Luigi’s Mansion 2 HD | Review
Estamos em 2024 e Luigi’s Mansion 2 ganhou uma nova versão para Nintendo Switch. Parece que foi em outra vida que joguei a segunda aventura de Luigi que caça fantasmas em mansões entre muitas idas e vindas de metrô.
Talvez tenha sido mesmo, pois era 2014, joguei no Nintendo 3DS (ainda o tenho comigo, o primeiro modelo) e Luigi’s Mansion: Dark Moon parecia ser um dos jogos mais extensos no console. Com seus visuais incríveis, com destaque especial para as animações, a segunda noite assombrada de Luigi durava muito mais que a primeira e ainda contava com um inédito modo multijogador.
Contudo, o tempo trouxe ainda um fantástico Luigi’s Mansion 3 (sinto falta dos subtítulos, não minto) feito sob medida para o console híbrido, aproveitando cada gota de desempenho para se consolidar como um dos games mais bonitos no sistema. É muito mais que somente seus visuais: também é um dos melhores jogos do sistema – completo tecnicamente, além de ser divertido e de valer cada centavo e hora investidos.
E assim temos um dilema sobre quão necessário é Luigi’s Mansion 2 HD, já que temos uma edição melhorada de um game pensado para um console portátil de 2014, com suas especificidades e limitações, por um lado. Mas por outro, a “remasterização” fica aquém de outras recentes, como a de Metroid Prime: Remastered, e seu preço cheio não é tão convidativo quando Luigi’s Mansion 3 faz parte do acervo do Switch.
Ressalvas iniciais de lado, vamos à mais uma análise no Pizza Fria para entender se vale a pena passar noites em claro em busca da Lua Escura com Luigi’s Mansion 2 HD!
Assustadoramente divertido
A noite do pesadelo de Luigi começa quando o Professor E. Gadd descobre que o artefato responsável por manter os fantasmas pacíficos foi quebrado em vários pedaços. Tal artefato mais se parece com uma crescente lua pontiaguda e roxa conhecida como Dark Moon. Sem essa lua numa peça só, eles se tornam hostis, e cabe ao nosso herói recuperar seus fragmentos espalhados por várias mansões!
Ora, ora… Justo agora que o professor E. Gadd tinha a colaboração dos espíritos!
Aliás, sua essência está toda aqui: Luigi, o irmão menos corajoso de Mario, é novamente convocado pelo Professor E. Gadd para capturar fantasmas. Ao todo, são cinco mansões e cada uma delas está subdividida em missões específicas que abrem novas áreas e apresentam quebra-cabeças distintos.
Com sua narrativa simples, o título proporciona um equilíbrio perfeito entre humor e suspense do mais bobo, mas eficaz. Mesmo que não seja o herói do ano, o medroso Luigi tem mais personalidade que seu irmão com sobras, o que torna cada passo inseguro um ponto a mais na traminha cativante e cheia de momentos engraçados, graças às interações dele com os fantasmas e com o professor.
Na tela da TV, então, fica bem mais fácil de perceber o pavor estampado em sua cara ao entrar numa sala pela primeira vez – Luigi SABE que verá assombrações e que passará por sustos inevitáveis. Mesmo tremendo, cabe ao jogador ser a motivação que lhe falta e empurrá-lo para dentro!
A remasterização não adiciona novos fantasmas, níveis nem mesmo chefes, mas melhora significativamente os gráficos dos modelos 3D e a iluminação, sem falar das texturas, tornando as mansões muitíssimo mais detalhadas – ainda assim sinto falta daquela cena inicial do GameCube, com o reflexo da luva de Luigi na maçaneta.
Cada casarão tem seu próprio tema e um conjunto de desafios derivados desses temas, e, como característico da série, a jogabilidade transita entre resolver quebra-cabeças e enfrentar chefes fantasmagóricos.
Tal como comentei, embora não traga grandes mudanças em sua jogabilidade original, Luigi’s Mansion 2 HD oferece uma experiência visual aprimorada e controles mais intuitivos. Portanto, vamos ser sinceros: o charme e a diversão do original estão mantidos.
Jogabilidade
A jogabilidade de Luigi’s Mansion 2 HD é uma mistura de exploração, resolução de quebra-cabeças e combate contra fantasmas. como você já sabe, Luigi vai usar seu Poltergust 5000 para aspirar fantasmas, resolver quebra-cabeças ambientais e encontrar itens escondidos enquanto recolhe moedas e barras de ouro e outros tesouros.
Cada mansão é dividida em pequenas missões, e cada missão tem objetivos específicos, como encontrar chaves, resgatar Toads ou derrotar chefes. Além disso, você ganha uma nota ao final de toda missão dependendo do desempenho de tempo e de tesouros recolhidos – o que acha de um desafio extra?
