGDOM of the DEAD?
KINGDOM of the DEAD se passa em um universo onde a maioria das pessoas não sabe sobre a presença de criaturas paranormais, principalmente da legião comandada pela própria Morte. Mas elas existem. E para combater esse mal, há uma ordem de caçadores de monstros responsável por aniquilar as mais diversas criaturas que andam pelo mundo às ordens da Morte. O jogador então assume o papel de um destes caçadores, o qual vive em meados do século XIX, um período análogo à guerra civil americana.
Essa premissa, apesar de interessante para um jogo de FPS, é pouco explorada e pouco relevante no jogo, o foco de KINGDOM of the DEAD é andar e aniquilar os monstros. Entretanto durante a sua jornada, o jogador irá ser acompanhado de sua espada, mas não uma espada comum, uma espada sobrenatural que tem vida própria. Essa espada é o único personagem que o jogador irá interagir durante o jogo, e apesar de ser uma companhia exótica, ela é um personagem bastante divertido e carismático (quando você não está retalhando zumbis com ela).
O combate
Além da espada companheira, o jogo conta com um vasto arsenal de armas, todas do século XIX, que vão desde o básico revólver até uma dinamite. No total são 9 armas com funções diferentes, que servem para ocasiões diferentes, e derrotar inimigos diferentes. Por exemplo, o revólver é eficaz contra poucos inimigos, mas quando o assunto é sobre uma horda de zumbis, uma escopeta pode ser mais útil. E para conseguir munições para todo esse arsenal, o jogador deve derrotar inimigos que possuem a arma em específico, como por exemplo derrotar um zumbi de revólver, que irá derrubar a munição de revólver, e assim respectivamente para cada arma, outra maneira de conseguir munições é quebrando caixotes espalhados pelo cenário.
Falando sobre inimigos, KINGDOM of the DEAD possui uma boa variabilidade deles, ao todo são mais de 20 tipos de monstros que se comportam de maneiras diferentes e exigem uma abordagem diferente para derrotá-los. Isso deixando de fora os chefes, que apesar de simples em termos de mecânicas são bastante divertidos de se derrotar.
Entretanto, toda essa variabilidade não é acompanhada de dificuldade. KINGDOM of the DEAD é um jogo bastante fácil para os amantes e entusiastas de jogos de tiro, e principalmente de boomer shooters. Durante a jogatina para essa review, eu terminei todas as fases na maior dificuldade em menos de 4 horas de jogo, mas vale ressaltar que eu geralmente jogo esse tipo de jogo na maior dificuldade, então não leve isso em consideração para você.
Toda essa facilidade do jogo se dá principalmente pelo fato do jogador poder derrotar praticamente todos os inimigos com apenas um tiro na cabeça ou em um ponto fraco do monstro, isso somado ao fato de não haver a necessidade de recarregar as armas, torna a gameplay apesar de divertida, pouco desafiadora para o público alvo do jogo.
A estrutura do game
KINGDOM of the DEAD é um jogo estruturado de maneira bastante criativa, pois o jogador pode se movimentar dentro do escritório do protagonista para decidir qual dos diversos contratos irá aceitar. Os contratos são basicamente fases onde o jogador começa apenas com sua espada companheira e um revólver com poucas balas, isso se dá ao fato de não poder armazenar armas e munições entre as fases.
Cada contrato possui três níveis de dificuldade, que exigem coisas diferentes para serem completadas, fora o fato de haver mais ou menos inimigos dependendo da dificuldade. A dificuldade “fácil”, exige apenas que o jogador termine o contrato com uma menor quantidade de inimigos, já a dificuldade “média” exige que o jogador encontre um item específico no mapa, com um pouco mais de inimigos para lhe atrapalhar, e a dificuldade “difícil”, exige que o jogador resgate todos os reféns durante a missão e complete todos os objetivos anteriores. Cada contrato, há um chefe no final que deve ser derrotado, os chefes em geral são bastante simples e possuem poucos golpes diferentes, mas apesar de simples, cumprem o papel.
Um quadrinho vivo !
Como dito anteriormente, KINGDOM of the DEAD é um jogo todo desenhado à mão, isso incluindo todos os seus assets e modelos 3D, tudo aqui é feio com muito carinho com uma excelente atenção aos detalhes. E toda essa dedicação aos gráficos traz uma sensação de estar “jogando um quadrinho”, justamente pela paleta de cores e a iluminação do jogo reforçam ainda mais esse sentimento todo.
Todos os inimigos do jogo são artisticamente bem feitos, seja na sua estética individual e em suas animações, que apesar de simples e pouco variadas funcionam para o objetivo do jogo. É bastante intuitivo identificar a silhueta desse inimigos e imediatamente saber como derrotá-los, e isso é de extrema importância nesse jogo dado o fato de as vezes você não enxergar completamente o inimigo por causa das cores e da iluminação do jogo.
Outra questão que é impossível deixar de fora, é a trilha sonora de KINGDOM of the DEAD, visto que ela é bastante original e distinta dos outros jogos do gênero. Boomer Shooters normalmente apelam para o básico quando a questão é trilha sonora, visto que é muito difícil errar colocando um heavy metal de fundo em um jogo de atirar em demônios. A trilha sonora de KINGDOM of the DEAD foge desse padrão ao inserir músicas que relembram os jogos de FPS dos anos 90, que são músicas mais simples e com uma temática mais retrô ao invés do clichê do heavy metal, e todas essas trilhas são muito boas e empolgam bastante o jogador no meio dos tiroteios.
Nem todo potencial é atingido
KINGDOM of the DEAD é um jogo com uma excelente proposta, e que entrega quase tudo que ele promete, entretanto como nenhum jogo é perfeito, e KINGDOM of the DEAD peca naquilo que é mais importante em um jogo de FPS: o seu desempenho.
Por se tratar de um jogo feito por um estúdio novo e inexperiente, é aceitável e entendível que a otimização do jogo não seja a mais perfeita possível, entretanto como disse anteriormente jogos que funcionam em um ritmo acelerado exigem uma boa e constante taxa de quadros, e não é isso que acontece aqui.
O problema mais comum do jogo é a brusca queda de quadros quando há muitos objetos na tela do jogo, e isso é perceptível na primeira fase, no primeiro segundo de jogo, e isso claramente é uma falta de otimização mesmo, visto que o jogo é um jogo simples, leve e que não há muitos polígonos e modelos complexos para renderizar. E eu não estou falando de uma simples queda de quadros, estou falando do jogo rodar a 15 frames por segundo caso você decida olhar para uma mansão, mas ao virar 180 graus e se virar para a floresta o jogo atinge mais de 120 frames.
Vale a pena comprar KINGDOM of the DEAD?
KINGDOM of the DEAD, apesar dos problemas técnicos citados anteriormente, é um jogo extremamente divertido e que me fissurou em completar todos os desafios e dominar todas as armas, inimigos e chefes, nas quase 5 horas de jogo que demorei para coletar todos os itens. Entretanto, o jogo pode desagradar os fãs mais assíduos de jogos de tiro, e aqueles que procuram um desafio maior dentro do subgênero. Ele pode surpreender qualquer um pela sua simplicidade e até atrair um público novo para um gênero tão nichado e pouco acessível, dada a dificuldade média dos jogos concorrentes. O título chegou nesta quinta-feira, 10, para PC, via Steam.
* Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce GTX, com código fornecido pela HOOK.