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Moros Protocol | Review

Buscando agradar aos fãs de FPS dos anos 90 e do início dos anos 2000, Moros Protocol aposta em visuais low-poly e em uma jogabilidade tradicional. O game coloca o jogador contra hordas de criaturas de outras dimensões, robôs e diversos chefes desafiadores.

Mas será que Moros Protocol consegue se destacar no concorrido gênero roguelike? Confira nesta análise exclusiva do Pizza Fria!

Os anos 90 com uma estrutura moderna

Em Moros Protocol, controlamos Alex, um soldado que tem sua mente transferida para corpos em morte cerebral dentro da espaçonave Orpheus. Sem compreender o que está acontecendo, ele é guiado por uma voz misteriosa a lutar pela própria sobrevivência e buscar uma saída do local.

Embora se inspire nos clássicos do século passado, o estúdio Pixel Reign dedica tempo para desenvolver seus poucos personagens com diálogos antes das missões e algumas cutscenes. Algumas ideias surpreendem com momentos inesperados, ainda que simples e, por vezes, pouco focados.

Certos trechos remetem ao estilo “casca grossa” dos protagonistas mais descontraídos dos anos 90 e incluem visuais provocantes. Esses elementos poderiam dar mais personalidade ao mundo de Moros Protocol, mas a direção não se aprofunda neles, deixando-os um tanto perdidos em meio aos intensos combates, às criaturas e aos desdobramentos da narrativa.

Moros Protocol
O jogo possui legendas em PT BR, maravilha! (Imagem: Reprodução/Higor Neto)

Moros Protocol se aproxima mais do estilo roguelite. As missões seguem uma estrutura fixa, variando apenas no layout das salas de combate. O jogador pode portar uma arma corpo a corpo e duas armas de fogo — divididas entre dano físico e de energia. Além de utilizarem munições diferentes, cada tipo provoca efeitos específicos nos inimigos, garantindo variedade nas batalhas.

As melhorias também são fundamentais em cada tentativa, divididas entre modificações corporais e upgrades para as armas. Elas oferecem vantagens que funcionam como apostas: aumentar muito a cadência de tiro mas reduzir a mobilidade, ou fornecer dano extra quando a vida estiver baixa, por exemplo. Ainda assim, é perfeitamente possível ignorar esses incrementos, já que Moros Protocol não restringe estilos de jogo. Pelo contrário, abre espaço para múltiplas abordagens contra diferentes inimigos — um dos pontos altos da experiência.

Moros Protocol
Outro destaque é o HUD, que se mantém limpo e sem poluição visual mesmo em combates intensos. (Imagem: Reprodução/Higor Neto)

Um level design simples e funcional

Cada nível em Moros Protocol é claro e intuitivo. O jogador avança de sala em sala em busca de caixas com novos equipamentos e da saída — simples assim. Como os combates são breves e, a cada dois níveis, já há um novo chefe pela frente, o ritmo da aventura flui de maneira dinâmica. Além disso, cada mapa selecionado apresenta modificadores interessantes, como luzes apagadas, maior número de inimigos e recompensas extras, além de salas que oferecem incrementos adicionais.

As arenas de combate também tentam trazer novidades com elementos como pisos flamejantes e barreiras que causam dano, mas esses recursos tiveram pouco impacto prático durante a experiência. Não espere transformações radicais, como salas de gravidade zero ou com limite de tempo: as mudanças são sutis, mantendo o foco na ação.

Moros Protocol
O título ainda conta com salas opcionais de desafio, repletas de plataformas e saltos, que acrescentam variedade à jogabilidade. (Imagem: Reprodução/Higor Neto)

A movimentação é outro ponto de destaque. É possível correr em todas as direções, desferir chutes, pular e executar pequenos dashes, todos controlados por uma barra de vigor que, ao se esgotar, deixa o personagem lento por alguns segundos. A curva de aprendizado desse sistema evolui gradualmente, tornando-se cada vez mais essencial contra inimigos agressivos e, principalmente, contra os chefes.

Os chefes, aliás, são o grande atrativo de Moros Protocol. Com múltiplas fases, barras de HP extensas e ataques letais, eles exigem atenção ao timing de pulos, recargas e esquivas, proporcionando os momentos de maior desafio e entretenimento.

