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Maneater | Review

Do Fundo do Mar” (Deep Blue Sea) é dos meus filmes de tubarão preferidos. Eu adoro e já vi praticamente todos os longas do gênero. Mas o filme lançado em 1999 apresenta a ideia de fazer modificações genéticas nos animais, tornando-os inteligentes. É bem verdade que Maneater não tem muito a ver com isso, mas eu me lembrava com frequência do filme enquanto jogava o novo game da  Tripwire Interactive para produção dessa análise e vou explicar o porquê.

O game, que é publicado pela Deep Silver, chegou primeiro para PlayStation 4Xbox One e PC, via Epic Games Store, e ganhou uma versão para Nintendo Switch em maio de 2021. Quer saber o que achamos dessa aventura subaquática? Pegue seus snorkels, é hora de mergulhar fundo (!) em mais uma análise do Pizza Fria!

O inovador “shARkPG”

Ao longo de muitos anos, vimos jogos de quase todos os tipos sendo lançados para consoles e computadores, mas nunca houve um jogo em que você controlasse um tubarão. Maneater chegou para suprir essa premissa, colocando os jogadores no papel do maior predador dos mares.

Para a execução desse jogo, dois gêneros foram mesclados: ação e RPG, tornando o jogo um action-RPG ou, como a desenvolvedora vem chamando, um “shARkPG”, fazendo referência a nomenclatura da espécie em inglês (shark).

Maneater
Evolua e torne-se um predador lendário (Imagem: Divulgação)

E Maneater é quase como um Action-RPG moderno. Quase porque o título insere elementos que o tornam único, com uma pegada totalmente diferente daquilo que já vimos. A narrativa é contada em forma de um documentário ao melhor estilo Discovery, e o trabalho de dublagem (em português!) é brilhante. Não só a dublagem, mas toda a localização do jogo é cheia de referências e memes atuais, mostrando que os responsáveis pelo trabalho estão conectados com a produção.

Fora isso, temos um mundo de proporções pequenas para explorar. O mapa é dividido em oito áreas, sendo que uma delas conta apenas com colecionáveis. E isso contribui para que o jogo não seja tão longo. De acordo com a desenvolvedora, o título levaria entre 10h e 20h para ser concluído, mas os créditos subiram pra mim com 9h59m, com 100% dos colecionáveis coletados em todos os mapas. Por isso, como o game não tem nenhum modo adicional, DLC planejada ou modo online, acabou e é isso.

Esgotos de Maneater
O mundo subaquático é denso e bastante “urbanizado” (Imagem: Divulgação)

A vingança nunca é plena?

A narrativa de Maneater é envolta em uma história de vingança. Não é nada muito elaborado, é verdade. Nossa tubarão é arrancada da barriga da sua mãe no começo do jogo por um malvado caçador de tubarões, Scaly Pete, e vê sua barbatana marcada, para que Pete a reconheça no futuro.

Mas a nossa tubarão-cabeça-chata saiu da barriga já com sede de sangue e, num ato heroico em busca da sobrevivência, morde e arranca o antebraço de Pete. Assim começa nossa narrativa.

Scaly Pete
Scaly Pete é o grande vilão do jogo (Imagem: Divulgação)

A partir daí, você deve sobreviver para executar sua vingança. Como um tubarão bebê, vai se alimentar de peixes menores, tartarugas, e até rola de se arriscar enfrentando alguns jacarés. Comer é o que move o jogo. É comendo que você vai crescer, recuperar vida, conseguir comer animais maiores e obter nutrientes para evoluir as modificações que conseguir.

Modificações essas que estão espalhadas pelo jogo e podem ser obtidas de diferentes formas. Além da progressão natural, você consegue completar o seu cartel de 26 modificações diferentes pegando os colecionáveis. As modificações principais são obtidas ao comer os “ápices”, formas mais elaboradas dos inimigos em destaque da área em que você está. Um desses ápices, inclusive, é uma referencia à um certo documentário popular sobre animais marinhos.

Ápice de Maneater
Derrote os ápices para obter as principais modificações (Imagem: Divulgação)

E é comendo e obtendo essas modificações que você vai evoluir. São quatro evoluções possíveis, e é preciso atingir todas elas para concluir a história. Então, uma boa dica é upar a personagem sempre que possível, seja cumprindo missões ou pegando colecionáveis.

