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Maid of Sker | Review

Maid of Sker é um survival horror em primeira pessoa desenvolvido pela Wales Interactive que tenta se destacar neste vasto gênero cheio de altos e baixos. O título se inspira fortemente em renomados jogos como Layers of Fear e Resident Evil, porém não apresenta nada de novo e inovador. A narrativa é inspirada em uma macabra história do Folclore Britânico, o que torna diversos momentos dela interessantes e com potencial promissor.

Originalmente lançado em julho de 2020 para Xbox One, PlayStation 4 e PC, via Steam, as versões otimizadas para nova geração chegaram há alguns dias, e o Pizza Fria decidiu adentrar neste macabro hotel para descobrir o que ele tem a oferecer.

Uma história mediana e cheia de potencial

Maid of Sker apresenta inicialmente uma história muito interessante. A narrativa se passa em 1898 com Thomas Evans chegando ao Hotel Sker após o convite de sua amada. Ela lhe mandou uma carta informando que havia situações estranhas no local, e então ele decidiu ir até lá ajuda-la.

Assumimos o protagonista com ele saindo do trem e indo em direção ao hotel. Durante nossa longa caminhada acompanhados de uma linda trilha sonora, já fica claro que a ambientação do jogo é muito bonita, e juntamente com a trilha sonora, é passada um sentimento de tranquilidade antes da entrada no terror.

No caminho até o local, podemos avistar uma misteriosa luz brilhando acima de um lago, elemento este que servirá como indicativo que estamos indo na direção certa durante a campanha. Quando Thomas chega ao hotel, imediatamente somos apresentados a um gigantesco salão, que servirá como um hub para o jogo, sendo este o local que liga a diferentes cômodos.

Maid of Sker
A ambientação e a trilha sonora de Maid of Sker passam uma sensação de tranquilidade antes dos momentos de terror começarem (Imagem: Divulgação)

Após explorar um pouco, o telefone toca e quando atendemos ouvimos a voz de Elizabeth Willians, sua amada. Então ela diz que ele deve procurar quatro cilindros pelo local, porém deve tomar cuidado com os “The Quiet Ones”, membros de um antigo culto que habita o hotel.

Embora eu tenha ficado bem empolgado com a apresentação inicial da narrativa, a partir do momento em que devemos ir atrás dos cilindros ela simplesmente estaciona e só engata novamente na reta final. Como citado anteriormente, Maid of Sker possui diversos elementos que remetem a Layers of Fear.

E um deles é que, para se entender a história por completo, é preciso ir atrás de diversos documentos e até mesmo interpretar alguns acontecimentos. E o grande problema disso em Maid of Sker é que ele começa indicando que irá contar uma história de forma “tradicional” e a partir de certo momento, se torna algo interpretativo. Este foi o fator que me incomodou, pois se a história se mostrasse totalmente misteriosa, com o player apenas chegando no local e tendo que descobrir tudo por si só, teria sido uma abordagem melhor.

Outro problema de Maid of Sker é que para o game ser finalizado, é preciso obter os quatro cilindros. Entretanto o game não te indica em nenhum momento que eles são obrigatórios, pois é permitido o progresso mesmo que o protagonista não os tenha pegado em seus respectivos locais. E quando eu cheguei na reta final, tive a “agradável” surpresa que pra finalizar o título teria que ter os quatro objetos, o que foi bem frustrante, pois tive que voltar em diversos locais do hotel a procura deles.

Entretanto, um dos elementos que eu mais gostei foram os The Quiet Ones, inimigos do jogo. Após umas tentativas de jump scares previsíveis, o primeiro deles aparece e este foi um momento verdadeiramente aterrorizante.

Maid of Sker
Após alguns jump scares, quando o primeiro inimigo aparece é verdadeiramente aterrorizante (Imagem: Divulgação)

Embora eu não possa dizer o motivo do visual macabro deles por ser spoiler, eu garanto que esse fator do background não irá decepcionar. Por terem sua narrativa contada quase que em sua totalidade por meio de documentos de texto e áudio, é preciso que o jogador vá encaixando as peças para entender a história. Este foi um fator que eu gostei bastante, pois me lembrou de clássicos do survival horror como Silent Hill, em que é preciso juntar as peças e interpretar os acontecimentos.

Assim sendo, embora apresente diversos elementos promissores em sua narrativa, Maid of Sker tenta misturar duas formas diferentes de contar uma história e não entrega um resultado tão satisfatório como poderia.

Um gameplay que cumpre sua proposta

Maid of Sker apresenta um gameplay que cumpre totalmente a proposta apresentada. Ele não possui combates com armas de fogo, e segue com um foco na exploração. Então devemos explorar diversos locais a procura de itens para o protagonista avançar em novos cômodos do hotel em busca dos cilindros necessários.

Obviamente as coisas não são nada simples, porque durante a exploração temos que lidar constantemente com os quiet ones. E em quase todas as partes do game, a forma de lidar com eles é a mesma, prender a respiração e passar despercebido. O protagonista, na maior parte do título, não consegue lutar de nenhuma forma contra eles.

Entretanto, em determinado momento da narrativa de Maid of Sker, temos acesso a uma esfera sonora que pode ser usada para atordoar os inimigos. Porém, como é de se esperar, seu uso é bem limitado e deve ser usada em momentos de necessidade extrema. Eu como gosto de jogar de forma hardcore, logo que obtive o item apertei o botão de usar sem querer e fiquei em desvantagem, inclusive fica a dica, não façam isso.