Moros Protocol
Múltiplas fases, grandes barras de HP e em grande variedade, tudo que gostamos! (Imagem: Reprodução/Higor Neto)

A progressão não se limita às tentativas. Cada inimigo derrotado concede dinheiro, utilizado em uma árvore de habilidades. Diferente dos equipamentos, que podem ser obtidos durante as missões, essa árvore oferece apenas melhorias básicas, como aumento de vida inicial, vigor e estatísticas gerais. Não há desbloqueio direto de armas ou vantagens significativas, funcionando mais como um suporte inicial.

Por outro lado, o sistema de desbloqueio de armas deixa a desejar. Nas primeiras partidas, é necessário completar toda a rota ou morrer para liberar novos equipamentos, sem que o jogo informe claramente as condições para isso. A ausência de acesso imediato às armas ou a falta de vínculo direto com a árvore de habilidades torna esse processo pouco empolgante e excessivamente dependente do fator aleatório.

Moros Protocol
Árvore de habilidades genérica e até mesmo pouco impactante na jogabilidade. (Imagem: Reprodução/Higor Neto)

Visuais e deslizes técnicos

Os visuais low-poly de Moros Protocol funcionam bem, com animações fluidas tanto dos inimigos quanto das recargas de armas e, principalmente, dos chefes. A iluminação e o uso de elementos em neon também se destacam. Apenas nas áreas finais, ao escolher rotas com maior número de inimigos, foi possível notar quedas pontuais abaixo dos 60 quadros por segundo. Fora esses trechos específicos, o game roda de forma estável e não exige muito do hardware.

No entanto, o polimento geral deixa a desejar em alguns momentos. Durante a análise, foi possível observar falhas como IA de chefes que desligava completamente, inimigos presos em paredes ou pisos, música de cutscenes desaparecendo e retornando de forma repentina e até telas pretas ao carregar novas salas, forçando o fechamento do jogo e a perda de progresso em missões.

Há ainda certa inconsistência na forma como os inimigos percebem o jogador. Em algumas situações, todos avançam imediatamente, enquanto em outras permanecem parados em cantos afastados, mesmo em salas simples, obrigando o jogador a procurá-los. Apesar de não comprometerem totalmente o ritmo das partidas, esses problemas técnicos acabam incomodando.

Moros Protocol
Também encontrei alguns textos não traduzidos. (Imagem: Reprodução/Higor Neto)

Vale a pena jogar Moros Protocol?

Mesmo sem trazer muitas novidades ao gênero, Moros Protocol oferece bastante conteúdo, bons visuais, uma trilha sonora envolvente e chefes empolgantes. A história é interessante, mas poderia se beneficiar de uma abordagem menos séria, com espaço para humor e ousadia visual, o que ajudaria a transformar seu mundo em algo ainda mais marcante.

O level design e a progressão simples tornam a experiência frenética, mas após concluir as três rotas principais, a vontade de revisitar o conteúdo é limitada. O game funciona mais como uma campanha linear com elementos de roguelite do que como uma experiência totalmente voltada à rejogabilidade.

Os principais problemas podem ser resolvidos com atualizações futuras, já que alguns afetam diretamente o ritmo da jogabilidade. Ainda assim, Moros Protocol demonstra ser um projeto consistente e divertido, que pode se tornar ainda melhor com a adição de modos como o cooperativo. É, sem dúvida, uma experiência que vale o tempo do público que busca exatamente o que o título promete entregar.

Moros Protocol estará disponível simultaneamente para PC, via Steam e GOG.com, no dia 18 de setembro.

*Review elaborada em um PC equipado com uma GeForce RTX, com código fornecido pela Digital Tribe.

Moros Protocol

7.7

Fator Replay

5.0/10

Gameplay

9.5/10

Conteúdo

7.5/10

Gráficos e Sons

8.9/10

Prós

  • Ótima jogabilidade
  • Chefes divertidos e variados
  • Visuais e trilha sonora caprichados
  • Arsenal e inimigos diversos

Contras

  • Problemas com IA e comportamento de inimigos
  • Árvore de habilidades rasa