O jogo classifica os tubarões como os lixeiros dos oceanos, pois eles comem de tudo e é uma verdadeira loteria o que se encontra dentro do estômago de um. E essa lógica é colocada em prática, já que os colecionáveis que citamos são divididos em três categorias: placas veiculares, placas de referência e baús de provisões. Coma de tudo e evolua.

É hora de equilibrar as contas!

Em 2010, uma pesquisa apontou que cerca de 97 milhões de tubarões foram mortos naquele ano por humanos. Maneater, embora não especifique e traga números atuais, nos coloca para equilibrar essa conta. Matar humanos é o que fará o jogo ter sentido, pois são essas missões que dão as maiores recompensas e nos fornecem melhores modificações.

É muito divertido (e bota divertido nisso!) explorar o mapa e caçar pessoas. Para se ter ideia, a primeira missão é para devorar 10 humanos! E o game executa isso de uma forma incrível, visto que é possível dar saltos acrobáticos pela água, e até mesmo atravessar pedaços enormes de terra saltando pela areia enquanto ataca alguém. Sim, é meio trash, mas a proposta é claramente essa e casou perfeitamente com o resto do gameplay.

Maneater
A batalha entre homem e tubarão é o que move o jogo (Imagem: Divulgação)

Ao caçar humanos, entramos em um ranking de infâmia, em que caçadores são enviados para nos deter. São dez diferentes, cada um com armas e apetrechos distintos. Derrote-os para liberar mais modificações.

O gameplay, inclusive, é uma das coisas que mais chama atenção. Por mais que possa parecer confuso ao olhar um trailer, os comandos são extremamente simplificados e tornam a experiência bem fácil. Mova-se com o analógico esquerdo e escolha a direção vertical com o direito, controlando a câmera. Os demais botões de ação são explicados ao longo do jogo, conforme você evolui.

maneater 1 maneater
Faça saltos acrobáticos para pegar colecionáveis (Imagem: Reprodução)

Para finalizar, Maneater é executado com a Unreal Engine 4, e embora não traga gráficos ultrarealistas, mais uma vez, a proposta casou perfeitamente com o que foi entregue. O game é bem executado, rodou tranquilamente em um PC equipado com uma AMD Radeon 5500 XT, muitas vezes com mais de 60 FPS, e não tive nenhum problema grave. Há algumas falhas daquelas em que o personagem atravessa partes do cenário, como os barcos de caçadores, mas nada que seja absurdo em um jogo dessa proporção.

Vale a pena comprar Maneater?

Maneater é um jogo extremamente divertido. Desses em que não é preciso pensar muito para jogar, conseguimos dar boas risadas com a dublagem e os textos, e ainda temos um gameplay que casa com essa proposta diferente, trash, mas que não torna a experiência mal executada. É um título honesto, que entrega aquilo que vende, e consegue ser bom naquilo que se propõe.

O principal ponto negativo fica realmente por conta da duração. É um jogo curto, que não vai levar muito tempo para ser concluído. A história poderia ter sido mais desenvolvida, mas ainda assim, conta com um plot twist legal e muitas referências a cultura pop espalhadas pelo mapa.

*Review elaborada no PC, com código disponibilizado pela Tripwire Interactive.

100% em Manaeter
100% na história e nos colecionáveis =D (Imagem: Reprodução)

Maneater

8.5

História

7.5/10

Gameplay

9.5/10

Gráficos e Sons

9.0/10

Extras

8.0/10

Prós

  • Muito divertido
  • Comandos simplificados
  • Totalmente localizado em PT-BR
  • Gráficos e ambientação

Contras

  • História pouco envolvente
  • Duração curta

Lucas Soares

Jornalista e fã de videogames desde criança. Já teve Mega Drive, Game Boy Color, PS1, PS2, PS3, PS4, PSVR, PS Vita, Nintendo 3DS e agora tem "só" um PS5, um Nintendo Switch e um PC Gamer. Para ele, o melhor jogo da história é Chrono Trigger, mas Metal Gear Solid 3, Final Fantasy X, The Last of Us Part II e Red Dead Redemption 2 completam o Top-5.