Mortal Kombat 1 | Review
Quatro anos após o lançamento do último título da franquia mais sangrenta dos jogos de luta, a WB Games e a NetherRealm nos presenteiam com Mortal Kombat 1, a mais nova “kontinuação”, que também serve como o segundo reboot da saga.
Tivemos acesso a uma cópia e compartilhamos, agora, nossas impressões neste review do Pizza Fria!
Um novo komeço ou uma kontinuação?
Apropriadamente chamado de Mortal Kombat 1, a história retrata a nova era moldada após o confronto final de Mortal Kombat 11, com Liu Kang reiniciando a linha do tempo e reimaginando a vida de diversos personagens. Servindo agora como o protetor do plano terreno e único sobrevivente do universo anterior, o antigo guerreiro shaolin deve guiar novas versões de seus aliados em uma jornada para preservar os reinos de ameaças em potencial.
Já de cara, percebemos como estamos diante de uma narrativa bem diferente da primeira reimaginação que recebemos com o Mortal Kombat de 2011, na qual revisitávamos os eventos dos três primeiros jogos da série com apenas algumas mudanças. Dessa vez as alterações são massivas, vários personagens têm suas origens reimaginadas e o curso da narrativa é inesperado, com alianças jamais vistas sendo formadas – o que leva ao modo história permitir alguns personagens que nunca venceram uma luta na trilogia passada finalmente terem alguma glória.
Apesar de todas as mudanças, o jogo traz diversas referências para os fãs que acompanham a saga saborearem, desde alusão a títulos de jogos anteriores, passando pela recriação de uma cena considerada bem infame pela comunidade até o cenário da Surpreendente (com S maiúsculo mesmo) batalha final.
O modo história tem uma duração de cerca de cinco horas e entretém bem, com alguns incômodos de progressão e ritmo, mas nada que seja tenha sido fatal para a diversão. A dublagem brasileira, como sempre, é digna de nota, nossos profissionais fazem um trabalho incrível com as vozes e ambientação. Muito mais do que esse tempo, no entanto, é o que encontramos no outro modo principal para um jogador – “Invasão”.
Defensores do Reino
A Netherealm sempre se destacou em conteúdo para um jogador – um desafio nessa era de jogatina online – e isso se torna verdade novamente com Mortal Kombat 1 e o modo “Invasão” – que estranhamente não recebeu dublagem até o momento.
Substituindo a famosa “Kripta”, a nova modalidade – que necessita de conexão com a internet – traz mapas em formato de tabuleiro que podem ser percorridos pelos personagens e seus parceiros, enfrentando versões alternativas dos kombatentes jogaveis.
Cada casa possui um desafio único, indo desde lutas com adversários melhorados até minigames. Com cada vitória, ganhamos prêmios, como visuais novos para os personagens e moedas para serem gastas em artes oficiais.
Conforme avançamos, recebemos pontos de experiência que podem ser investidos em melhorias de status em nossos lutadores, como vida, ataque, defesa e golpes especiais. Cada personagem tem um atributo, como fogo, gelo, energia e magia, com suas vantagens e desvantagens contra outros.
Uma variedade de Itens consumíveis, bem como talismãs, que dão acesso a movimentos extras e relíquias, que aumentam passivamente nossas estatísticas em lutas também podem ser conquistados, comprados em lojas ou aprimorados em forjas que existem nos tabuleiros. Inimigos podem aparecer também em encontros aleatórios, enquanto nos deslocamos. Todos esses elementos de RPG misturados às lutas realmente tornam esse modo de jogo bem único, dinâmico e agradável de se conferir.
No final de cada tabuleiro, enfrentamos um oponente especial, que dá acesso ao próximo mapa. Ao cumprimos cada uma das etapas, progredimos no pequeno enredo que nos é apresentado temos um confronto final com o chefe da temporada. A cada seis semanas teremos uma nova saga, o que pode, potencialmente, renovar o interesse por percorrer novamente a jornada.
E se eu disse que no modo história tínhamos várias referências a jogos anteriores, isso é ainda mais verdade na “invasão”. Diversos momentos me deixaram surpreso e me colocaram sorrisos no rosto, desde espaços que nos pedem para enfrentar torres de adversários, como lutas secretas e “Endurance rounds”, onde enfrentamos mais de um oponente. Até o mítico código ABACABB do Mortal Kombat 1 de Mega Drive, que habilitava sangue e fatalities faz uma aparição. Verdadeiramente um prato cheio para os fãs.
Para quem prefere uma abordagem mais simples, as “klassicas” torres também estão disponíveis no modo arcade local.
Eskolha seu kombatente
Seguindo a temática de reinício, o gameplay também sofreu mudanças se compararmos àquele de seus antecessores, com algumas mecânicas mantidas – Fatal Blow (movimento que causa grande dano, mas só pode ser acessado uma vez por partida, se acertado) e Flawless Block (defesa feita com precisão a golpes inimigos que nega o dano de bloqueio).