Um exemplo notável de design de nível inteligente e quebra-cabeças que gosto muito está na terceira mansão, “Old Clockworks”. Nela, Luigi deve restaurar um antigo relógio gigante resolvendo a posição de algumas engrenagens e seus complexos mecanismos. Numa das missões desta casa, uma área subterrânea cheia de armadilhas e obstáculos testam as habilidades do jogador, que deve usar as funções de aspirar e de soprar do Poltergust 5000 para mover plataformas e ativar interruptores que levarão o Mario verde adiante.
Já a captura de fantasmas envolve atordoá-los com um flash disparado pela lanterna especialmente inventada pelo professor (Strobulb): basta segurar o botão A para carregá-lo e soltá-lo. Uma vez atordoados, vovcê usa o gatilho ZR para começar a aspirar os fantasmas com o Poltergust, puxando-os em direção ao Luigi com o analógico esquerdo e, conforme o medidor de força de sucção encher, o aspirador ganha impulsos adicionais ao pressionar A ou o analógico direito para aprisioná-los mais rapidamente.
Logo, caçar fantasmas é simples e fica mais intuitivo devido ao uso de duas alavancas, além da possibilidade de usar controles de movimento para mirar e puxar objetos. Isso não deixou a captura de fantasmas mais fluida e precisa, mas alternei bastante o controle porque foi legal ter flexibilidade para diferentes preferências, melhorando significativamente a experiência de jogo.
A combinação de exploração e resolução de quebra-cabeças vai manter qualquer pessoa atenta e oferece uma sensação de realização ao completar o desafio. Como todo bom game!
Outro exemplo é a missão “A-4 Visual Tricks” na mansão “Gloomy Manor”. Nela, Luigi lida com ilusões ópticas e truques visuais (UUuUuuH) para progredir. Cabe a você usar a lanterna especial que emite luz negra para revelar objetos invisíveis e resolver puzzles que distorcem nossa percepção. Claro que não é assustador, porém a exploração é muito divertida do início ao fim.
Esses elementos criativos de design de nível destacam a engenhosidade dos desenvolvedores e proporcionam uma experiência de jogo única que, infelizmente, se faz sentir quando percebemos como Luigi’s Mansion 2 HD pertence a outra época e a outro console, um puro portátil. É como se longas sessões tivessem um efeito deletério para sua qualidade, deixando-o truncado, algo arrastado. Claro, parte disso está sob o controle de quem está jogando, podendo moldar a duração da jogatina.
Ainda bem que outra “novidade” (quando digo isso, considere que é em relação a Luigi’s Mansion) é a companhia de Polterpup, um cãozinho fantasmagórico muito levado e amigável que está aqui para nos ajudar.
Não tenho espírito (desculpe) pra saber o que aconteceu com o doguinho em vida, mas ele é um personagem encantador e essencial, que altera significativamente a jogabilidade. Este cão frequentemente guia Luigi para itens importantes e áreas específicas, ajudando-nos a progredir quando estivermos presos.
Além disso, ele também protagoniza missões especiais nas quais Luigi precisa capturá-lo, adicionando um pouco mais de variedade ao jogo. Ele ainda interage com objetos que ajudam a resolver puzzles e, embora não participe diretamente dos combates, sua presença pode distrair inimigos, portanto fica a dica.
Polterpup enriquece a experiência de jogo, criando uma espécie de conexão emocional rara em jogos da franquia Super Mario. É inevitável comentar que este aspecto de Luigi’s Mansion 2 HD está acima tanto do primeiro jogo quanto do terceiro, já que é algo especial ver um cãozinho do além com suas travessuras e um comportamento brincalhão deixar a história gostosa bastante mais envolvente.
É importante notar que Luigi’s Mansion 2 HD não está em português do Brasil, contando apenas com legendas em português europeu. Isso pode causar estranheza para alguns jogadores, especialmente pra quem já estava acostumado e vai se deparar com certos personagens renomeados. Vida que segue… Err… Apesar disso, a narrativa simples e os visuais expressivos ajudam a mitigar qualquer barreira linguística.
Visuais e sons
A equipe da Tantalus, responsável por outras remasterizações como The Legend of Zelda: Skyward Sword HD, fez um excelente trabalho ao atualizar os visuais de Luigi’s Mansion 2 HD. Se a recepção inicial foi divisiva, digo logo que as texturas estão mais detalhadas, desde o brilho reflexivo nas armaduras até os fios das roupas desgastadas de Luigi, quem ganhou muitos e muitos polígonos e, assim, desta vez está verdadeiramente espichado e rechonchudo.
A iluminação melhorada se junta às cores e à resolução do Switch para dar nova profundidade aos palacetes assombrados, compensando a ausência do 3D estereoscópico do 3DS. Embora não supere seu sucessor, a diferença em relação ao original de 2013 é gritante, deixando cômodos, garagens velhas e jardins abandonados ricos em detalhes, com neblina e poeira que criam uma atmosfera de esquecimento.