Maid of Sker
Uma esfera sonora para atordoar os inimigos é o mais próximo que chegamos de uma arma no título (Imagem: Divulgação)

Outro elemento que irá dificultar a vida do protagonista são armadilhas espalhadas pela cenário. Os inimigos são guiados pelo som, sendo assim uma tosse, respirada mais forte ou coisas parecidas automaticamente chamam atenção deles.

Por isso é preciso tomar cuidado com diversos elementos no cenário, sendo alguns deles fogueiras, lareiras e até mesmo um gás que os inimigos jogam para tentar encontrar o jogador, ataque este que causa dano ao player. Entretanto, caso isso aconteça, Thomas pode encontrar remédios pelo cenário, sendo este um fator que motiva ainda mais a exploração, principalmente em lugares com diversos inimigos.

Durante a jornada pelo Hotel Sker, também temos que lidar contra inimigos mais fortes. Eu gostei muito dessas partes, embora tenham sido poucas, pois a forma de enfrentar esses inimigos sempre era bem criativa. Por não termos acesso a armas de fogo, era preciso usar elementos do cenário para os atordoar e então cumprir o objetivo proposto.

Por falar nisso, ainda temos em Maid of Sker diversos enigmas que devem ser solucionados para avançarmos em novos cenários ou obter algum item. Este foi outro ponto que poderia ter sido melhor, pois todos eles são simples demais de se resolver, O mais “complexo” foi um que envolvia tocar um piano na ordem certa, porém eu sempre dou uma travada nesse estilo de puzzle em praticamente todos os jogos do gênero.

Uma ambientação lindíssima com uma trilha sonora satisfatória

O ponto mais alto de Maid of Sker com certeza é a sua ambientação e trilha sonora. Os dois elementos são usados em conjunto de maneira excepcional em toda a obra. Passamos por locais escuros, diversos locais dentro do hotel como quartos, recepções, jardins, porões e até mesmo cavernas abaixo do local.

Maid of Sker
A ambientação e trilha sonora são usadas em conjunto de maneira excepcional (Imagem: Divulgação)

Toda a exploração nestes ambientes é combinada de uma trilha instrumental suave e que se torna mais grave quando o perigo se aproxima, normalmente quando um inimigo está próximo ou perseguindo o protagonista.

Um desempenho surpreendente

Eu joguei Maid of Sker no Xbox Series S e me surpreendi bastante com o desempenho. Embora nas especificações oficiais informassem que o jogo rodaria a 30 FPS, as opções gráficas no menu apresentam diversas opções bem incomuns nos consoles, como escolha do AntiAliasing, desbloqueio de framerate e até mesmo modo desempenho e fidelidade.

Minha gameplay foi no modo fidelidade e com os FPS desbloqueados, e embora em alguns momentos houvesse uma queda perceptível, principalmente no jardim, em grande parte do game a fluidez foi mantida.

Extras

Junto com as versões de PlayStation 5 e Xbox Series X|S de Maid of Sker, também foram lançado diversos modos extras em que o jogador tem acesso a armas de fogo e deve escapar do hotel. Assim sendo, neste modo que é chamado de Pesadelo no Hotel que inclui desde uma dificuldade normal, até uma muito difícil, o jogador deve ir avançando por vários locais e eliminando inimigos em diversas áreas.

Maid of Sker
O modo extra de Maid of Sker me surpreendeu por ser bem divertido e possuir uma jogabilidade com armas competente ( Imagem: Divulgação)

Como na campanha não fazemos uso de armas de fogo, admito que não estava esperando muita coisa desde modo. E felizmente fui surpreendido, pois ele é muito divertido e possui uma jogabilidade com armas competente.

Vale a pena comprar Maid of Sker?

Maid of Sker é um survival horror incrível. Embora tenha uma história que poderia ser contada de melhor maneira, os jogadores que explorarem e lerem os documentos e arquivos de áudio serão recompensados com pequenas narrativas muito boas sobre o passado do local, principalmente em relação aos quiet ones. O gameplay dele cumpre tudo que é proposto e juntamente com uma ambientação e trilha sonora magnifica, a experiência se torna algo marcante.

Para os fãs de survival horror, e jogos com atmosferas imersivas e macabras, Maid of Sker é altamente recomendado, pois embora apresente alguns tropeços pelo caminho, no geral o game mostra que o estúdio tem muito potencial e um futuro promissor na criação de jornadas aterrorizantes.

*Review elaborada em um Xbox Series S, com código fornecido pela Wales Interactive.

Maid of Sker

R$92,45
8.5

História

7.0/10

Gameplay

9.0/10

Gráficos e Sons

10.0/10

Extras

8.0/10

Prós

  • Ambientação e trilha sonora espetaculares
  • Gameplay satisfatório e que cumpre a sua proposta
  • Desempenho surpreendente
  • Modo extra divertido
  • Atmosfera assustadora

Contras

  • A narrativa poderia ser melhor
  • Falta de indicação clara dos objetivos

Leandro Paiva

Um estudante de jornalismo e o primeiro estagiário do site. Degustador nato de coxinha e pizza fria com ketchup. Amante de RPG, principalmente aqueles em que é possível pescar em vez de fazer a missão principal. Piadista em tempo integral e um grande degustador de café. Defensor de Birds of Prey e da DC em geral nas horas vagas.