As variações de personagens foram totalmente abolidas, com os “kombatentes” tendo acesso a todos os seus golpes em todas as partidas, embora com menos opções de manobras.
A Barra agora é dividida em três estoques que são gastos em movimentos melhorados e no “breaker” que interrompe ataques do oponente em troca de todo o medidor. Em Mortal Kombat 11, os recursos se dividiam em ofensivos e defensivos, o que significava que o jogador não precisava escolher entre manter a barra para usar recursos de defesa ou gastar em golpes poderosos.
Essa mudança, à primeira vista, pode parecer deixar o jogo menos complexo, mas na verdade, obriga o jogador a tomar mais decisões durante a partida. Gastar uma parcela da barra para causar mais dano agora implica que você ficará vulnerável a ataques inimigos logo depois que terminar seu ataque.
É necessária uma avaliação criteriosa dos recursos para buscar a vitória. Gastamos um estoque agora para abrir vantagem ou preferimos ter um breaker ativo? Gastamos o Fatal Blow nesse round para tentar vencer ou seguramos para o round final? Além dos reflexos para executar “kombos”, precisamos ter uma mente estratégica em cada partida.
Não lute só. Leve um kompanheiro
A grande novidade no sistema de jogos, sem dúvida, é o sistema de “Kameo Fighters”. Agora, além de selecionar o lutador, também devemos escolher um outro kombatente, exclusivo de uma lista de “parceiros”, que pode ser chamado durante a luta para auxiliar com uma variedade de três golpes específicos.
Além de proporcionar combos mais criativos, também podem ser utilizados para suprir fraquezas de personagens. Johnny Cage, por exemplo, não tem um golpe de projétil. Assim, Sonya – que tem boas técnicas a distância – ou o temível Motaro (quem jogou Mortal Kombat 3 sabe) – que tem um escudo contra disparos inimigos – se tornam potencialmente boas escolhas de Kameos para ele.
Esse sistema é sem dúvida um acerto da NRS, que deixa o jogo bem dinâmico e dá um grande potencial de inventividade aos jogadores em achar sinergias entre o personagem primário e seu assistente.
O elenco inicial de Mortal Kombat 1 possui 23 personagens (um deles, Shang Tsung, sendo bônus de pré-encomenda) e, devo dizer, as escolhas me surpreenderam. Algumas das figuras mais tradicionais da série, como Jax, Sonya e Kano foram restritos a serem Kameo Fighters, dando lugar a lutadores menos conhecidos, da era 3D de Mortal Kombat, como Ashrah, Havik e Li Mei. De maneira nenhuma digo isso como um ponto negativo. É revigorante encontrar personagens há tempos não jogáveis e descobrir reimaginações em suas aparências e mecânicas.
O elenco de parceiros traz personagens marcantes em seus visuais originais das primeiras aparições na série. Desde os “klassicos” Goro, Cyrax e Sektor até os mais contemporâneos Shujinko, Darrius e Sareena.
Uma interface kompleta
Mortal Kombat 1 oferece diversas modalidades de jogo online, com partidas ranqueadas, casuais e o clássico “rei do pedaço”. A conectividade está excelente, com zero atraso na maioria das partidas – o jogo também informa se seu oponente está utilizando Wi-Fi ou cabo. Infelizmente, o título não conta com crossplay no momento. Uma lástima, se considerarmos o quão comum e importante isso é para os jogos de disputas online atuais.
No lado offline, existe uma gama enorme de tutoriais, que explicam os mínimos detalhes de como se comportar em uma partida e quais recursos estão a nossa disposição. Imperdível para iniciantes e jogadores antigos que querem se familiarizar com o novo sistema. Cada personagem tem desafios de kombo disponíveis para jogadores aprenderem o básico de cada lutador, embora, estranhamente, alguns tenham apenas uma prova no estado atual do jogo.
A “kustomização” estética de lutadores, enquanto um pouco menos variada do que do jogo predecessor, ainda existe, oferecendo opções desbloqueáveis de roupas e acessórios para cada personagem.
Os fatalities e brutalities de cada personagem, bem como provocações, são desbloqueadas a medida que jogamos com aquele kombatente específico, estimulando o jogador a utilizar todos os personagens, se quiser ver todos os movimentos que o jogo tem a oferecer.
Vale a pena comprar Mortal Kombat 1?
Mortal Kombat 1, sem dúvidas, vai gerar muitas horas de entretenimento para fãs da franquia e do gênero de luta como um todo.
Existe muito conteúdo a ser visto, mesmo depois de terminar o modo história, mesmo se não quisermos entrar em disputas online. Os gráficos estão excelentes e a trilha sonora mistura novas e antigas músicas da franquia.
De forma geral, a Netherealm encontrou um ótimo balanço entre inovações e homenagens ao passado, tornando o jogo atraente para velhos e novos entusiastas.
Mortal Kombat 1 está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S, Nintendo Switch e PC, via Steam e Epic Games Store.
*Review elaborada no PlayStation 5, com código fornecido pela WB Games.