As sombras projetadas são definidas e contrastam com a luz da lanterna que brilha pelo ectoplasma, deixando a ação na tela mais fácil de entender quando ativamos o Poltergust 5000 (o aspirador de fantasmas de Luigi). As animações também foram aprimoradas, tornando Luigi e os fantasmas mais expressivos – e não, não faz mal algum que não sejam tããão elaboradas como em Luigi’s Mansion 3.
Cada mansão tem seu próprio estilo visual, desde uma torre de relógio cheia de engrenagens até uma mina abandonada, e a remasterização faz um excelente trabalho em destacar esses detalhes. Se há muita reclamação sobre a adaptação não chegar aos pés de outras comparações, não dá pra criticar o desempenho de forma geral nem no modo portátil e muito menos com o Switch na doca: mesmo rodando a 30 quadros por segundo, fluidez é a marca da Nintendo e dá pra perceber como o jogo é caprichado. Sim, até a remasterização.
Multiplayer e conteúdo adicional
O modo multiplayer ScareScraper, conhecido como Thrill Tower na versão original do 3DS, retorna em Luigi’s Mansion 2 HD. No 3DS, esse modo permitia que até quatro jogadores se conectassem localmente ou online para explorar andares gerados aleatoriamente, capturar fantasmas, resgatar Toads e completar outros objetivos dentro de um limite de tempo. Cada jogador controlava uma versão diferente de Luigi, e a cooperação era essencial para superar os desafios e avançar para os andares superiores da torre.
Embora o modo ScareScraper seja divertido e frenético, é decepcionante que Luigi’s Mansion 2 HD não tenha suporte multiplayer em tela dividida, exigindo que cada jogador tenha seu próprio console e cópia do jogo. Isso limita a acessibilidade do modo multiplayer, especialmente para famílias que desejam jogar juntas. No 3DS, a possibilidade de jogar localmente com amigos usando a funcionalidade de download play, onde apenas um jogador precisava ter o jogo, tornava a experiência mais acessível e inclusiva. Infelizmente, essa conveniência não foi mantida na versão HD para o Switch.
Vale a pena jogar comprar Luigi’s Mansion 2 HD?
Jogar, sempre vale! A questão primordial é se a remasterização vale o preço de R$ 299, principalmente às vésperas de um novo console e quando sabemos que poderíamos ter mais, como o caso absurdo de Metroid Prime: Remastered.
Luigi’s Mansion 2 HD é, sem dúvida, a versão definitiva da segunda aventura fantasmagórica de Luigi. Com gráficos substancialmente melhorados e um esquema de controle mais flexível, o jogo oferece uma experiência de caça aos fantasmas e resolução de puzzles que é tão divertida quanto era há uma década. No entanto, a falta de adições significativas pode desapontar quem esperava mais de uma remasterização mais elaborada. Fica especiamente difícil voltar do terceiro jogo pra cá.
Além disso, jogar este título após Luigi’s Mansion 3 pode destacar suas limitações de forma desfavorável – e digo isso meramente por dois quesitos: visuais e o multijogador cooperativo. O design de níveis compartimentados de Luigi’s Mansion 2 HD, embora facilite a busca por colecionáveis, também fica menos envolvente em comparação com a estrutura expansiva do hotel do terceiro jogo.
Dá pra sentir a ausência de habilidades como o plunger-powered suction shot e a capacidade de invocar Gooigi, que adicionaram uma camada extra de estratégia e diversão. No entanto, o Luigi’s Mansion 2 HD continua se destacando pelo design de níveis espertos e bem elaborados.
Apesar de não ser um colosso gráfico e de ser relançado em 2024, Luigi’s Mansion 2 HD mostra suas origens como um jogo portátil, sendo melhor aproveitado em sessões curtas do que em longas jogatinas que somarão pelo menos umas 15 horas para ver os créditos pela primeira vez. Para os novatos na série ou para aqueles que começaram com Luigi’s Mansion 3 e estão explorando os jogos anteriores, há muita diversão a ser encontrada nas casas assombradas de Luigi’s Mansion 2 HD.
E para deixar os gráficos comparados de lado, as forças deste delicioso jogo estão nas fases muito bem boladas, no simples e gostoso conto e, claro, com o cãompanheiro (desculpe de novo). Se você é um fã de Luigi’s Mansion 3 ou do original e nunca jogou este, Luigi’s Mansion 2 HD é uma ótimo pedida com um ritmo peculiar que apresenta desafio na medida certa e um bom fator replay.
Luigi’s Mansion 2 HD está disponível para Nintendo Switch desde 27 de junho deste ano.
*Review elaborada com código fornecido pela Nintendo.
Luigi’s Mansion 2 HD
BRL 299Prós
- Level design inteligente é perene
- Deliciosa e extensa aventura
- Personagens mais cativantes de toda a série
- Controles atualizados e com mais opções melhoram a jogatina
- Aprimorado, sim...
Contras
- ... mas visuais abaixo de outros jogos Nintendo remasterizados
- Difícil justificar a aquisição por preço cheio